ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem” (Engels, 2016, p.1).
Estamos de acordo com Engels quando ressalta essa importância fundante
do trabalho como constituidora do ser humano, mas compreendemos em Netto e
Braz (2011) que a constituição do ser social não fica limitada ao trabalho.
No âmbito do materialismo histórico-dialético há uma centralidade da
categoria trabalho, porém explica Netto e Braz (2011, p. 53) que “o trabalho é parte
constitutiva do ser social, mas o ser social não se reduz ou esgota no trabalho”.
Nesse aspecto, amplia a compreensão do desenvolvimento do ser social, pois, à
medida que este alcança um nível mais elevado no seu desenvolvimento, “mais as
suas objetivações transcendem o espaço ligado diretamente ao trabalho”.
Netto e Braz (2011, p.53) explicitam que novas exigências são postas ao ser
humano à medida que o ser social se desenvolve, que implicam: “uma racionalidade,
sensibilidade e atividade, sobre a base necessária do trabalho, criam objetivações
próprias”. É então, que os autores apresentam a categoria práxis como mais
abrangente para compreender essas novas objetivações que transcendem o
universo imediato do trabalho.
Nesse caso, distingue as formas de práxis voltadas para uma relação direta
com a natureza, o trabalho, a produção, das formas de práxis voltadas para influir no
comportamento e na ação do homem, relação de sujeito a sujeito (Netto; Braz,
2011).
Entendemos que a arte, faz parte desta segunda forma de práxis em que o
sujeito atua sobre si mesmo e sobre os outros, assim, afirmam os autores
“verificamos a existência de esferas de objetivação que se autonomizaram das
exigências imediatas do trabalho- a ciência, a filosofia, a arte, etc.” (Netto; Braz,
2011, p.53, grifo nosso).
Compreendemos também que essa autonomização não significa a negação
da centralidade do trabalho, mas o reconhecimento de que o trabalho ao criar o ser
humano, cria também necessidades e que estas não se constroem sem a
necessária base do trabalho. Assim, a arte entendida como criação, está
diretamente articulada à essência humana (prático, social e histórico) e, portanto,
sua função essencial “é ampliar e enriquecer, com suas criações, a realidade já
humanizada pelo trabalho humano” (Sánchez Vásquez, 2011, p. 42).
É importante destacar, que não tomamos a arte como a solução para os