A PRÁXIS POLÍTICA COMO ATIVIDADE FORMATIVA DOS TRABALHADORES DA PESCA DA COLÔNIA Z-16 DE CAMETÁ-PA¹


Egídio Martins2 Valdiléia Carvalho da Silva3


Resumo

O presente artigo é parte de resultado de pesquisa do doutorado da linha Políticas Públicas Educacionais do Programa de Pós-Graduação em Educação do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará. Pautou-se no materialismo histórico dialético, tendo uma abordagem qualitativa, com ênfase no estudo de caso. Coletaram-se os dados através da entrevista semiestruturada e análise documental. O tratamento dos dados seguiu as orientações da análise de conteúdo. A práxis política dos pescadores da Z-16 é construída a partir da organização socioeconômico, político e formativo ao longo do processo histórico, materializada no cotidiano das relações interna e externa da entidade. São ações que possibilitam os pescadores garantirem suas subsistências, ao mesmo tempo em que se contrapõem a lógica da classe dominante.


Palavras-Chave: Práxis política; produção-formação; fração de classe.


Abstract

This article is part of a result of the doctoral research on Educational Public Policies of the Postgraduate Program in Education of the Institute of Education Sciences of the Federal University of Pará. It was based on dialectical-historical materialism, the approach is of qualitative character with emphasis on the case study. The data collection was performed from the semi-structured interview and document analysis. The data handling followed the guidelines of the content analysis. The political praxis of the fishermen of Z-16 is built from the socioeconomic, political and formative organization throughout the historical process, materialized in the internal and external relations routine of the entity. Those are actions which allow the fishermen to guarantee their subsistence, and which at the same time they counteract the logic of the ruling class.


Keywords: Political praxis; production-training; fraction of class.


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1 DOI: https://doi.org/10.22409/tn.16i29.p4556

2 Dr. em educação. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação- GEPTE/UFPA. Docente da UFPA-Campus Universitário do Tocantins- Cametá/Pará.

E-mail: egidio@ufpa.br

3 Mestranda em Currículo e Gestão da Escola Básica pelo Programa de Pós-Graduação em Currículo e Gestão da Escola Básica- UFPA / membro do grupo de estudos e pesquisas sobre trabalho e Educação-GEPTE/UFPA/Belém/Pa. E-mail: valdileia.silva@cameta.ufpa.br.

Introdução


O presente artigo defende a tese de que os pescadores da Colônia3 de Pescadores Artesanais Z-16, entidade situada no interior da Amazônia Tocantina, no município de Cametá, Estado do Pará, Amazônia, Brasil, desenvolvem ações que ultrapassam as atividades da pesca, produzindo relações de produção- formação que no movimento contraditório de suas práticas também os revela enquanto sujeitos de uma práxis política que no cotidiano do trabalho com a pesca vai lhes tornando sujeitos conscientes da necessidade de transformação da realidade, como também da sempre necessidade do envolvimento e engajamento nos processos de luta em prol de conquistas sociais que lhe faculte a construção de uma existência digna e socialmente possível.

Visto por essa perspectiva, a práxis política desses pescadores se articula com as ideias de Thompson (2012, p. 17) quando esse, ainda no final do século XVIII e alvorecer do século XIX, ao analisar a formação da classe operária inglesa afirmava que:


[...] o fato relevante do período entre 1790 e 1830 é a ‘formação da classe operária’. Isso é revelado, em primeiro lugar, no crescimento da consciência de classe: [...] entre todos esses diversos grupos de trabalhadores contra os interesses de outras classes. (THOMPSON, 2012, p.17).


Marx e Engels (2013), ao se reportarem sobre as comunas rurais da Rússia do século XIX, destacam que “[...] a luta de classe trabalhadora contra a sociedade de exploradores está estreitamente ligada com a luta dos povos oprimidos por sua libertação nacional”. As análises tanto de Thompson quanto de Marx e Engels demonstram que a luta de classe é produto das articulações dos


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3 Embora o termo colônia possa suscitar a imagem de um coletivo de pescadores vivendo da pesca à margem de um rio, a Colônia de Pescadores Artesanais Z-16 é bem mais que isso. Ela se constitui na entidade representativa de classe [dos sujeitos pescadores do município de Cametá- Pa], reunindo [...] associados de diferentes comunidades do município [...], com sede na Travessa Porto Pedro Teixeira, nº 165, bairro de Brasília, cidade de Cametá. Sua fundação data de 1923. Destaque-se que a presente pesquisa foi desenvolvida a partir da Colônia de Pescadores Artesanais Z-16, presente no município de Cametá, situado na região Nordeste. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), o município de Cametá apresenta uma população de 120.896 habitantes, dentre os quais 52.838 habitantes encontram-se na zona urbana e 68.058 estão na zona rural. Em termos percentuais, 56,29% da população é rural enquanto que 43,71% é urbana. Ou seja, um grande percentual da população cametaense reside nas ilhas e setor de estradas, que acabam, não raro, constituindo a zona rural do município cametaense.

trabalhadores em diversas situações, situações essas que são produzidas e impostas pelo modo de produção vigente que tem na dominação e exploração os pressupostos de sua sustentação.

Os trabalhadores/pescadores não se organizam politicamente para lutar diretamente contra a lógica da classe dominante, mas no cotidiano de suas experiências, se organizam para dar conta de sua subsistência e nessa articulação revelam elementos que se contrapõem ao poder instituído, embora numa relação de contradição, ou melhor, de luta de classe.

Harnecker (1983) ao citar Lênin (1967) demonstra que a luta de classe se materializa no cotidiano dos trabalhadores/operários:


[...] só quando cada operário se considera membro de toda classe operária, quando vê em sua pequena luta cotidiana contra um patrão ou funcionário uma luta contra toda a burguesia e contra todo o governo, só então sua luta se transforma em luta de classe (HARNECKER,1983).


Nessa mesma direção Gohn (2012, p. 21) destaca que “[...] a cidadania coletiva se constrói no cotidiano através do processo de identidade político- cultural que as lutas cotidianas geram”.

Em uma correlação ao exposto por Harnecker (1983 apud LÊNIN, 1967) e Gohn (2012) sobre o movimento de luta de classe forjada no interior das ações cotidianas de trabalho, válido é aqui destacar que, no caso dos pescadores da Colônia Z-16, a luta de classe empreendida por esses sujeitos se materializa na experiência histórica de uma ação contra hegemônica que entre outros objetivos tem na busca cotidiana pela garantia da sobrevivência, a matriz central da produção dialética de um conjunto de elementos, entre os quais: saberes, atitudes, costumes, relações socioeconômicas, políticas, entre outros, que no movimento da realidade se inter-relacionam com suas atividades de pesca produzindo assim nesses trabalhadores uma consciência crítica de compreensão da sempre necessidade de organização e luta em defesa da transformação da realidade.

Isso, do ponto de vista da compreensão do movimento que aqui nos propomos a analisar, (qual seja, da produção de uma práxis política por parte dos pescadores enquanto resultado das lutas cotidianas travadas por esses, principalmente aquelas que estão a se dar no processo de garantia de

subsistência mediado pelo trabalho da pesca) o que aqui nos interpela é a busca pela compreensão, entre outras questões, da compreensão de: qual a concepção de formação que está a se materializar no contexto das relações de produção- formação e práxis política dos pescadores da Colônia Z-16?

Como hipótese, destaca-se que os pescadores, sujeitos do presente estudo, ao desenvolverem suas atividades de subsistência, materializam relações de produção-formação e práxis política numa perspectiva ontológica tendo o trabalho como categoria central. Como objetivo buscou-se compreender a concepção de formação materializada no contexto das relações de produção- formação e práxis política dos pescadores da Z-16, ao mesmo tempo; analisando as atividades desses sujeitos a partir da práxis política num processo formativo historicamente construído.

Do ponto de vista metodológico, a discussão aqui feita se pautou no materialismo histórico dialético (MARX, 2008) tendo os dados coletados a partir da orientação da aplicação de entrevistas semiestruturas (THIOLLENT, 1985), fazendo-se uso ainda da análise documental (EVANGELISTA, 2012). As entrevistas foram direcionadas a partir de dois eixos temáticos, são eles: A atuação política da Colônia para com seus afiliados e a luta da Colônia no cotidiano da práxis política dos pescadores da Z-16. Tais eixos estão relacionados com os objetivos e com a problematização da pesquisa.

O texto está estruturado em três tópicos. No primeiro destaca as aproximações conceituais sobre práxis; no segundo analisa as noções conceituais de práxis política; no terceiro aborda as relações de produção-formação e práxis política dos pescadores da Colônia Z-16.


Aproximações conceituais sobre práxis


Marx (2010) compreende o ser humano como um ser de ações, de relações consigo mesmo, com outros homens, com a natureza, com a sociedade e com a história numa relação de contradição, ao mesmo tempo em que esse mesmo ser humano pelo trabalho se afirma, mas também se nega. Nesse sentido, esse ser humano vai se constituindo enquanto um ser de práxis, uma práxis que, conforme Gadotti (1995, p. 44) é:

[...] eminentemente histórica, e a maneira pela qual os homens se relacionam e buscam preservar a espécie é o trabalho. É pelo trabalho que o homem se descobre como ser da práxis, ser individual e coletivo (unidade de contrários). (GADOTTI,1995, p.44).


Para Konder (1992) Marx destacou três momentos essenciais do trabalho ao atingir uma meta, são eles: o trabalho, seu objetivo e o meio para atingir essa meta.


[...] Marx apontou três “momentos” essenciais no processo de trabalho: “atividade de acordo com uma meta, ou trabalho propriamente dito; seu objetivo; e seu meio”. A atividade de acordo com uma meta é a atividade teleológica, aquela que passa por uma antecipação do resultado visando na consciência do sujeito que pretende alcançá-lo. Sem essa experiência que lhe permite prefigurar seu télos (o ponto onde quer chegar), o sujeito humano não seria sujeito, ficarei sujeito a uma força superior à sua e permaneceria tão completamente preso a uma dinâmica objetiva como uma folha seca levada por um rio caudaloso (KONDER, 1992, p. 106, grifos do autor).


A concepção de trabalho em Marx, analisado por Konder, se articula com o posicionamento de Vázquez (2011) quando esse destaca que a ação humana inicia com um resultado ideal, para em seguida ser transformado em resultado real. Sendo assim:


[...] para que se possa falar de atividade humana é preciso que se formule nela um resultado ideal, ou fim a cumprir, como ponto de partida, e uma intenção de adequação, independentemente de como se plasme, definitivamente, o modelo ideal originário (VÁZQUEZ, 2011, p. 223).


A atividade humana se orienta para a realização de determinado fim, idealizado primeiro, na sua consciência.


Atividade propriamente humana apenas se verifica quando os atos dirigidos a um objeto para transformá-lo se iniciam com um resultado ideal, ou fim, e terminam com um resultado ou produto efetivo, real. Nesse caso, os atos não só são determinados casualmente por um estado anterior que se verificou efetivamente

– determinação do passado pelo presente-, como também por algo que ainda não tem uma existência efetiva e que, no entanto, determina e regula os diferentes atos antes de desembocar em

um resultado real, ou seja, a determinação não vem do passado, mas, sim, do futuro (VÁZQUEZ, 2011, p. 222).


O fim da qual menciona Vázquez (2011) requer a atitude do sujeito diante da realidade. Os pescadores da Colônia Z-16, nesse caso em particular, se mostram como um exemplo de luta para a realização de um determinado fim, que seria o de garantir sua subsistência, materializada na práxis política, ultrapassando a dimensão técnica do trabalho da pesca. Uma postura que se inter-relaciona uma vez mais com o posicionamento de Vázquez (2011, p. 226) quando esse destaca que “[...] o conhecimento humano em seu conjunto integra- se na dupla e infinita tarefa do homem de transformar a natureza exterior, e sua própria natureza”.

Também contribuindo com essa discussão de práxis, Tom Bottomore (2012, p. 430) advoga que:


A expressão práxis refere-se em geral, a ação, a atividade, e, no sentido que lhe atribui Marx, à atividade livre, universal, criativa e auto-criativa, por meio da qual o homem cria (faz, produz), e transforma (conforma seu mundo humano e histórico e a si mesmo; atividade específica ao homem, que o torna basicamente diferente de todos os outros seres). Nesse sentido, o homem pode ser considerado um ser da práxis, entendida a expressão como o conceito central do marxismo, e este como a “filosofia” (ou melhor, “pensamento”) da “práxis”. (BOTTOMORE, 2012, p.430).


A práxis está relacionada com quase todas as atividades humanas, como por exemplo, a criação, a produção-formação e transformação social, por isso o homem é o ser da práxis, porque possui as faculdades específicas para interferir na natureza. Marx e Engels (2009, p. 124) na terceira tese sobre Feuerbach apresentam uma concepção de atividade humana, demonstrando que “a coincidência entre a alteração das circunstâncias e a atividade humana só pode ser apreendida e racionalmente entendida como prática revolucionária”.

Revolucionar a realidade requer um homem ativo, sujeito capaz de intervir no processo histórico da sociedade. Marx (2010) destaca nos Manuscritos Econômico-Filosóficos, que o homem é um ser genérico não somente prática e teoricamente, mas também um ser de relações consigo mesmo e com os outros, um ser universal, livre, e consciente de sua atividade, um ser capaz de construir

relações de produção-formação, proporcionando um mundo objetivo, de afirmação e negação de si.


A atividade da consciência em si tem um caráter que podemos denominar teórico, uma vez que não pode conduzir por si só, como era atividade da consciência, a uma transformação da realidade, natural ou social. Quer se trate da formulação de fins ou da produção do conhecimento, a consciência não ultrapassa seu próprio âmbito, isto é, sua atividade não se objetiva ou materializa. Por essa razão, tanto uma como outra são atividades; não o são de modo algum, atividade objetiva, real, isto é, práxis (VÀZQUEZ, 2011, p. 226-227).


O homem é um ser de atividade, que se manifesta no trabalho, na atividade artística, na práxis evolucionária e em outras ações humanas, sempre direcionadas para um determinado fim, ou melhor, para a transformação do mundo natural ou social, no sentido de satisfazer suas necessidades:


Não há como pretender explicar o ser humano, esgotá-lo numa interpretação teórica, reduzir seus movimentos a qualquer lógica (por mais sofisticada que seja), porque sua atividade desborda de qualquer conhecimento, na medida em que ele está sempre inventando algo novo e introduzindo elementos “causais” nos melhores esquemas interpretativos. O ser humano nunca pode ser suficientemente conhecido em sua realidade imediata, que é uma realidade que estar sendo constantemente superada (KONDER, 1992, p. 107, grifos do autor).


O homem é um ser em constante transformação, porque modifica a natureza e a si mesmo, humanizando-se ao longo do processo histórico, construindo objetividade como ser subjetivo, uma transformação necessária, porque precisa viver, sem produção a vida seria impossível. A produção é uma atividade natural do ser humano e ao mesmo tempo eterna, porque a existência humana depende das relações de produção. Essa intervenção no mundo, modificando a natureza externa e interna, Konder (1992) chama de práxis.


A práxis é a atividade concreta pela qual os sujeitos humanos se afirmam no mundo, modificando a realidade objetiva e, para poderem alterá-la, transformando-se a si mesmo. É a ação que, para se aprofundar de maneira mais consequente, precisa da reflexão, do autoquestionamento, da teoria; é a teoria que remete à ação, que enfrenta o desfio de verificar seus acertos e desacertos, cotejando-os com a prática (KONDER, 1992, p. 115).



Konder (1992, p. 116) chama atenção ainda para a importância da teoria ao se reportar sobre práxis, de modo que a teoria possibilita a intenção da práxis com atividade mecânica, com ação repetitiva.


[...] práxis e teoria são interligados, interdependentes. A teoria é um momento necessário da práxis; e essa necessidade não é um luxo: é uma característica que distingue a práxis das atividades meramente repetitivas, cegas, mecânicas, ‘abstratas’. (KONDER, 1992, p.116).


A práxis não é somente a união da teoria com a prática ou da teoria com a ação, mas atividade política do cidadão, sua participação nos debates, sua atitude perante aquilo que incomoda, que não aceita, é mudança e transformação.

Apesar de Vázquez (2011) apresentar vários tipos de práxis, o presente artigo centra-se em torno da práxis política, de modo que a Colônia Z-16 é um movimento social, com organização própria dos sujeitos inseridos nessa entidade, por isso que a práxis política ganha relevância. Para melhor compreender essa práxis no contexto das atividades dos pescadores da Z-16, destacou-se um tópico específico para isso.


Noções conceituais sobre Práxis Política


Vázquez (2011, p. 232) afirma que:


[...] num sentido mais restrito, a práxis social é a atividade de grupos ou classes sociais que leva a transformar a organização e a direção da sociedade, ou a realizar certas mudanças mediante a atividade do Estado. Essa forma de práxis é justamente a atividade política. (VÁSQUEZ, 2011, p.232).

Nesse conceito duas categorias são fundamentais: a primeira é a transformação e a segunda é a luta coletiva, presente na práxis política dos pescadores da Z-16, de modo que ambas as categorias se articulam coletivamente para construir espaço de luta perante uma sociedade que predomina a lógica da classe dominante.

Destaca ainda Vásquez (2011, p. 233) que “[...] nas condições da sociedade dividida em classes antagônicas, a política compreende a luta de

classe pelo poder a direção e estruturação da sociedade de acordo com os interesses e fins correspondentes”.

A iniciativa dos pescadores de se organizarem como fração de classe em torno de uma entidade representativa, demostra o descontentamento para com a realidade socioeconômico e político de um modelo de sociedade excludente.

Gramsci (1978, p. 14) chama atenção que “[...] não se pode separar a filosofia da política e, pelo contrário, pode demonstrar-se que a escolha e a crítica de uma concepção do Mundo (sic) constituem também um facto político”. Vázquez (2011) destaca que a práxis política é uma teoria que proporciona as transformações sociais, possibilitando compreender a sociedade em sua totalidade. Ainda Gramsci (1978, p. 107), ao se reportar sobre práxis, menciona que “[...] trata-se de uma filosofia que é também uma política e de uma política que é também uma filosofia”.

Assim, a práxis política se materializa a partir de organizações de grupos, como por exemplo, a entidade coletiva Colônia de Pescadores Artesanais Z-16 de Cametá, organização essa que não está ausente de disputa de ideias, de concepções no próprio movimento da realidade. Porém, o que predomina nesse movimento são as influências exercidas pela organização, que se materializa na luta em prol de seus interesses. Para Vázquez (2011, p. 233)


[...] o caráter prático da atividade política exige formas, meios e métodos reais, efetivos, de luta; assim, por exemplo, o proletariado em sua luta política vale-se de greves, manifestações, comícios e inclusive de métodos violentos. (VASQUEZ, 2011, p.233).


Gramsci (1988, p. 49) também reitera que “[...] no desenvolvimento de uma classe nacional, ao lado do processo de sua formação no terreno econômico, deve-se levar em conta o desenvolvimento paralelo nos terrenos ideológico, jurídico, religioso, intelectual, filosófico [...]”. Dessa forma, a práxis política dos pescadores em análise se articula para além da atividade técnica da pesca, englobando os aspectos socioeconômicos, políticos e formativos num movimento do todo inter-relacionado. Um posicionamento que se articula com os escritos de Marx (2012, p.81) quando esse afirma que:

[...] a liberdade política é a precondição indispensável para a libertação econômica das classes trabalhadoras. A questão social é, pois, inseparável da questão política: sua solução depende da solução desta última e é possível apenas no Estado democrático (MARX, 2012, p.81).


Os pescadores da Z-16 se organizam numa entidade representativa para conquistar seus direitos materializados em projetos de criação de alevinos, acordo de pesca, cooperativas de gelo entre outros, que compõem a entidade, beneficiando seus afiliados. Para Vázquez (2011, p. 233) “[...] a práxis política pressupõem a participação de amplos setores da sociedade. Persegue determinados fins que correspondem aos interesses radicais das classes sociais [...]”. Evidentemente que a luta para a conquista de determinados fins, requer o conhecimento da ação no contexto da realidade, de modo que possa construir estratégias no sentido de evitar possíveis derrotas.

Nas estratégias das lutas dos trabalhadores, como da Colônia Z-16, é de fundamental importância às articulações dos intelectuais na concepção de Gramsci (2011, p.210), de modo que “[...] todo o desenvolvimento orgânico das massas camponesas, até certo ponto, está ligado aos movimentos dos intelectuais e deles depende”. Esse intelectual tem a função de direcionar, de coordenar as ações da entidade, um movimento também educativo. Esses intelectuais seguem a partir da organização dos trabalhadores, com capacidade de compreender a realidade vigente, por isso se propõem ser dirigente orgânico no sentido de proporcionar lutas em benefício do grupo que participa.

Assim, a práxis política requer ação ativa do homem, com capacidade de pensar, construir estratégia de organização de um determinado grupo, construindo nesse grupo uma concepção crítica e orgânica a respeito da realidade vigente. Um homem que é intelectual, filósofo ao mesmo tempo político, como desta Gramsci (1978, p. 52) “[...] o verdadeiro filósofo é, e não pode deixar de ser, o político, isto é, o homem activo (sic) que modifica o ambiente, entendendo-se por ambiente o conjunto de relações de que cada indivíduo singular passa a fazer parte”. Destaca ainda o autor citado, que as mudanças não se referem a grandes revoluções, mudanças de mentalidade de todos, ao contrário a própria mudança de personalidade, ou melhor, a forma de se relacionar com a natureza já caracteriza mudança. Em suas palavras (1978, p.

52) “[...] se a própria individualidade é o conjunto destas relações, tornar-se uma personalidade significa tomar consciência destas relações e modificar a própria personalidade significa alterar o conjunto de tais relações”.

Sendo assim, o que aqui já vai ficando claro em relação aos trabalhadores da pesca afiliados a Colônia de Pescadores Artesanais Z-16 de Cametá é que esses sujeitos são homens e mulheres que compreenderam a partir da sua realidade a necessidade de construir espaços de sobrevivência para além da atividade da pesca, ampliando esses – espaços – nos aspectos socioeconômico, político e formativo. Nesse sentido, aqui corrobora Gramsci (1978, p. 64) quando afirma que “[...] transformar o mundo exterior e as relações gerais, significa valorizar-se a si mesmo, desenvolver-se a si mesmo”.

Assim, a práxis política requer também mudança de atitude política de cada homem e de cada mulher, para avançar na mudança das relações sociais. Vázquez (2011, p. 233) frisa que “[...] a práxis política, enquanto atividade prática transformadora alcança sua forma mais alta na práxis revolucionária como etapa superior da transformação prática da sociedade”.

A práxis política requer uma concepção de homem, de sociedade e de educação que contemple as dimensões socioeconômicas, político formativo numa relação indissociável. Para Gutiérrez (1988, p. 11) “[...] o homem que devemos formar é um ser relacional, condicionado política, social, e economicamente por uma sociedade cheia de contradições”. Essa concepção de homem fica difícil formar em um modelo de educação estruturado sob as bases do modo de produção capitalista, isso porque suas finalidades e objetivos estão presos numa estrutura socioeconômica que visa apenas uma formação abstrata e adestradora demandadas de acordo com as orientações e necessidades do mercado.


O professor, em vez de explicar, ele mesmo, a seus alunos, a ciência que se propõe ensinar-lhes, pode ler para eles um livro sobre o assunto e, se o livro estiver escrito em língua estrangeira e morta, interpretará seu conteúdo na língua dos próprios alunos; ou então – o que dará ao professor ainda menos trabalho – fará com que os alunos interpretem o texto para ele; e, fazendo de vez em quando uma observação ocasional sobre o texto, poderá jactar-se de estar ministrando uma prelação. Basta um grau mínimo de conhecimento e aplicação para poder recorrer a isso, sem expor-se ao desprezo e à zombaria, nada dizendo que seja realmente tolo, absurdo ou ridículo. Ao mesmo tempo, a disciplina do colégio pode dar-lhe a possibilidade de forçar todos os seus

alunos a frequentarem com a máxima regularidade essas prelações simuladas, e a manterem o comportamento mais decente e respeitoso durante todo o tempo das aulas (SMITH, 1988, p. 54).


Daí a importância das organizações políticas dos movimentos sociais como a Z-16 de Cametá-PA, para ultrapassar essa formação mecânica, dogmática, sem possibilidade dos formandos construírem sua concepção de homem e de sociedade, com perspectiva de transformação. Os movimentos sociais desenvolvem práxis política inter-relacionada com o processo educativo, de modo que são elementos que compõem a natureza humana.

De acordo com Gutiérrez:


[...] a política como uma das mais importantes dimensões do ser humano, deve ser parte integrante do processo educativo, se é que queremos que o homem desenvolva capacidades para edificar sua própria personalidade e para realizar-se [...]. (GUTIÉRREZ, 1988, p.13).


A práxis política é uma dimensão inerente ao ser humano, presente na sua personalidade, na atitude frente às injustiças sociais. Ao mesmo tempo é um processo educativo, de modo que não se toma um posicionamento sem compreender a realidade vigente, é uma ação conscientemente humana frente uma realidade desfavorável às condições sociais.

Porém, essa atitude que o homem se posiciona contra o contexto histórico vigente, não é para qualquer homem, mas para aquele que está disposto a transformar a sociedade. É um homem que construiu ao logo de sua formação uma concepção de sociedade, por isso requer transformação de acordo com sua concepção, isso é uma ação política ao mesmo tempo em que é pedagógica4. Ainda conforme Gutiérrez (1988, p. 21) “[...] promover um tipo de homem, de cultura, de crença política, desprezando outras concepções humanas, outras culturas e crenças, é uma clara ação política”.


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4 Talvez a mais importante ação política levada acabo pelos escritórios do governo, a julgar pelos custos desembolsados e pelo imenso aparelho burocrático montado com tal finalidade. É uma ação política não só de tipo administrativo, como também na acepção mais ampla do termo, referente ao projeto global da sociedade. Por isso, diga-se abertamente, ou não, esteja-se ou não de acordo, a ação educativa não pode deixar de ser política, da mesma maneira que a política – a boa política – tem de ser pedagógica (GUTIÉRREZ, 1988, p. 21).

É uma ação consciente de homens e mulheres que analisam criticamente a realidade vigente, na perspectiva da transformação. Compreende-se ainda que a transformação não se materializa na ação isolada, mas na organização e participação dos sujeitos comprometidos com as melhorias das condições sociais. A crítica para com o modelo socioeconômico e político da sociedade vigente significa construir alternativa de relações de produção que proporcione interações entre homens e mulheres que garantam condições básicas de existência, proporcionando a eliminação da desigualdade entre as classes, suprimindo o mercado como centro das atenções, e priorizando o homem como parâmetro fundamental.


As relações de Produção-Formação e Práxis Política dos trabalhadores da pesca da Colônia de Pescadores Artesanais Z-16 de Cametá-PA


Rodrigues (2012, p. 14) destaca que os pescadores da Z-16 produzem conhecimentos na materialidade de suas relações cotidianas, inter-relacionados com suas atividades, “[...] ao objetivar a realidade, transformando-a, [vão] também constituindo suas subjetividades, transformando-se em seres sociais conhecedores de rios, peixes, processos de pesca que assim vão se forjando materialmente ‘no cotidiano da vida do pescador’


Eu acho que foi a partir de doze, quatorze anos que o meu pai comprou a primeira malhadeira5, daí eu foi prestando atenção no momento que ele ia concertar quando rasgava, prestava atenção, quando ele ia tecer um matapi, quando ia tecer uma tarrafa e eu tava lá perto, aprendi e não tive dificuldade, foi fácil, muito fácil mesmo. Hoje eu já ensino para outras pessoas, para meus filhos. Tem pessoas que vem comigo pedir para ensinar fazer uma cabeça de tarrafa, eu começo a fazer a cabeça de tarrafa para ele, eu digo: é assim cada carreira de fio, você não pode passar para outra malha, você tem que levar até no pé da tarrafa, então a pessoa que presta atenção em poucos dias aprende mesmo (PESCADOR 4).


Uma formação que se materializa na relação histórica com seus pares e com suas atividades, direcionando para atingir determinados fins, os elementos necessários para suprir suas necessidades. A formação do pescador não


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5 Artefato de pesca utilizado na captura de peixes.

acontece aleatoriamente, mas direcionado para a objetivação de suas necessidades. A formação humana a partir da perspectiva marxiana coincide com a realidade do próprio homem.


A doutrina materialista de que os homens são produtos das circunstâncias e da educação, de que homens modificados são, portanto, produto de outras circunstâncias e de uma educação modificada, esquece que as circunstâncias são modificadas precisamente pelos homens, e que o próprio educador tem de ser educado [...] (MARX & ENGELS, 2009, p. 124).


O conhecimento não está centrado num único sujeito, mas nas relações consigo mesmo, com os outros, não de forma linear, mas nas relações dialética entre sujeito e objeto e vice-versa. Uma relação que considera o homem não somente como ser que pensa, mas que age, construindo a realidade de sua existência numa relação de totalidade. O questionamento de Marx e Engels (2008, p. 37) presente no Manifesto do Partido Comunista de 1844, referindo-se a classe burguesa contribui para demonstrar sua concepção de formação “[...] a sua educação também não é determinada pela sociedade? Por acaso vocês não educam através de relações sociais, através de ingerência direta ou indireta da sociedade, com ajuda das escolas? “

São questionamentos que nega uma concepção de formação apenas em âmbitos escolares e individual, reconhecendo que os homens desenvolvem suas capacidades nas relações sociais como um todo.

Rodrigues (2012, 149) destaca que os saberes dos pescadores


[...] não são saberes que resultam de um aprendizado formal, no sentido escolar, mas da relação do homem com a natureza; de uma relação que lhe exige criatividade para produção de conhecimentos a fim de superar dificuldades, vencer desafios [...] (RODRIGUES, 2012, p.149).


Dificuldades e desafios chamam atenção na fala do autor, porque são sujeitos que constroem conhecimentos, saberes numa relação dialética com seus pares, com a natureza.

Thompson (2011), conforme já destacado na introdução deste estudo, ao analisar a formação da classe operária londrina, reconhece as relações de

conflitos, de transformações dos trabalhadores em suas organizações coletivas. Assim observa aquele pesquisador:


[...] a história intelectual da Dissidência é composta de choques, cismas, mutações; muitas vezes sentem-se nela os germes adormecidos do radicalismo político, pronto para germinar logo que semeados num contexto social promissor e favorável (THOMPSON, 2011, p. 43).


Gramsci (1988, p142) também se reporta que a educação é uma luta do homem consigo mesmo e com a natureza, mencionando que ao mesmo tempo em que o homem interfere na natureza, através do trabalho, produzindo cultura também se educa. “[...] a educação é uma luta contra os instintos ligados às funções biológicas elementares, uma luta contra a natureza, a fim de dominá-la e de criar o homem ‘atual’ à sua época”. Assim, compreende-se a materialização da formação nas atividades dos pescadores da Z-16, como expressa o pescador 2:


O que aprendi através da atividade da pesca, foram os apetrechos de pesca, não conhecia, fui vendo, como sim como não, nessa altura pegando uma experiência, envolvendo também meus amigos que são afiliados [na Colônia]. (PESCADOR 2).


Para saber fazer os instrumentos da pesca, os pescadores da Z-16 não participaram de escola, nem de curso direcionado para essa atividade, aprendem observando, experimentando, fazendo como seus pares, uma relação entre o desenvolvendo intelectual, através de suas observações, análises, e prática, fazendo, experimentando e vivenciando suas atividades. Conforme Manacorda (2013, p. 231) “[...] produção e trabalho constituem o ponto de referência também para a estruturação das instituições intelectuais e morais”.

A atividade da pesca por si só, não seria suficiente para garantir a vida dos pescadores, de modo que o homem é um ser cultural por natureza. A pesca se tornou para os pescadores da Z-16, uma atividade fundamental para garantir sua existência, ao mesmo tempo formação como ser histórico. Nas palavras do pescador 4: “[...] em mil novecentos e noventa e quatro entrei na pesca, com vinte e dois anos arrumei minha esposa, tenho cinco filhos, daí parti para o trabalho, para criar meus filhos, a pesca foi o principal”.

Rodrigues (2012, p. 149), em sua tese de doutorado cita o pescador José Pedro Alves de Pimentel sobre a construção do matapi e seu uso no processo de captura do camarão, “[...] trata-se de um conhecimento sobre a produção de uma tecnologia em correlação com sua funcionalidade, demonstrando unidade teórico- prática no domínio de seu ofício de pescador”.

Para Marx e Engels (2009, p.125) a formação do homem está inter- relacionada com sua essência construída nas relações sociais. “Feuerbach dissolve a essência religiosa na essência humana. Mas a essência humana não é uma abstração intrínseca ao indivíduo isolado. Em sua realidade, ela é o conjunto das relações sociais [...]”. Nesse sentido, o homem é um processo que se materializa nas relações da existência, em outras palavras, nas relações dos fatos reais, nas relações materiais de produção.

Sem produzir é impossível a vida humana. Somente através do trabalho o homem produz os elementos necessários para sua vida, sem trabalho não há vida, por isso a essência humana é o trabalho. Para desenvolver o trabalho, o homem necessita de um conjunto de elementos, como por exemplo, a natureza, os instrumentos e outros homens, por isso que o homem não é um ser isolado, mas um ser de relações, que depende do coletivo para a sua constituição. A formação é um conjunto de relações que envolvem a dimensão intelectual e o trabalho como princípio educativo, esse por sua vez se materializa quando o ser que pensa se apropria dos elementos produzidos historicamente pela humanidade, como por exemplo, as relações culturais fundamentais para a constituição humana.

Uma concepção de formação mais ampla possível compreende que a aprendizagem faz parte da vida, por isso não se aprende em um único espaço, possibilitando ao homem problematizar a realidade em busca de melhores condições de existência, denunciando tudo que aliena que impede o homem ser rico, na expressão de Marx e Engels (2009). De acordo Mészáros:


[...] apenas a mais ampla das concepções de educação nos pode ajudar a perseguir o objetivo de uma mudança verdadeiramente radical, proporcionando instrumentos de pressão que rompa a lógica mistificadora do capital. (MÉSZAROS, 2005, p.48).

O educador precisa ser educado, uma educação que ultrapassa os âmbitos institucionais formais, compreendendo a formação como um processo histórico que se materializa nas relações sociais, Gramsci (2011, p. 212) chama atenção que a formação se efetiva na:


[...] escola, academia, círculos de diferentes tipos, tais como instituições de elaboração colegiada da vida cultural. Revistas e jornais como meios para organizar e difundir determinados tipos de cultura. (GRAMSCI,2011, p.212).


A formação humana se materializa no movimento de participação, de discussão, de debate, de articulação no contexto do movimento como fazem os pescadores da Z-16 dizem:


Através da participação a gente aprende muita coisa, graças a Deus muita coisa, muitas amizades, muitos colegas que a gente não conhecia passa a conhecer. Então cada vez mais crescer as amizades, crescer a família, a família não é somente aquela que a gente deixa em casa, mas crescer fora de casa também, eu tenho graças a Deus um conhecimento maior, porque não paro somente na minha comunidade, quando paro muito na minha comunidade é uma semana, duas semanas, outros dias estou fora, visito as comunidades, assim dentro desse percurso, dentro de um ano a gente anda muito (PESCADOR, 8).


A formação construída a partir da práxis política dos pescadores da Z-16 se pauta no desenvolvimento integral de suas capacidades, de modo que no contexto de suas organizações não há elementos que proporcione a fragmentação, pelo contrário, ao mesmo tempo em que se mobilizam para planejar suas ações, esses por sua vez estão imbrincadas de relações socioeconômica, política e formativa, que proporciona sua resistência como fração de classe, para com as ideologias da classe dominante.


Considerações Finais


Antes de analisar a práxis política dos pescadores da Z-16, apresentou-se as aproximações conceituais sobre práxis, compreendendo essa como atividade pela qual os sujeitos se afirmam no mundo, ao mesmo tempo proporcionando transformação da realidade vigente. Além disso, apresentou-se o conceito de

práxis política, uma postura consciente de sujeitos comprometidos pelas transformações sociais.

Apresentados esses conceitos, destacou que as relações de produção- formação e práxis política dos pescadores da Z-16, inter-relacionam-se com os aspectos socioeconômico, político e formativo, destacando que a luta dos pescadores no cotidiano de suas atividades, em prol de sua subsistência produz espaço formativo, ultrapassando seus trabalhos como atividade técnica da pesca.

São nas atividades cotidianas que os pescadores materializam sua produção-formação, essa por sua vez embrincadas de uma concepção de mundo que requer transformações das condições de sua realidade, como defende Marx (2008b) e Mészáros (2005). São nas relações de produção, intermediada pelo trabalho, que os pescadores constroem sua consciência crítica da realidade.

A práxis política dos pescadores da Z-16 estão inter-relacionados com suas organizações no contexto da entidade, como movimento social. São espaços de discussões que proporcionam desenvolvimentos da práxis política dos pescadores, ao mesmo tempo formação crítica da realidade por eles experimentada.


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Recebido em: 25 de outubro de 2017. Aprovado em: 28 de março de 2018. Publicado em: 13 de junho de 2018.