expressão de natureza política, de crise de direção – eclosão de movimentos e
resistências – em uma conjuntura de crise de realização da produção que vinha se
desenvolvendo desde o final da 2ª Guerra. Na concepção gramsciana, “crise
orgânica” são crises de origem econômica, mas, ao mesmo tempo, constituem uma
crise de poder – crise de representação ou crise de hegemonia (GRAMSCI, 2007).
Estas crises representam a falência de um determinado “bloco histórico”5e o início
da criação de um novo.
Mészáros (2009) vai além, apontando que a crise que desponta nos anos de
1970 possui elementos estruturais, da ontologia do sistema do capital. Segundo o
autor, a partir de então, todo e qualquer exercício realizado pela burguesia acaba por
aprofundar os elementos limitadores da ordem vigente, como a
ampliação/intensificação da dependência em relação ao fundo público e a destruição
da natureza – limites para a livre expansão do consumo de massas. Portanto, é em
meio a esta crise estrutural (MÉSZÁROS, 2009), desenvolvida, sobretudo, a partir
da década de 1970, que se intensificam as preocupações com a problemática
ambiental e a busca por alternativas de superação desta. Nesta direção, os países
centrais do capitalismo passam a formular um conjunto de respostas na tentativa de
revitalização do capital diante de uma sucessão de crises ocorridas, pautando-se
pelo arcabouço neoliberal.
Neste contexto, em 1972 se realiza a Conferência das Nações Unidas sobre o
Ambiente Humano, na cidade de Estocolmo, que introduziu internacionalmente a
necessidade de garantia de um ambiente com qualidade para as presentes e futuras
gerações. As ações internacionais foram motivadas neste período, sobretudo, pela
pressão do risco de finitude de determinados recursos de importância para a
acumulação do capital, para a industrialização e para o crescimento econômico
(IBAMA, 1993 apud SAISSE; LOUREIRO, 2012). Cabe ressaltar que a Conferência
de Estocolmo e as sugestões da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) difundiram mundialmente a necessidade de
inserção de premissas de ordenamento ambiental na década de 1970. Vários
5Uma das principais noções do edifício teórico desenvolvido por Gramsci, sendo exatamente a
expressão concreta da relação de unidade dialética do par estrutura-superestrutura. Segundo o
filósofo: “A estrutura e as superestruturas formam um “bloco histórico”, isto é, o conjunto complexo e
contraditório das superestruturas e o reflexo do conjunto das relações sociais de produção”
(GRAMSCI, 1999, pp. 250-251), [...] as forças materiais são o conteúdo e as ideologias são a forma,
distinção entre forma e conteúdo puramente didática, já que as forças materiais não seriam
historicamente concebíveis sem forma e as ideologias seriam fantasias individuais sem as forças
materiais (GRAMSCI, 1999, p. 238).