nos diferenciar, evidentemente, daquelas alinhadas ao sistema do capital, nos
diferenciar também das que se pretendem reformistas porque entendem ser possível
um grau de crítica desassociado da meta inegociável de transformar a sociedade.
Certamente que esse nosso percurso, ainda que busque constituir sua própria
massa crítica, não é linear, tem suas idas e vindas, porque é dialético. É um
percurso feito dentro de um grupo de pesquisa4, receptivo às pessoas que passaram
por nós (discentes, docentes, pesquisadores) e nada imune aos momentos
históricos. Se em alguns momentos podemos reivindicar uma crítica de vanguarda
que reivindique o socialismo e que nos permita dizer inclusive que “desenvolvimento
sustentável” é um termo insuficiente; noutro momento, precisamos realizar o mais
básico dos posicionamentos, como lutar pelos direitos sociais básicos, reivindicar a
democracia, defender a ciência contra o obscurantismo. De qualquer maneira, nossa
reflexão sempre procurou estar próxima da escola:
Quando pensamos neste [estudo], não pressupomos que a “Questão
Ambiental” estivesse fora da Educação Básica, como também não
pressupomos que fosse suficiente sua entrada e permanência. Ao
contrário, pressupomos que precisávamos nos contrapor a algo
estabelecido, em termos de “Educação em Ciências”, em termos de
“Educação Ambiental”... Propomos uma ciência politizada! Nossa
prática ideológica é buscar o conhecimento. Cada vez mais, vamos
entendendo que a Educação Ambiental Crítica (EA-crítica) é aquela
que quer conhecer até o fim, que quer o aprofundamento das
questões, enquanto a educação conservadora quer exatamente
camuflar ou simplesmente manter-se na superfície. Esta é nossa
definição mais básica para a EA-crítica... (Contracapa do livro “A
Questão Ambiental na Educação Básica, BOMFIM et al, 2015).
O contexto atual está mais adverso, os conceitos estão sendo disputados em
novas bases, como exemplo, agora nos vemos na luta contra o fascismo ou
neofascismo5. Neste momento, o simples ato de educar e fazer ciência se tornou um
ato subversivo. Nessa hora, talvez nem fosse estratégico dizer que nossa Educação
Ambiental Crítica nos leva ao Ecossocialismo.
Isso não nos impede de ter a esperança de que no futuro nossas reflexões
encontrem mais ressonância na sociedade. No final deste texto, faço a apresentação
5No momento que estamos fechando este texto, poucos dias após a vitória de Luiz Inácio Lula da
Silva no pleito eleitoral (que ocorreu no dia 30 de outubro de 2022), no Brasil assistimos
manifestações de pessoas identificados com o fascismo que reivindicam intervenção militar contra o
resultado das eleições.
4Grupo de Pesquisa em Trabalho-Educação e Educação Ambiental (GPTEEA) do IFRJ.