V.21, Nº 45, 2023 (maio-agosto) ISSN: 1808-799 X
Maria Cristina Rodrigues2
Sandra Morais3 Jaqueline Ventura4
A revista Trabalho Necessário é resultado de muito – e qualificado – trabalho coletivo, como já demonstrado nas seções anteriores deste número comemorativo. Mas tem um grupo de pessoas cuja dedicação foi e tem sido fundamental para garantir efetivamente que, a cada número, a revista seja publicada com a qualidade e coerência teórico-metodológica dela esperadas. Falamos aqui das editoras e editores,
1 Entrevista recebida em 21/08/2023. Aprovada pelos editores em 22/08/2023. Publicada em 23/08/2023. DOI: https://doi.org/10.22409/tn.v21i45.59624
2 Professora da Escola de Serviço Social da UFF, Doutora em Políticas Públicas e Formação Humana, e coordenadora do Neddate. E-mail: mcristina@id.uff.br.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/0279905252377710. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0545-2260.
3Historiadora, Doutora em Educação e vice coordenadora do Neddate.
E-mail: sandramorais1409@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9809541460730084. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9778-7257.
4 Professora da Faculdade de Educação da UFF, Doutora em Educação e vice-coordenadora do Neddate. E-mail: jaquelineventura@id.uff.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/8217768981005318.
ORCID: https://orcid.org/000-0001-9548-253X.
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com quem conversamos através de cinco perguntas comuns, que elas e eles, gentilmente, nos responderam por e-mail, entre os meses de junho e julho do corrente ano.
Novamente, a história da TN é retomada nas diversas vozes aqui presentes, onde também se percebe a dedicação, o idealismo, a análise crítica e a esperança. Em comum, todos os editores e editoras foram ou são membros do NEDDATE. Ronaldo Rosas, professor aposentado da FEUFF e José Rodrigues, também docente da faculdade, tiveram protagonismo na criação da revista e estiveram na sua editoria desde o ano de 2003 – o primeiro, até o ano de 2007; e o segundo, até sua saída do Núcleo. Luciana Requião, professora da FEUFF-Angra, esteve na editoria no período entre 2009 e 2012. Sonia Rummert e Jaqueline Ventura, ambas docentes da FEUFF, foram editoras no período entre 2013-2017. Lia Tiriba, José Luiz Antunes, docentes da FEUFF, e Maria Cristina Rodrigues, professora da Escola de Serviço Social/UFF, foram editores entre 2018 e 2021. José Luiz e Lia Tiriba seguiram na editoria e, a partir de 2022, entraram dois novos colegas, Jacqueline Botelho, também docente do Serviço Social/UFF e Regis Argüelles, docente da FEUFF.
A maior riqueza da linha editorial da revista TN é o seu referencial teórico- metodológico, o materialismo histórico. Orientador de uma visão histórica da sociedade que se fundamenta na análise da luta de classes e na busca da superação da civilização fundada na forma capital, este referencial possibilita a análise radical da Educação, compreendida como expressão concreta das disputas entre classes. Não por acaso, todos os nossos entrevistados/as destacam a importância deste referencial, como se pode ler nas respostas a seguir.
Trabalho Necessário: O que te fez aceitar a editoria da revista TN e o que foi mais marcante para você no período em que a exerceu?
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considerei a possibilidade de colocar a experiência de editoria anterior no projeto de criação da TN.
A revista TN nasceu da necessidade de o NEDDATE ampliar o seu canal de comunicação com a comunidade acadêmica e a sociedade em geral como forma de socialização das ideias correntes nas pesquisas dos seus membros e do coletivo mesmo do Núcleo. Queríamos ampliar o debate sobre trabalho-educação, suas referências teórico-metodológicas, suas conclusões. Ao mesmo tempo, esperávamos receber contribuições que viessem acumular massa crítica, sendo esse conjunto de fatores, além das dificuldades dos primeiros anos, algo que trago de mais marcante na minha passagem pela editoria.
Um aspecto interessante foi o processo de escolha do título e da logomarca da Trabalho Necessário. Aliás, salvo engano, também foi nesta mesma época que Ronaldo e eu propusemos a logo do Núcleo.
A logo do Neddate teve a sua origem estético-conceitual na obra do pintor holandês Mondrian, em particular "Composição II em Vermelho, Azul e Amarelo" (1930), por mim sugerida. Ronaldo que, além de artista plástico, domina a história das artes, foi burilando a forma até chegarmos à conhecida logo do Neddate. De alguma medida, a logomarca da Revista vem da mesma fonte.
Um dos primeiros títulos da revista em gestação foi proposto por Ronaldo – Cyberloom – inspirado no título de uma revista do IACS-UFF, em cujo título aparecia “cyber”. (Parece que cyber/kyber vem do grego e quer dizer algo como piloto, dirigente...) Era o tempo do nascimento do ciberativismo, da emergência do chamado ciberespaço, pelo menos aqui na periferia do capital. Lembro ainda que loom é uma palavra da língua inglesa – tear. Tear que remeteria à Revolução Industrial, que tem no tear um de seus ícones, e também as chaminés. Tear também diz respeito ao ato de tecer, tecer conhecimentos, saberes. Contudo, o nome era de difícil assimilação, nos pareceu. Falando em chaminés, também experimentamos uma logomarca que
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sugerisse uma chaminé. Aliás, até este significante foi considerado para o título. Mas, antes mesmo de sabermos do perigo real e imediato do aquecimento global, da noção de antropoceno, muito menos de capitaloceno, intuímos: o tempo das chaminés (quase) passou. Precisa ser ultrapassado muito mais rapidamente do que todas as previsões consideradas até agora como pessimistas.
Depois de algum tempo de debate, veio-me a noção sob a forma de uma palavra-conceito: trabalho-necessário. Talvez seja desnecessário mencionar que tal noção pode ser encontrada em O capital, de Marx, e diz respeito à quantidade de “trabalho necessário”, ou “trabalho socialmente necessário” à produção de uma mercadoria ou de qualquer bem útil. Talvez possamos dizer ainda, nesse sentido, que “trabalho necessário” se opõe ao fundamento do mais-valor (ou mais-valia), isto é, ao “trabalho excedente” apropriado pelo capital ao trabalhador. Além disso, essa expressão, palavra composta, palavra-noção poderia ser uma proclama-síntese do que precisávamos e seguimos precisando realizar: luta de classe no plano das ideias, no campo educacional. Enfim, este era o propósito da Revista, do Núcleo, de todas e todos que ali se aglutinavam em torno do materialismo histórico, do marxismo, no campo trabalho-educação.
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Estivemos na editoria da revista entre 2013 e 2017. Nesse período, buscamos, na medida do possível, ampliar seu alcance e seu reconhecimento social e acadêmico, bem como introduzir alguns padrões de publicação, com o objetivo de aproximá-la às exigências da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). A exigência do resumo e do título dos artigos também em inglês; a ampliação do número de indexadores, com o cadastramento da revista em várias bases de dados; e a inserção do contador de visitas foram algumas das ações efetuadas nesse sentido. Para tanto, foi importante a colaboração de três estudantes do curso de Pedagogia, nossas bolsistas de Iniciação Científica à época, Débora Petrillo Flôr, Gisele Cruz e Taynara Bastos, que operavam o Open Journal Systems (OJS), padronizando e inserindo os artigos no sistema, além de auxiliarem no acompanhamento do fluxo de entrada de artigos para serem avaliados, do retorno, ou não, dos pareceres solicitados, entre outras várias atividades que precediam a publicação de cada número.
Também contamos com preciosas contribuições de outros colegas que não podemos deixar de mencionar: André Feitosa, Camila Azevedo Souza, Luciana Requião, Maria Inês Bomfim e Ronaldo Rosas Reis. Esses companheiros de jornada, em momentos e circunstâncias diferentes, passaram a se dedicar a outros trabalhos necessários, mas deixaram marcas de suas fundamentais contribuições para o êxito da revista.
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Ao longo dos cinco anos em que estivemos à frente da TN, muitas situações foram marcantes. Por um lado, o excesso de trabalho demandado para que cada número fosse concluído e disponibilizado na plataforma, sem que pudéssemos contar com o apoio financeiro e/ou institucional da FEUFF e, às vezes, nem mesmo do NEDDATE, garantiu-nos um período de muito aprendizado, mas também de muito esforço para manter em dia a periodicidade da revista. Por outro lado, acompanhávamos com imensa satisfação o expressivo aumento do número de visitantes contabilizado automaticamente, o envio cada vez maior de artigos a serem submetidos à avaliação, bem como o reconhecimento da importância do periódico por parte de instituições de todo o país. Também devemos assinalar que, no período em que éramos as editoras, a TN esteve presente nos primeiros encontros do Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação (FEPAE), sendo a única revista de Educação da UFF registrada no primeiro cadastro de periódicos elaborado pelo fórum. Lia Tiriba: O que me fez participar da editoria foi, em primeiro lugar, o compromisso político com o Neddate e, portanto, com a edição de um periódico, criado em 2003, cuja linha editorial é o materialismo histórico e dialético. Mas, não posso esconder minha fascinação pelo jornalismo/periodismo não apenas devido às considerações de Antonio Gramsci sobre “jornalismo integral” (Caderno do Cárcere), mas porque minha militância política iniciou no “Boletim dos Bairros”, em 1981 – final da ditadura empresarial-militar. O objetivo do jornal era que os militantes das associações de moradores criassem seu próprio meio de veiculação de informações e opiniões sobre a importância da “luta contra a carestia” e pelas “liberdades
democráticas”.
Talvez não tenha sido por acaso que, em 1993, participei da edição do “Jornal da Autogestão”, divulgando experiências de trabalho associado no Brasil. No pós- doutorado em Portugal, tampouco deve ter sido por acaso, o fato de eleger o Jornal O Combate para analisar os saberes do trabalho associado nas fábricas sob controle operário ou sob regime de autogestão durante o Processo Revolucionário em Curso
– PREC (1974-1975). Junto com companheiros e companheiras do Neddate, a editoria da Revista Trabalho Necessário tem me proporcionado a realização de uma espécie de militância de cunho acadêmico.
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período do doutorado, de 2013 a 2016. E, apesar de tê-lo feito no PPFH/UERJ, as reuniões mensais do THESE/NEDDATE/Fiocruz possibilitaram uma relação muito profícua. Assim, no ano de 2017, me tornei membro permanente do Núcleo, quando estavam acontecendo também discussões sobre a revista. Naquele momento, me senti muito mobilizada pela proposta da Lia, de organização de números temáticos em conjunto com outros núcleos e grupos de pesquisa da área Trabalho-Educação e assim, embarquei nessa rica empreitada com ela e o José Luiz. Um dos momentos especiais que destaco desse período foi a organização do nº 38 da revista (Trabalho, Gênero e Feminismos), em conjunto com a colega do Serviço Social, Tatiana Dahmer, pela própria temática e pelo diálogo que a TN pode abrir com pesquisadoras/es e militantes de várias regiões.
O que me levou, em 2017, a assumir a editoria da revista foi o projeto inicial pensado e formulado como nossa Política Editorial em 2002, a adoção e fortalecimento do quadro de referência teórico-metodológico: o materialismo histórico como instrumento para a leitura do real. Nos idos dos anos 2000, este referencial vinha sendo questionado, para não dizer que havia uma certa caça às bruxas/bruxos que adotaram esse referencial. Assim, minha inserção na editoria da TN, se dá pelo salto de qualidade da produção do núcleo em diferentes esferas, na luta militante diante de um quadro de referência, que em muitos momentos, se fazia a crítica, pertinente por sinal, mas, às vezes, realizada de forma superficial, sem conhecimento de causa. Esse era o embate que se dava nos idos dos anos 2000. Hoje, a TN ou o trabalho de editoria dela faz parte de uma prática militante, sem ser cega, diante das discussões para o campo do materialismo histórico como para a compreensão e intervenção na área Trabalho-Educação, especificamente para se interpretar esse
5 A entrevista completa de José Luiz Antunes está disponível na página do NEDDATE, através do link:
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campo de conhecimento e ampliar a compreensão dessas relações. Basicamente, nossa Política Editorial sustenta parte de algumas afirmações que faço.
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TN: Sobre a Linha Editorial da revista, qual a sua importância para a Educação, em especial para a área Trabalho-Educação?
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da sociedade, que se fundamenta na análise da luta de classes, buscando sua superação. Desse modo, o materialismo histórico possibilita a análise radical da Educação, uma vez que a compreende como uma expressão concreta das disputas entre classes e um terreno fértil de exploração – a favor da classe trabalhadora – das contradições inerentes ao sistema dominante.
Hoje, nós, e acreditamos que todos que compõem o Nedatte, temos orgulho da TN por ter se tornado um periódico política e socialmente relevante, sendo reconhecida por sua qualidade acadêmica, sua significativa legitimidade e sua contribuição para a área Trabalho-Educação.
Além disso, como lembra Hobsbawm, ao invés do trabalho, deveríamos eleger os homens e mulheres trabalhadoras como objeto-sujeitos de nossa análise. Olhar para eles, e não apenas para papéis e decretos...
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O segundo grande mérito para o campo da educação e da área Trabalho- Educação está nas possibilidades de temáticas relacionadas ao trabalho, à formação humana e aos modos de vida criados nos Mundos do Trabalho e da Educação, o que, em certa medida, fortalece também os diferentes grupos de TE, presentes no GT 09 – Trabalho-Educação da ANPEd (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação). (...) Isso é um ganho nacional. Internacionalmente, (...) se aproximar das produções da América Latina ou de países de fala luso e/ou hispânica tem ampliado as questões trazidas, permitindo a circulação da revista fora do espaço nacional como trazendo pesquisadores de outros rincões, o que, dentro do possível, fortalece as discussões sobre internacionalização e Ciência Aberta. Isso só foi, ou é permitido, pela organização do respectivo periódico em Números Temáticos, adotada a partir de 2018.
O terceiro elemento importante, trazido pela revista e sua política editorial é a expressão ou presença das discussões teórico-metodológicas realizadas no Intercrítica, o que tem permitido o amadurecimento e aprofundamento do método adotado no foco/escopo da revista. Três foram as produções da TN que trouxeram as discussões realizadas nos Intercrítica, entre 2003 e 2021.
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TN: Considerando os sistemáticos ataques à produção científica e às universidades públicas, qual o papel que cumprem (ou deveriam cumprir) os periódicos científicos, dentre eles a revista Trabalho Necessário, na produção de conhecimento socialmente referenciado?
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é aquela que se limita à ótica do capital, ou seja, que potencializa o conhecimento segundo interesses produtivos. Os ataques à ciência, à educação e ao servidor público patrocinados pela extrema-direita são, em última instância, um ataque do capital.
Sem dúvida, a luta contra a mercantilização do conhecimento pressupõe a defesa da ciência aberta e a não cobrança de taxas para autores e leitores, e tampouco para pagamento de indexadores. A universidade pública precisa ser pública e gratuita, tanto em ensino, pesquisa, extensão, como também nas diversas formas de veiculação e socialização da produção científica. Taxa zero!
A avaliação é uma questão seríssima, mas como reverter o produtivismo acadêmico que têm pautado a política da Capes? O Qualis Capes criou uma verdadeira armadilha! Alçamos A3, o que tem estimulado que pesquisadores/as renomados, mestrandos e doutorandos queiram socializar seus resultados de pesquisa. Em última instância, poderíamos dizer que a Revista estimula a produção acadêmica fundamentada no materialismo histórico, ou seja, que temos conseguido ampliar a concepção materialista da história e da cultura no campo de pesquisa em trabalho-educação. Sendo assim, devemos prosseguir a luta contra os atuais critérios Capes de qualidade ou abandonar a Capes? Afinal, qual o objetivo de nossa Revista? Tornar-se uma “revista de massa” ou uma revista da vanguarda militante da pesquisa em MHD? Ou nem uma coisa, nem outra? Essas são perguntas que não tenho elementos para responder. Só o Neddate, como coletivo de pesquisadores/as, pode responder.
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afrontam o conhecimento científico, esse desafio torna-se ainda mais importante no sentido de manter e aprofundar estudos que façam a crítica e, ao mesmo tempo, anunciem a possibilidade da transformação social.
(...) Os fatos descritos acima, em certa medida, se fizeram presentes no recente processo de avaliação dos periódicos e dos Programas de Pós-graduação, do quadriênio de 2017-2020 e trouxeram, e trazem, desafios para os editores dos diferentes campos do conhecimento. Como possível resposta das revistas que compõem o GT 09 da ANPEd, em 2020 foi elaborado o Manifesto do GT 09 – "Trabalho e Educação" Da ANPEd – Por uma avaliação de periódicos pautada nos interesses soberanos da maioria da população brasileira, como forma de defender uma avaliação concebida diferentemente, como resposta do desafio no processo para a produção de conhecimento socialmente referenciado. (...) Diante do explicitado, o papel que cabe ao conjunto dos periódicos e de seus respectivos editores na busca justa e necessária da defesa de seus princípios, diretrizes, presentes em sua Política Editorial para a qualidade de sua produção/publicação, é fundamental.
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resultados, e no fortalecimento da universidade pública e das agências de fomento. A revista possui um claro compromisso com essas pautas, que são inegociáveis. Acredito que vivemos um momento em que o sentido da produção de conhecimento precisa ser submetido a um profundo escrutínio, diante de duas ameaças: a subsunção da ciência à forma mercadoria, que retira dela todo o potencial democrático e revolucionário, e o discurso negacionista/fundamentalista, que encapsula a capacidade humana de refletir sobre si e sobre o mundo que a cerca.
TN: Ainda considerando o cenário exposto acima, mas também as profundas mudanças atuais no campo da educação, que desafios estão postos à TN e, de forma geral, aos periódicos científicos, para se manterem importantes e necessários?
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capitalista. Além disso, debruçar-se sobre as diversas formas de resistência da classe trabalhadora, ainda que homens e mulheres não se identifiquem como classe trabalhadora.
Seria interessante que as pesquisas sobre classe/raça/ gênero/etnia, bem como sobre as mediações primárias nas relações entre seres humanos e natureza ganhassem corpo na TN. Vamos atrás desses pesquisadores/as? Em que grupos de pesquisa estão?
Com certeza, não podemos optar por um periódico elitista que, em nome de um fator X, Y ou Z, publica meia dúzia de artigos de autores renomados. Por outro lado, não podemos perder a perspectiva do rigor teórico que marca o campo trabalho- educação. Ao mesmo tempo, favorecer que os pesquisadores e pesquisadoras garantam suas vozes, ainda que discordantes e/ou em processo de construção (o que caracteriza o processo de conhecimento).
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eletrônica que fuja das amarras impostas pelo mercado e pelo capital. (...) Dizer não para o individualismo e competitividade crescentes. Não basta aceitar que os periódicos do campo da educação são muitos e por isso, precisam ser repensados, como tive a oportunidade de escutar em um evento. Há uma variedade de produção que é rica e que demonstra os vários lugares de sua produção, que advêm, muitas vezes, das experiências do ensino, da pesquisa e da extensão, que refletem seu próprio caminhar e contribuem para a função social das universidades ou institutos de pesquisa. É bom ser lembrado que a pesquisa, como carro chefe das instituições, faz parte de um tripé. Não existe pesquisa sem ensino, não existe ensino sem pesquisa, não existe extensão sem pesquisa e pesquisa sem extensão. A saída para a crise posta, não se trata de uma disputa daqueles/las que são considerados/das os melhores porque se adequam mais ou menos aos critérios do mercado. Não é possível ceifar o processo de constituição dos diversos periódicos, da mesma forma que ceifar o processo ou etapas da formação de muitos/as cidadãos/cidadãos da classe trabalhadora. Isso tudo só reflete a perversidade do sistema em que estamos imersos, que mais mata – física e simbolicamente – do que gera vida.
Para além disso, a busca de apoio institucional (nos variados setores de nossas instituições), como a criação de experiências solidárias e não solitárias de editores/as, avaliadores/as, autores/as estejam nos nossos horizontes e se concretizem. Por quê? Porque os periódicos não podem ser entendidos ou colocados como o elefante branco das instituições. E porque, para sublinhar a questão, os processos de formação humana não podem ser ceifados nas/pelas instituições. O conhecimento científico é um Bem Comum e como Bem Comum é um direito de todos/as/es.
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TN: Acrescente o comentário que considerar importante sobre a sua experiência na editoria da revista TN ou mesmo sobre a própria revista, no geral.
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Toda experiência é uma experiência individual e, ao mesmo tempo, coletiva. De minha parte, percebo o quão educativo tem sido o compartilhamento da editoria com pessoas queridas do Neddate. O porvir da experiência modificada será resultado do diálogo fecundo entre conselho editorial, comitê científico, editores/as, editores adjuntos, assistentes de edição, e fundamentalmente, entre os membros do Neddate.
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número Temático junto aos editores são elementos que exigem uma disponibilidade de tempo desafiadora aos docentes.
Trata-se de uma revista com publicações riquíssimas, que podem e devem subsidiar estudos futuros. Sem esse esforço coletivo não seria possível. A perspectiva da revista é sempre a de entregar o que há de mais atual dos temas abordados, explicitar os conflitos, mostrar as divergências, quando existem. A intencionalidade é servir como um braço importante dessa universidade viva, crítica e comprometida com a transformação societária. Portanto, viva a Trabalho Necessário e seus 20 anos de história!
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