independentemente da relação destes com a sua vida, suas necessidades ou
motivos” (Leontiev, 2021, p. 172). Assim, o sujeito, a partir da sua individualidade,
isto é, de suas experiências e práticas no mundo, compreende a essência do objeto
ou fenômeno a partir do entendimento da coletividade, ou seja, sua significação.
Para Leontiev (2004), as relações do sentido e da significação são alguns dos
componentes basilares da consciência humana, assim como o conteúdo sensível
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,
componentes esses que se entrelaçam. Para o autor,
(...) Na verdade, se bem que o sentido ("sentido pessoal") e a
significação pareçam, na introspecção, fundidos com a consciência,
devemos distinguir esses dois conceitos. Eles estão intrinsecamente
ligados um ao outro, mas apenas por uma relação inversa da
assinalada precedentemente, ou seja, é o sentido que se exprime
nas significações (como o motivo nos fins) e não a significação no
sentido (LEONTIEV, 2004, p. 104).
Frisa-se que a significação de determinado objeto ou fenômeno não
impossibilita que sobre ele seja despertado no sujeito o sentido pessoal, dado que a
partir da significação se reproduz o sentido pessoal. Por conseguinte, o sentido
pessoal não implica a mudança da significação. Apreende-se, portanto, que o motivo
é de suma importância para o bom desenvolvimento da atividade, corroborando a
afirmativa de Leontiev de que
(...) A atividade que não tem um motivo geral e amplo carece de
sentido para o indivíduo que a realiza. Essa atividade não somente
não se pode enriquecer e melhorar em seu conteúdo, como se torna
uma carga para o sujeito. Isso acontece, por exemplo, com tudo o
que se faz por imposição. Por isso, apesar da importância que têm
os motivos-estímulos, a tarefa pedagógica consiste em criar motivos
gerais significativos, que não somente incitem à ação, mas que
também deem um sentido determinado ao que se faz (LEONTIEV,
2017, p. 50).
Atesta-se, dessa forma, conforme já disposto por Leontiev (2017), que a
Teoria da Atividade pode ser considerada no contexto educacional, dado que toda e
qualquer atividade realizada deve ter um motivo gerador de sentido para que seja
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É o conteúdo sensível (sensações, imagens de percepção, representações) que cria a base e as
condições de toda a consciência. De certo modo, é o tecido material da consciência que cria a
riqueza e as cores do reflexo consciente do mundo. Por outro lado, este conteúdo é imediato na
consciência; ele é aquilo que cria diretamente “a transformação da energia do estímulo exterior em
fato de consciência”. Mas na medida que este “componente” é a base e a condição de toda a
consciência, ele não exprime em si toda especificidade da consciência (LEONTIEV, 2004, p. 105).