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Ainda que neste período o termo inovação não apareça explicitamente ligado à
educação, o alinhamento das práticas educacionais às empresariais foram
apresentados como um movimento necessário de modernização, tanto nas políticas
educacionais quanto nas práticas pedagógicas. O discurso presente nos documentos
do CIEB, mais de uma década depois, também parte do apelo à mudança, pautado
na ideia de inovação, com vistas a atingir a “qualidade total” em educação. No entanto,
será preciso avaliar no decorrer da pesquisa o que é uma retomada dessa forma de
mobilização discursiva, e quais elementos são especificidades geradas pela tríade
inovação-tecnologia-educação.
Foram implementados fundos e programas que concorriam para uma nova
lógica no financiamento da educação e a organização de uma estrutura de
monitoramento e avaliação da educação: a implementação do Exame Nacional do
Ensino Médio (ENEM), do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), Exame
Nacional de Cursos (PROVÃO) e do Censo Escolar (SHIROMA et al., 2007).
O governo Lula da Silva, por sua vez, não representou um rompimento em
relação às premissas erigidas dos organismos internacionais, solidificando a questão
da inovação em diferentes frentes de sua gestão. Oliveira (2011), produz um
levantamento do tema na agenda dos governos brasileiros, destacando os planos
jurídico, econômico e institucional, de modo que salta aos olhos o aumento do
quantitativo de iniciativas nessa direção:
No plano jurídico, os principais marcos desse processo foram: a
criação dos primeiros fundos setoriais, em 1999; a realização da 2ª
Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), em
2001;2 a Lei de Inovação, promulgada em 2004; a chamada Lei do
Bem, de 2005; e o Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação
para o Desenvolvimento Nacional (PACTI), instituído em 2007. No
plano econômico, as agências de fomento e órgãos afins dos governos
federal e estaduais adotaram inúmeros programas de apoio à
pesquisa visando a inovação, e envolvendo o setor empresarial, na
forma de convênios, empréstimos subsidiados, financiamentos a
fundo perdido, bolsas etc. No plano institucional, criaram-se entidades,
tanto no setor público (por exemplo, as "agências de inovação " nas
universidades), como no setor privado (na forma de associações
empresariais, consultorias, ONGs etc.). Campanhas e concursos são
promovidos com o intuito de instilar no público a "cultura da inovação",
como, por exemplo, a Olimpíada USP de Inovação (OLIVEIRA, 2011,
p. 671-672).
A lei de incentivo fiscal à Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), promulgada em
2005, possibilitou o subsídio às empresas que apresentassem planos com foco em