V.22, 49 - 2024 (setembro-dezembro) ISSN: 1808-799 X ESTÁGIO EDUCATIVO-PROFISSIONAL DE NÍVEL MÉDIO: PERSPECTIVAS PROBLEMATIZADORAS NAS PESQUISAS DE MESTRADO DO PROFEPT 1 Gilson Allefy Chaves da Silva 2 Arminda Rachel Botelho Mourão 3 Talita de Brito Franco 4 Resumo Este artigo analisou as perspectivas de estágio profissional de nível médio expressas e problematizadas nas pesquisas desenvolvidas no mestrado ProfEPT (2019-2023), evidenciando a relevância das dimensões trabalho e educação integral. Nessa direção, realizamos uma pesquisa bibliográfica com 11 dissertações de mestrado e, mediante à Análise de Conteúdo, alcançamos duas categorias. Essas, de modo geral, revelaram um discurso combativo à formação unilateral no estágio, além de evidenciarem o trabalho fundamentado no princípio educativo como uma necessidade do estágio na EPT de nível médio. Palavras-chave : Educação Profissional e Tecnológica; Estágio Educativo-Profissional; ProfEPT. PASSANTÍA EDUCATIVA-PROFESSIONAL A NIVEL SECUNDARIO: PERSPECTIVAS PROBLEMATIZADORAS EN LAS INVESTIGACIONES DE MÁSTER DEL PROFEPT Resumen Este artículo analizó las perspectivas de la pasantía profesional de nivel secundário expresadas y problematizadas en las investigaciones realizadas en el máster ProfEPT (2019-2023), destacando la relevancia de las dimensiones de trabajo y educación integral. En esta dirección, realizamos una investigación bibliográfica con 11 tesis de master y, por medio del Análisis de Contenido, alcanzamos a dos categorías. Estos, de forma general, revelaron um discurso combativo hacia la formación unilateral en la pasantía, además de resaltar el Trabajo basado en el principio educativo como una necesidad de la pasantía en la Educación Profesional y Tecnológica de nivel secundario. Palabras clave: Educación Profesional y Tecnológica; Pasantía Educativa-Profesional; ProfEPT. INTERNSHIP IN EDUCATIONAL-PROFESSIONAL CONTEXT AT THE HIGH SCHOOL LEVEL: PROBLEMATIC PERSPECTIVES IN PROFEPT MASTER'S RESEARCH Abstract This paper delves into the nuanced perspectives surrounding professional internships at the secondary level, as articulated and critically evaluated within the methodological framework of the ProfEPT master’s program spanning the years 2019 to 2023. Central to this exploration is the elucidation of the dual significance attributed to both work-related and comprehensive educational dimensions. Methodologically, a meticulous examination of scholarly literature, encompassing 11 master’s theses, was undertaken, followed by a rigorous application of Content Analysis. Through this methodological approach, two overarching categories were discerned. These categories collectively reflect a discourse that not only critiques the one-dimensional nature of internship training but also advocates for the integration of educational principles as foundational within the realm of secondary-level professional and technological education internships. Keywords : Professional and Technological Education; Educational Professional Internship; ProfEPT. 4 Especialista em Docência para Educação Profissional Tecnológica pelo Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) - Brasil. E-mail: talitadbfranco@gmail.com . Lattes: https://lattes.cnpq.br/7913213536055282 . ORCID: https://orcid.org/0009-0002-1926-4885 . 3 Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) - Brasil . Professora do programa de pós-graduação em educação (PPGE/UFAM). E-mail: armindamourao@ufam.edu.br . Lattes: http://lattes.cnpq.br/3864748731992379 . ORCID : https://orcid.org/0000-0002-1940-9477 . 2 Doutorando em Educação pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) - Brasil. Pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Amazonas. E-mail: gilsonchavesdasilva@gmail.com . Lattes: https://lattes.cnpq.br/3336397114378747 . ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4142-5641 . 1 Artigo recebido em 09/05/2024. Primeira Avaliação em 29/08/2024. Segunda Avaliação em 08/09/2024. Aprovado em 11/10/2024. Publicado em 05/12/2024. DOI: https://doi.org/10.22409/tn.v22i49.62920 . 1
Introdução Este artigo traz na sua introdução dois caminhos em destaque: o primeiro deles se refere ao percurso de pesquisa que nos levou aos estudos relacionados à Educação Profissional e Tecnológica (EPT); o segundo, por conseguinte, expressa com maior concretude o objeto de pesquisa e a problemática abordada neste trabalho. Sendo assim, passamos a descrever os detalhes de ambos, com o intuito de situar o leitor nos respectivos contextos. Na trajetória investigativa que percorremos desde 2019, direcionamos nossos olhares para o campo da EPT de nível médio (EPTNM), tendo como foco o estágio profissional e as perspectivas educacionais presentes em sua dinâmica. Nessa trilha, nos deparamos com constructos teóricos cujas abordagens destacavam a importância da relação trabalho e educação, sobretudo no que se refere ao compromisso ético-político de promover a formação integral para os estudantes da EPT. Progressivamente, também desenvolvemos produções acadêmicas dedicadas à discussão do tema ora citado, problematizando bases de pensamento crítico, com o propósito de fomentar a relevância de uma concepção educativa que discutisse o horizonte de superação da escola dual, demasiadamente sustentada pelo Capital. Assim, foi possível desenvolver uma dissertação de mestrado e três artigos que, apoiados nos princípios da politecnia, evidenciaram determinados contextos de contrastes do estágio profissional presentes nas diretrizes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), Campus Manaus Centro. Nessas produções, exploramos tanto a pesquisa documental, acerca do relatório de estágio, como também a pesquisa de campo com professores orientadores de estágio da referida instituição. Tais investigações possibilitaram resultados consistentes para debater a necessidade de um olhar mais atento e crítico para a EPTNM, especialmente nos espaços onde claramente se propõe uma relação do estudante com o mundo do trabalho. Afinal, são nessas esteiras que podemos analisar a práxis educativa difundida e problematizada, principalmente nos cursos do chamado Ensino Médio Integrado (EMI). A partir disso, começamos a buscar outras compreensões dessa rota, imergindo em pesquisas produzidas sobre o tema, ampliando o leque de 2
concepções e sistematizando os aspectos comuns entre elas. Dessa forma, alcançamos um fio condutor com potencial para suster os pressupostos de uma nova pesquisa e produção acadêmica: as dissertações desenvolvidas no mestrado profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) ofertado pelos Institutos Federais (IFs) brasileiros. Para tanto, nos atemos a um período delimitado de análise, compreendido no intervalo de 2019 (ano de defesa das primeiras dissertações do ProfEPT) a 2023. Essa abordagem, com foco em um curso específico de pós-graduação, tem justificativa no fato de o ProfEPT ser o curso de mestrado em rede voltado para a EPT com o maior número de pós-graduandos no B rasil, haja vista os editais publicados desde o início do curso. Além disso, as premissas curriculares do programa se inclinam à promoção do trabalho como princípio educativo e para a formação onmilateral dos educandos (IFES, 2021), concepções sumariamente defendidas por nós. Diante disso, algumas questões iniciais suscitaram um primeiro caminho de desenvolvimento desta pesquisa, entre elas: o que os mestrandos do profEPT analisam em suas investigações acerca do estágio profissional de nível médio? Como o referido estágio vem sendo compreendido nas pesquisas realizadas no programa ProfEPT? A partir dessas indagações basilares, estruturou-se aquela que se tornou a questão-problema deste artigo: considerando a relevância das dimensões trabalho e educação, quais perspectivas de estágio profissional de nível médio foram expressas e problematizadas pelas pesquisas desenvolvidas no mestrado ProfEPT entre 2019 e 2023? Análogo a essa questão, estruturou-se o seguinte objetivo: analisar as perspectivas de estágio profissional de nível médio expressas e problematizadas nas pesquisas desenvolvidas no mestrado ProfEPT (2019-2023), evidenciando a relevância das dimensões trabalho e educação integral. Para tanto, a pesquisa centralizou a referida análise em um recorte específico das dissertações de mestrado: as Considerações Finais (ou conclusões). Essas, mediante nosso olhar investigativo, configuram-se como um espaço predominantemente autoral e de síntese das perspectivas gerais destacadas pelos autores dos trabalhos. Logo, em virtude das especificidades que carregam, representam um recorte adequado para o objetivo que almejamos alcançar. 3
A pesquisa, propriamente dita, desenha-se como bibliográfica, apoiando-se nas etapas da Análise de Conteúdo de Bardin (2016), sobretudo no que se refere à sua sistemática de leitura, organização, análise e inferência das mensagens presentes no corpus constituído pelas dissertações seleciona das. Ademais, ressaltamos que os conceitos, posicionamentos e constatações expressos no decorrer do texto advém de autores cujo campo epistemológico bebe nas fontes da teoria materialista do marxismo. Dessa feita, damos destaque para Marx (1988), Engels (1986), Lukács (2013), Manacorda (2007), Ciavatta (2014), Frigotto (2009), Ramos (2008; 2014), Moura (2013) e Antunes (2020). Do ponto de vista estrutural, o artigo expõe as seguintes seções: a) “Trabalho, educação e formação integral: perspectiva ontológica no espaço do estágio profissional do EMI”; b) “Movimentos metodológicos da pesquisa”; c) “O Estágio de nível médio nas pesquisas do ProfEPT: uma análise sob a perspectiva crítica da formação integral”; e d) “Sínteses, constatações e horizontes para um estágio educativo-profissional”. Tais seções representam a tessitura de um esforço teórico-metodológico a partir do qual se quer alcançar, acima de tudo, o debate, a reflexão e o repensar. Isto posto, as linhas que se seguem procuram, na sua essência, materializar essa visão. Trabalho, Educação Profissional e Formação Integral: perspectiva ontológica no espaço do estágio do EMI Conforme representado no título desta seção, buscaremos discutir três dimensões fundamentais para a compreensão dos posteriores debates que ainda surgirão no decorrer deste artigo. Assim, as dimensões trabalho, educação profissional e formação integral –, apesar de estarem organizadas de forma linear no texto, são parte de um conjunto imbricado que reflete a sequência do pensamento que visamos pôr em cena. Em outras palavras, a indissociabilidade destacada entre elas servirá como ponto de partida para vislumbrarmos o estágio profissional como um espaço formativo para a práxis educativa. À priori, iniciamos a reflexão desta seção mediante uma pergunta substancial: o que é trabalho? Tal indagação pode nos levar à polissemia do termo, o qual encontra eco em definições voltadas à noção de emprego ou ocupação. Contudo, 4
levando em consideração o nosso posicionamento teórico, alinhado ao pensamento marxiano, a dimensão trabalho é aqui observada sob a perspectiva da gênese que essa apresenta. Por esse ângulo, dialogamos primeiramente com Marx (1988, p.142), segundo o qual, trabalho é: Antes de tudo, [...] um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o homem, por sua própria ação, media, regula e controla seu metabolismo com a natureza. Ele mesmo se defronta com a matéria natural como uma força natural. Ele põe em movimento as forças naturais pertencentes à sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se da matéria natural numa forma útil para sua própria vida. Na compreensão do autor, ganha destaque a figura do homem como protagonista das ações. Dessa forma, a natureza que a ele se apresenta surge não apenas como um mundo material no qual ele habita, mas como espaço natural que proporciona a subsistência e o seu desenvolvimento. Nessa relação, reúnem-se estratos capazes de atender as necessidades humanas, ao mesmo tempo que se revela um meio para desenvolver o trabalho manual e intelectual do ser que busca dominá-la. Assim, toda essa configuração, concentrada no processo que o homem realiza sobre a natureza, é o que caracteriza o trabalho na sua forma genérica. É oportuno salientar neste caso que o intercâmbio, no qual o homem busca dominar o mundo natural, não se materializa de forma arbitrária; pelo contrário, trata-se de uma ação racional. E dentro desta margem de pensamento está, na verdade, um aspecto fulcral da obra de Marx (1988), tendo em vista a distinção que ele constroi entre o ser humano e o ser animal: [...] Pressupomos o trabalho numa forma em que pertence exclusivamente ao homem. Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de um arquiteto humano com a construção dos favos de sua colmeia. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo em sua cabeça, antes de construí-lo em cera. No fim do processo de trabalho obtém-se um resultado que no início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente (Marx, 1988, p. 142). Vemos, na comparação do autor, que o ato de pensar a ação que será executada é o fator determinante para distinguir o trabalho humano. Isto é, na sua essência, o homem não existe apenas para agir pelo instinto; não realiza apenas 5
ações limitadas e mecânicas para suprir suas carências. Na verdade, ele é capaz de criar, construir, reconstruir, alterar, modificar, multiplicar, desenvolver, entender, gerar. Nessa ótica, ressalta-se uma ação do homem para o atendimento de suas necessidades reais, mas também como atividade que possibilita o desenvolvimento de si mesmo, enquanto ser consciente e capaz de evoluir movimento objetivo e subjetivo (Lukács, 2013) –, ou, como afirma Marx (1988, p. 142), que faz o homem atuar “sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo que modifica sua própria natureza”. Ainda nessa configuração de pensamento, observamos o raciocínio de Lukács (2013, p. 286), segundo o qual: [...] o trabalho lugar a uma dupla transformação. Por um lado, o próprio ser humano que trabalha é transformado por seu trabalho; ele atua sobre a natureza exterior e modifica, ao mesmo tempo, sua natureza, desenvolve as potências que nela se encontram latentes. E de forma complementar a essa visão, podemos dizer que o trabalho “[...] é o fundamento da vida humana. Podemos até afirmar que, sob determinado aspecto, o trabalho criou o próprio homem” (Engels, 1986, p. 19). Com base nisso, encontramos o sentido ontológico do trabalho, isto é, a natureza dessa dimensão; aquilo que torna possível entender o ponto de partida da relação homem e trabalho; aquilo que configura a imagem pela qual enxergamos o fator positivo que o trabalho humano apresentava na sua raiz. E, nesse trecho específico, falamos em fator positivo, utilizando o verbo propositadamente no passado, porque na obra de Marx a perspectiva negativa é latente, caracterizada pela exploração do trabalho humano para o acúmulo de capital. Caminhando por esse raciocínio, é oportuno entender que o referido sentido positivo do trabalho é encontrado na literatura acadêmica por meio da expressão trabalho como princípio educativo (Ramos, 2008; Frigotto, 2009; Moura, 2013; Ciavatta, 2014, entre outros). Trata-se, portanto, da ação transformadora e racional cuja característica substancial é o desenvolvimento do próprio homem. Essa é, pois, a concepção que abraçamos como premissa para entendermos como a EPT pode constituir-se de uma modalidade educativa fundamentalmente ampla e complexa, ao contrário da unilateralidade que por vezes persiste na trajetória escolar dos estudantes. 6
Nessa direção, é também importante destacarmos algumas compreensões críticas, a fim de observarmos o movimento que distancia o trabalho do seu sentido ontológico. Contudo, não queremos aqui traçar um conjunto completo da historicidade que fez do trabalho uma ferramenta de exploração do homem; em contrapartida, é necessário expormos, ao menos, a noção de trabalho alienante, tendo em mente a condução do raciocínio que precisamos tecer. Para isso, recorremos, inicialmente, às afirmações de Manacorda (2007, p. 57) sobre: [...] a expressão trabalho, tanto significando atividade do trabalhador quanto indicando o produto dessa atividade, não goza, como se diria, de boa reputação nos escritos marxianos, e não há, ou pelo menos nem sempre, nem automaticamente, um significado positivo em Marx, que até reprovou a Hegel por ver-lhe o aspecto positivo. A partir dessa ótica, é possível destacarmos: o que seria este trabalho que “não goza de boa reputação nos escritos marxianos”? Quais características o trabalho adquiriu quando perdeu sua essência educativa e humanizadora? Umas das respostas possíveis para responder a essas perguntas se encontra justamente no próprio texto de Manacorda (2007, p. 58): [...] o trabalho, enquanto exatamente princípio da economia política, é a essência subjetiva da propriedade privada e está frente ao trabalhador como propriedade alheia, a ele estranha, é prejudicial e nociva; ainda mais, sua própria realização aparece como privação do operário, pois, na medida em que a economia política oculta a alienação que está na essência do trabalho, a própria relação da propriedade privada contém o produzir-se da atividade humana como trabalho e, portanto, como uma atividade humana completamente estranha a si mesma, completamente estranha ao homem e à natureza e, assim, à consciência e à vida. E este trabalho, na medida em que é historicamente determinado, é, por isso, a única forma de trabalho existente, pois toda atividade humana tem sido, até agora, trabalho e, portanto, indústria, atividade alienada de si mesma e constitui como Marx objeta a Hegel o devir por si do homem na alienação ou como homem alienado. O primeiro ponto que queremos colocar em cena diz respeito à recorrência da imagem que Manacorda (2007) traz acerca do “trabalho estranhado”. Nesse reside um tipo de atividade cuja execução é puramente mecânica, sobretudo quando se considera o contexto fabril e industrial em que Marx escreveu. Assim, não existe no homem a compreensão do que se executa, ou simplesmente existe uma compreensão restrita, limitada, rasa. O trabalho deixa de ser um processo pelo qual 7
o homem desenvolve procedimentos, dinâmicas, ferramentas etc. e passa a ser uma forma de venda da sua força de trabalho em favor da geração do lucro de outrem (Antunes, 2020). Em outras palavras, o trabalho se torna estranho ao homem porque não é possível mais que este se veja inserido no que está sendo produzido, gerado, construído. O segundo ponto passível de argumentação pode ser visto a partir de uma indagação: ora, se o trabalho se tornou uma ferramenta de exploração do homem, sendo essa alheia e nociva a ele, por que então este ainda permanece em tal condição? Evidentemente a resposta para essa pergunta pode ser costurada sob inúmeras óticas, perspectivas e teorias. No entanto, direcionamos aqui o foco para a citação anterior de Manacorda (2007), destacando, por conseguinte, o termo alienação . Isso porque ele carrega a essência da condição na qual o homem está posto: “[...] constitui como Marx objeta a Hegel o devir por si do homem na alienação ou como homem alienado”. Essa condição, por sua vez, impede que o trabalhador enxergue a sua própria exploração. Nesse caso, historicamente, o sistema burguês, de expropriação, acumulação e exploração (Marx, 1988) foi tão avassalador e ganhou uma proporção tão grande e densa que, para o homem, o fato de vender sua força de trabalho (sua liberdade) para a produção e acumulação de capital (da burguesia) se tornou cabal, daí, pois, a permanência da alienação. Ora, se a alienação é a própria substância que continuidade à subsunção do homem, a consciência acerca dela é a primeira chave para subvertê-la. Por essa razão, levando em consideração que o artigo aqui elaborado emerge da seara educativa, é fato que a postura de formação destacada no texto será a de debater a necessidade da referida consciência. Logo, para tratar da Educação Profissional e Tecnológica, será necessário dar ênfase a determinados autores que, além de desenvolveram estudos em tal seara, são representantes da história de luta por uma EPT mais justa aos filhos da classe-que-vive-do-trabalho (Antunes, 2020). Nesse escopo, buscamos em Moura (2013), Ciavatta (2014), Ramos (2014) e Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005) a concepção de formação integral na EPT, sobretudo para dar ênfase a uma perspectiva educativa que visa o distanciamento daquilo que fragmenta o estudante, que unilateraliza o conhecimento, daquilo que dispõe o ato de educar como mero instrumento de repercussão da visão alienadora 8
exposta anteriormente. Dessa forma, é mais que oportuno discutir os elementos, características e fatores que definem a formação integral. Na esteira do que foi demonstrado, cabe ressaltar que as dinâmicas de modificar a natureza, criar e suprir necessidades, desenvolver instrumentos e técnicas, relacionar-se com seus pares e com os espaços naturais, gerar ciência, cultura, tecnologia e tomar consciência crítica da realidade histórica, entre outras, caracterizam o homem omnilateral (Marx, 2008; Manacorda, 2007; Moura; Lima Filho; Silva, 2015; Ciavatta, 2014; Ramos, 2014). Essa compreensão do ser humano que se desenvolve em múltiplas dimensões é, pois, a base do que se assume como formação integral (pertencente ao mesmo campo reflexivo da formação omnilateral citada por Marx). No espaço específico da EPT, Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005, p. 84) demonstram que a ideia de integrar “pressupõe que a educação geral se torne parte inseparável da educação profissional em todos os campos onde se a preparação para o trabalho”. Isso significa dizer que os conhecimentos técnico-profissionais não devem ser aprendidos de maneira desarticulada dos conhecimentos teórico-críticos. Para tanto, salienta-se a superação da dualidade histórica “trabalho intelectual x trabalho manual”, a qual, segundo Moura (2013, p.179), é o reflexo de uma sociedade cindida pelo capitalismo: [...] para que se avance na direção de materializar a concepção de formação humana integral, é fundamental compreender que a histórica dualidade estrutural na esfera educacional não é fruto da escola, mas da sociedade dual/cindida em que se vive, por imposição do modo de produção capitalista. Essa visão característica das contradições reveladas pelo materialismo histórico-dialético é a forma de interpretar a realidade educacional corroborada por nós. Além dela, considera-se que, de modo geral, a formação integral se sustenta no âmbito da educação pela indissociabilidade de quatro pilares: o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura. Essas, de acordo com Ramos (2014, p. 95): [...] formam uma unidade, sendo indissociáveis da formação humana, tendo o trabalho como categoria central, nas suas dimensões ontológica e histórica. Disto decorre o trabalho como princípio educativo a orientar um projeto de educação profissional comprometido com a formação humana. A pesquisa, por sua vez, é um princípio pedagógico. Esse princípio está intimamente 9
relacionado ao trabalho como princípio educativo, o qual ao ser assumido em uma educação integrada contribui para a formação de sujeitos autônomos que possam compreender-se no mundo e dessa forma, nele atuar, por meio do trabalho. Diante disso, salientamos que, na EPT, a formação do sujeito não se deve pautar em aspectos que o preparem meramente para um ofício. Tampouco deve servir como muleta para o discurso da qualificação profissional, da simplória preparação para o mercado de trabalho. Isso porque tais visões carregam em seu cerne os elementos da alienação discutida anteriormente. Isto é, em termos concretos, o estudante que se apenas como um futuro empregado alguém preparado para exercer tão somente uma determinada função em troca de um salário certamente não consegue desvelar a camada da exploração que lhe é imposta. Por isso mesmo, quando decidimos tomar como objeto de estudo o Estágio Profissional de nível médio, procuramos entender os fatores que o caracterizam, visando sempre a compreensão dos elementos referentes à relação trabalho e educação. Assim, com base nesta e em outras visões abrangentes que foram mostradas aqui, passa-se a um quadro mais específico acerca da concepção de estágio profissional e de como as bases conceituais do trabalho e da formação integral se articulam a ele. O Estágio Educativo-Profissional e a Formação Integral na EPT: a necessidade de um posicionamento ético-político Tomando como norte as discussões realizadas em pesquisas anteriores (Silva; Salazar, 2021; Silva; Salazar, 2022), é possível demonstrar alguns aspectos relevantes para o pensamento crítico que vimos ressaltando até aqui. De modo geral, o estágio de nível médio é visto nas instituições de ensino como uma etapa de preparação para o mercado de trabalho, e, nessa lógica, o estagiário é uma figura que pouco conhece o ambiente profissional, por isso precisa ser supervisionado. Tal concepção encontra larga esteira na literatura de trabalhos envolvendo a EPT, incluindo a dissertação de Silva e Salazar (2021), quando na ocasião entrevistaram professores orientadores de estágio do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM). 10
Na referida pesquisa, a perspectiva de formação politécnica (pertencente ao mesmo campo conceitual que a formação integral) esbarrava em visões rasas de educação, as quais notoriamente apoiavam-se no discurso de que os cursos técnicos do Ensino Médio Integrado deveriam preparar o estudante para o mercado de trabalho, enfatizando o caráter profissionalizante da instituição que, na visão de alguns entrevistados, estava se perdendo (Silva; Salazar, 2021). Em contrapartida, a pesquisa teórica apresentada pelos autores do trabalho, bem como a fala de alguns entrevistados, deixava claro que a EPT de nível médio e consequentemente o estágio curricular dos cursos se constituía de aspectos formativos integrais para o educando. Com isso, elencamos alguns dos aspectos para tomarmos como direcionamento neste artigo. São eles: a) O estágio como ato educativo (presente na Lei n.º 11.778/2008); b) O estágio com potencial para elevar o desenvolvimento teórico-prático do estudante; c) O estágio como espaço capaz de assumir o trabalho como princípio educativo; d) O estágio como um campo de representação da integralidade entre o trabalho intelectual e o trabalho manual. Diante disso, compreendemos que os quatro aspectos aqui sintetizados configuram a base característica da concepção de estágio de nível médio defendida por nós. Por essa razão, este artigo propõe a nomenclatura de Estágio Educativo-Profissional , na busca por enfatizar um espaço formativo cujas dimensões Trabalho e Educação bebem na fonte ontológica, histórica, crítica, científica e subversiva, necessárias à EPT. Nesse caso, concordamos com Kuenzer (2005, p. 50), segundo a qual é importante considerar as relações entre ciência, cultura e trabalho, pois, “[...] uma vez que a ciência invade a produção e o trabalho produz o conhecimento, ambos definem novas formas de cultura”. Nesse sentido, a transformação da visão limitada de estágio nos cursos técnicos de nível médio requer essa “invasão” proposta pela autora, pensamento que dialoga com a perspectiva de desalienação discutida na seção anterior. Em conformidade com a articulação feita por Kuenzer (2005) ciência, cultura e trabalho –, também deixamos marcado o lugar conceitual e factual que a formação 11
integral precisa assumir, e, para tanto, expressamos outro pensamento complexo da autora, que propõe a necessidade de: Viabilizar as necessárias mediações para que os jovens desenvolvam conhecimentos, habilidades cognitivas e comportamentais que lhes permitam trabalhar intelectualmente e pensar, através do domínio do método científico, das formas de comunicação, de relacionamento e organização coletiva, de maneira a utilizar conhecimentos científicos e estabelecer relações sociais de modo articulado para resolver problemas da prática social e produtiva. [...] na perspectiva da omnilateralidade, ou seja, do desenvolvimento humano em sua integralidade (Kuenzer, 2005, p. 58-59). A reunião das diversas dimensões apontadas pela autora nos faz perceber o quanto a escola ainda carece de base. E, nesse caso, enfatizamos essa crítica por tomar como parâmetro uma modalidade educativa a EPT que é ainda mais desafiadora, tendo em vista sua complexidade curricular, sua relação direta com o mundo do trabalho, seus embates históricos com as interferências da burguesia industrial etc. Por isso mesmo, trazer à cena a concepção integral de formação não é simplesmente um caminho discursivo selecionado para um texto; trata-se de um posicionamento ético-político fundamental para revelar as trajetórias que devemos ou não seguir. Mais que isso, propor a formação integral, mediante a indissociabilidade entre a formação geral e a formação técnica no ensino médio, é uma condição para “[...] a travessia em direção ao ensino politécnico e à superação da dualidade educacional pela superação da dualidade de classes” (Frigotto; Ciavatta; Ramos, 2012, p. 45). Abarcando essa linha de pensamento, podemos afirmar que os pressupostos teóricos discutidos aqui ganham dupla vertente: a primeira caminha sob os argumentos históricos e conceituais absolutamente relevantes para as nossas análises. A segunda vai além disso, pois, baseadas na primeira, ela desvela os aspectos que estão ocultos em determinadas perspectivas, sobretudo por considerarmos as expropriações e a exploração às quais a classe-que-vive-do-trabalho está submetida. Essa postura crítica, que fazemos questão de evidenciar, delineia nosso caminho teórico, metodológico e analítico. 12
Movimentos metodológicos da pesquisa Entendido mediante uma concepção de pesquisa em que o objeto é posto numa constante dinâmica, este artigo se propõe a realizar uma pesquisa bibliográfica “[...] aquela que se realiza a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas trabalhados por outros pesquisadores [...]” (Severino, 2013, p. 106). Nesta nos debruçamos em fontes geradas com o crivo acadêmico-científico, denominadas dissertações de mestrado, considerando-as como espaço para exposição e discussão de conceitos, teorias, perspectivas, métodos, análises, sínteses e reflexões. Para tanto, foram efetuadas duas fases principais: a) busca e levantamento das fontes que abordassem a problemática do estágio profissional no Repositório do ProfEPT; e b) a seleção das fontes finais que comporiam o corpus de análise. Para essa escolha, o critério inicial foi a busca pelas expressões “estágio curricular”, “estágio profissional” e “estágio de nível médio”. Tal busca foi realizada de forma automatizada na ferramenta de localização da plataforma do ProfEPT, tendo como filtro o período compreendido entre 2019 e 2023. Após alcançarmos 14 dissertações, tomamos como método de exame dos dados a Análise de Conteúdo, de Bardin (2016). Essa se configura como um conjunto de técnicas que sistematiza 3 fases principais: a) a pré-análise; b) a exploração do material e c) o tratamento dos resultados. Assim, no decorrer dos movimentos, foi realizada a primeira etapa da averiguação: a organização e seleção do material, aplicando a técnica da leitura flutuante . Em seguida, nos propusemos a uma leitura imersiva em todos os materiais, contudo, no fim dessa etapa verificou-se que o objetivo deste artigo deveria se concentrar na compreensão das “considerações finais/conclusões” de cada dissertação, uma vez que nelas se destacavam as problemáticas e as reflexões/resoluções acerca do estágio profissional. Para a composição desse escopo, foram selecionados, em definitivo, 11 trabalhos de mestrado, tendo em vista que os outros 3 não se alinhavam ao objetivo da pesquisa. De posse desse escopo, partimos às etapas de fragmentação do conteúdo dos recortes selecionados, gerando as denominadas Unidades de Registro. Por 13
conseguinte, encontramos os pontos convergentes entre as unidades menores, até formarmos os grupos que se transformariam em categorias. Com isso, retornamos ao objetivo geral do artigo para consolidar a coerência da etapa de categorização e, posteriormente, imergimos mais uma vez em nossa fundamentação teórica, a fim de encontrar os pressupostos substanciais para auxiliar a composição das categorias finais da Análise de Conteúdo. Após inúmeros movimentos de avanços e retornos, conseguimos estruturar duas categorias finais, as quais serão apresentadas, analisadas e discutidas a partir da próxima seção. Nessa ordem, é importante pôr em cena que os autores das dissertações estudadas terão sua identidade ocultada, tendo em vista a necessidade de nos atermos tão somente ao conteúdo textual proporcionado em seus trabalhos. O Estágio de Nível Médio nas pesquisas do profEPT: uma análise sob a perspectiva crítica da formação integral A formação integral, como destacada em nosso capítulo teórico, encontra bases numa concepção ampla de educação, que considera o desenvolvimento dos sujeitos nas mais variadas dimensões (teórico-prática, sociopolítica, ético-moral, técnico-profissional, interpessoal, emocional, entre outras). É bem verdade que, quando tratamos do nível médio de educação, temos em mente o desenvolvimento de jovens estudantes que estão percorrendo uma trajetória formativa com larga estrada futura. Mesmo assim, é válido salientar que a formação integral independe da faixa etária, pois essa mesma é um processo contínuo, e, portanto, não se esgota no término de uma série ou nível educativo, nem tampouco apresenta um padrão de idade para ser posta em prática. Esse preâmbulo nos ajuda a situar a pesquisa no seguinte sentido: muito embora estejamos analisando recortes das dissertações de um programa de mestrado, o Estágio de nível médio é feito com pessoas e para pessoas. Dessa forma, as categorias analisadas nesta seção, bem como as discussões que serão levantadas, dizem respeito, no fim das contas, àquilo que se quer alcançar para os estudantes. Logo, quando debatermos a formação integral, mediante o estágio, estaremos sobretudo refletindo acerca das possibilidades, fragilidades e potencialidades que podem chegar ou chegaram aos educandos. 14
Diante disso, passaremos à análise da primeira categoria, cujo título foi assim determinado: “O estágio profissional na EPT de nível médio: problematizações acerca das deliberações oficiais e do funcionamento lacunar do estágio nas instituições”. Vamos a ela. O Estágio Profissional na EPT de nível médio: problematizações acerca das deliberações oficiais e do funcionamento lacunar do estágio nas instituições A categoria em questão advém da articulação entre duas unidades de contexto: a) o Estágio profissional e o caráter documental; b) o Estágio profissional curricular e suas lacunas institucionais. A primeira reunia as problematizações do estágio, vistas mediante as diretrizes explícitas e implícitas nos documentos, evidenciando concepções tecnicistas e demasiadamente profissionalizantes. A segunda evidenciava o estágio por meio da carência de acompanhamento institucional do estagiário, o que implicava uma atividade dispersa, desprovida de uma base formativa voltada à integralidade. Assim, os autores das dissertações analisadas revelaram problemáticas com elevado grau crítico, tendo em vista suas bases discursivas serem contra a concepção de estágio como mera etapa de cumprimento curricular, ou ainda como simples instrumento de preparação para o exercício de atividades mecânicas de uma futura profissão. Dessa forma, para ilustrar os posicionamentos presentes nos trabalhos analisados, expomos o quadro 1 (destacando que este e os demais quadros trazem na identificação apenas a letra inicial do autor, seguida do ano de publicação do trabalho): Quadro 1: Perspectivas críticas presentes nas considerações finais das dissertações analisadas Identificação Trecho extraído da dissertação R2019 [...] percebemos que os documentos norteadores, revelam a predominância da concepção tecnicista de educação, enfatizada na definição e objetivos do estágio, mas, principalmente, nas orientações metodológicas normatizadas que atribuem responsabilidades, em sua maioria, puramente, operacionais aos diferentes atores e não abre espaço para reflexão e envolvimento nos processos decisórios. R2019 […] as concepções do estágio normatizadas nos documentos não coincidem com os ideais [...] de formação humana integral do estudante numa perspectiva que entende o trabalho como construção humana emancipadora. J2020 [...] a legislação brasileira que trata de estágios sempre esteve de acordo com as necessidades de mão de obra para o mercado de trabalho, atendendo aos interesses do setor econômico e produtivo, sem preocupação com a questão educativa ou pedagógica desta atividade. R2022 [...] fazer uma crítica à Lei 11.788/2008 e, consequentemente, à forma como o estágio vem sendo organizado dentro das instituições de ensino. É perceptível que a referida lei possui um viés totalmente mercadológico; em seus incisos não 15
nenhum trecho que trate o estágio como espaço/tempo para o diálogo, e nem para a reflexão, o que é uma orientação para que seja construído um plano de atividades vinculado à área de estudo e a entrega de relatórios semestrais. R2022 [...] a referida lei traz a ideia de supervisor de estágio, que se aproxima muito da ideia do trabalho realizado nas fábricas, quando o empregado era supervisionado, para não dar prejuízo aos patrões. L2022 Apesar dos inúmeros avanços trazidos pela Lei 11.788 (BRASIL, 2008), ela é, sobremaneira, genérica, provavelmente de maneira intencional, não tratando o estágio como uma atividade orientada à práxis e reflexão crítica, perdendo a oportunidade de trazer significativas mudanças que seriam importantes para a valorização de uma educação integral e emancipadora. R2022 É evidente que é bem mais fácil conduzir o estágio em um ambiente didático, controlado, no qual os insumos necessários estarão à disposição, porém, isso não ao estudante a possibilidade de vivenciar outras realidades, de construir a sua própria concepção de mundo, visto que as unidades de campo são, necessariamente, ambientes didáticos onde as atividades práticas acontecem. S2023 Consideramos, portanto, que a fundamental articulação na formação do aluno da educação integrada pode ser realizada também no campo de estágio, desde que haja acompanhamento e envolvimento dos sujeitos envolvidos, sobretudo dos gestores, professores e coordenadores. R2022 Outro aspecto não menos importante a ser criticado é a presença/ausência do professor orientador, devido às fragilidades desse processo de acompanhamento do(a) estudante, e, como consequência, temos a precarização do “trabalho” do estagiário. Fonte: autoria própria (2024). Como podemos identificar, os conteúdos dos 09 (nove) trechos presentes demonstram variados pontos de vista acerca das legislações dedicadas ao estágio, bem como da execução do estágio nas instituições. A exemplo dessas perspectivas, estruturamos ao menos três importantes fatores: a) Os documentos caminham para o sentido de uma visão de estágio como preparação do estudante para uma profissão; b) As legislações não se inclinam para tornar suas deliberações mais enfáticas com relação à formação integral do estudante; c) Os documentos ainda se mostram presos às demandas do mercado (capitalista), por isso a necessidade de preparação de mão de obra. Tais fatores se assemelham, em parte, ao que fora apontado na análise documental de Silva e Salazar (2021). Nesta, os autores se debruçaram sobre trechos da Lei n.º 11.778, bem como da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) brasileira e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio (DCNEPTNM). Dessa forma, Silva e Salazar (2021, p. 31) afirmam que a legislação do estágio o “[...] direciona a uma atividade que visa a uma perspectiva prática, apesar de o discurso caracterizá-lo como ato educativo, o que sugere uma ação muito mais ampla” […]. Todavia, é também apontado que as 16
DCNEPTNM analisadas caminham para um texto que ressalta a formação integral por meio do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura. Buscando reunir outros aspectos para a análise desta categoria, partimos para determinados excertos, retornando a aquilo que Bardin (2016) denomina Unidades de registro, as quais, neste caso, foram expressões-chave que deram significância basilar para compreendermos as concepções expressas nas passagens anteriores. Sendo assim, destacamos o quadro 2: Quadro 2: Expressões-chave presentes nos trechos para análise Expressões extraídas Expressões extraídas Concepção tecnicista de educação A referida lei possui um viés totalmente mercadológico Responsabilidades puramente operacionais Não nenhum trecho que trate o estágio como espaço/tempo para o diálogo, e nem para a reflexão não abre espaço para reflexão e envolvimento nos processos decisórios Apenas orientação para que seja construído um plano de atividades vinculado à área de estudo e a entrega de relatórios semestrais. Afastamento dos ideais de formação humana integral A ideia de supervisor de estágio para não dar prejuízo aos patrões Necessidades de mão de obra para o mercado de trabalho não tratando o estágio como uma atividade orientada à práxis e reflexão crítica Interesses do setor econômico e produtivo Sem preocupação com a questão educativa ou pedagógica desta atividade O estágio sendo realizado em ambiente simulatório do mundo do trabalho. Ausência do professor orientador do estágio, Necessidade de envolvimento efetivo dos sujeitos envolvidos no processo (gestores, professores e coordenadores). Acarretando a precarização do trabalho do estagiário. Fonte: autoria própria (2024). Cruzando o conteúdo das passagens examinadas, bem como as unidades expostas no quadro 2, é possível compreender que os autores das dissertações assumiram em seus trabalhos uma visão extremamente contestadora. Vemos, nos excertos, que o estágio é posto nos documentos oficiais de maneira afastada da formação integral, e, na contramão dessa, a legislação é posta como mantenedora do viés unilateral do estágio. Isto é, as expressões “tecnicista”, “puramente operacionais”, “viés totalmente mercadológico”, entre outras, pertencem a um conjunto de aspectos problematizados nas dissertações do ProfEPT e esse conjunto dialoga sobremaneira com a crítica que vimos apresentando neste artigo. Além disso, alguns trechos também abordam as fragilidades da realização e do acompanhamento do estágio curricular nas instituições. Nesse caso, observamos a ausência de atores que seriam fundamentais no processo formativo do estágio, 17
quais sejam: professores, gestores e coordenadores. Esses poderiam atuar de maneira mais evidente no campo em questão, a fim de evitar que o estagiário transpareça ser um mero sujeito posto num lugar desconhecido. Ademais, determinados recortes também apontam para a realização do estágio fora do ambiente real de trabalho, o que implica a não vivência do sujeito no espaço em que deveria estar, e, consequentemente, abre-se uma lacuna formativa significativa. Nessa questão, criticamos também o estágio cujo ambiente efetivo do mundo do trabalho é substituído, pois isso revela outra maneira de limitar o estudante. Afinal buscando base na escola do trabalho de Pistrak (2011) –, as atividades do estágio deveriam permitir o educando a analisar e a explicar seu trabalho de forma científica, ensinando-lhe a se elevar do problema prático à concepção geral teórica, a demonstrar iniciativa na busca de soluções. Conforme visto, a análise da categoria 01 nos mostra que uma parcela das dissertações analisadas expressou problemáticas de caráter mais amplo, o que não significa a ausência de imersão aos aspectos mais internos do estágio. A categoria, na análise de conteúdo aqui expressa, é um norte para sistematizar as variáveis que surgiram no decorrer das leituras dos trabalhos. Por conseguinte, a amplitude destacada nesta seção encontra outra margem na seção posterior, a qual passa a ser debatida agora. Estágio profissional x estágio educativo-profissional: perspectivas de problematização para a formação integral A categoria 2 (dois) traz como mote um conflito de perspectivas. De um lado, damos ênfase reflexiva à concepção do estágio que ainda permanece preso à profissionalização exacerbada e ao preparo massivo do estudante para o mercado de trabalho, isto é, a formação unilateral propriamente dita. Do outro lado, buscamos destacar o caráter do trabalho como princípio educativo no estágio de nível médio, bem como a integração entre diferentes dimensões do desenvolvimento humano; por isso, identificamos o estágio como educativo-profissional. Nesse, evidentemente, ressaltamos a necessidade da formação integral na trajetória do educando-estagiário. 18
Desta feita, salientamos que, assim como a primeira, a categoria 2 nasceu da necessidade de articularmos duas unidades de contexto que, embora trouxesse posturas opostas (uma com o sentido formador para o estágio e a outra com o sentido negativo da realidade indicada), elas pertenciam ao mesmo campo de discussão: a busca pela formação integral do estudante. Por essa razão, os dados nos levaram a transformá-la em uma categoria dialógica, capaz de revelar frequências e contradições presentes no cenário problematizado. Assim, nos valemos inicialmente do quadro 3 para ilustrar as inúmeras expressões-chave extraídas dos excertos das dissertações. Quadro 3: Expressões-chave presentes nas unidades de contextos da categoria 2 Sentido formador do estágio Sentido de estágio restrito à profissionalização Atividade formadora Postura reprodutora e imitativa Imersão no mundo do trabalho Formação do cidadão produtivo Emancipação do estudante Forma fragmentada Trabalho como centralidade da existência humana Prepará-lo(a) para o mercado do trabalho Vasta possibilidade de práxis criadora Formação de trabalhadores alienados Contribuem com o propósito de formação integral Exercer apenas atividades simples e repetitivas Articulação entre teoria e prática Sem relacionar teoria e prática e sem problematizar os saberes operacionais Contribuem para a formação de cidadãos críticos, reflexivos e autônomos Modo de educação pragmático, oposto à práxis Ato educativo, práxis, educação integral Utilização do estagiário como um trabalhador Múltiplas dimensões (profissional, pessoal, científica, social, cultural) Transformando o estágio num ato de trabalho precário Fonte: autoria própria (2024). Nas expressões acima, é coerente chegarmos à compreensão prévia de que o estágio pode ser visto/vivenciado tanto como contribuidor da formação integral, quanto como espaço de afastamento desta. Evidentemente, uma comparação no quadro que eleva o choque entre as duas vertentes: na primeira coluna, as dissertações trouxeram elementos que constituíram uma concepção educativa mais holística e, portanto, mais voltada a um estágio como terreno fértil ao desenvolvimento integral do estudante. Na segunda coluna, vemos fatores que restringem o estágio a uma atividade preparatória, qualificadora e, por vezes, meramente operacional. Nesse contexto, é importante reforçar que as expressões nas quais se nota a presença de elementos e características de um estágio unilateral não representam a 19
concordância dos autores das dissertações com esse viés. Em outros termos, estamos reforçando que alguns trabalhos trouxeram trechos que revelavam a experiência do estágio de forma rasa e limitada para justamente contra-argumentar essa falta de complexidade. Diante disso, trazemos o quadro 4 para espelhar passagens específicas retiradas das dissertações e, nessa esteira, ressaltamos que o referido quadro não carrega todas as passagens exploradas na análise, tendo em vista a grande quantidade reunida. Quadro 4 : Trechos constituintes da segunda categoria de análise Identificação Trecho extraído da dissertação R2019 Compreendemos o estágio como uma atividade formadora capaz de propiciar a imersão no mundo do trabalho e promover a emancipação do estudante, desde que concebido numa lógica que situe o trabalho como centralidade da existência humana, com influência em todos os aspectos da vida, inclusive, no processo de formação identitária dos indivíduos. J2019 A articulação entre teoria e prática e as interações que ocorrem entre o estagiário, o orientador e o supervisor promovem a efetivação da práxis no espaço/tempo destinado ao estágio curricular, e contribuem para a formação de cidadãos críticos, reflexivos e autônomos. L2023 [...] reforça-se a importância do estágio curricular supervisionado para a formação integral do estudante pois, quando se tem consciência e clareza dos processos, da importância de sua realização e dos seus direitos e deveres, é possível obter maior autonomia para compreender a realidade na qual se está inserido e as dinâmicas socioprodutivas da sociedade, o que contribui também para sua emancipação como pessoa em suas múltiplas dimensões (profissional, pessoal, científica, social, cultural). M2020 [...] o estágio é um ato educativo, portanto faz parte do processo de aquisição de conhecimentos, indo muito além de apenas uma preparação para o trabalho, sendo uma prática reflexiva, que proporciona as primeiras noções do mundo do trabalho. É um instrumento que colabora para a formação integral dos estudantes e por consequência colabora para a melhoria do meio em que eles vivem. R2022 [...] percebe-se que a proposta com o estágio não é a formação completa do estudante, mas prepará-lo(a) para o mercado do trabalho, como se esse fosse apartado do mundo da vida. L2022 Traz as fragilidades e limitações existentes no embate de forças ocasionado pela disputa de concepções vigentes, entre a formação de trabalhadores alienados e trabalhadores críticos e conscientes, o que se manifesta claramente no momento do estágio. L2022 O primeiro diz respeito à precarização do próprio estágio do discente através da falta ou diminuição das condições para o discente realizar seu estágio de maneira qualificada, tais como exercer apenas atividades simples e repetitivas. Sabe-se que a mera realização de atividades, como um estrito treinamento operacional, um trabalho repetitivo, sem relacionar teoria e prática e sem problematizar os saberes operacionais, indica um modo de educação pragmático, oposto à práxis pretendida para a formação humana integral [...]. Fonte: autoria própria (2024). No quadro exposto, temos o recorte de 7 passagens textuais. Nessas, existem termos e expressões que possibilitam desmontar o conteúdo das 20
mensagens para encontrar os fios condutores, articulando-os às expressões-chave apresentadas. Por essa ótica, conseguimos estruturar essa “fragmentação textual” para visualizar os elementos que situam as problemáticas presentes nas dissertações. Assim, lançamos mão das seguintes inferências: a) O estágio que se vislumbra a partir da base do trabalho no sentido ontológico; b) O estágio que se vislumbra como espaço formador do estudante crítico, reflexivo, autônomo e emancipado; c) O estágio como ponte para a integração entre os diferentes tipos de conhecimentos a serem desenvolvidos; d) O estágio como instrumento de atividades pouco complexas e repetitivas; e) O estágio como mantenedor de elementos embrionários da alienação do trabalhador; f) O estágio como espaço de repercussão dos interesses do capital. A par disso, apontamos que as pesquisas desenvolvidas por Silva e Salazar (2020; 2021) dialogam em grande parte com as inferências advindas da categoria 2. Nelas, a constância de aspectos do estágio que se mostram inerentes à formação integral (conforme visto nas inferências “a”, “b” e “c”) são o espelho do que esse espaço educativo pode proporcionar. Tal constância está ainda em coerência com pressupostos debatidos em nossa seção teórica, a qual partia do princípio de que o trabalho é o fundamento da vida humana, desenvolvido por meio das relações sociais, gerando no homem múltiplos conhecimentos, tais como técnicas, ferramentas, processos, teorias, linguagens, cultura e tecnologias. Por outro lado, as inferências “d”, “e” e “f” expõem o estágio como um lugar onde o estudante é ensinado a executar tarefas, sem a necessária articulação com outros tipos de conhecimentos, bem como um período relativo ao cumprimento de determinada etapa do curso técnico, desprovido de uma reflexão que o leve a pensar sobre o mundo do trabalho. Dessa forma, elucidamos que as dissertações do ProfEPT, ao abordarem tais problemáticas, alcançaram um significativo discurso de combate à educação fragmentada. Ora, se o sentido ontológico do trabalho e a noção do estudante crítico, aliado ao seu desenvolvimento omnilateral, são também o cerne da perspectiva de estágio levantada pelos autores das dissertações aqui analisadas, é importante destacar 21
também a contradição entre o que se espera e o que se . Nesse caso, os excertos da categoria 2 permitem criticar o fenômeno em questão por meio da presença do fator de anulação do outro. Isto é, a formação integral, dentro do espaço do estágio, pode alcançar êxito quando seus pressupostos se sobressaírem aos da formação unilateral, isto é, quando essa for superada. Na direção desse horizonte é que propomos outra denominação para o estágio profissional de nível médio, qual seja: o estágio educativo-profissional , sobretudo para marcar o lugar do princípio educativo do trabalho. Trata-se de uma nomenclatura que, na sua essência, alerta para que o estágio não se prenda apenas à instrumentalização de uma futura profissão, mas busque a indissociabilidade desta com as inúmeras outras dimensões com as quais os sujeitos poderão se integrar. A categoria 2 revela ainda que os contextos dos estudos realizados são semelhantes quando colhemos as problemáticas por eles salientadas. Tal compreensão demonstra que os desafios, entraves, barreiras, contestações e inquietações são fatores estruturais radicados em um conjunto sistemático que impede avanços não apenas no estágio, mas na EPT como um todo. Diante disso, a categoria em questão nos leva a refletir sobre os problemas mais complexos que englobam a relação trabalho e educação. Considerações finais Este artigo analisou as perspectivas de estágio profissional de nível médio expressas e problematizadas nas pesquisas desenvolvidas no mestrado ProfEPT, entre os anos de 2019 e 2023. Para tanto, o texto evidenciou a relevância das dimensões trabalho e educação integral no referido campo de análise. De modo geral, o constructo teórico-metodológico sistematizou duas categorias de discussão: a) O estágio curricular na EPT de nível médio: problematizações acerca das deliberações oficiais e do funcionamento lacunar do estágio nas instituições; b) Estágio profissional x estágio educativo-profissional: perspectivas de problematização para a formação integral. Nessas, as constatações alcançadas demonstraram que as dissertações do ProfEPT discutiram as perspectivas de estágio sob o viés da implementação curricular do estágio de nível 22
médio nas instituições, bem como em referência ao sentido educativo presente na sua efetivação. Diante disso, as perspectivas de estágio profissional expressas e problematizadas no corpus de análise deste artigo criticaram a formação unilateral dos estudantes, em detrimento da formação integral. Essa, no decorrer do nosso referencial teórico, foi exposta a partir da substancialidade do trabalho como princípio educativo e da superação da educação fragmentada. Por essa razão, na construção deste texto propusemos a nomenclatura de Estágio Educativo-Profissional, a fim de salientar a indissociabilidade entre o mundo do trabalho e a educação. Dessa forma, acreditamos que este artigo pode (e deve) fomentar novas discussões, e uma delas poderia girar em torno da questão: como o estágio educativo-profissional conseguiria suster características concretas para desenvolver a formação integral na EPT de nível médio? A partir disso, vislumbramos novas trajetórias de pesquisas que possam alcançar resultados satisfatórios para futuras publicações e outras reflexões significativas. Referências ANTUNES, Ricardo. Os sentidos do trabalho : ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2020. BRASIL. Lei n.º 11.788 , de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o estágio de estudantes; altera a redação do art. 428 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11788.htm. Acesso em 10 de março de 2024. BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo . São Paulo: Edições 70, 2016. CIAVATTA, Maria. Ensino Integrado, a Politecnia e a Educação Omnilateral: por que lutamos? Revista Trabalho & Educação , [ S. l .], v. 23, n. 1, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/trabedu/article/view/9303. Acesso em 11 março de 2024. ENGELS, Friederich. Sobre o papel do trabalho na transformação do macaco em homem . 3. ed. São Paulo: Global, 1986. FRIGOTTO, Gaudêncio. Teoria e práxis e o antagonismo entre a formação politécnica e as relações sociais capitalistas. Revista Trab. Educ. Saúde , Rio de 23
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