Entre as características principais dessa era de flexibilidade, podemos destacar que
as empresas se estruturam
com base em uma organização do trabalho que resulta da introdução
de técnicas de gestão da força de trabalho próprias da fase
informacional; desenvolve uma estrutura produtiva mais flexível,
recorrendo frequentemente à deslocalização produtiva, à
terceirização (dentro e fora das empresas); utiliza-se do trabalho em
equipe, das “células de produção”, dos “times de trabalho”; além de
incentivar, de todos os modos, o “envolvimento participativo”, que
preserva, em seus traços essenciais, os condicionantes
anteriormente apresentados (ANTUNES, 2018, p. 153).
Dessa maneira, estrutura-se uma nova organização e controle do trabalho,
cujo objetivo central é a intensificação da produção, com ênfase em um
envolvimento qualitativo e cognitivo dos trabalhadores, visando reduzir ao máximo o
trabalho improdutivo e que não agrega valor. Assim, “reengenharia, lean production,
team work, eliminação de postos de trabalho, aumento da produtividade, qualidade
total, “metas”, ‘competências’, ‘parceiros’ e ‘colaboradores’ são partes constitutivas
do ideário e da pragmática cotidiana da ‘empresa moderna’” (Antunes, 2018, p. 154).
Essa organização possibilita a desregulamentação, informalização e intensificação
do trabalho, além de fomentar um processo de individualização ( Antunes, 2018).
No contexto específico da engenharia, há ainda outros elementos a serem
considerados na relação desta profissão com a tecnologia e como isso se reflete na
formação universitária. Concordamos com Kawamura (1986), quando ela afirma que
a posição dos engenheiros enquanto categoria social do processo produtivo
capitalista é vinculada à sociedade pela tecnologia. Neste artigo, compreendemos a
ciência e a tecnologia como “[...] construções sociais complexas, forças intelectuais
e materiais do processo de produção e reprodução social” (Lima Filho; Queluz,
2005, p. 4) e como um fenômeno humano, portanto um processo social (Noble,
1979). Sob essa perspectiva, ciência, tecnologia e sociedade são indissociáveis, e
todas as áreas do conhecimento possuem uma dimensão tecnológica (Lima Filho;
Queluz, 2005), não apenas as engenharias, a despeito da classificação dessa área
como “tecnológica”. Entretanto, essa classificação confere às engenharias
características específicas, dependendo da concepção de tecnologia na sociedade.
Em concordância com Lima Filho e Queluz (2005) e Noble (1979), Linsingen
(2002, p. 30), apresenta uma perspectiva sobre a mudança tecnológica como
“conseqüência de escolhas possíveis com as quais convivemos, ou seja, as