Em recrudescimento desde o final dos anos 1980 (Cano, 2012), a exportação
de commodities, que era de 50% em 1994, atingiu 64,6% em 2010 (ApexBrasil,
2011). Em 2017, contudo, o país registrou 62,8% de exportações de produtos
primários, segundo a United Nations Conference on Trade and Development
(Unctad), caracterizando o Brasil como dependente desse mercado.
Esse processo reverberou na movimentação do mercado de trabalho de baixo
agregado tecnológico, com qualificações medianas, determinado pelo investimento
adotado pelas empresas (Maciente, 2013). Logo, as ocupações foram voltadas para
atividades menos complexas, conforme explica Saboia (2009). Isso ocorre porque o
mercado brasileiro exerce pouca pressão por força de trabalho de média e alta
qualificação tecnocientífica, devido à manutenção de atividades tecnicamente
arcaicas e de baixa produtividade, como sublinha Saboia.
Conforme indicado na tabela de ocupações, embora atividades mais
complexas, como os grandes grupos 2 (GG2) e 3 (GG3) (respectivamente
ocupações que requerem domínio do ensino superior e técnico), tenham
apresentado um avanço absoluto, elas recuaram em termos de representatividade
no total geral.
A apresentação desse quadro ocorreu através de quatro capítulos. O primeiro
expõe as motivações da pesquisa e os cenários identificados de forma preliminar. A
questão central da pesquisa, foi entender por que a melhoria nos indicadores
educacionais não se traduz em melhores postos de trabalho, especialmente para os
jovens concluintes da educação básica.
No segundo capítulo, investigou-se a formação do Estado brasileiro e os
mecanismos que levaram ao desenvolvimento de uma indústria subdesenvolvida
(FURTADO, 2005). A constituição do Brasil visava atender à exploração de produtos
primários destinados ao mercado europeu e, por isso, não demandava alta
qualificação nem níveis complexos de conhecimento na produção (Prado JR, 1981).
Esse modelo agressivo, de aperfeiçoamento técnico praticamente inexistente
até o início do século XIX, conduziu a um desenvolvimento econômico mais
quantitativo do que qualitativo (Holanda, 1995). Nem mesmo a independência da
metrópole visou romper com a estrutura colonial nos termos da revolução burguesa
europeia (Fernandes, 1976). A ruptura do pacto colonial permitiu constituir uma nova
ordem social e trouxe a autonomia que as elites nativas necessitavam.