V.20, nº 43, 2022 (setembro-dezembro) ISSN: 1808-799 X


Homenagem


EUNICE TREIN E A DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA E DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA 1


Sandra Maria Nascimento de Morais2

Inny Accioly3





1 Texto recebido em 27/10/2022. Aprovado pelos editores em 28/10/2022. Publicado em 10/11/2022. DOI: https://doi.org/10.22409/tn.v20i43.56327.

2 Mestrado e Doutorado em Educação pela Universidade Federal Fluminense. Professora de História pela Universidade Santa Úrsula. Atualmente é Vice coordenadora do Núcleo de Estudos, Documentação e Dados sobre Trabalho e Educação – NEDDATE – UFF. É editora adjunta da Revista Trabalho Necessário, nº 43. E-mail: sandramorais1409@gmail.com.

Lattes: http://lattes.cupq.br/9809541460730084. ORCID: https://Orcid.org/0000-0001-9778-7257.

3 Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Adjunta da Universidade Federal Fluminense. E-mail: innyaccioly@hotmail.com.

ORCID: https://orcid.org/0000-00027726-4536. Lattes: http://lattes.cnpq.br/73197450344922288.


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É uma honra e um desafio homenagear a filósofa e educadora Eunice Trein. Uma mulher com uma rica trajetória profissional, acadêmica e, em particular, na produção do conhecimento; sempre preocupada com uma educação pública de qualidade para todos, atuando não só no campo de pesquisa Trabalho e Educação, como também no campo da Educação Ambiental Crítica (EAC). Por isso, é mais que merecida essa homenagem da Revista Trabalho Necessário que, no número 43, busca reunir questões importantes relativas a Trabalho, Natureza e Educação Ambiental Crítica.

Gostaríamos de deixar registrado que, você Eunice, sempre deixou em nós e em todos os seus alunos, o rigor da aprendizagem, a importância de pesquisas que buscam apreender o real nas suas múltiplas determinações. Mas também nos deixa o carinho e o amor demonstrados em todo esse longo caminho de ‘idas e vindas’, por 25 anos ou mais, pela Ponte Rio-Niterói, de ônibus, mostrando sua grandeza e potência como educadora. Afirmamos isso, porque, às vezes, na volta para o Rio de Janeiro, você dava carona a Sandra Morais (vizinha de bairro e uma das autoras dessa homenagem), quando vinha conversando sobre as questões teóricos-metodológicas, mas também sobre a vida. Foram momentos de grande privilégio, nesses e em outros momentos. Para os graduandos, mestrandos e doutorandos, também é um privilégio nos ter tornado amigos e amigas.

Mulher, mãe, filha, avó, professora, pesquisadora, sindicalista. E ambientalista, quando muitas pessoas ainda nem pensavam nisso! Sempre junto do seu companheiro e amor da vida, o também filósofo Franklin Trein, especialista em Hegel, Marx, Althusser e outros tantos autores. Temos certeza que os ensinamentos de Eunice e Franklin seguem dando frutos para muitos e muitos estudantes e pesquisadores do nosso país (e por que não dizer da América Latina e do mundo?).

Trabalhando 25 anos como professora na UFF, Eunice lecionou para mais de quatro mil estudantes da graduação, pós-graduação “lato sensu” e pós-graduação “stricto sensu”. Na graduação em Pedagogia de Niterói, ministrava “Trabalho, Educação e Produção do Conhecimento; Em Angra dos Reis, ministrava “Trabalho Cultura e Escola. Entre os diversos componentes curriculares dos cursos de mestrado e doutorado, foi responsável por Epistemologia e Educação; Seminário Permanente de Produção do Conhecimento, Teoria I, Estudos Independente


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Supervisionado, Tópicos Especiais em Trabalho e Educação, entre outros. Cumpriu a responsabilidade da produção e sistematização do conhecimento, trazendo não só a dimensão científica, como também a dimensão política. Nesse período, construiu relações de confiança, respeito e afeto com os alunos, o que se manifesta nas diversas vezes que foi escolhida como professora homenageada, paraninfa e patrona de turma.

Eunice Trein nasceu em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, em uma família de italianos, alemães e franceses. Ainda criança, se mudou para Porto Alegre. Nessa família tão diversificada, aprendeu, entre outras coisas, a independência do ‘saber fazer’. Em seu Memorial para concurso de professora titular da UFF, publicado na Revista Trabalho Necessário (n. 29 - ano 2018), destaca três lições importantes que aprendeu com seu pai Mário e que as acompanham até hoje: “não temer os poderosos; o conhecimento liberta; nosso trabalho manual ou intelectual deve sempre ser orientado por uma função social”. Da mãe herdou, entre outras coisas, o gosto de ter sempre flores em casa.

Eunice se orgulha em dizer que é filha da escola pública. Logo após o término da Escola Normal, ingressou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para cursar Licenciatura em Filosofia, onde participava ativamente da vida política estudantil. O ano de 1966 foi difícil politicamente, devido ao golpe civil-militar que instaurou a ditadura em 1964. Considerava-se “filha” do AI5 (O mais duro de todos os atos institucionais durante o regime militar, após o golpe de 1964) e do Decreto-Lei no. 477, de 26 de fevereiro de 1969 (que definia infrações disciplinares praticados por alunos, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público ou particulares).

Casa-se com Franklin Trein, colega de Faculdade e grande companheiro, com quem se afasta do país por sete anos, para escapar da forte repressão instalada no nosso país. Eles escolhem a Alemanha. Aprendem a língua e estudam os autores do Materialismo Histórico como: Hegel, Karl Marx, Engels, entre outros. No existencialismo francês: Sartre. Foram anos de muitos estudos. Conhecem a literatura latino-americana e espanhola como Cortázar, García Márquez, Vargas Llosa e Lorca. Ambos retornam ao Brasil em 1977.

O Mestrado foi realizado no Instituto de Estudos Avançados em Educação da Fundação Getúlio Vargas (IESAE -FGV) em 1980. Sua Dissertação de Mestrado foi intitulada “Educação Popular: instrumento de fortalecimento da sociedade civil –

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desafio dos anos 80”. Sua banca de Mestrado foi formada por Zilá Xavier (nova orientadora, com a morte precoce de Durmeval Trigueiro), Gaudêncio Frigotto e Moacyr de Góes.

Eunice começa a participar de projetos coletivos inspirada em Gramsci e nos conceitos de Estado Ampliado, Intelectual Orgânico e Hegemonia, e em seus ensinamentos sobre “o pessimismo da razão, mas com o otimismo da ação”. Estuda também Jurgen Habermas, filósofo da Escola de Frankfurt. Os autores brasileiros deste período que ela destaca são Carlos Rodrigues Brandão, Celso Beisiegel, Vanilda Paiva, Álvaro Vieira Pinto, Paulo Freire, entre outros.

Podemos distinguir algumas fases da sua produção intelectual. No final dos anos 1970 e nos anos 1980 participa do Projeto dos Centros Integrados de Educação Pública – CIEPS. Os CIEPS foram criados na década de 1980 por Darcy Ribeiro, então Secretário de Educação no Rio de Janeiro, no governo Leonel Brizola, e cuja proposta pedagógica era de uma escola de horário integral pela rede de ensino pública do Estado. Nesse período, lutava-se por direitos políticos e sociais que se materializaram na expansão do acesso à saúde, educação, moradia, cultura e lazer – direitos afirmados na Constituição Federal de 1988. Era também o contexto das Conferências Brasileiras de Educação, em que se reafirmava a importância de uma educação democrática para o conjunto da população brasileira, também para a classe trabalhadora.

Como segundo momento de sua produção acadêmica, podemos ressaltar é o Projeto de Formação Continuada para o ensino de Ciências, na qual ela foi coordenadora. No projeto, foi utilizada a estratégia pedagógica da ‘Estações Geradoras’ (floresta, mar, campo, indústria e serviços urbanos). Começando assim, ao nosso ver, seu envolvimento com a questão ambiental.

Ainda em relação à Educação Ambiental, um importante trabalho foi o Projeto Managé, o qual partiu inicialmente da situação ambiental da Bacia do Itabapoana. Participaram desse projeto, vários grupos de trabalho de diferentes áreas de conhecimento. É importante destacarmos a inserção cada vez mais intensa de Eunice nas questões relativas ao meio ambiente. O objetivo principal do Projeto Managé era desenvolver propostas institucionais para melhorar o ambiente e a vida da população, em consonância com o Plano Diretor da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.


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Em relação ao campo da Educação Ambiental, a obra de Eunice é referência na consolidação de uma perspectiva de investigação à luz do materialismo histórico. O seu profundo conhecimento da obra de Marx e de autores da tradição marxista tem fundamental importância para o avanço do debate sobre questões epistemológicas na educação ambiental, especialmente no desvelamento das contradições na relação entre ontologia e epistemologia nas pesquisas do campo. Eunice ressalta que:


Nossa maneira de entender o mundo é de crucial importância porque é com base nessa compreensão que se derivam tipos conflitantes de epistemologia em ação no campo científico. [...] Compreende-se, assim, que distintas noções de mundo estão na base das disputas teóricas e que não podemos adotar uma postura adequada aos diferentes tipos de epistemologia que compõem atualmente o campo de pesquisa crítica em educação ambiental se ignorarmos as concepções ontológicas que lhes dão suporte.” (TREIN, 2019, p.7, tradução nossa).


Eunice aporta para a educação ambiental o acúmulo teórico desenvolvido pelo campo Trabalho-Educação, trazendo à luz importantes elementos para a compreensão do sentido de criticidade. Com grande precisão conceitual, Eunice levanta a indagação “A Educação Ambiental Crítica: Crítica De Que?”, título do seu artigo que acompanha esta edição deste número 43 da Revista Trabalho Necessário.


Ler a realidade de forma crítica nos ajuda a explicitar as relações sociais mercantilizadas e alienantes que perpassam a forma homogênica de organizar a sociedade. Por isso entendemos que incorporar a dimensão ambiental na educação é expressar o caráter político, social e histórico que configura a relação que os seres humanos estabelecem com a natureza mediada pelo trabalho (TREIN, 2012, p. 307).


A trajetória de Eunice tanto na docência, quanto na pesquisa e extensão, é marcada por estas duas linhas temáticas: Trabalho-Educação e Educação e Meio Ambiente, mantendo sempre a centralidade na categoria Trabalho.

Foi no ano de 1992, que passou a trabalhar na Universidade Federal Fluminense - UFF, sendo aprovada em concurso público para a disciplina Trabalho e Educação, do Curso de Pedagogia que, depois da revisão curricular, passou a ser denominada Trabalho, Educação e Produção do Conhecimento. A partir daí,


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também participa ativamente da implementação do Curso Pedagogia, em convênio com a Prefeitura de Angra dos Reis, município do Estado do Rio de Janeiro.

De 1995 a 1998, Eunice assumiu a coordenação do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFF. Passa a valorizar os desafios presentes no interior dos Estados, cujas comunidades são formadas por pequenos agricultores, pescadores, quilombolas e populações indígenas. Vai incorporar, ao longo do tempo, a Educação e o Meio Ambiente nas suas aulas e pesquisas não só no curso de Pedagogia, mas também na pós-graduação. Começa a oferecer disciplinas optativas, eletivas, sobre meio ambiente e educação nas demais licenciaturas.

Também atuou em cursos de formação continuada e extensão, em convênio com o Sindicato dos Professores, com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e em parceria com o Núcleo de Educação do Jardim Botânico no Rio de Janeiro, realizando cursos de extensão para professores e servidores de órgãos públicos, responsáveis por políticas ambientais. Ressaltando sempre o tripé: Docência, Pesquisa e Extensão, articulando com os seus componentes administrativo e político.

Participou ativamente nos Fóruns da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação – ANPED, expondo trabalhos e participando de mesas redondas. Ministrou também minicursos encomendados no GT 09 (Trabalho e Educação) e no GT 22 (Educação Ambiental), apresentando trabalhos encomendados nos dois GTs. Foi coordenadora do GT 09, no período de 1994

-1996. Além disso, participou da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – ANFOPE, dos Conselhos Municipais de Educação, nos Grupos de Trabalhos - GTs da Associação de Docentes da Universidade Federal Fluminense – ADUFF e do Sindicato Nacional dos Docentes dos Instituições de Ensino Superior – ANDES.

Foi em 2003 que fez seu pós-doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, vinculada ao LIEAS - Laboratório de Investigação em Educação, Ambiente e Sociedade, com o projeto “A educação ambiental na escola: novos desafios à educação ambiental crítica”. Eunice procurava com esse projeto, aprofundar o entendimento sobre educação e relações seres humanos-natureza

,considerando as crises estruturais do capitalismo. Neste período, fez um estudo em algumas escolas do Município do Rio de Janeiro, tentando compreender como as escolas têm incluído no currículo as temáticas socioambientais.

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Em 2007, em Licença Capacitação, desenvolve um novo projeto de pesquisa intitulado “A contribuição do pensamento crítico para a educação ambiental: a ilusão do desenvolvimento sob o modo de produção capitalista”. Neste período, participa do Laboratório de Investigação em Educação, Ambiente e Sociedade (LIEAS/FE/UFRJ). Este Laboratório discutia a Educação Ambiental Crítica, formando mestres e doutores para atuarem nas escolas e universidades, em diversos órgãos públicos, como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio), Jardim Botânico e órgãos ambientais.

Já vinha, há muito tempo, participando dos debates epistemológicos, teóricos e práticos, no campo da Educação Ambiental. Coordenou, por exemplo, junto com a Prof. Dra. Rosa Feitero Cavalari o “Grupo de Discussão: Pesquisa em Educação Ambiental e Questões Epistemológicas”. As reuniões bianuais dos Encontros de Pesquisa em Educação Ambiental – EPEA, são importantes espaços de discussão da Questão Ambiental Crítica e a perspectiva conservadora que tem forte influência no pensamento empresarial. Faz também a articulação entre o EPEA e com a nova denominação do GT 22 – Educação Ambiental da ANPED, antes denominado GT-7.

Participa de debates tanto no GT Trabalho e Educação da ANPED, com questões de cunho mais teórico-conceitual, e também discutindo as questões socioambientais, sempre baseada no materialismo histórico, dialogando com autores como Roberto Leher, Virgínia Fontes, Atílio Boron, Aníbal Quijano, Carlos Frederico Loureiro (entrevistado nesse número temático da TN 43), Philippe Layrargues (com um artigo também nesse mesmo número temático), dentre outros pesquisadores que discutem as temáticas ambientais no contexto brasileiro e latino-americano.

Em toda a sua trajetória de pesquisa e docência, Eunice Trein buscou temáticas relativas ao mundo do trabalho, suas transformações e consequências socioambientais. Em seus trabalhos, procurou incorporar e discutir em que medida a educação pública, laica e gratuita, deve ter uma perspectiva unitária e politécnica, e estar comprometida não só com a construção integral do ser humano, mas também com a construção de uma sociedade emancipada.

Não menos importante é ressaltar sua participação no Núcleo de Estudos, Documentação e Dados sobre Trabalho e Educação – NEDDATE, criado em 1985 pelos professores Gaudêncio Frigotto e Maria Ciavatta, e vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense. Assim como a

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Revista Trabalho Necessário, na qual Eunice compõem o Conselho Científico, o Núcleo elege o materialismo histórico como eixo orientador, com o objetivo de evidenciar as contradições e mediações em uma dada totalidade do real. Ele é composto por estudantes da graduação, mestrandos e doutorandos, bolsistas de Iniciação Científica, bolsistas de Apoio Técnico, além de professores da graduação e da pós-graduação da Educação e de outras unidades da Universidade. Nesse ano de 2022, o NEDDATE completou 37 anos, sendo o coletivo de pesquisa em Trabalho-educação mais antigo do Brasil.

O então Boletim NEDDATE acabou se desdobrando, em 2003 , na publicação on-line da Revista Trabalho Necessário. A Revista é uma publicação quadrimestral do NEDDATE que publica resultados de pesquisas e estudos sobre o mundo do trabalho, formação humana e relações históricas entre trabalho e educação. Este número temático (TN 43), especificamente, é denominado Trabalho, Natureza e Educação Ambiental Crítica. Contém pesquisas e estudos teóricos e empíricos que contribuem para a análise da historicidade das relações entre seres humanos e natureza e para a explicitação dos fundamentos teórico-metodológicos de uma Educação Ambiental Crítica. Por isso, a nossa mais que merecida homenagem à querida Eunice.

Destacamos também que nossa homenageada na TN 43 foi e, mesmo como aposentada, continua filiada ao Sindicato de Docentes, atuando de forma contundente na defesa do trabalho docente, de pesquisa e extensão e da viabilidade social e econômica da Universidade Pública. Sua importante trajetória política e acadêmica é marcada por métodos de investigação do real, apoiada nos fundamentos do materialismo histórico e dialético, destacando a centralidade do trabalho como categoria fundamental dos processos de formação humana, e também categoria fundamental para compreensão das relações sociais, historicamente datadas e situadas. Eunice entende que a teoria, assim como Marx apregoa, pode se converter em força material, e por meio da educação, possibilitar a construção social do conhecimento. Tem sido importante o diálogo com Gaudêncio Frigotto, Dermeval Saviani e Paolo Nosella, entre outros filósofos da educação brasileira, que junto com ela, serviram para análises da relação entre educação e o mundo trabalho, a formação profissional, as questões onto-epistemológicas contextualizadas ao longo da história da humanidade e, em particular, em tempos de acirramento dos projetos neoliberais em contraposição dos interesses da classe

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trabalhadora. As políticas formativas para o Mundo do Trabalho, como bem salientou Eunice, trazem a dimensão ambiental, parte construtiva de uma abordagem crítica sobre a atividade humana e sua relação metabólica com a natureza.

Eunice Trein é Professora Titular aposentada da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense- UFF, no Departamento de Sociedade, Educação e Conhecimento. O seu Memorial, escrito em 2017, para o concurso público de professora Titular tem como título “Um tributo à escola pública”. Como marca da sua trajetória de vida e do seu percurso acadêmico, ela expressa um forte compromisso com a educação pública, especialmente na forma coerente com a qual articula a luta política com uma rica produção teórica nos campos trabalho-educação, educação ambiental e formação de professores. .

No Memorial, expressa: “reconstruir uma trajetória é uma tarefa difícil, pois envolve razão e sentimento, memória e fantasia” (TREIN, 2017, p. 5). Para nós que fazemos essa singela homenagem na TN 43, também foi uma tarefa difícil, mas muito prazerosa!. E é isso que Eunice faz ao longo de todo o seu memorial, desnudando-se e narrando os momentos marcantes da sua rica trajetória de docência, pesquisa, extensão e de práxis política. Ao longo de sua vida, não tem esquecido a importância de partilhar o conhecimento. E nunca deixar de continuar aprendendo. Gostaríamos de agradecer a sua produção em nome do NEDDATE e da Revista Trabalho Necessário.

Agora como aposentada, entre outras coisas, Eunice passa a dedicar parte de seu tempo, no Sul do país, à criação de Abelhas Polinizadoras que, “graças ao seu trabalho de coleta de pólen e néctar, voando de flor em flor, as abelhas polinizam as flores e promovem a sua reprodução cruzada. Além de permitir a reprodução das plantas, esse trabalho também resulta na produção de frutos de melhor qualidade e maior número de semente” (https://abelha.org.br, visto em 03/10/2022).

Muito obrigada por tudo. A Natureza e nós, como parte integrante da Natureza, agradecemos pelo seu lindo e importante trabalho.

Para finalizar, convidamos todos e todas para a leitura do texto em anexo, de autoria da Prof.Dra. Eunice Trein, denominado Educação Ambiental Crítica: Crítica de que? Link: https://revistas.ufrj.br/index.php/rce/article/view/1673

Um grande abraço a Eunice, a Fraklin e aos leitores e leitoras


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Referências


TREIN, E. S. A Educação Ambiental Crítica: Crítica de que? Revista Contemporânea de Educação, vol. 7, n. 14, 2012.


TREIN, E. S. Um tributo à escola pública, Memorial, Faculdade de Educação. Departamento de Sociedade, Educação e Conhecimento, Professora Titular, Niterói, Rio de Janeiro, Primavera de 2017.


TREIN, E. S. An argument for vindicating a Marxist ontology in environmental education research. Environmental Education Research, 2019.


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