V.22,
nº
49
-
2024
(setembro-dezembro)
ISSN:
1808-799
X
UNIVERSALIZAÇÃO
DA
PRECARIEDADE
E
OTIMISMO
DA
EXPLORAÇÃO:
A
RELAÇÃO
ENTRE
JUVENTUDE
E
TRABALHO
PARA
A
ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
DO
TRABALHO
1
Gabriel
França
Sundin
2
Domingos
Leite
Lima
Filho
3
Resumo
O
objetivo
com
o
presente
artigo
é
analisar
a
concepção
de
juventude
e
trabalho
presente
em
oito
documentos
da
Organização
Internacional
do
Trabalho
(OIT),
entre
os
anos
de
2008
à
2020,
que
compõe
os
estudos
intitulados
Tendências
Mundiais
do
Emprego
e
que
se
direcionam
especificamente
para
avaliação
da
situação
dos
jovens
no
mundo.
Concluímos
que
as
perspectivas
apontadas
pela
organização
internacional
caminham
em
uma
concepção
individualizante
de
juventude
e
na
defesa
da
inserção
aligeirada
e
precária
no
mercado
de
trabalho,
sob
moldes
alienantes.
Palavra-chave:
Juventude;
Trabalho;
OIT;
Precariedade.
UNIVERSALIZACIÓN
DE
LA
PRECARIEDAD
Y
OPTIMISMO
DE
LA
EXPLORACIÓN:
LA
RELACIÓN
ENTRE
JUVENTUD
Y
TRABAJO
PARA
LA
ORGANIZACIÓN
INTERNACIONAL
DEL
TRABAJO
Resumen
El
objetivo
de
este
artículo
es
analizar
la
concepción
de
juventud
y
trabajo
presente
en
ocho
documentos
de
la
Organización
Internacional
del
Trabajo
(OIT),
entre
los
años
2008
y
2020,
que
integran
los
estudios
titulados
World
Employment
Trends
y
que
están
dirigidos
específicamente
a
evaluar
de
la
situación
de
los
jóvenes
en
el
mundo.
Concluimos
que
las
perspectivas
destacadas
por
el
organismo
internacional
avanzan
hacia
una
concepción
individualizadora
de
la
juventud
y
en
defensa
de
una
rápida
y
precaria
inserción
en
el
mercado
laboral,
bajo
moldes
alienantes.
Palabra
clave:
Juventud;
Trabajo;
OIT;
Precariedad.
UNIVERSALIZATION
OF
PRECARITY
AND
OPTIMISM
OF
EXPLORATION:
RELATIONSHIP
BETWEEN
YOUTH
AND
WORK
FOR
THE
INTERNATIONAL
LABOR
ORGANIZATION
Abstract
The
objective
of
this
article
is
to
analyze
the
conception
of
youth
and
work
present
in
eight
documents
from
the
International
Labor
Organization
(ILO),
between
the
years
2008
and
2020,
which
make
up
the
studies
entitled
World
Employment
Trends
and
which
are
specifically
aimed
at
assessment
of
the
situation
of
young
people
in
the
world.
We
conclude
that
the
perspectives
highlighted
by
the
international
organization
move
towards
an
individualizing
conception
of
youth
and
in
defense
of
a
quick
and
precarious
insertion
in
the
job
market,
under
alienating
molds.
Keyword:
Youth;
Work;
ILO;
Precariousness.
3
Doutor
em
Educação
pela
Universidade
Federal
de
Santa
Catarina
(UFSC);
Professor
Visitante
do
Programa
de
Pós-Graduação
em
Educação
da
Universidade
Federal
Fluminense
(PPGEducação
-
UFF),
Professor
Titular
(aposentado)
do
Programa
de
Pós-Graduação
em
Tecnologia
e
Sociedade
(PPGTE)
da
Universidade
Tecnológica
Federal
do
Paraná
(UTFPR).
E-mail:
domingosf@id.uff.br
.
Lattes:
http://lattes.cnpq.br/1113538527015820
.
ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-3802-6794
.
2
Mestre
em
Tecnologia
e
Sociedade
pela
Universidade
Tecnológica
Federal
do
Paraná
(PPGTE/UTFPR).
Psicólogo,
atualmente
trabalhando
como
psicólogo
escolar.
E-mail:
gabriel.f.sundin@gmail.com
.
Lattes:
https://lattes.cnpq.br/9427353783354287
.
ORCID:
https://orcid.org/0009-0000-0284-394X
1
Artigo
recebido
em
08/05/2024.
Primeira
Avaliação
em
05/08/2024.
Segunda
Avaliação
em
04/10/2024.
Aprovado
em
21/10/2024.
Publicado
em
05/12/2024.
DOI:
https://doi.org/10.22409/tn.v22i49.62910
1
Introdução
No
panorama
atual
do
capitalismo,
a
interseção
entre
juventude
e
trabalho
assume
uma
relevância
inegável.
Constantemente
somos
bombardeados
com
notícias
e
dados
aterradores
da
situação
dos
jovens
no
mundo,
em
grande
medida
relacionados
com
empregos
precários,
desemprego,
desalento
etc.
Ao
mesmo
tempo
que,
em
um
contexto
de
importantes
mudanças
conjunturais
no
trabalho
com
o
advento
de
novas
tecnologias
de
informação
e
comunicação
(TICs)
aplicadas
na
produção,
os
jovens
muitas
vezes
têm
sido
tratados
como
o
setor
mais
apto
a
se
adaptar
a
tais
mudanças.
No
decorrer
da
história
uma
série
de
enfoques
e
perspectivas
foram
traçadas
para
a
juventude.
Caminhando
entre
a
coesão
e
coerção
social,
teorias
e
políticas
versaram
sobre
a
integração
dos
jovens
às
normas,
o
risco
da
ruptura
social,
a
delinquência
e
subculturas
juvenis.
Assim
como
expectativas
de
renovação
cultural
e
mudanças
sociais
foram
atribuídas
a
movimentos
de
juventude
(Groppo,
2017).
Esse
conjunto
de
ideias
conformaram
esse
grupo
como
importante
alvo
de
políticas
públicas
específicas
e
como
alvo
de
ação
de
grupos
sociais
nas
mais
variadas
perspectivas
políticas.
O
objetivo
com
o
presente
artigo
4
é
analisar
a
concepção
de
juventude
e
trabalho
presente
em
oito
documentos
da
Organização
Internacional
do
Trabalho
(OIT),
entre
os
anos
de
2008
a
2020,
que
se
direcionam
especificamente
a
essa
coorte
geracional.
Os
documentos
selecionados
compõem
uma
publicação
recorrente
da
organização
intitulada
Tendências
Mundiais
do
Emprego
(TME),
a
qual
possui
numerações
temáticas
específicas
sobre
a
situação
do
trabalho
para
os
jovens
em
âmbito
mundial.
Nos
propomos
com
isso
a
analisar
as
ideias
e
expectativas
apontadas
pela
OIT
a
fim
de
entender
como
elas
se
relacionam
com
as
perspectivas
de
desenvolvimento
capitalista
e
como
enquadram
a
situação
da
juventude
trabalhadora
nesse
contexto.
Entendemos
que
a
forma
de
organização
do
capital
e
expressão
de
seus
interesses
e
necessidades
ocorre
em
diferentes
níveis
da
vida
social.
Em
um
primeiro
nível,
sua
base
estrutural,
encontramos
a
estrutura
de
produção
social
da
4
O
presente
artigo
apresenta
parcialmente
os
resultados
obtidos
em
pesquisa
de
dissertação
de
mestrado
defendida
no
ano
de
2023,
intitulada:
Concepções
e
orientações
da
Organização
Internacional
do
Trabalho
para
a
juventude
e
suas
inter-relações
com
o
trabalho
e
tecnologia,
escrita
por
Gabriel
França
Sundin,
orientada
pelo
Prof.
Dr.
Domingos
Leite
Lima
Filho,
junto
ao
programa
pós-graduação
em
Tecnologia
e
Sociedade
(PPGTE/UTFPR).
2
vida,
baseada
na
valorização
do
valor
e
que
coloca
em
contradição
direta
as
duas
classes
fundamentais:
de
um
lado
a
burguesia,
detentora
dos
meios
de
produção
da
vida;
por
outro
os
trabalhadores,
detentores
apenas
da
sua
capacidade
de
trabalho
(força
de
trabalho).
A
partir
dessa
estrutura,
Marx
(2008)
nos
explica
que
se
origina
aquilo
que
qualifica
como
a
expressão
superestrutural
dessa
base
econômica,
que
seria
o
desenvolvimento
de
uma
organização
política
e
jurídica
que
constrói
efetivamente
o
sistema
do
capital.
Essa
superestrutura
se
expressa
no
Estado,
na
organização
jurídica,
na
ideologia
etc.
A
expressão
das
necessidades
e
interesses
do
capital,
portanto,
acontece
nesses
distintos
espaços
da
vida
social.
Um
desses
espaços
que
conformam
o
capital
e
servem
como
instrumento
de
expressão
de
seus
interesses
e
necessidades
são
as
chamadas
organizações
internacionais,
ou
multilaterais.
Conforme
nos
aponta
Mendes
Segundo
(2005),
tem
força
o
Banco
Mundial
(BM),
mas
também
distintas
outras
organizações
–
Fundo
Monetário
Internacional
(FMI);
Organização
das
Nações
Unidas
(ONU)
e
várias
outras
–
que
se
constituem
como
espaços
em
princípio
nomeados
como
neutros
e
acima
de
interesses
particulares,
mas
que
são
utilizados
como
forma
de
construção
dos
objetivos
do
atual
modo
de
produção.
A
OIT
foi
criada
em
1919
no
quadro
do
Tratado
de
Versalhes
no
contexto
do
pós-primeira
guerra
mundial.
Como
aponta
Leitão
(2016),
um
de
seus
determinantes
centrais
está
na
primazia
que
toma
a
chamada
“questão
social”,
em
especial
os
elementos
ligados
às
contradições
emergidas
do
processo
da
primeira
e
segunda
revolução
industrial.
Junto
disso
estão
as
iniciativas
que
vinham
sendo
tomadas
à
época
em
relação
às
articulações
internacionais
e
a
maior
organização
do
movimento
operário
e
sindical.
Surge
então,
a
necessidade
de
responder
de
forma
mais
assertiva
e
articulada
aos
problemas
do
trabalho,
tendo
em
vista
a
pressão
exercida
em
decorrência
do
processo
revolucionário
russo
e
de
amplas
lutas
sociais
e
movimentos
de
trabalhadores
na
Europa
e
outros
continentes.
Assim
como
a
necessidade
de
articulação
burguesa
em
relação
às
formas
de
organização
do
trabalho
e
as
medidas
legais
que
deveriam
ser
adotadas,
visto
que
as
diferenças
regulatórias
nacionais
poderiam
servir
como
entraves
à
livre
concorrência
propalada
pelo
liberalismo
(Leitão,
2016).
3
A
OIT
surge
tendo
“como
missão
servir
de
plataforma
permanente
duma
cooperação
entre
os
seus
membros,
relativa
ao
estudo,
análise
e
comparações
das
diversas
legislações
e
regulamentações
sobre
o
trabalho
assalariado.”
(Leitão,
2016,
p.
106).
Durante
sua
história,
a
organização
teve
papel
importante
na
construção
de
diretrizes
e
princípios
de
regulação
do
trabalho,
defesa
do
trabalho
decente
e
da
liberdade
sindical
(Grillo;
Gondim,
2021).
É
composta
por
uma
comissão
tripartite,
ou
seja,
com
presença
de
representantes
dos
diferentes
Estados
que
a
constroem,
patrões
e
trabalhadores,
com
objetivo
de
garantir
diálogo
e
construção
de
consensos.
Nesse
sentido,
vemos
que
as
avaliações
e
diretrizes
da
OIT
precisam
ser
entendidas
dentro
das
contradições
que
constituem
o
organismo,
expressando
os
embates
entre
as
duas
classes
fundamentais
–
burguesia
e
trabalhadores
–
ao
mesmo
tempo
que
a
aplicação
das
diretrizes,
por
mais
progressistas
que
sejam,
não
significam
a
expressão
plena
dos
interesses
dos
trabalhadores,
muito
menos
que
serão
efetivamente
construídas
nas
realidades
nacionais
e
específicas.
Para
a
análise
das
proposições
da
OIT
tomamos
como
referência
Le
Goff
(1990),
ao
entender
que
o
fazer
histórico
pode
estar
baseado
tanto
em
documentos
escritos,
quanto
pelo
não
escrito,
pelas
relações
materiais,
pelas
técnicas,
pela
arte
etc.
A
partir
dessa
compreensão
o
autor
propõe
que
a
análise
do
documento
não
deve
estar
afastada
do
todo
em
que
foi
produzido;
deve-se
analisar
as
condições
de
sua
produção,
os
objetivos
e
determinantes
que
o
constituíram,
quais
os
interesses
e
intencionalidades
que
carrega.
Tomando
o
documento
como
elemento
real,
Evangelista
e
Shiroma
(2019)
entendem
que
só
é
possível
compreendê-lo
se
formos
capazes
“de
teorizar,
de
apanhá-los
conceitualmente,
para
alcançar
sua
concretude”
(p.
86).
As
fontes,
os
documentos,
possuem
objetividade,
estão
inscritos
na
realidade
concreta,
no
entanto
sua
essência
não
está
dada
imediatamente;
as
determinações
históricas
precisam
ser
apreendidas
no
percurso
da
pesquisa,
a
fim
de
superar
a
aparência.
Tal
exercício
só
pode
ser
realizado
pela
mediação
da
teoria.
Na
continuidade
deste
artigo
apresentamos
uma
seção
dedicada
à
delimitação
conceitual
do
tema
de
juventude
e
trabalho
no
capitalismo
atual,
buscando
mediações
teórico-práticas
que
sustentem
a
análise
dos
documentos
a
posteriori.
Em
seguida
apresentamos
os
documentos
e
sua
análise
em
conjunto
com
4
discussões
e
avaliações
de
suas
proposições.
Finalizando
com
breves
considerações
finais.
Juventude
e
Trabalho
no
Capitalismo
Partimos
da
compreensão
que
a
juventude
é
um
período
de
vida
bastante
significativo
no
ponto
de
vista
do
desenvolvimento
humano.
Diversos
elementos
foram
utilizados
ao
longo
da
história
para
definir
e
caracterizar
as
dinâmicas
próprias
da
juventude,
como
geração,
aspectos
biológicos
de
maturação
física
e
sexual,
escolarização,
subculturas
juvenis
entre
outros
(Groppo,
2017).
Comumente
define-se
juventude
apenas
pelo
critério
etário
agrupando
sujeitos
de
15
à
29
anos
–
como
é
o
caso
da
OIT
nos
documentos
analisados
–
ou
ainda
com
variações
mais
estritas
–
dos
15
aos
24
anos,
ou
dos
18
aos
24
anos.
Nesses
casos,
a
partir
de
um
viés
unicamente
quantitativo
e
etário
agrupam-se
sujeitos
que
compõem
determinada
coorte,
que
acessam
serviços
e
políticas
públicas
específicas,
que
se
relacionam
em
certos
espaços
etc.
De
acordo
com
Abrantes
e
Bulhões
(2016)
um
elemento
central
na
experiência
de
vida
jovem
é
a
relação
que
contrai
com
o
mundo
do
trabalho,
determinado
pela
sua
posição
social
na
produção
da
vida
–
sua
classe
social
–
e
que
desembocará
em
experiências
distintas
para
jovens
de
classes
distintas.
Visto
dessa
forma,
recorremos
à
síntese
feita
por
Pais
(1990)
de
que
a
juventude
expressa
uma
situação
de
unidade
e
diversidade.
Há
certa
unidade
na
experiência,
visto
estarem
determinados
todos
por
um
mesmo
contexto
e
conjuntura
social;
no
entanto,
a
forma
e
desdobramentos
desse
contexto
se
expressarão
de
forma
diversa,
a
partir
das
condições
de
classe
e
posição
social
na
produção
da
vida.
Não
descartamos,
contudo,
que
o
aspecto
geracional
e
etário
sejam
traços
presentes
na
formação
do
que
entendemos
por
juventude,
tendo
em
vista
que
pessoas
de
uma
mesma
idade
compartilham
uma
mesma
conjuntura
social
e
econômica,
ainda
que
em
classes
sociais
distintas.
Marcada
por
uma
institucionalização
e
cronologização
da
vida
(Groppo,
2017),
a
sociedade
capitalista
conforma
espaços
e
momentos
específicos
que
agrupam
sujeitos
de
uma
mesma
idade,
como
por
exemplo
o
processo
educacional,
a
entrada
no
mercado
de
trabalho,
o
acesso
a
determinadas
políticas
sociais,
a
possibilidade
de
5
aposentadoria
etc.
Vemos,
então,
que
a
ideia
de
geração
compõe
parte
das
determinações
da
juventude.
No
entanto,
destacamos
a
importância
de
localizar
nas
classes
sociais
a
dinâmica
fundamental
que
determina
a
vivência
do
período
juvenil.
A
partir
da
posição
ocupada
em
relação
à
propriedade
privada
dos
meios
de
produção
que
se
desenvolvem
as
potencialidades
ou
entraves
que
agem
sobre
o
desenvolvimento
humano.
Olhando
para
o
jovem,
é
a
partir
da
sua
condição
de
classe
que
se
estrutura
qual
a
qualidade
do
processo
educacional
que
terá
acesso,
qual
a
possibilidade
de
se
manter
afastado
ou
não
da
venda
direta
da
força
de
trabalho,
qual
tipo
de
sociabilidade
e
expressão
comportamental
será
aceita
pelo
restante
da
sociedade.
Nesse
sentido,
a
condição
de
classe
determina
a
própria
vivência
geracional.
Analisando
os
distintos
momentos
e
teorias
que
se
debruçaram
sobre
a
condição
juvenil
(Sundin,
2023;
Groppo,
2017),
destacamos
três
principais
aspectos
que
mediam
a
relação
entre
juventude
e
sociedade.
Um
primeiro
aspecto
diz
respeito
à
extensão
e
massificação
do
período
escolar
no
capitalismo,
agrupando
sujeitos
de
uma
idade
em
um
espaço
social
em
comum.
A
segunda
marca
está
relacionada
com
o
trabalho,
mais
especificamente
a
entrada
na
venda
direta
da
força
de
trabalho,
que
caracteriza
parte
significativa
do
período
de
vida
jovem,
ainda
que
as
determinações
de
classe
influenciam
o
momento
e
qualidade
dessa
venda.
Por
último,
ressaltamos
a
construção
de
espaços
de
socialização
enquanto
grupo
específico,
marca
também
presente
em
diversas
teorias
e
que
representa
um
momento
bastante
potencial
do
desenvolvimento
humano,
contribuindo
para
a
definição
da
juventude
enquanto
período
de
vida
distinto.
Tal
grupalização
tem
um
papel
tanto
do
ponto
de
vista
do
desenvolvimento
psíquico,
abordado
por
Abrantes
e
Bulhões
(2016)
e
Pandita-Pereira
(2019),
como
na
conformação
de
um
grupo
social
específico,
visto
nos
diferentes
períodos
da
sociologia
da
juventude
(Groppo,
2017).
É
através
da
formação
de
grupos
específicos,
determinados
por
situações
sociais
compartilhadas,
que
se
expressa
também
a
diversidade
nas
formas
de
vivência
do
que
é
ser
jovem
na
sociedade
atual
(Abramo,
2005).
Olhando
agora
para
os
dados
a
respeito
da
situação
da
juventude
no
mundo,
e
particularmente
no
Brasil,
notamos
uma
situação
de
intensa
precariedade
e
instabilidade
da
vida
juvenil.
Segundo
a
OIT
(2020),
a
população
jovem
(15
à
29
anos)
no
mundo
até
a
data
de
publicação
representava
1,3
bilhões
de
pessoas.
6
Desse
total,
apenas
430
milhões
estavam
empregados,
sendo
que
cerca
de
70%
em
empregos
informais.
É
significativo
o
alto
número
de
jovens
considerados
nem-nem
5
,
agrupando
uma
parcela
de
267
milhões
de
pessoas
globalmente.
Em
termos
de
comparação,
há
uma
população
de
jovens
no
mundo
maior
que
o
total
da
população
brasileira,
que
não
está
empregada
tampouco
estudando.
Os
dados
brasileiros
não
fogem
à
regra.
De
acordo
com
a
Pesquisa
Nacional
por
Amostra
de
Domicílios
Contínua
(PNAD
Contínua),
que
congrega
os
períodos
de
outubro
a
dezembro
do
ano
de
2023,
realizado
pelo
IBGE,
a
população
em
idade
para
trabalhar
(14
anos
ou
mais)
representa
81,1%
da
população
brasileira
–
175,352
milhões
de
pessoas.
Este
dado
é
estratificado
em
agrupamentos
por
idade,
assim
composto:
de
14
a
17
anos
6,8%;
dos
18
aos
24
anos
12,6%;
dos
25
aos
39
anos
29,1%;
40
aos
59
anos
32,0%;
60
anos
ou
mais
19,4%.
Do
total
de
pessoas
em
idade
para
trabalhar,
apenas
100,985
milhões
estão
em
algum
emprego
(Instituto
Brasileiro
de
Geografia
e
Estatística,
2024).
Em
relação
à
situação
de
informalidade
no
emprego,
vemos
que:
do
total
de
jovens
de
14
à
17
anos
que
estão
ocupados,
76,2%
estão
na
informalidade,
ou
seja,
mais
de
dois
terços
do
grupo;
já
dos
jovens
de
18
à
24
anos
ocupados,
41,9%
estão
em
empregos
informais
(IBGE,
2024).
Vemos,
portanto,
que
a
vivência
da
informalidade
no
emprego
da
juventude
é
realidade
também
sentida
no
contexto
brasileiro
em
alto
índice.
Se
observarmos
o
total
de
pessoas
que
estão
à
procura
de
emprego,
com
condições
de
assumir,
mas
que
não
o
obtém
–
compõem
a
taxa
de
desocupação
–
35,7%
estão
na
faixa
de
14
a
24
anos
(7,0%
têm
de
14
a
17
anos,
e
28,7%
de
18
a
24
anos)
(IBGE,
2024).
Ou
seja,
mais
de
um
terço
das
pessoas
desocupadas
são
jovens,
ao
passo
que
esse
grupo
representa
apenas
19,4%
da
população
brasileira
em
idade
para
trabalhar.
Outro
dado
obtido
através
da
PNAD
Contínua
que
representa
um
pouco
a
situação
dos
jovens
é
em
relação
aos
recebimentos
mensais.
De
acordo
com
dados
do
último
trimestre
de
2023,
o
rendimento
médio
real
efetivamente
recebido
5
No
decorrer
deste
trabalho
utilizamos
o
termo
jovens
considerados
nem-nem,
como
exposto
por
Bernardim
e
Silva
(2017).
Entendemos
que
a
dinâmica
de
estar
fora
do
emprego
e
da
educação
não
significa
que
o
jovem
não
faz
nada,
pelo
contrário,
há
inúmeras
atividades
realizadas
que
muitas
vezes
escamoteiam
a
realização
do
trabalho,
como
por
exemplo
o
trabalho
doméstico,
cuidados
de
crianças
e
idosos
etc.
O
uso
do
termo
“considerados”
busca
também
explicitar
que
a
permanência
nessa
posição
não
é
uma
dinâmica
inerente
ao
jovem,
um
movimento
individual,
mas
sim
um
processo
social
que
objetivamente
coloca
a
juventude
na
vivência
de
situações
precárias.
7
somando
todos
os
trabalhos
que
um
indivíduo
possa
vir
a
ter
foi
de
R$
3.134.
Enquanto
para
a
população
entre
25
à
39
anos
o
rendimento
foi
de
R$
3.138,
para
os
jovens
de
18
à
24
anos
foi
R$1.764
(IBGE,
2024).
Esses
dados
não
representam
ainda
as
diferenças
entre
os
diferentes
setores
sociais
e
tipos
de
empregos,
mas
já
evidenciam
que
desemprego,
informalidade
e
baixos
salários
impactam
mais
fortemente
os
jovens
na
sociedade
brasileira.
Notamos
que
o
trabalho
é
central
para
boa
parte
dos
jovens,
seja
no
contexto
brasileiro,
mas
também
a
nível
mundial.
Da
mesma
forma
como
a
vivência
de
situações
precárias
no
emprego
–
como
a
informalidade
–
assim
como
a
falta
dele
(desemprego
e
desocupação)
compõe
a
situação
social
dos
jovens
hoje
em
dia.
Processos
que
parecem
determinar
a
grande
visibilidade
que
essa
coorte
geracional
adquire
na
história,
mas
em
especial
nos
anos
recentes,
com
uma
série
de
discursos
e
políticas
públicas
voltadas
ao
setor,
visando
a
coesão
e
controle
social
da
juventude
(Groppo,
2017).
No
que
se
refere
à
educação,
internacionalmente,
de
acordo
com
a
OIT
(2020),
dos
1,3
bilhões
de
jovens
no
mundo,
cerca
de
500
milhões
estão
na
educação
formal.
No
contexto
brasileiro
Bernardim
e
Silva
(2017)
apontam
o
processo
de
aumento
das
matrículas
de
adolescentes
e
jovens
no
ensino
médio,
última
fase
da
educação
básica
obrigatória,
dos
anos
de
1990
até
os
dias
atuais.
No
entanto,
há
contradições
importantes
no
que
diz
respeito
à
qualidade
educacional
ofertada
e
ainda
às
condições
ofertadas
para
permanência
escolar.
Nos
anos
recentes
no
contexto
brasileiro
temos
visto
a
implementação
de
uma
reforma
curricular
e
organizacional
do
Ensino
Médio,
que
na
defesa
de
uma
lógica
empresarial
da
educação
(Freitas,
2018)
esvazia
os
conteúdos
pela
retirada
de
disciplinas
da
grade
obrigatória
e
fragmenta
a
oferta
educacional
em
5
áreas
do
conhecimento
sem
a
garantia
de
que
os
estudantes
possam
realmente
optar
pela
área
que
se
interessarem
pois
não
necessariamente
as
escolas
disponibilizarão
as
cinco
áreas.
Em
conjunto
de
tais
mudanças
está
também
o
vínculo
estreito
entre
escola
e
empresa,
com
a
forte
participação
empresarial
na
organização
da
proposta
de
reforma,
e
também
no
próprio
currículo,
com
a
relação
estreita
entre
as
demandas
do
mercado
e
a
oferta
curricular.
Olhando
para
o
desenvolvimento
humano
partimos
da
ideia
de
situação
social
de
desenvolvimento
elaborada
pela
psicologia
histórico-cultural,
na
qual
devemos
compreender
o
processo
de
humanização
a
partir
de
“uma
combinação
especial
8
entre
os
processos
internos
de
desenvolvimento
já
gestadas
pelos
sujeitos
em
seu
desenvolvimento
anterior
e
as
demandas
sociais
típicas
feitas
a
eles
em
cada
período
da
vida”
(Pandita-Pereira,
2019,
p.
7).
Ou
seja,
o
desenvolvimento
ocorre
a
partir
daquilo
que
o
sujeito
já
internalizou
e
transformou
em
capacidade
psíquica
e
aquilo
que
o
sujeito
é
demandado
e
realiza
pelas
mediações
fornecidas
pelas
relações
sociais.
Como
vimos
com
os
dados
expostos
acima,
a
sociedade
capitalista
exige
dos
jovens
a
entrada
precoce
no
mercado
de
trabalho,
seja
pela
dualidade
estrutural
que
se
manifesta
na
educação
destinada
à
juventude
oriunda
da
classe
trabalhadora
e
camadas
mais
pobres
mediante
organização
curricular
pragmática,
tecnicista,
centrada
em
práticas
e
destituída
dos
fundamentos
científico-tecnológicos
e
ético-políticos,
seja
pela
não
oferta
de
meios
de
subsistência
que
não
estejam
ligados
com
um
emprego
e
obtenção
de
um
salário,
ou
seja,
não
fornecem
políticas
públicas
que
possibilitem
a
existência
juvenil
afastada
do
mercado
de
trabalho.
De
acordo
com
Marx
(2013),
o
trabalho
é
acima
de
tudo
o
processo
entre
ser
humano
e
natureza,
em
que
o
primeiro
modifica
e
reconstrói
a
última
a
fim
de
garantir
as
condições
de
sua
existência
no
mundo.
A
mediação
entre
ser
humano
e
natureza,
realizada
pelo
trabalho,
com
a
ação
da
totalidade
do
indivíduo,
age
sobre
a
realidade
dada
naturalmente
para
modificá-la
a
fim
de
obter
as
resoluções
das
necessidades
que
o
ser
humano
desenvolve
historicamente.
Na
medida
em
que
altera
a
natureza,
o
próprio
ser
humano
também
se
transforma
nessa
relação.
Contudo,
o
trabalho
enquanto
atividade
exercida
pelo
ser
humano
possui
uma
característica
dupla
no
capitalismo:
por
um
lado
é
uma
atividade
ontológica
(Lukács,
2013)
que
fundamenta
e
impulsiona
o
desenvolvimento
da
humanidade,
sendo
essencial
para
o
desenvolvimento
da
linguagem
e
da
consciência;
por
outro
lado,
nas
condições
impostas
pela
sociedade
capitalista,
o
trabalho
se
torna
também
uma
atividade
alienada
dos
sujeitos
que
a
exercem,
afastando
o
indivíduo
do
ato
de
trabalho
em
si,
do
produto
do
trabalho,
do
ser
genérico
humano
e
dos
demais
seres
humanos
(Marx,
2015).
O
caráter
duplo
do
trabalho
se
expressa,
no
capitalismo
hoje,
em
um
movimento
de
intensa
degradação
do
labor
(Antunes,
2020),
em
que
um
suposto
fim
do
trabalho
humano
assalariado
pelo
uso
de
novas
tecnologias
dá
lugar
ao
seu
contrário
–
a
intensificação
do
trabalho
e
novas
formas
de
contratação
mais
precárias
e
instáveis.
9
Há
mudanças
significativas
na
atualidade,
expressas
em
maiores
níveis
de
degradação
do
trabalho,
terceirização
e
informalidade.
Há
mudanças
também
na
dinâmica
de
organização
da
produção
capitalista,
que
adquire
novas
possibilidades
de
integração
mundial
da
produção
de
mercadorias,
assim
como
de
organização
do
trabalho
(Antunes,
2020).
Uma
expressão
desse
processo
é
por
exemplo
o
uso
de
plataformas
digitais,
que
ganham
maior
notoriedade
com
a
Uber,
mas
estão
presentes
em
diversos
ramos
produtivos.
Com
efeito,
a
plataformização
do
trabalho
e
do
consumo
em
diversos
ramos
de
atividade
(empresas
de
transporte
por
aplicativo,
de
varejo
online,
de
serviços
de
streaming
etc.)
tem
relação
direta
com
a
ampliação
da
produção
de
mais
valia
para
as
empresas
e
para
os
proprietários
destas
plataformas.
Entretanto,
apesar
do
destaque
às
plataformas
digitais,
é
necessário
compreender
que
o
movimento
de
crescente
informalidade
e
terceirização
antecede
o
advento
das
plataformas
digitais
de
trabalho
e
tem
marcado
novas
formas
de
produção
e
comércio
de
produtos
e
serviços
(Abílio,
2020a).
Para
além
do
campo
dos
serviços,
é
possível
perceber
a
lógica
algorítmica
e
a
utilização
de
recursos
digitais
atrelados
à
crescente
terceirização
em
diversas
esferas
da
produção,
tais
como
na
indústria
de
transformação,
no
transporte
de
mercadorias,
entre
outros.
É
sobre
essa
base,
portanto,
que
acontece
a
inserção
laboral
da
juventude.
Nesse
sentido,
ao
mesmo
tempo
que
o
capitalismo
exige
a
entrada
no
mercado
de
trabalho,
organiza
sua
produção
de
modo
que
os
empregos
disponíveis
para
os
jovens
sejam
em
grande
medida
obtidos
sob
condições
precárias
e
instáveis,
favorecendo
com
que
vivam
a
instabilidade
com
menores
salários,
longas
jornadas,
pouca
segurança
e
proteção
trabalhista
etc.
Em
conjunto
com
essas
condições,
os
jovens
são
instados
a
conciliarem
trabalho
e
estudo,
visto
a
necessidade
da
venda
da
força
de
trabalho
para
manutenção
de
si
e
da
família
e
o
reforço
a
uma
lógica
da
educação
como
redentora
da
superação
da
desigualdade
social
(Frigotto,
1993).
De
tal
modo,
compreendemos
que
o
capitalismo
demanda
dos
jovens
a
entrada
no
mercado
de
trabalho
sob
condições
precárias,
alienantes
e
degradantes.
Ou
seja,
a
sociedade
exige
a
venda
da
força
de
trabalho,
mas
sem
fornecer
as
condições
para
que
isso
potencialize
o
desenvolvimento
humano.
Do
contrário,
notamos
que
tais
condições
de
trabalho
e
vida
caminham
na
degradação
do
desenvolvimento,
pelo
reforço
a
uma
lógica
individualizante
e
alienadora
dos
processos
sociais.
10
Juventude
e
Trabalho
para
OIT:
universalização
da
precariedade
e
otimismo
da
exploração
Os
oito
documentos
da
OIT
selecionados
para
análise
se
colocam
em
uma
linha
histórica
que
vai
do
ano
de
2008
até
2020,
os
quais
são:
“Tendencias
Mundiales
del
Empleo
Juvenil
2008”;
“Tendencias
Mundiales
del
Empleo
Juvenil
2010
-
Edición
especial
sobre
las
repercusiones
de
la
crisis
económica
mundial
en
los
jóvenes”;
“Global
employment
trends
for
youth
2012”;
“Tendencias
Mundiales
del
Empleo
Juvenil
2013
–
Una
generación
em
peligro”;
“Global
employment
trends
for
youth
2015
–
Scaling
up
investments
in
decent
jobs
for
youth”;
“Perspectivas
sociales
y
del
empleo
en
el
mundo
2016:
Tendencias
del
empleo
juvenil”;
“Global
employment
trends
for
youth
2017
–
Paths
to
a
better
working
future”;
“Global
employment
trends
for
youth
2020
–
thecnology
and
the
future
of
jobs”
.
Conforme
citado
na
introdução,
estes
documentos
compõem
a
publicação
TME
e
se
direcionam
especificamente
para
a
juventude.
Vimos
que
além
dessas
publicações
é
possível
encontrar
alguns
outros
artigos
e
textos
da
OIT
sobre
o
tema
no
período
estudado,
mas
se
direcionando
especificamente
a
uma
região
ou
abordando
um
aspecto
apenas
–
como,
por
exemplo,
jovens
considerados
nem-nem.
Nesse
sentido,
compreendendo
os
limites
de
nossa
pesquisa,
optamos
por
selecionar
apenas
aqueles
documentos
que
compõem
as
publicações
TME,
por
tratar
o
tema
de
forma
mais
ampla,
apontando
os
dados
estatísticos
e
achados
principais
que
a
organização
obteve.
Além
disso,
percebemos
nesses
materiais
a
expressão
de
algumas
das
concepções
da
OIT
sobre
juventude
e
trabalho.
A
seleção
do
período
de
análise
decorreu
da
avaliação
da
necessidade
de
obter
um
mínimo
do
panorama
histórico
em
que
se
agrupam
as
proposições
do
organismo
internacional
a
respeito
da
temática.
Vimos
especialmente
a
necessidade
de
observar
as
possíveis
transformações
nos
discursos
em
um
contexto
de
estabelecimento
da
crise
econômica
de
2008/09
e
os
impactos
mundiais
que
foram
sentidos
nos
anos
seguintes.
A
partir
disso,
optamos
pelo
estudo
das
publicações
que
vão
do
ano
de
2008
até
2020
–
garantido
ao
menos
uma
década
e
mudanças
conjunturais
significativas.
Iniciamos
tecendo
breves
considerações
sobre
a
forma
de
apresentação
dos
documentos,
pois
entendemos
que
forma
e
conteúdo
caminham
conjuntamente
e
os
traços
estéticos
e
a
apresentação
das
ideias
constroem
também
o
próprio
conteúdo
11
do
texto.
Vemos
que
a
OIT
se
utiliza
de
uma
forma
de
apresentação
da
situação
e
perspectivas
para
os
jovens
bastante
similar
entre
os
documentos.
A
organização
traça
um
panorama
geral
sobre
as
condições
de
vida
e
participação
juvenil
no
mercado
de
trabalho,
destacando
os
principais
dados
e
problemáticas
que
norteiam
a
análise.
Inicialmente
pelo
uso
de
inúmeros
dados
quantitativos,
que
geram
uma
base
sob
a
qual
a
organização
argumenta
qualitativamente
–
como
nas
argumentações
sobre
os
impactos
do
desemprego
na
vida
dos
jovens,
dificuldades
da
transição
escola-trabalho
etc.
Somado
a
esse
movimento,
os
documentos
reúnem
situações
e
experiências
particulares
de
alguns
países
descritas
de
forma
rápida
e
superficial,
sem
de
fato
trabalhar
os
elementos
específicos
e
gerais
que
determinam
cada
situação.
Utilizam-nas
ora
para
apresentar
uma
situação
extrema
de
certo
dado
–
como
por
exemplo
o
desemprego
em
algum
local
–
ora
para
a
apresentação
de
determinada
política
ou
iniciativas
que
foram
aplicadas,
geralmente
“bem-sucedidas”.
No
decorrer
do
texto
vão
se
firmando
algumas
definições
gerais
e
perspectivas
construídas
na
somatória
de
dados
e
situações
particulares.
Essas
definições
culminam
no
grande
quadro,
geralmente
apresentado
nos
últimos
capítulos
que
são
finalizados
pela
elaboração
de
direcionamentos
de
ações.
Em
síntese,
nos
documentos
vemos
uma
estrutura
que
pode
ser
resumida
em:
apresentação
geral
do
quadro,
com
inúmeros
dados
quantitativos
e
algumas
avaliações
sobre
eles;
aprofundamento
em
dados
específicos,
que
se
alteram
em
relação
à
temática
de
cada
informe
–
por
exemplo,
em
2012
avaliou-se
o
cenário
pós
crise
econômica;
já
em
2020
os
impactos
das
alterações
tecnológicas
para
o
trabalho
dos
jovens
–
em
conjunto
com
exemplos
e
situações
limites;
finalizam
em
proposição
de
políticas
e
perspectivas.
A
estrutura
dos
documentos
referida
nos
remete
ao
debate
sobre
a
estética
textual
das
publicações
de
organizações
internacionais
trazidas
por
Lima
Filho
(2002).
O
autor
aponta
que
a
justaposição
de
dois
textos,
tendo
um
como
principal
na
forma
discursiva
e
analítica
e
um
secundário,
na
forma
de
quadros
e
descrições
de
experiências,
representam
uma
escolha
discursiva
de
base
historiográfica
pós-moderna
“em
que
a
narrativa
histórico-temporal
cede
lugar
à
dimensão
estético-espacial”
(Lima
Filho,
2002,
p.
62).
O
contexto
histórico-social
é
fragmentado
e
recomposto
por
uma
nova
historiografia
espacial.
12
A
utilização
exemplar
de
experiências
singulares
de
cada
cultura
e
formação
social
ou
Estado
nacional,
na
conformação
de
uma
lógica
conceptual
pré-ordenada,
guarda
relação
com
uma
pretensa
intencionalidade
de
conferir
estatuto
universal
e
científico
às
recomendações
dos
textos,
as
quais
deveriam
ser
seguidas
à
risca
pelas
nações
que
desejassem
lograr
êxitos
semelhantes
às
experiências
citadas
(LIMA
FILHO,
2002,
p.
62).
Vemos
que
essa
estratégia
argumentativa
constrói
uma
visão
a-histórica,
mecânica,
parcial
e
burguesa
da
realidade.
Primeiramente
a-histórica
pelo
raso
aprofundamento
nas
temáticas
e
dados
utilizados.
Em
inúmeros
momentos
a
argumentação
é
feita
pelos
dados
quantitativos,
observados
um
em
sequência
do
outro,
sem
entender
sua
origem
e
com
pouco
aprofundamento
histórico.
É
mecânica
pois
produz
as
argumentações
na
justaposição
de
situações
e
problemáticas
sem
levar
em
consideração
as
particularidades
de
cada
uma,
construindo
uma
ideia
de
direcionamentos
e
políticas
universais,
que
podem
ser
aplicadas
em
distintos
espaços
sociais.
É
parcial
na
medida
em
que
amarra
o
quadro
analítico
de
forma
a
apresentar
como
fundamento
das
problemáticas
meras
disfuncionalidades
localizadas
da
organização
capitalista.
Apresenta,
ainda,
apenas
as
saídas
específicas
que
envolvem
a
reformulação
de
algumas
políticas,
a
regulamentação
de
certo
espaço;
no
geral
são
saídas
a
serem
aplicadas
por
entidades
governamentais
ou
empresariais.
E
por
fim,
é
burguesa
por
defender
a
manutenção
da
estabilidade
econômico-política
do
capital,
mesmo
que
a
peso
de
maior
precarização
das
condições
de
vida
e
trabalho
da
classe
trabalhadora.
Nos
documentos
analisados
aparecem
distintas
qualificações
sobre
o
que
é
ser
jovem.
No
entanto,
podemos
perceber
que
há
um
elemento
em
comum:
a
compreensão
da
juventude
como
transição
para
mundo
do
trabalho,
como
visto,
por
exemplo,
na
publicação
de
2008
–
“existe
um
denominador
comum
que
consiste
em
ingressar
no
mercado
de
trabalho,
seja
para
exercer
uma
função
ou
para
procurá-la.
O
emprego
decente
e
produtivo
é,
sem
dúvida,
o
que
os
jovens
buscam
e
pelo
qual
lutam.”
(OIT,
2008,
p.
1,
tradução
nossa)
6
.
É
essa
concepção
que
guia
as
avaliações
em
relação
à
juventude,
observando
sempre
que
é
na
conquista
de
um
emprego,
ou
na
falta
dele,
que
se
subsume
a
experiência
juvenil,
deixando
de
lado
características
importantes
do
período
de
vida,
como
a
construção
de
grupos
coetâneos,
a
formação
da
6
“existe
un
denominador
común
que
consiste
en
el
ingreso
al
mercado
del
trabajo,
sea
para
desempeñar
un
trabajo
o
para
buscarlo.
Un
empleo
decente
y
productivo
es
sin
duda
alguna
lo
que
buscan
con
ahínco
y
por
lo
que
luchan
los
jóvenes.”
13
personalidade
e
construção
de
uma
visão
de
mundo
(Abrantes;
Bulhões,
2016).
O
olhar
sobre
a
juventude
a
partir
dela
mesma,
ou
seja,
olhar
as
características
específicas
que
constroem
o
grupo
e
não
apenas
a
relação
do
jovem
com
os
adultos,
como
argumenta
Abramo
(2005),
é
um
processo
ausente
nas
publicações
da
OIT.
Na
publicação
de
2008,
assim
como
nas
anteriores
(2004
e
2006)
apontadas
por
Rivera-Aguilera
(2018),
os
problemas
enfrentados
pela
juventude
são
bastante
dicotomizados
entre
os
países
do
centro
e
da
periferia
capitalista
–
na
concepção
da
OIT
a
dicotomia
está
entre
países
ditos
“desenvolvidos”
e
“em
desenvolvimento”
7
.
Problemas
como
o
desemprego
e
pobreza
mais
restritos
às
economias
“em
desenvolvimento”
e
nos
poucos
países
“desenvolvidos”
problemas
mais
ligados
à
qualidade
dos
empregos
obtidos.
As
publicações
seguintes,
marcadamente
OIT
(2010;
2012;
2013;
2015),
avaliando
os
impactos
da
crise
econômica
de
2008/09,
passam
a
demarcar
uma
universalização
das
condições
de
precariedade
na
vida
juvenil,
especialmente
em
relação
às
condições
de
trabalho
e
aumento
do
desemprego
sentidas
também
nos
países
ditos
“desenvolvidos”.
Como
visto
em
OIT
(2010),
os
impactos
da
crise
econômica
nos
jovens
podem
acarretar
na
construção
de
uma
verdadeira
geração
perdida
–
“Ultimamente,
aliás,
tem
havido
a
preocupação
de
que
a
crise
deixe
como
legado
uma
‘geração
perdida’,
formada
por
jovens
totalmente
desconectados
do
mercado
de
trabalho.”
(p.
1,
tradução
nossa)
8
Outro
exemplo,
agora
em
OIT
(2013),
aponta
que
O
enfraquecimento
da
recuperação
global
em
2012
e
2013
exacerbou
a
crise
do
emprego
jovem,
tornando
o
acesso
ao
emprego
ainda
mais
difícil
para
muitos
desafortunados
jovens
à
procura
de
8
“Últimamente,
además,
preocupa
que
la
crisis
deje
como
legado
una
“generación
perdida”,
integrada
por
jóvenes
que
se
desvinculan
por
completo
del
mercado
del
trabajo.”
7
De
acordo
com
Sousa
(2020),
entendemos
que
a
divisão
dicotômica
entre
desenvolvidos
e
não
desenvolvidos
pressupõe
uma
relação
mecânica
e
eurocentrada.
Aquilo
que
é
desenvolvido
é
tomado
pelo
parâmetro
do
desenvolvimento
político-econômico
europeu
e
norte-americano,
defendido
como
caminho
a
ser
seguido.
De
outro
modo,
compreendemos
a
sociedade
capitalista
atual
como
um
sistema
produtivo
e
social
hegemônico
no
mundo
todo,
que
impõe,
necessariamente,
uma
divisão
internacional
do
trabalho
a
nível
mundial,
de
forma
com
que
alguns
países
detenham
a
maior
parte
das
riquezas,
da
propriedade
privada,
do
domínio
da
ciência
e
tecnologia,
enquanto
os
demais
países
sigam
subordinadamente
integrados,
em
posição
inferior
no
que
se
refere
à
produção
econômica,
acúmulo
de
riquezas,
aprimoramento
cientifico
e
tecnológico
etc.
De
tal
modo,
discordamos
da
visão
dicotômica
e
mecânica
que
a
OIT
se
utiliza
nas
publicações
aqui
estudadas,
pois
fazem
parte
de
uma
visão
de
mundo
burguesa
que
devemos
nos
opor
e
superar.
Por
isso
ao
nos
referirmos
sobre
as
posições
expressas
pela
OIT
utilizaremos
os
termos
“desenvolvidos”
e
“em
desenvolvimento”
entre
aspas.
14
emprego.
E
está
dificultando
tanto
que
muitos
estão
desistindo
de
procurar.
A
prolongada
crise
econômica
também
está
forçando
a
atual
geração
de
jovens
a
ser
menos
seletiva
quanto
aos
empregos
que
estão
dispostos
a
aceitar,
uma
tendência
que
já
era
evidente
antes
da
crise.
Está
a
aumentar
o
número
de
jovens
que
aceitam
empregos
a
tempo
parcial
ou
que
se
limitam
a
empregos
temporários.
Empregos
seguros,
uma
vez
que
a
norma
para
as
gerações
anteriores
–
pelo
menos
nas
economias
avançadas
–
tornaram-se
mais
difíceis
de
encontrar
para
os
jovens
de
hoje.
(OIT,
2013,
p.
1,
tradução
nossa)
9
.
O
jovem,
conforme
argumentam
na
publicação,
passa
por
sérias
dificuldades
na
construção
de
sua
autonomia
através
da
entrada
no
mercado
de
trabalho,
tendo
em
vista
a
precariedade
de
condições
de
trabalho
a
que
estão
expostos.
Nesse
sentido,
a
OIT
deixa
transparecer
que
as
condições
vividas
demandam
com
que
os
jovens
sejam
menos
seletivos
em
relação
ao
trabalho,
que
aceitem
com
menor
grau
de
crítica
a
piora
das
condições
de
vida
e
trabalho,
que
aceitem
o
trabalho
informal
e
temporário
(OIT,
2013).
A
linha
geral
é
de
que
os
jovens
devem
se
adaptar
ao
contexto
precário
vivido.
Tal
maneira
de
construção
argumentativa,
em
nossa
análise,
parece
demonstrar
um
viés
naturalizante
e
individualizante
da
condição
precária
do
ser
jovem.
Cabe-se
apenas
aceitar
que
as
coisas
estão
do
modo
que
estão;
cabe
aceitar
as
condições
visto
que
refletem
uma
falta
de
sorte
da
geração
atual
(jovens
desafortunados)
e
não
porque
são
fruto
de
uma
determinada
forma
de
organização
da
produção
em
contexto
pós-crise.
De
forma
geral,
vemos
que
a
OIT
faz
um
movimento
de
constatar
uma
universalização
das
condições
de
precariedade
da
vida
dos
jovens,
traço
reforçado
pelo
pessimismo
em
relação
às
perspectivas
de
futuro
desse
setor.
A
maior
precariedade,
que
em
2008
era
definidor
apenas
nas
economias
ditas
“em
desenvolvimento”,
se
generalizam
também
para
o
centro
do
sistema
capitalista
a
partir
da
crise
econômica
de
2008/09
–
maior
incidência
de
fatores
como
o
desemprego,
aumento
da
informalização,
aumento
do
número
de
jovens
que
se
afastam
do
mercado
de
trabalho,
aumento
no
número
de
jovens
considerados
9
“El
debilitamiento
de
la
recuperación
mundial
en
2012
y
2013
ha
agravado
la
crisis
del
empleo
juvenil,
dificultando
aún
más
el
acceso
al
empleo
para
muchos
desafortunados
jóvenes
que
buscan
trabajo.
Y
está
dificultándolo
hasta
tal
punto
que
muchos
están
renunciando
a
seguir
buscando.
La
prolongada
crisis
económica
también
obliga
a
la
generación
actual
de
jóvenes
a
ser
menos
selectivos
con
los
empleos
que
están
dispuestos
a
aceptar,
una
tendencia
que
ya
era
evidente
antes
de
la
crisis.
El
número
de
jóvenes
que
está
aceptando
trabajos
a
tiempo
parcial
o
que
se
encuentra
confinado
en
empleos
temporales
es
cada
vez
mayor.
Los
empleos
seguros,
que
en
una
época
eran
lo
habitual
para
generaciones
anteriores
–
por
lo
menos
en
las
economías
avanzadas
–
han
pasado
a
ser
más
difíciles
de
conseguir
para
los
jóvenes
de
hoy.”
15
nem-nem
etc.
Notamos,
nesse
sentido
um
movimento
que
temos
chamado
de
periferização
da
concepção
de
juventude
,
ou
seja,
os
traços
da
precariedade
de
condições
de
vida
e
trabalho,
que
marcavam
a
situação
vivida
pelos
jovens
nas
economias
periféricas,
passam
agora
a
ser
traço
definidor
também
no
centro
do
sistema
(Sundin,
2023).
Sousa
(2020)
aponta,
a
partir
da
teoria
marxista,
que
uma
das
formas
de
expressão
do
desenvolvimento
capitalista
é
o
aumento
do
volume
de
capital
constante
(que
sinteticamente
podemos
chamar
de
meios
de
produção,
como
máquinas,
estrutura
física
etc.)
em
comparação
com
o
capital
variável
(força
de
trabalho).
Tal
dinâmica
implica
na
diminuição
dos
postos
de
trabalho
e
uma
tendência
à
ampliação
estrutural
do
contingente
de
desempregados
e
subempregados
(superpopulação
relativa).
Esse
processo
afeta
de
formas
distintas
as
economias
de
centro
e
da
periferia
capitalista.
Partindo
das
ideias
de
Aníbal
Quijano
e
José
Nun,
Sousa
(2020)
nota
que
os
autores
buscaram
identificar
a
existência
dessa
superpopulação
relativa
nos
países
de
capitalismo
dependente.
Nesses
países
predomina
uma
heterogeneidade
estrutural
da
economia,
com
a
difusão
do
progresso
técnico
–
importado
dos
países
centrais
–
em
poucos
setores
econômicos,
em
geral
ligados
à
produção
para
exportação
e
que
absorve
uma
pequena
parcela
da
força
de
trabalho.
O
maior
contingente
de
trabalhadores
é
inserido
em
atividades
de
baixa
produtividade
e
remuneração,
com
grande
número
de
trabalhadores
precários
e
pauperizados.
Nesse
sentido,
o
mercado
de
trabalho
já
se
constitui
com
características
precárias,
com
alto
número
de
subempregos,
trabalho
por
conta
própria,
desemprego
etc.;
isso
é
o
que
conforma
a
especificidade
da
superpopulação
relativa
em
economias
periféricas
e
dependentes.
Com
isso
podemos
notar
a
raiz
das
ideias
apresentadas
pela
OIT
ao
tratar
das
diferenças
entre
países
“desenvolvidos”
e
“em
desenvolvimento”,
em
que
nos
últimos
é
onde
predominam
formas
de
trabalho
precário
e
instável
durante
toda
a
análise.
Conforme
interpretado
nos
documentos
analisados,
as
mudanças
que
acontecem
nos
países
de
centro
são
localizadas
como
reflexo
da
crise
econômica
e
se
refletem
em
novas
formas
de
precarização
do
trabalho
–
processos
que
já
eram
a
norma
nos
países
dependentes.
Vemos
que
a
OIT
não
trata
da
raiz
do
problema,
fazendo
a
análise
em
termos
abstratos
ou
meramente
aparentes,
em
que
as
diferenças
entre
países
de
centro
e
periferia
no
que
se
refere
às
condições
de
venda
16
da
força
de
trabalho,
que
se
coloca
na
estrutura
do
sistema
social
capitalista,
é
tratada
apenas
como
incapacidade
de
políticas
públicas
específicas
e
localizadas,
ou
então
devido
à
maior
qualificação
de
trabalhadores
dos
ditos
países
“desenvolvidos”
(OIT,
2017;
2020).
A
universalização
da
condição
de
precariedade
no
trabalho
e
vida
dos
jovens
é
em
grande
medida
determinada
pelas
novas
formas
de
trabalho
decorrente
do
maior
uso
das
tecnologias
de
informação
e
comunicação
(TICs).
Percebemos
que
os
documentos
(OIT,
2017;
OIT,
2020)
as
caracterizam
em
dois
aspectos:
um
primeiro
aspecto
é
o
elemento
negativo,
no
sentido
da
precariedade
de
condições
de
trabalho,
menores
salários
etc.;
o
segundo
aspecto
diz
respeito
à
positividade
de
inserção
de
novos
trabalhadores
no
mercado
global,
possibilidade
de
trabalhar
para
uma
empresa
mesmo
não
estando
em
seu
país
de
residência,
de
usar
o
tempo
de
descanso
para
adquirir
outra
atividade
remunerada
e
assim
aumentar
a
renda
pessoal
e
familiar
etc.
A
OIT
olha
então
para
o
fenômeno
da
plataformização
do
trabalho
ou
trabalho
digital
–
ou
seja,
a
contratação,
organização
e
execução
do
trabalho
mediado
pelas
plataformas
digitais
–
nessa
duplicidade.
Afirma
ainda
que
essas
condições
passam
a
ser
expressas
no
mundo
como
um
todo,
não
mais
restrita
aos
países
menos
desenvolvidos
(OIT,
2020).
Ainda
que
de
forma
dúplice,
vemos
que
o
movimento
discursivo
percorrido
pela
OIT
passou
do
pessimismo
no
início
da
década
de
2010
em
relação
às
perspectivas
de
trabalho
para
os
jovens
ao
maior
otimismo
no
final
dos
anos
estudados
(OIT,
2017;
2020)
com
a
ampliação
do
uso
de
novas
tecnologias
para
organização
do
trabalho
no
capitalismo.
Ainda
que
em
condições
de
trabalho
precárias,
baixos
salários,
defasagem
nas
qualificações,
o
trabalho
digital
é
fonte
de
esperanças
da
organização
ao
perceber
o
rápido
vínculo
entre
essas
formas
trabalhistas
e
o
engajamento
dos
jovens.
Parte
do
otimismo
se
baseia
na
possibilidade
da
juventude
se
utilizar
dessas
formas
de
trabalho
como
uma
primeira
experiência
no
mercado
de
trabalho,
possibilidade
para
adquirirem
alguma
renda
e
ainda
pelo
potencial
de
alinhamento
entre
trabalho
e
estudo,
como
visto
na
passagem
a
seguir:
Formas
atípicas
de
emprego,
quando
devidamente
regulamentadas,
têm
o
potencial
de
fornecer
trabalho
decente.
Horários
mais
flexíveis
podem
melhorar
o
equilíbrio
entre
vida
pessoal
e
profissional
e
oferecer
maior
independência
e
autoconfiança.
Para
alguns,
especialmente
trabalhadores
mais
jovens
baseados
em
países
de
17
baixa
e
média
renda,
as
oportunidades
de
ganhos
oferecidas
pelo
crowdwork
podem
ser
atraentes,
dada
a
relativa
escassez
de
fontes
alternativas
de
emprego
e
renda
estáveis.
(OIT,
2017,
p.
70,
tradução
nossa)
10
.
No
entanto,
o
trabalho
digital
em
grande
medida
se
caracteriza
pela
instabilidade,
informalidade
e
precariedade.
De
acordo
com
Abílio
(2020b),
o
trabalho
plataformizado
possui
um
traço
marcante
que
é
o
amadorismo,
na
qual
mesmo
sendo
um
trabalho,
não
confere
identidade
profissional
ao
sujeito
que
o
realiza
pela
perda
de
mediações
públicas
e
regulações
estatais
que
caracterizariam
a
atividade
como
profissão.
O
trabalho
se
torna
um
bico;
o
aparente
caráter
provisório
se
torna
permanente
pela
indisponibilidade
de
obtenção
de
uma
ocupação
formalizada.
Em
vista
disso
nos
questionamos
sobre
o
otimismo
expresso
pela
OIT
em
relação
ao
trabalho
digital
para
a
juventude,
visto
que
tais
ocupações
carregam
os
traços
degradantes
do
trabalho
no
capitalismo,
assolado
pela
precariedade
e
até
mesmo
amadorismo.
O
conjunto
de
alterações
no
processo
produtivo,
sentidas
pela
classe
trabalhadora
através
de
formas
de
contratação
terceirizada,
pejotizada
ou
pelo
trabalho
em
plataformas,
produz
uma
série
de
impactos
para
o
sujeito
trabalhador.
Com
salários
mais
baixos
e
jornadas
mais
longas,
falta
de
acesso
à
direitos
trabalhistas
etc.,
os
trabalhadores
tem
que
se
engajar
em
mais
de
uma
ocupação
para
compor
a
fração
da
remuneração
mensal
que
dificilmente
atinja
uma
renda
considerada
adequada.
Dentro
disso,
“Os
jovens
que
se
inserem
no
mercado
de
trabalho
nesse
cenário
precisarão
construir
estratégias
para
lidar
com
excesso
de
trabalho,
fragilidade
de
vínculos
e
possibilidade
de
não
construir
uma
carreira
fundada
em
uma
atividade
exclusiva.”
(Sousa;
Pochmann;
Bonone,
2021,
p.
7)
É
preciso
compreender
que
as
condições
e
impactos
da
plataformização
expressam
a
generalização
de
uma
situação
instável,
precária
e
contraditória,
presente
na
periferia
capitalista
de
forma
constante
(Abílio,
2020a).
As
novas
expressões
e
nomes
dados
ao
processo,
como
gig
economy,
economia
do
compartilhamento
etc.,
não
são
mais
do
que
a
tentativa
de
explicação
desse
processo
já
em
curso,
que
se
generaliza.
10
“Non-standard
forms
of
employment,
when
appropriately
regulated,
have
the
potential
to
provide
decent
work.
More
flexible
hours
can
improve
the
work–life
balance
and
offer
greater
independence
and
self-reliance.
For
some,
especially
younger
workers
based
in
low-
and
middle-income
countries,
the
earnings
opportunities
offered
by
crowd
work
may
be
attractive,
given
the
relative
paucity
of
alternative
sources
of
stable
employment
and
income.”
18
O
elemento
novo
representa
a
flexibilização
generalizada
do
trabalho
mundialmente.
Tal
forma
de
trabalho
não
está
mais
restrita
à
trabalhadores
migrantes,
negros,
LGBTs,
ou
mesmo
à
trabalhadores
com
baixa
qualificação;
é
agora
a
regra
geral
e
tendência
de
desenvolvimento
do
capitalismo.
Vemos,
portanto,
que
a
forma
que
a
OIT
caracteriza
e
defende
as
mudanças
no
trabalho
em
curso
hoje
no
capitalismo
expressa
a
naturalização
e
determinismo
dessas
mudanças,
assumindo
como
processos
necessários
e
potenciais
para
o
aumento
da
produtividade
e
bem-estar
social,
ainda
que
gerem
movimentos
contraditórios,
em
especial
nas
condições
de
vida
e
trabalho
dos
trabalhadores.
As
novas
dinâmicas
de
trabalho,
estabelecidas
pelo
trabalho
digital,
rumam
na
direção
da
maior
precarização,
informalidade
e
piora
drástica
da
qualidade
de
vida
dos
trabalhadores,
atingindo
os
trabalhadores
jovens
em
especial.
Considerações
finais
Concluímos
que
os
documentos
aqui
estudados,
publicados
pela
Organização
Internacional
do
Trabalho
entre
os
anos
de
2008-2020,
apresentam
uma
riqueza
de
dados
e
elementos
quantitativos
sobre
a
situação
da
juventude
no
mundo,
se
constituindo
como
fonte
importante
para
estudos
a
respeito
do
período
de
vida
delimitado.
Contudo,
notamos
que
a
organização
internacional
apresenta
uma
visão
limitada
de
juventude,
localizando
a
característica
específica
do
período
de
vida
apenas
na
transição
para
o
mercado
de
trabalho.
Sobre
a
relação
entre
juventude
e
trabalho
avaliamos
que
a
organização
realiza
dois
saltos
analíticos
no
decorrer
das
publicações.
Na
primeira
publicação
aqui
analisada
(OIT,
2008)
constrói-se
um
quadro
dicotômico
entre
os
problemas
vividos
entre
os
jovens
das
ditas
economias
“desenvolvidas”
e
“em
desenvolvimento”.
No
entanto,
a
partir
de
2010
ocorre
um
primeiro
salto,
em
nossa
análise,
que
se
dá
com
a
universalização
das
condições
precárias
aos
jovens
a
partir
do
cenário
de
crise
econômica
–
como
dito
durante
o
texto,
uma
possível
periferização
da
concepção
de
juventude
.
Esse
primeiro
salto
se
expressa
em
uma
visão
negativa
das
perspectivas
futuras
pela
generalização
da
precariedade
de
vida
e
trabalho
dos
jovens
no
mundo,
mesmo
nos
países
tidos
como
“desenvolvidos”.
Ainda
que
discursivamente
a
OIT
tente
expressar
uma
visão
otimista,
os
dados
demonstram
a
permanência
das
19
dificuldades
que
os
jovens
terão
que
enfrentar
nos
anos
que
iniciam
a
década
de
2010.
Esse
movimento
se
inicia
na
publicação
de
2010,
indo
até
a
publicação
de
2015,
onde
apresentam
um
viés
otimista
sobre
os
jovens,
mas
ainda
em
um
cenário
em
que
as
possíveis
saídas
não
estão
colocadas.
A
visão
derrotista
não
nos
parece
estar
apenas
na
conceituação
de
juventude
e
na
elaboração
dos
dados,
mas
se
expressa
também
na
falta
de
clareza
das
respostas
que
são
oferecidas
–
apenas
ideias
gerais
e
abstratas
de
direcionamentos
que
as
políticas
locais
podem
se
basear;
individualização
da
raiz
da
precariedade
de
vida
dos
jovens,
localizando
na
falta
de
engajamento
na
educação
etc.
Em
2016
vemos
o
começo
de
uma
mudança
na
argumentação,
que
poderíamos
definir
como
um
segundo
salto
analítico,
expressado
pela
transformação
tecnológica
que
se
acentua
no
sistema
capitalista.
O
segundo
salto
encontra-se
na
transição
para
um
discurso
mais
otimista,
trazido
com
a
aplicação
de
novas
tecnologias
na
produção
mundial.
Na
publicação
de
2017
que
ganha
maior
corpo
tal
avaliação,
culminando
em
2020
como
tema
central
do
informe.
Ainda
que
o
cenário,
representado
nos
dados
sobre
participação
dos
jovens
no
mercado
de
trabalho,
mantenha-se
problemático,
notamos
um
vislumbre
otimista
na
argumentação
da
OIT,
determinada
pela
esperança
que
as
mudanças
tecnológicas
favorecerão
aberturas
de
postos
de
trabalho
e
maior
desenvolvimento
econômico
–
ainda
que
com
as
contradições
relacionadas
às
piores
condições
de
trabalho,
perda
da
capacidade
educacional
de
qualificação
para
o
trabalho
etc.
De
certa
forma
é
nessa
mudança
discursiva
que
se
expressa
o
vínculo
direto
entre
concepção
de
juventude
e
trabalho.
Notamos
a
clara
concepção
utilitarista
e
economicista
de
juventude,
em
que
o
grupo
geracional
é
atrelado
unicamente
ao
seu
papel
de
avanço
econômico.
Somada
com
uma
concepção
de
trabalho
apenas
no
seu
sentido
negativo,
de
alienação,
em
que
as
condições
precárias
de
trabalho
são
reforçadas
e
mantidas,
pois
seriam
as
únicas
formas
de
acesso
dos
jovens
ao
mercado
de
trabalho,
ainda
que
acarretando
contradições
de
longo
prazo
para
o
indivíduo
e
sociedade.
Como
apontam
Evangelista
e
Shiroma
(2019),
um
dos
grandes
desafios
postos
para
análises
documentais
é
o
de
“explicitar
o
que
o
discurso
dominante
esconde
sob
sua
aparência
de
verdade”
(p.
90).
Não
cabe
apenas
entender
o
significado
de
determinado
discurso,
mas
sim
explicar
a
que
veio,
quais
objetivos
procura
alcançar
na
realidade
concreta.
20
Nesse
sentido,
vemos
que
os
objetivos
da
OIT,
nas
edições
TME
voltadas
à
juventude,
vão
no
sentido
de
reforçar
a
inserção
aligeirada
dos
jovens
no
mercado
de
trabalho,
sob
moldes
alienantes
e
precários.
Não
cabe
a
formação
de
qualidade
e
potencialização
do
desenvolvimento
humano,
mas
apenas
a
inserção
na
venda
direta
da
força
de
trabalho,
na
tentativa
de
que
haja
alguma
forma
de
minimizar
as
contradições
sociais
que
podem
gerar
revolta
por
meio
de
políticas
públicas
específicas
e
localizadas
e
mecanismos
de
integração
do
sujeito
no
ordenamento
social
posto.
Não
cabe
o
desvelar
das
contradições
sociais
para
que
os
jovens
enxerguem
a
realidade
a
partir
das
determinações
concretas,
mas
sim
o
reforço
de
um
discurso
ideológico
que
naturaliza
e
individualiza
as
contradições
sociais.
É
preciso
destacar
que
as
avaliações
aqui
realizadas
estão
circunscritas
nas
proposições
feitas
pela
OIT
a
partir
das
publicações
analisadas.
Compreendemos
que
a
instituição
tem,
em
sua
história
centenária,
um
conjunto
de
ações
e
perspectivas
que
defendem
o
trabalho
decente,
a
liberdade
sindical,
a
proteção
trabalhista
etc.
Sendo,
portanto,
referência
para
diversas
legislações
trabalhistas
aplicadas
mundialmente
(Grillo;
Gondim,
2021)
e
tendo
como
principal
característica
a
composição
tripartite
(Estados,
empregadores
e
empregados),
servindo
como
espaço
de
disputa
e
denúncia
da
precarização
do
trabalho
11
.
Nos
limites
de
nosso
artigo
não
nos
propusemos
a
comparar
as
diferentes
convenções
promulgadas
pela
OIT
e
sua
relação
com
as
análises
da
publicação
TME
para
juventude,
sendo
uma
possível
continuidade
de
pesquisa.
No
entanto,
a
partir
do
histórico
da
organização,
é
necessário
ressaltar
o
aparente
espaço
de
contradição
que
a
defesa
de
inserção
aligeirada
e
precária
dos
jovens
no
mercado
de
trabalho,
visto
nas
publicações
analisadas,
encontra
ao
comparar
a
defesa
do
trabalho
decente,
da
regulação
trabalhista
e
da
crítica
à
vulnerabilidade
dos
empregos
na
sociedade
atual,
expressa
em
demais
publicações
da
instituição
(Grillo;
Gondim,
2021).
Esperamos
que
este
trabalho
tenha
contribuído
para
análise
das
teorias
e
concepções
que
norteiam
as
avaliações
da
OIT
sobre
juventude
e
trabalho
nas
publicações
intituladas
TME
voltadas
ao
tema.
Considerando
o
papel
significativo
que
as
organizações
multilaterais
têm
como
fontes
de
ideias
e
prescrições
a
serem
11
A
OIT
foi,
por
exemplo,
um
dos
espaços
de
denúncia
da
contrarreforma
trabalhista
aplicada
no
Brasil
em
2018
pelo
então
governo
de
Michel
Temer,
listando
o
Brasil
na
chamada
“lista
suja”
de
países
violadores
de
convenções
internacionais
do
trabalho.
21
avaliadas
e
reconstruídas
nas
particularidades
de
países
e
regiões,
esperamos
que
este
estudo
seja
útil
para
a
avaliação
posterior
de
políticas
que
envolvam
a
juventude,
como
por
exemplo
os
conceitos
presentes
nas
políticas
educacionais
para
o
Ensino
Médio
no
Brasil,
políticas
que
envolvam
a
inserção
dos
jovens
no
mercado
de
trabalho
etc.
E,
especialmente,
quais
as
correlações
que
as
proposições
da
OIT
têm
com
as
políticas
públicas
concretas
aplicadas
em
nível
nacional.
Visto
que
um
possível
desdobramento
da
pesquisa
é
apoiar
análises
posteriores
que
se
debrucem
sobre
a
temática
da
juventude
e
trabalho
nas
políticas
públicas
e
orientações
regionais.
Referências
ABÍLIO,
L.
C.
Plataformas
digitais
e
uberização:
Globalização
de
um
Sul
administrado?
Contracampo
,
Niterói,
v.
39,
n.
1,
p.
12-26,
abr./jul.
2020a.
ABÍLIO,
L.
C..
Uberização:
a
era
do
trabalhador
just-in-time?
Estudos
Avançados
,
São
Paulo,
v.
34,
n.
98,
p.
111-126,
abr.
2020b.
ABRAMO,
H.
W..
Condição
juvenil
no
Brasil
contemporâneo.
In:
ABRAMO,
Helena
Wendel;
BRANCO,
Pedro
Paulo
Martoni
(Orgs.).
Retratos
da
juventude
brasileira
.
Análise
de
uma
pesquisa
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São
Paulo:
Perseu
Abramo,
Instituto
Cidadania,
2005.
ABRANTES,
A.
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BULHÕES,
L.
Idade
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e
o
desenvolvimento
psíquico
na
sociedade
de
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e
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In:
MARTINS,
Lígia
Márcia;
ABRANTES,
Angelo
Antonio;
FACCI,
Marilda
Gonçalves
Dias
(Org.).
Periodização
histórico-cultural
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do
nascimento
à
velhice.
Campinas,
SP:
Autores
Associados,
2016.
ANTUNES,
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privilégio
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servidão
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o
novo
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serviços
na
era
digital.
2
ed.
São
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Boitempo,
2020.
BERNARDIM,
M.
L;
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M.
R.
Juventude(s)
e
Ensino
Médio:
da
inclusão
escolar
excludente
aos
jovens
considerados
nem-nem.
Revista
Contrapontos
–
Eletrônica.
Itajaí,
vol.17,
n.4,
out-dez,
2017.
EVANGELISTA,
E;
SHIROMA,
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o
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In:
CÊA,
Georgia
Sobreira;
RUMMERT,
Sonia
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Trabalho
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Rio
Grande:
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2019.
FREITAS,
L.
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2018.
22
FRIGOTTO,
G.
A
produtividade
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um
(re)exame
das
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educação
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4
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Cortez,
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GRILLO,
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Pesquisa
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4°
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LEITÃO,
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Organização
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Trabalho
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quase
um
século
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ação
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Laboreal
,
12
(1),
103-111,
2016.
LIMA
FILHO,
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L.
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2002.
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Tese
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Educação)
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LUKÁCS,
G.
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2.
São
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Boitempo,
2013.
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K.
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capital
:
crítica
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Livro
1.
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Boitempo,
2013.
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K.
Cadernos
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São
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2015.
MENDES
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Mundial
e
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da
educação
básica
no
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O
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Tese
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ORGANIZAÇÃO
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Tendencias
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octubre
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2008.
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ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
DO
TRABALHO.
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edición
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Genebra:
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ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
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Global
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INTERNACIONAL
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2013
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generación
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OIT,
2013.
23
ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
DO
TRABALHO.
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ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
DO
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Perspectivas
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ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
DO
TRABALHO.
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Youth
2017
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Paths
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a
better
working
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Genebra:
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ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL
DO
TRABALHO
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Análise
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Obutchénie
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Uberlândia,
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RIVERA-AGUILERA,
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La
construcción
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del
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Un
análisis
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Universitas
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,
17(1),
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J.
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Inserção
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no
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as
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.
2020.
379f.
Tese
(Doutorado
em
Economia)
-
Unicamp,
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SOUSA,
E.
J.
S;
POCHMANN,
M;
BONONE,
L.
M.
Juventude
e
trabalho
plataformizado
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indicando
tendências.
Revista
Ciências
do
Trabalho
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G.
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Concepções
e
orientações
da
Organização
Internacional
do
Trabalho
para
a
juventude
e
suas
inter-relações
com
o
trabalho
e
tecnologia
.
2023.
180f.
Dissertação
(Mestrado
em
Tecnologia
e
Sociedade)
-
UTFPR,
Curitiba.
24