garantam um espaço escolar específico. A esse respeito, destaca que a garantia de
uma escola de tipo unitário precisa atentar-se, inclusive, para a “questão dos
prédios” o que, nas suas próprias palavras, “não é simples” (GRAMSCI, 2001, p. 37).
Essas instituições de ensino devem oferecer: alojamento, laboratórios,
bibliotecas, refeitórios e espaços de discussão, garantindo-se, assim, que todos os
jovens possam ter asseguradas as condições básicas para estudar. Assim vemos,
mais uma vez, que Gramsci incorpora a defesa de um Estado educador responsável
pela escola unitária, uma vez que ele tem clareza de que, se assim não for, os filhos
da classe trabalhadora não terão acesso a esse modelo formativo.
Ademais, para que a escola unitária seja viável, é necessária, na perspectiva
do teórico, a garantia de todo um aparato de instituições que lhe deem suporte,
como as creches, nas quais as crianças, desde bem pequenas, sejam inseridas de
maneira a se habituarem a uma disciplina coletiva que se fará necessária na vida
educacional das escolas unitárias.
Nesse tipo de escola, o ensino é feito coletivamente, permitindo um
aprendizado criativo, colaborando com o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos
e constituindo-se no que Gramsci denomina de escola criadora, na qual o professor
é uma espécie de guia e facilitador do aprendizado. Assim sendo, segundo Gramsci
(2001, p. 39), “toda escola unitária é uma escola ativa”, isso porque
A escola criadora é o coroamento da escola ativa: na primeira fase,
tende-se a disciplinar e, portanto, também a nivelar, a obter uma
certa espécie de “conformismo” que pode ser chamado de
“dinâmico”; na fase criadora, sobre a base já atingida de
“coletivização” do tipo social, tende-se a expandir a personalidade,
tornada autônoma e responsável, mas com uma consciência moral e
social sólida e homogênea. (GRAMSCI, 2001, p. 39).
Por fim, conclui-se, com destaque entre as suas concepções de escola, que
“[...] o estudo ou a maior parte dele deve ser (ou assim aparecer aos discentes)
desinteressado, ou seja, não deve ter finalidades práticas imediatas ou muito
imediatas, deve ser formativo ainda que ‘instrutivo’, isto é, rico de noções concretas”
(GRAMSCI, 2001, p. 49). Logo, a escola, seu percurso formativo e seu propósito não
devem ser vinculados aos interesses hegemônicos, não devem ser interessados ao
capital. O desinteresse refere-se exatamente a um tipo de escola cujo compromisso