V.22, 48 - 2024 (maio-agosto) ISSN: 1808-799 X
FORMAÇÃO DE ECONOMISTAS: DÉFICITS E DEBILIDADES ECOLÓGICAS1
Eduardo Barreto2
Resumo
O artigo examina o descompasso atual entre a formação científica de economistas e a acelerada
transformação de seu objeto, tanto em sua dimensão propriamente socioeconômica quanto em sua
dimensão ambiental. Orientada para a temática ecológica, a discussão apresenta as principais
tradições de pensamento econômico a ela dedicadas, apontando como as limitações e possibilidades
de cada uma refletem os imperativos e impossibilidades do próprio objeto de investigação ao qual se
dedicam. Isso fornece uma chave de leitura para entendermos alguns déficits de formação decisivos
que povoam a formação corrente de economistas
Palavra-chave: Ensino de economia; Economia ambiental; Economia ecológica; Ecologia marxista.
FORMACIÓN DE ECONOMISTAS: DÉFICITS Y DEBILIDADES ECOLÓGICAS
Resumen
El artículo examina la desconexión actual entre la formación científica de los economistas y la
transformación acelerada de su objeto, tanto en su dimensión socioeconómica como en su dimensión
natural. Orientada hacia temas ecológicos, la discusión presenta las principales tradiciones del
pensamiento económico dedicadas a ella, señalando cómo las limitaciones y posibilidades de cada
una reflejan imperativos e imposibilidades del propio objeto de investigación al que se dedican. Esto
proporciona una clave de lectura para comprender algunos déficits formativos decisivos que pueblan
la formación actual de los economistas.
Palabra clave: Enseñanza de economía; Economía ambiental; Economía ecológica; Ecología
marxista.
TRAINING OF ECONOMISTS: ECOLOGICAL DEFICITS AND WEAKNESSES
Abstract
The article examines the current mismatch between the scientific training of economists and the
accelerated transformation of their object, both in its socio-economic dimension and in its natural
dimension. Oriented towards the ecological theme, the discussion presents the main traditions of
economic thought dedicated to it, pointing out how the limitations and possibilities of each one reflect
imperatives and impossibilities of the object of investigation to which they are dedicated. This provides
a key to understanding some decisive training deficits that populate the current training of economists.
Keyword: Economics training; Environmental economics; Ecological economics; Marxist ecology.
2Doutor em Economia pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro - Brasil. Professor
associado da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro -
Brasil, e do Programa de Pós-graduação em Economia (PPGE-UFF).
Email: eduardobarreto@id.uff.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5465013386077465.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4431-2607.
1Ensaio recebido em 11/01/2024. Primeira Avaliação em 09/04/2024. Segunda Avaliação em
10/06/2024. Aprovado em 17/07/2024. Publicado em 07/08/2024.
DOI: https://doi.org/10.22409/tn.v22i48.61405.
1
And all the science, I don't understand
It's just my job five days a week
Rocket Man (Elton John)
Introdução
Em novembro de 2022, o XXXVII Congresso da Associação Nacional dos
Cursos de Graduação em Ciências Econômicas trouxe em sua programação um
debate a respeito do ensino da questão ambiental nos cursos de Economia, fazendo
um chamado explícito pela transversalidade no tratamento do tema. Naturalmente,
um chamado com tais características nos inclina, a princípio, a cogitar a arquitetura
mais desejável, eficientemente desenhada e sintonizada com os desafios
contemporâneos para a formação de economistas.
Uma aproximação propriamente materialista a esta tarefa, no entanto,
rapidamente descobre uma série de barreiras objetivas para a empreitada. Delas,
tratamos nas seções 2 e 3. A seção 2 procura apresentar uma tensão fundamental
entre o pensamento marxista e o pensamento econômico em geral, o que, de saída,
cria obstáculos para a formulação e adesão de recomendações a partir do
marxismo. A seção 3 traz um panorama das limitações específicas de três
alternativas de pensamento econômico voltadas para as questões ecológicas. Sem
a pretensão de propor um percurso ideal, as duas seções seguintes mapeiam os
principais déficits formativos no que tange às questões ecológicas e, sem perder de
vista suas raízes objetivas, apontam as direções em que tais déficits poderiam ser
superados. Nesse sentido, a seção 4 explora a insuficiente incorporação das
contribuições das ciências da natureza e o tratamento incompleto da questão
energética. A seção 5, por sua vez, pretende discutir déficits menos óbvios,
abordando questões relacionadas à filosofia da ciência e à lógica formal. Na seção
conclusiva, procura-se sublinhar como esse exercício deixa progressivamente
evidente que a superação dos referidos déficits exigiria, ao fim e ao cabo, a
formação generalizada de economistas anticapitalistas, um resultado que
encontraria condições objetivas de efetivação generalizada em meio a um processo
de ruptura histórica com a presente sociedade (e não por meio da implementação
diligente de um grande projeto pedagógico mais esclarecido, por dentro da ordem
vigente).
2
O marxismo diante do pensamento econômico
Este texto pretende, a partir de uma perspectiva marxista, abordar
propositivamente que a formação de economistas enfrenta dois desafios imediatos.
Por um lado, o marxismo não compartilha com o pensamento econômico a
pretensão de divisar os meios mais eficientes e eficazes de gerir as mazelas e
disfuncionalidades da sociedade capitalista. O horizonte crítico do marxismo é
negativo, i.e. aponta para a necessidade de superação (negação) desta sociedade.
Ao contrário do que poderia parecer à primeira vista, portanto, um espaço
bastante estreito de interseção entre o que é útil e decisivo para a formação de
economistas (mesmo considerando tradições heterodoxas) e o que é entendido
como necessário ou imprescindível por marxistas. Por outro lado, o entendimento
marxiano a respeito da predominância de certas formas de consciência (inclusive as
científicas) nos leva a suspeitar que o design consciente de um percurso formativo
tem um alcance relativamente limitado na determinação da formação propriamente
dita. Abordo rapidamente esta segunda questão abaixo para, em seguida, explorar
aquela estreita zona de interseção.
É bastante conhecida a afirmação de Marx e Engels de que as “ideias da
classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes, isto é, a classe que é
a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual
dominante”. (Marx & Engels, 2007, P. 47) Tal alegação, que a princípio pode soar
hiperbólica e determinista, carrega um sentido que pode ser elaborado aqui com
bom proveito.
A todo momento, a realidade e o movimento da realidade nos assediam com
uma série de necessidades e desafios que exigem de nós respostas. (Lukács, 2013)
Naturalmente, a variedade de respostas é imensa. Individuais ou coletivas,
consensuais ou impostas, mais ou menos espontâneas, mais ou menos
conscientemente articuladas, conservadoras ou subversivas, precárias ou
sofisticadas, mais ou menos fundamentadas, mais ou menos infundadas etc. Em
meio a essa variedade, algumas serão de maior qualidade que outras, algumas
serão mais realizáveis que outras, algumas serão centrais (dominantes) e outras
permanecerão às margens.
3
O fundamental a ser destacado aqui é que não é a maior ou menor qualidade
das ideias que garante a sua posição dominante ou marginal. O trecho citado acima
é representativo de um entendimento mais amplo segundo o qual as ideias
dominantes tendem a ser aquelas mais compatíveis com a reprodução do estado de
coisas vigentes. Neste mesmo diapasão, aquelas ideias que entram mais
frontalmente em conflito/tensão com as condições necessárias para a reprodução do
existente, tendem a sobreviver (se tanto) nas margens do tecido social.
Transpondo essa intuição básica para o domínio específico do pensamento
econômico e para a tarefa de conceber conscientemente os melhores caminhos
para formar economistas, o quadro que se apresenta possui características
marcantes. Não é por obra do acaso ou de um elaborado projeto que o perfil
predominante do(a) economista seja formado por concepções teóricas ortodoxas.
Tampouco se pode afirmar que as ideias que hoje formam a ortodoxia chegaram a
essa posição como fruto de uma arquitetura formativa levada a cabo de maneira
diligente e mais ou menos generalizada. Na verdade, tanto o perfil predominante
do(a) economista quanto os percursos adotados para formá-los(las) encontram uma
determinação mais fundamental nas maneiras como a realidade social desafia
os(as) cientistas da economia a pensar o mundo.
Desenvolver essa discussão em todos os seus ricos detalhes exigiria um
trabalho à parte. Para os fins deste texto, no entanto, é suficiente relembrarmos o
que o próprio Marx tem a dizer a respeito. (Marx, 2013) Originalmente, o projeto
básico da nascente ciência econômica esteve orientado pela necessidade de
demonstrar a superioridade da então emergente sociedade capitalista em relação à
decadente sociedade feudal. Nisto, foi fundamental oferecer uma explicação para a
capacidade extraordinária de produção de riqueza sob o comando do capital e para
as (supostas) possibilidades de harmonização espontânea de interesses privados
proporcionadas pela generalização da produção de mercadorias.
Não é difícil perceber que uma demonstração dessa natureza cobra uma
investigação profunda das estruturas e mecanismos de criação, ampliação e
circulação da riqueza. Nessa era de transição, de desmoronamento de velhas
estruturas sociais e emergência de uma nova classe dominante, as ideias mais
compatíveis com a reprodução do tempo presente foram justamente aquelas que
desafiaram o antigo e sistematizaram teoricamente o novo. Por isso, não surpreende
4
que a ortodoxia da época tenha sido a Economia Política clássica, que o tema
central tenha sido a questão do valor e que o perfil do economista típico estivesse
predominantemente condicionado por essas ideias. Nesse ambiente social, político,
científico, é claramente insustentável supor que ideias semelhantes às da ortodoxia
contemporânea (caso existentes) pudessem prosperar.
Uma vez concluída a emergência histórica da sociedade capitalista, no
entanto, esse fundamento objetivo da dominância da Economia Política clássica
deixa de existir. Quanto mais consolidado o domínio do capital sobre o movimento
da realidade social, mais o pensamento econômico perde o ímpeto desbravador
para assumir contornos de uma moral científica, i.e. de um pensamento sistemático
orientado para articular diretrizes racionais para um agir social eficaz para a
acumulação de capital (Medeiros, 2013). Nessa nova realidade plenamente
estabelecida, atravessada periodicamente por crises e tensionada permanentemente
pelo conflito entre capital e classe trabalhadora, é a ortodoxia clássica que se torna
anacrônica e insustentável, posto que sua principal descoberta científica (o trabalho
como fundamento objetivo do valor) situa nos trabalhadores a raiz do dinamismo
capitalista para a produção de riqueza, ainda que caiba ao capital a parte do leão de
tudo que é produzido.
Três alternativas e suas limitações
Para que este exercício não pareça um desvio sem sentido de nosso tema
principal, note que nele lições que podem ser extraídas para uma reflexão sobre
o lugar das questões ecológicas na formação de economistas. Numa primeira
aproximação, duas podem ser destacadas. Em primeiro lugar, não deve surpreender
que predomine no pensamento econômico uma perspectiva instrumentalista a
respeito da natureza. diversas instâncias de separação entre humanidade e
natureza que conformam o metabolismo próprio do capital: a separação entre
populações rurais e a posse da terra, a organização espacial marcada por grandes
aglomerações urbanas e a progressiva separação entre campo e cidade, a
racionalidade produtiva presidida pelo valor e não pelo valor de uso, a mobilização
das coisas do mundo como meros recursos para fins produtivos etc. Em suma, o
metabolismo social encontra-se todo calibrado para apropriar-se materialmente do
5
mundo a serviço de um fim singular que subordina todos os demais, a acumulação.
A consciência científica que se propõe divisar os melhores meios de operar esse
metabolismo tende, portanto, a espelhar o caráter utilitarista/instrumental que o
povoa.
Em segundo lugar, vivemos um momento muito singular da história humana.
Não estamos apenas diante de uma dinâmica social ecologicamente destrutiva. A
destrutibilidade dessa dinâmica é tamanha e vem erodindo a tal ponto as bases
ecológicas materiais de suporte à vida (e à vida em sociedade, evidentemente) que
o momento atual pode ser descrito, sem exageros, como um desmoronamento
iminente. Diante disso, a reflexão ecológica, se conduzida seriamente,
necessariamente traz consigo a conclusão de que a demanda material da
humanidade sobre o planeta precisa ser urgentemente moderada e, enfim,
contraída. A moderação e a contração, contudo, são inconciliáveis com o capital. O
pensamento econômico dominante não pode incorporar em seus sistemas teóricos a
dimensão ecológica a não ser como um afterthought acessório e sem
consequências para a marcha necessariamente crescente da produção.
Naturalmente, isso não significa que a discussão sobre o percurso formativo
de economistas esteja interditada. Por um lado, nada impede que antídotos às
inclinações antiecológicas do pensamento econômico dominante sejam elaborados
e espalhados ao longo do caminho de formação. Por outro lado, é preciso ter clareza
que essas “contra-sementes” precisam de solo fértil para germinar, algo que o
mundo do capital não proporciona e não pode proporcionar.
Tendo em vista essa chave de leitura, o que pode ser dito a respeito da
localização atual das questões ecológicas no pensamento econômico?
A Economia Ambiental é a tradição que espelha mais direta e acriticamente o
sentido geral do metabolismo que acabamos de destacar. A natureza, ao fim e ao
cabo, é incorporada à reflexão como mera fonte de recursos e sumidouros. Sendo
este o registro epistemológico, a elaboração teórica naturalmente se inclina às
questões relativas à escassez ou ao exaurimento de recursos, por um lado, e ao
acúmulo de resíduos em padrões (volume e ritmo) poluentes, por outro. Permanece
ausente das considerações qualquer perspectiva sistêmica a respeito das estruturas,
mecanismos e dinâmicas próprias do mundo natural e da interação entre sociedades
e natureza.
6
A condição de ortodoxia da Economia Ambiental, todavia, não é garantida
apesar dessas evidentes debilidades. Ao contrário, tais limitações tão-somente
reproduzem no plano teórico o produtivismo instrumentalista míope (ou cego) do
capital, que reconhece as determinações ecológicas apenas na medida em que elas
auxiliam ou não, dificultam ou não, a acumulação. Na medida em que considerações
estranhas (alheias, externas) ao movimento do capital encontram-se abstraídas da
teoria, é essa teoria que se apresenta mais compatível com a reprodução do
metabolismo socioecológico presidido pelo capital.
Alternativamente, a Economia Ecológica reconhece de maneira explícita o
mundo natural como base material ineliminável da vida em sociedade. Uma de suas
contribuições teóricas mais decisivas é a transposição do conceito de entropia (da
termodinâmica) para, ao mesmo tempo, caracterizar o metabolismo entre
sociedades e natureza e indicar que ele possui uma direção (o aumento da
entropia). Evidentemente, como qualquer transposição de conceitos, esta também
apresenta limites. Na física, o conceito refere-se a energia total em um sistema
isolado (Carrol, 2022). Na economia ecológica, refere-se a matéria e energia em um
sistema fechado, o que talvez torne seu uso anacrônico e indevido.
De qualquer forma, não é isso que interessa examinar neste momento.
Admitindo que o uso seja adequado, sua consequência lógica/teórica incontornável
é não apenas a impossibilidade de um crescimento perpétuo, mas o imperativo do
decrescimento. Georgescu-Roegen (2008) não se exime de formular essa
conclusão, mas é sintomático que circulem nessa tradição teórica outras
proposições a respeito do crescimento que procuram, por vias diversas, contornar o
imperativo do decrescimento. (Daly & Farley, 2010) Essa variedade de proposições a
partir de um fundamento teórico tão decisivo e determinante é sintoma de que?
Sintoma de que o decrescimento, seu corolário, é profundamente inconciliável com a
reprodução da sociedade presidida pelo capital e que, portanto, ideias que o
preconizam sobrevivem necessariamente nas margens (se sobrevivem).
Por falar em sobreviver às margens, a Ecologia Marxista tem algo em comum
com a Economia Ecológica, mas também algo de muito específico. Por um lado, por
outros caminhos, nela um esforço consciente de integrar com rigor considerações
ecológicas ao sistema teórico geral. O modo típico de fazê-lo tem sido recuperar a
7
discussão que Marx faz da assim chamada ruptura metabólica3e estendê-la para o
conjunto da compreensão acerca do metabolismo entre sociedades e natureza
regulado pelo capital. (Foster, 2005) Ainda que seja possível apontar uma
sobrevalorização indevida do peso teórico que a ruptura metabólica poderia e
deveria ter, combinada a um certo uso anacrônico da fronteira científica do século
XIX (a química dos solos de Liebig, por exemplo), também é possível encontrar
nessas contribuições elementos suficientemente consistentes para articular uma
crítica ecológica da sociedade capitalista.
A diferença, por outro lado, é que na Ecologia Marxista encontramos menos
hesitação/resistência em extrair as devidas consequências anticapitalistas dessa
crítica. Mais uma vez, não deve haver surpresa, em dois sentidos. Primeiramente, é
notório que o pensamento marxista, embora dirija seu esforço científico à
compreensão do presente, não se circunscreve aos parâmetros reprodutivos do
presente, tem um horizonte teórico e prático para além do capital. Trata-se da
tradição vocacionada a preconizar explicitamente a negação desta sociedade.
Sendo assim, diretrizes inconciliáveis com o capital e sua lógica não geram
inconsistências entre teoria e prática e os consequentes becos sem saída teóricos
que obrigam a recuos práticos. Todavia, em segundo lugar, é justamente essa
incompatibilidade insuperável entre a Ecologia Marxista e as alternativas realmente
possíveis de gestão do metabolismo do capital que garante a ela necessariamente a
localização marginal destinada às teorias subversivas (por melhores que sejam)
enquanto não se abre um processo histórico de ruptura com o presente.
Em suma, retornando à indagação a respeito das possibilidades de formar
economistas com perfil mais alinhado aos desafios ecológicos que nos defrontam,
se a ortodoxia tende a replicar as inclinações antiecológicas da realidade social
presente e a heterodoxia vê-se obrigada a recuos práticos ou ao ostracismo, quais
seriam aqueles antídotos que poderiam ser espalhados de maneira paliativa pelo
percurso formativo?
3A disrupção do fluxo de nutrientes que restabelecem a fertilidade do solo, causado perda de
fertilidade no campo e acumulação poluente de resíduos orgânicos nos centros urbanos.
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Chamado à transversalidade: antídotos para os déficits óbvios
Conforme afirmado no início, a realidade é sempre povoada de desafios e
urgências que exigem de nós respostas. Sem dúvida alguma, o mais monumental
complexo de desafios que a humanidade tem diante de si, que exigirá um conjunto
de respostas variado, sofisticado e, em grande medida, inédito, é a crise climática.
As possibilidades de respostas bem-sucedidas pressupõem a adequada mobilização
coordenada de esforços a partir dos vários domínios do nosso conhecimento
científico (hoje enclausurados em compartimentos com pouca comunicação).
A Economia não poderá evadir-se de contemplar determinações e tendências
dessa crise que atravessam seu objeto. Sem esquecer das limitações que
acabamos de apontar, entende-se por que isso vem sendo feito com uma ênfase
excessiva em discussões acerca de impactos sobre o PIB e de custos econômicos
de mitigação e adaptação. Por outro lado, será cada vez mais incontornável a
necessidade de avançar para um entendimento minimamente rigoroso a respeito de
contribuições das ciências da natureza, ainda incorporadas de maneira desleixada.
Não é suficiente que economistas em formação sejam expostos(as), quando
muito, a considerações a respeito das emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Para que o padrão de emissões e as trajetórias de mitigação possam ser
consistentemente apreciados, é preciso integrá-los a uma compreensão mais geral
dos mecanismos da física atmosférica. É preciso entender que a elevação da
temperatura média do planeta não tem como causa imediata as emissões, mas uma
desestabilização no balanço energético do planeta provocada por uma progressiva
mudança química da atmosfera, esta sim impulsionada em grande medida pelas
emissões de GEE oriundas de atividades humanas.
A partir dessa compreensão descarta-se, por exemplo, teses negacionistas a
respeito da importância de emissões naturais ou da atividade solar, ou da
excentricidade da órbita da Terra. Esses fatores poderiam ser determinantes de
mudanças climáticas, mas existem fortes razões e vasto conjunto de evidências para
afirmarmos que não são esses os vetores decisivos nas mudanças ora em curso.
Uma vez entendidas as mediações físicas entre emissões antrópicas e composição
atmosférica, também se compreende as razões de variações negativas nas
emissões não necessariamente implicarem variações negativas na concentração de
9
gases de efeito estufa, algo que, combinado ao conhecimento a respeito dos
sistemas oceânicos e terrestres de absorção desses gases, é absolutamente central
para conceber de maneira realista estratégias de estabilização.
Esse conhecimento, a propósito, precisaria ainda ser enriquecido por noções
mais amplas a respeito do funcionamento do Sistema Terra, abrangendo ciclos
biogeoquímicos (como o do nitrogênio e o do carbono, por exemplo), limites
planetários e mecanismos de retroalimentação. (Rockstrom et al., 2009; Steffen et
al., 2015) Apenas sobre esses fundamentos se pode articular rigorosamente
considerações a respeito de pontos críticos de não retorno, mudanças abruptas,
colapsos e, especialmente, ter maior clareza a respeito dos diversos graus de
urgência que daí emergem.
Apenas sobre esses fundamentos é possível absorver seriamente, de maneira
propriamente científica, o ritmo acelerado em que são publicadas atualizações do
melhor conhecimento à disposição, do acervo de evidências, das várias projeções
de cenários futuros. Não custa lembrar que as dificuldades para caminhar nessa
direção não são necessariamente originadas em concepções pedagógicas
mal-informadas (ou mal-intencionadas). Levar em consideração todo esse amplo
repertório de elementos torna demasiadamente flagrante o descompasso abissal
entre as destruições e urgências ecológicas que temos impulsionado e as políticas
economicamente determinadas que têm sido elaboradas e, em menor medida,
perseguidas. (IPCC, 2023) Em outros termos, levar a ciência a sério talvez seja
subversivo demais para um ramo do conhecimento de vocação conservadora.
Abstraindo momentaneamente dessa restrição objetiva, devemos apontar
outro tópico que se impõe no rastro da questão climática: a centralidade da questão
energética. Segundo dados da Climate Watch, mais de 70% de todas as emissões
de GEE estão relacionadas à produção ou ao consumo de energia.4Significa que
nenhuma estratégia crível de controle das emissões para estabilização da química
atmosférica pode passar ao largo de uma imperativa descarbonização5do setor.
As alternativas viáveis de descarbonização não são muitas. A mais evidente e
imediata seria a contração da escala total de produção e consumo de energia. Esta
alternativa, no entanto, é incompatível com um sistema compulsivamente expansivo.
5Ainda de acordo com a Climate Watch, 90,1% das emissões totais do setor em 2019 foram de CO2.
4Os dados mais recentes são de 2019, quando o setor de energia respondeu por 75,64% das
emissões. Disponível em: https://www.climatewatchdata.org/ghg-emissions.
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Não por acaso, no debate sobre descarbonização se observa uma predominância
virtualmente completa de outra alternativa, a transição energética.
A princípio, nada impediria que a contração da escala integrasse uma
estratégia de transição energética. Todavia, uma vez que decrescimento é um tema
proscrito no pensamento econômico em geral, a transição acaba tendo que ser
concebida como uma combinação de reduções da intensidade energética do PIB e
da intensidade em emissões do consumo de energia. Para a primeira, a política
normalmente preconizada é o estímulo aos ganhos de eficiência energética. Para a
segunda, o aumento proporcional da participação de fontes menos intensivas em
carbono na matriz energética (Sá Barreto, 2018).
O histórico dessas duas vias nas últimas três décadas, contudo, tem sido de
um bem-sucedido fracasso. Explica-se: tanto a trajetória da eficiência energética
quanto a da oferta primária de energia a partir de fontes renováveis têm exibido
padrões marcadamente ascendentes, o que indica algum êxito das referidas
medidas. Nenhuma das duas, porém, demonstrou-se capaz de descarbonizar a
produção e consumo de energia em âmbito geral (e nem mesmo de caminhar ao
menos, pequenos passos nessa direção). O(a) economista médio(a) encontra-se
mal municiado de elementos teóricos para compreender esse aparente paradoxo.
Na próxima seção, procurarei elaborar um pouco a respeito dessa
incapacidade, situando-a em um dos déficits de formação mais debilitantes para
pensar sobre questões ecológicas. Antes disso, precisamos avançar um pouco mais
no tema energia.
Certamente, para um conjunto relevante de questões econômicas, é suficiente
abordar energia como meras quantidades abstratas: oferta, demanda, capacidade
instalada, consumo, preço, reservas etc. Esses determinantes não deixam de ser
importantes quando ultrapassamos considerações estritamente econômicas, mas
outros determinantes aparecem como incontornáveis. Alguns deles, inclusive,
recebem alguma atenção da literatura econômica. É o caso de um tratamento
histórico do surgimento de alguns dos principais subsetores relacionados à energia,
como o do carvão, petróleo, eletricidade, gás natural etc. Tal tipo de reflexão apura o
entendimento não apenas a respeito de raízes históricas relevantes de padrões
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observados contemporaneamente, mas também de importantes determinações
geográficas.6
Também não é difícil encontrar discussões sobre o movimento dinâmico
desses subsetores que incorporem mais do que as variáveis quantitativas mais
básicas, contemplando, por exemplo, tensões e tendências provocadas por
interesses geopolíticos ou por inovações tecnológicas. Por outro lado, é significativa
a ausência de um exame sistemático a respeito dos limites e das zonas de
impossibilidade para esse movimento. Se enfrentar de maneira consequente os
riscos da crise climática exige reestruturações dramáticas (profundas, aceleradas e
sem precedentes) (IPCC, 2023) de toda a infraestrutura energética, então o
movimento espontâneo ou as pequenas correções de rota e gerenciamentos
incrementais serão sempre crônica e perigosamente insuficientes.
Isso posto, o(a) economista que não tem em seu repertório elementos
suficientes para um exame acurado a respeito de mudanças abruptas e das
possibilidades e impossibilidades de conduzi-las de maneira planejada estará cada
vez mais mal equipado(a) para pensar e intervir no tempo presente.
Ademais, quanto às impossibilidades, é preciso estar claro que elas têm uma
dimensão técnica, mas também irremediavelmente social. É inadequado trabalhar
com a suposição de que a transição energética depende tão-somente da criação
e/ou universalização de melhores fontes energéticas. Para haver transição de fato, é
necessário não apenas que o novo surja, mas também que substitua o velho. Isso
implica a necessidade de superar, por exemplo, os combustíveis fósseis. E superar
os combustíveis fósseis nesta sociedade requer superar o capital fóssil. (Malm,
2016) Mas a formação do(a) economista é toda voltada para pensar a promoção do
capital,7jamais sua contenção ou contração. Reside mais um aspecto de
descompasso crescente entre a Economia e os novos desafios emergentes.
Chamado à transversalidade: antídotos para os déficits não óbvios
cerca de duas décadas, ainda era comum que os cursos de Economia
tivessem uma disciplina dedicada à metodologia. Não me refiro àquela que ainda
7Tal afirmação não exclui o fato de que isso se manifesta de maneira bastante variada nas diversas
tradições teóricas.
6Cf. diversos capítulos de Pinto Jr. (2007).
12
persiste, dedicada às rotinas de pesquisa e à elaboração dos trabalhos de conclusão
de curso. Refiro-me a um momento dedicado à filosofia da ciência e à linha de
desenvolvimento das concepções epistemológicas que informam o que se entende
como ciência. À medida que a apresentação desses conteúdos foi saindo de cena,
economistas em formação foram privados do repertório mínimo para refletir
criticamente a respeito do seu próprio ofício como cientistas sociais e para integrar
rigorosamente as contribuições de outras áreas do conhecimento à sua própria.
Aqui, interessa-nos elaborar um pouco mais a respeito deste segundo aspecto.
É notório que circula no senso comum uma série de opiniões a respeito do
que a ciência faz e da qualidade dos resultados que produz. Especialmente no que
tange às ciências naturais, esse senso comum tem fortes traços positivistas:
supõe-se que o esforço científico pressupõe neutralidade dos(das) cientistas e, se
bem-sucedido, comprova teses e hipóteses por meio de testes empíricos. O
problema de incorporar essas ideias, mesmo que parcialmente, é duplo.
Por um lado, perde-se de vista que ideias positivistas nesse registro ingênuo
estiveram sob escrutínio crítico nos debates em filosofia da ciência e foram
superadas, primeiro por outras ideias positivistas mais sofisticadas, depois por ideias
pós-positivistas e, enfim, anti-positivistas. (Caldwell, 2003) O fato de ainda
persistirem até hoje traços de positivismo na maneira como cientistas enxergam e
procuram conduzir sua prática concreta não contradita essa linha evolutiva. Ao
contrário, é sintoma de deficiência crescente de formação filosófica, não apenas de
economistas, mas inclusive de cientistas de outras áreas.
Por outro lado, quando a realidade invariavelmente confronta esse tipo de
certeza quanto aos poderes da ciência de comprovar coisas, o positivista torna-se
presa fácil do irracionalismo. Quando confrontadas com a realidade, as teorias
fatalmente exibem imprecisões, incertezas, incompletudes. No que tange às
questões climáticas, a física atmosférica demonstrou-se insuficiente para sozinha,
explicar climas passados e presente e proporcionar projeções de climas futuros.
Assim, a perspectiva do Sistema Terra veio a proporcionar uma compreensão mais
rica de determinações e, por isso, ao mesmo tempo mais precisa e abrangente. As
previsões, por sua vez, precisam ser constantemente revistas e atualizadas, com o
agravante de que um forte descompasso entre os erros de previsão e a maneira
como esses erros são em geral percebidos pelo público leigo (inclusive
13
economistas). Via de regra, as previsões são vistas como catastróficas, mas a
realidade é que elas têm muito mais frequentemente subestimado a severidade e o
ritmo das mudanças em curso. Aqueles que atribuem à ciência o papel e a
capacidade de produzir certezas são levados a questionar a ciência, não suas
concepções anacrônicas a respeito dela. O irracionalismo, por isso, torna-se presa
fácil do negacionismo, em suas inúmeras versões.
Além desse efeito no plano da consciência teórica, o excesso de confiança
positivista tem consequências práticas. Como se sabe, uma das vias mais
importantes do esforço científico contemporâneo é delinear os caminhos que
teríamos que percorrer para garantir chances de evitar os piores e mais inaceitáveis
impactos da crise climática. A mente positivista tende a vê-los como “mapas da
mina”: se existe o mapa, é porque é possível; se é possível, basta reunir os recursos
necessários e a vontade e seguir os passos; se os passos forem seguidos à risca, o
objetivo é alcançado. Nada mais distante do que a ciência realmente tem dito.
Tomando dois dos relatórios mais recentes do IPCC (2018; 2023), o que
encontramos é um quadro radicalmente distinto. Em primeiro lugar, os caminhos
realmente desejáveis envolvem transformações sociais em ritmo e/ou escala para os
quais não existem precedentes históricos. Não há, portanto, certeza quanto a serem
possíveis. Em segundo lugar, mesmo admitindo completa adesão ao caminho
preconizado, a chance estimada de isso ser suficiente para conter o aquecimento do
planeta dentro da meta é inferior a 70%. Por fim, o próprio IPCC reconhece que
ainda não sabemos suficientemente como o ciclo do carbono responderia à extração
direta de carbono da atmosfera, parte substantiva da estratégia de mitigação que
vem sendo preconizada.
Enfim, um(a) economista bem formado(a) teria a clareza necessária para
saber que o que temos à disposição não são, e nem poderiam ser, certezas
científicas. O que encontramos nas contribuições científicas é “apenas” o que de
melhor produzimos até aqui em termos de conhecimento e não boas razões para
recorrer a qualquer outra coisa que não seja isso.
Outro tópico que caberia dentro de uma disciplina de metodologia e que
igualmente pode ser apontado como um déficit não óbvio é a lógica formal. De fato,
é perturbador que as diversas tradições teóricas na Economia recorram tão
fortemente ao raciocínio dedutivo e ao indutivo sem que, em geral, seja oferecida
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qualquer base a respeito dessa modalidade de raciocínio lógico. “Aprende-se” na
prática, mas a vulnerabilidade diante das falácias é expressiva. Para os nossos
propósitos, o que nos interessa é aquela em que conclusões a respeito de
grandezas absolutas são extraídas a partir de premissas relacionadas a grandezas
relativas.
Essa espécie de falácia da comparação irrelevante pode ser ilustrada com o
tema discutido da transição energética. Ali dissemos que a política
energética/climática vem apostando décadas nos estímulos aos ganhos de
eficiência energética e ao aumento da proporção das energias renováveis na matriz
energética. A expectativa é que o menor uso de energia por unidade de produto
provoque a redução do consumo de energia e que a menor proporção de
combustíveis fósseis na matriz energética implique redução de seu consumo. Como
se pode notar, tanto no primeiro caso quanto no segundo, supõe-se
equivocadamente que a redução de uma grandeza relativa deveria levar à redução
de uma grandeza absoluta. Quando (quase sempre) isso não ocorre, economistas,
perplexos, lamentam: paradoxo!
Na verdade, não paradoxo algum, por mais que economistas insistam em
falar de paradoxo de Jevons, postulado Khazzoom-Brookes, efeito rebote, efeito
backfire etc. (Sá Barreto, 2018). O que é um erro grosseiro de raciocínio que
supõe que grandezas absolutas deveriam mover-se (ou tenderiam a mover-se) na
mesma direção de suas análogas relativas.
A título de ilustração, pense o seguinte: em 1965, as fontes renováveis
respondiam por 6,45% e as fósseis por 93,38% da matriz energética mundial; em
2021, essas proporções passaram a 13,47% e 82,28%, respectivamente.8
Pergunta-se: do ponto de vista da necessidade de mitigação das emissões totais, a
situação em 2021 representa um avanço? Um(a) economista médio, treinado(a) a
pensar em termos de taxas e variações na margem, estaria inclinado(a) a responder
afirmativamente. A situação contemporânea, no entanto, é significativamente mais
grave que a de 1965. Os 82,28% de 2021 representam, em termos absolutos, o
triplo dos 93,38% de 1965. No que se refere às questões ecológicas, pensar
estritamente em grandezas relativas é debilitante. Extrair dessas grandezas
8Disponível em: https://ourworldindata.org/explorers/energy.
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relativas conclusões em termos absolutos é, nesse caso, mais que um erro. É um
perigo!
Conclusão
As novas exigências e urgências que emergem da crise climática colocam a
ciência econômica em uma encruzilhada entre o necessário e o possível. Por um
lado, a principal tarefa do momento o corte substantivo e acelerado do nível global
de emissões de GEE torna necessária a reestruturação profunda dos padrões de
produção, consumo e desenvolvimento/mobilização de tecnologias, assim como o
controle (desigual, envolvendo contenção, retração ou eliminação) da escala em que
esses padrões operam. Por outro lado, como forma de consciência científica
orientada para a reprodução do existente, está fora do alcance do pensamento
econômico caminhar de maneira consequente nessa direção que conflita de maneira
flagrante com a dinâmica própria desta sociedade. Por isso, para o pensamento
econômico, o possível tende a situar-se crônica e crescentemente aquém do
necessário. Isso vale especialmente para a ortodoxia atual, mas não deixa de ser
verdade para a heterodoxia, que diante de requisitos cada vez mais exigentes e
incompatíveis com a sociedade do capital, vê-se forçada a recuar ou tergiversar.
Conforme vimos, a Ecologia Marxista não está sujeita às mesmas restrições,
posto que toma para si um horizonte teórico e prático que aponta para a
necessidade de superação desta sociedade. A princípio, isso a torna particularmente
apta a formular as respostas necessárias. Por tudo que foi discutido, no entanto,
seria inadequado supor candidamente que essa tradição pudesse vir a
desempenhar um papel de maior protagonismo na formação de economistas.
Mesmo assim, naquele mesmo espírito de espalhar antídotos na formação
predominantemente antiecológica de economistas, nessa tradição uma
contribuição geral que, com alguma chance de sucesso, se poderia incorporar.
A crítica ecológica da sociedade capitalista não é exclusividade da Ecologia
Marxista. A seu modo, a Economia Ecológica também articula uma crítica nesse
sentido. Ali, encontramos inúmeras reflexões capazes de demonstrar como a
sociedade capitalista tem sido até hoje destrutiva. O passo crucial que a Ecologia
Marxista pode acrescentar é a demonstração de que o metabolismo socioecológico
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presidido pelo capital não pode não ser destrutivo. Em outras palavras, a
sustentabilidade ecológica está fora do escopo de possibilidades desta sociedade.
Trata-se, portanto, de estender a crítica ecológica da sociedade capitalista para
abranger a demonstração de sua inviabilidade ecológica. (SÁ BARRETO, 2022).
Como se pode notar, as implicações anticapitalistas encontram-se ao dobrar
dessa esquina. Não é necessário entreter esperanças de que o curso de Economia
nos leve além desse ponto. será um avanço extraordinário se ele puder levar
alguns de nossos(as) futuros(as) economistas até esse ponto.
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