V.22,
nº
49
-
2024
(setembro-dezembro)
ISSN:
1808-799
X
MULHERES
E
EXTENSÃO
RURAL:
UM
CONSERVADORISMO
SILENCIOSO
1
José
Carlos
do
Amaral
Junior
2
Resumo
Esse
artigo
apresenta
uma
análise
bibliográfico-documental
sobre
as
ações
com
mulheres
na
extensão
rural
brasileira,
por
meio
de
uma
síntese
histórica.
Foi
possível
perceber
três
elementos
centrais
que
marcam
essas
ações:
a
incoerência
do
discurso
da
invisibilidade
do
trabalho
feminino,
a
ausência
do
gênero
enquanto
categoria
analítica
e
a
centralidade
nociva
do
produtivismo.
Assim,
reforçam
que
a
extensão
rural
ainda
concentra
seus
esforços
no
trabalho
com
mulheres,
tendo
referência
nas
práticas
conservadoras
do
passado,
encontrando
no
empoderamento
e
na
geração
de
renda
instrumentais
neutros
adequados
para
perpetuar
uma
abordagem
individualista
e
micro.
Palavra-chave
:
Mulheres;
Extensão
Rural;
Políticas
públicas;
Campo.
MUJERES
Y
EXTENSIÓN
RURAL:
UN
CONSERVADURISMO
SILENCIOSO
Resumen
Este
artículo
presenta
un
análisis
bibliográfico-documental
de
acciones
que
involucran
a
mujeres
en
la
extensión
rural
brasileña,
a
través
de
una
síntesis
histórica.
Fue
posible
percibir
tres
elementos
centrales
que
marcan
estas
acciones:
la
incoherencia
del
discurso
sobre
la
invisibilidad
del
trabajo
femenino,
la
ausencia
del
género
como
categoría
analítica
y
la
nociva
centralidad
del
productivismo.
Así,
refuerzan
que
la
extensión
rural
aún
centra
sus
esfuerzos
en
trabajar
con
mujeres
con
referencia
a
las
prácticas
conservadoras
del
pasado,
encontrando
en
el
empoderamiento
y
la
generación
de
ingresos
instrumentos
neutrales
adecuados
para
perpetuar
un
enfoque
individualista
y
micro.
Palabras
clave:
Mujeres;
Extensión
rural;
Políticas
públicas;
Campo.
WOMEN
AND
RURAL
EXTENSION:
A
SILENT
CONSERVATISM
Abstract
This
article
presents
a
bibliographic-documentary
analysis
of
actions
involving
women
in
Brazilian
rural
extension,
through
a
historical
synthesis.
It
was
possible
to
perceive
three
central
elements
that
mark
these
actions:
the
incoherence
of
the
discourse
on
the
invisibility
of
female
work,
the
absence
of
gender
as
an
analytical
category
and
the
harmful
centrality
of
productivism.
Thus,
they
reinforce
that
rural
extension
still
focuses
its
efforts
on
working
with
women
with
reference
to
the
conservative
practices
of
the
past,
finding
in
empowerment
and
income
generation
neutral
instruments
suitable
for
perpetuating
an
individualistic
and
micro
approach.
Keywords:
Women;
Rural
extension;
Public
policy;
Field.
2
Doutor
em
Memória:
Linguagem
e
Sociedade
pela
Universidade
Estadual
do
Sudoeste
da
Bahia
(UESB)
-
Brasil.
Profissional
de
Extensão
Rural
do
Instituto
de
Desenvolvimento
Rural
do
Paraná
IAPAR-EMATER
(IDR-Paraná)
-
Brasil.
E-mail:
jcamaral1987@gmail.com
.
Lattes:
http://lattes.cnpq.br/0581277589084312
.
ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-9983-4181
.
1
Artigo
recebido
em
29/05/2024.
Primeira
Avaliação
em
26/09/2024.
Segunda
Avaliação
em
11/10/2024.
Aprovado
em
09/11/2024.
Publicado
em
05/12/2024.
DOI:
https://doi.org/10.22409/tn.v22i49.63142
.
1
Apresentação
Esse
artigo
apresenta
uma
discussão
acerca
da
abordagem
das
mulheres
pela
extensão
rural,
enfatizando
como
a
tendência
atual
em
pensar
e
executar
ações
com
esse
recorte
de
público,
longe
de
promover
uma
reflexão
da
desconstrução
das
desigualdades
de
gênero,
reforça
uma
percepção
funcionalista
e
limitada
dos
papéis
femininos.
Hoje
as
mulheres
têm
aparecido
como
público
de
diversas
ações
de
extensão
rural,
o
que
pode
ser
facilmente
verificado
nas
notícias
divulgadas
pelas
agências
públicas
de
extensão
rural,
demonstrando
um
interesse
aparentemente
crescente
em
promover
projetos
com
esse
público.
A
linha
narrativa
da
maior
parte
desses
projetos
segue
uma
estrutura
comum:
destacar
a
invisibilidade
da
mulher
do
campo,
reforçando
a
sua
centralidade
para
a
dinâmica
familiar
e
para
a
produção
agrícola,
uma
espécie
de
reposicionamento
contextual
na
leitura
da
família
rural,
ideia
quase
sempre
apresentada
como
vanguarda
no
pensamento
“social”
acerca
desse
objeto.
A
extensão
rural
é
uma
política
pública
implementada
no
Brasil
a
partir
de
1948,
por
meio
de
uma
parceria
público-privada
entre
o
Governo
Estadual
de
Minas
Gerais
e
a
Fundação
Rockfeller,
formato
que
rapidamente
se
espalhou
por
todos
os
estados
(Fonseca,
1985).
Inspirando-se
no
modelo
já
conhecido
nos
EUA
–
aqui
fazendo
algumas
adaptações
grosseiras
e
simplista,
como
a
estreita
vinculação
com
o
crédito
supervisionado
e
a
distância
das
instituições
de
ensino
e
pesquisa
–
a
extensão
rural
brasileira
foi
desenhada
pensando
no
formato
estadunidense
de
sucesso,
em
que
uma
equipe
profissional
se
deslocava
até
as
áreas
rurais
para
promover
ações
de
educação
não
formal
aos
sujeitos
do
campo
(Peixoto,
2008).
Grosso
modo,
a
extensão
rural
pode
ser
definida
como
uma
política
de
educação
não
formal
para
o
campo,
supostamente
pensada
para
abranger
a
vida
rural
de
forma
holística
e
interdisciplinar
(Peixoto,
2008).
Popularizada
com
o
lema
“um
agrônomo,
uma
professora
e
um
jipe”,
se
tornou
rapidamente
uma
política
pública
com
investimentos
expressivos
do
Estado,
sobretudo
sob
o
pretenso
discurso
de
levar
desenvolvimento
ao
campo,
considerado,
à
época,
arcaico
e
atrasado,
produtiva
e
culturalmente
(Fonseca,
1985).
Esse
discurso
do
atraso,
importante
destacar,
foi
impulsionado
pelas
missões
rurais
e
pelos
“diagnósticos”
2
que
se
fizeram
comuns
no
país
nos
anos
1930-1940,
que
construíram
uma
imagem
do
Brasil
como
tipicamente
rural
e
feudal
3
,
com
obstáculos
a
serem
superados
para
se
alcançar
o
progresso
cujo
modelo
estadunidense
era
norteador
(Silva,
2014).
A
extensão
rural,
portanto,
é
uma
política
pública
pensada
para
promover
o
“desenvolvimento
rural
brasileiro”,
estando
inicialmente
ligada
a
um
modelo
mais
genérico
de
educação
não
formal,
mas
se
convertendo
posteriormente
a
um
paradigma
mais
produtivista,
sobretudo
com
a
influência
da
Revolução
Verde
4
nos
anos
1960-1970.
Como
demonstra
Rodrigues
(1997),
essa
fase
produtivista
da
extensão
rural
brasileira
passou
também
a
ser
questionada
a
partir
dos
anos
1980,
corroborando
para
uma
leitura
que
se
propõe
crítica
sobre
a
ATER
5
e
que
se
estende
até
os
dias
atuais
–
reconstrução
que
acabou
reverberando
também
no
redesenho
das
ações
com
públicos
especiais,
como
é
o
caso
das
mulheres.
No
cenário
da
redemocratização
dos
anos
1980,
acompanhando
o
avanço
neoliberal
que
se
sucedeu
no
Brasil
nos
anos
1990,
a
extensão
rural
viu
ser
questionada,
de
uma
só
vez,
a
legitimidade
social
de
seu
modelo
produtivista
de
outrora
e
a
força
de
seu
formato
nacional
centralizado,
o
que
significou,
a
um
só
tempo,
a
necessidade
latente
de
se
pensar
enquanto
política
pública
e
reestruturar
suas
ações
na
realidade
dos
estados.
Uma
perspectiva
legalista-formal
pode
levar
à
interpretação
errônea
de
que
a
extensão
rural
encontrou
nos
anos
1990-2000
um
novo
fôlego
em
torno
da
agricultura
familiar,
inclusive
consolidando
a
Política
Nacional
de
Assistência
Técnica
e
Extensão
Rural
(PNATER)
6
.
Ou
seja,
que
nas
primeiras
décadas
do
século
XXI,
o
debate
nesse
contexto
fez
as
agências
de
extensão
rural
ressignificarem
as
suas
práticas
e
diversificarem
os
seus
públicos.
No
6
Lei
nº
12.188
de
11
de
janeiro
de
2010.
5
Assistência
Técnica
e
Extensão
Rural,
sigla
também
comumente
utilizada
para
designar
a
extensão
rural.
4
A
Revolução
Verde
foi,
nas
palavras
de
Andrades
e
Ganimi
(2007),
um
contexto
sócio-histórico
marcado
por
pacotes
tecnológicos
e
transferências
de
tecnologia
ligados
a
grandes
grupos
da
produção
capitalista
agrícola,
cujo
impulso
era
homogeneizar
a
produção
dos
países
periféricos
ao
ponto
de
que
se
formasse
um
mercado
consumidor
para
insumos,
maquinários
e
demais
tecnologias
oriundas
dos
países
centrais
da
produção
capitalista.
Nesse
contexto,
os
EUA
passaram
a
fomentar
diversos
acordos
de
cooperação
e
ações
para
possibilitar
a
expansão
de
seus
interesses
comerciais
na
área
como,
por
exemplo,
o
que
pode
ser
notado
com
o
Grupo
Rockefeller.
3
Sabe-se
hoje
que
a
tese
do
feudalismo
brasileiro
foi
recusada
pelos
principais
estudiosos
da
sociologia
rural,
embora
ela
tenha
sido
muito
influente
na
primeira
metade
do
século
XX,
como
argumenta
Frank
(2012).
Segundo
esse
autor,
nomes
como
Octavio
Brandão
e
os
pensadores
do
Partido
Comunista
Brasileiro
(PCB),
endossavam
a
tese
de
existência
de
um
modo
de
produção
feudal
no
Brasil,
o
que
justificaria
as
dificuldades
de
transição
para
o
desenvolvimento
nos
moldes
do
capitalismo.
3
entanto,
essa
perspectiva
esconde
o
oportunismo
de
uma
prática
socialmente
deslegitimada
e
com
financiamento
público
comprometido
7
,
o
que
explica
em
grande
parte
esse
aparente
redesenho
da
extensão
rural
brasileira
e
tentativa
de
se
extirpar
de
seu
paradigma
anterior.
As
mulheres
passaram
a
ser
novamente
abordadas
enquanto
público
da
extensão
rural
nesse
contexto
de
reordenamento
teórico-metodológico
das
práticas
extensionistas
(Amaral
Junior,
2020a),
corroborando
com
a
diversificação
de
público
prevista
na
PNATER
(Brasil,
2010)
e
em
sintonia
com
o
ressurgimento
das
agendas
em
torno
das
questões
de
gênero.
Foi
nesse
novo
cenário
que
a
pluralidade
de
sujeitos
sociais
do
campo
passou
a
ganhar
visibilidade
nos
discursos
e
ações,
impulsionados
pelo
redesenho
da
Política
de
Extensão
Rural,
mas
cuja
prática
não
fez
mais
do
que
seccionar
um
público
historicamente
já
trabalhado
de
maneira
muito
conservadora
e
produtivista
(Amaral
Junior,
2020a).
Mais
recentemente,
em
que
as
questões
em
torno
da
categoria
gênero
passaram
a
figurar
em
lugar
mais
destacado
no
debate
e
nas
políticas
públicas,
essa
fragmentação
do
público
da
extensão
rural
passou
a
aparecer
de
forma
mais
contundente,
sendo
fator
de
impacto
positivo
na
legitimidade
e
compromisso
social
das
agências
públicas
de
extensão.
Além
disso,
em
sintonia
com
o
cenário
mais
global,
em
que
o
financiamento
de
projetos
que
tenham
como
público-alvo
as
mulheres
passa
a
ser
prioritário
e
incentivado,
esse
recorte
de
público
se
consolidou
também
como
possibilidade
de
duplo
reforço
no
eixo
marketing
social/captação
de
recursos,
colaborando
com
o
oportunismo
a
que
se
refere
Dias
(2007a;
2007b).
Nesse
cenário
de
“reaparecimento
positivo”
das
mulheres
enquanto
público
da
extensão
rural,
alguns
elementos
chamam
a
atenção:
a
abordagem
a-histórica
da
relação
mulheres-extensão
rural,
que
esconde
o
sentido
funcionalista
atribuído
historicamente
por
essa
política
ao
“ser
mulher”
e
que
não
fomenta
o
debate
acerca
das
rupturas
e
continuidades
com
o
passado;
em
decorrência
disso,
a
prevalência
de
um
projeto
de
educação
rural
doméstica
atrelada
à
extensão
rural
pública;
o
distanciamento
da
discussão
sobre
as
mulheres
da
categoria
gênero,
plasmando
uma
abordagem
acrítica
e
puramente
focada
na
fragmentação
de
público;
e
a
continuidade
do
produtivismo,
direta
e
indiretamente,
vinculando
as
mulheres
rurais
ao
reprodutivismo
da
divisão
sexual
do
trabalho
em
uma
perspectiva
conservadora.
7
Sobre
essas
questões,
ver
Dias
(2007a),
e
Sepulcri
e
Paula
(2008).
4
É
sobre
esses
elementos
que
esse
artigo
irá
se
debruçar
para
demonstrar,
por
meio
de
um
levantamento
bibliográfico-documental,
que
a
abordagem
da
extensão
rural
sobre
as
mulheres,
na
atualidade,
não
parece
romper
com
as
heranças
do
passado,
mas
reproduzir
sua
visão
conservadora
e
opressora.
Metodologicamente
esse
artigo
foi
elaborado
no
formato
de
uma
análise
que
tem
como
fio
condutor
a
reconstrução
histórica
da
extensão
rural,
utilizando
como
base
estudos
já
elaborados
da
área,
e
as
inferências
possíveis
a
partir
deles,
bem
como,
a
título
de
fonte
primária,
matérias
pesquisadas
em
sites
de
agências
públicas
de
extensão
8
,
que
serviram
como
contraponto
teórico-metodológico,
uma
vez
que
o
teor
de
detalhamento
dos
projetos
e
ações
disponibilizados
pela
agências
não
é
o
suficiente
para
uma
análise
mais
adensada.
Inclusive,
essa
tem
sido
uma
limitação
comum
nos
estudos
sobre
a
extensão
rural:
a
falta
de
material
de
domínio
público
para
análise,
publicizados
de
forma
completa
e
estruturada,
visto
que
o
que
se
tem
usualmente
disponível
na
área
são
estudos
descritivos
contextuais
publicados
por
extensionistas
–
que
não
auxiliam,
por
exemplo,
no
entendimento
dos
projetos
temáticos
–
e
notícias
e
matérias
vinculadas
à
mídia
local,
regional
e
nacional
cujo
nível
de
recorte
e
seleção
de
elementos
é
demasiadamente
fragmentário
e
propagandista.
Por
isso,
optou-se
por
usar
a
análise
geral
das
matérias
levantadas
como
elementos
de
contraponto
à
análise
histórica
e
inferências
elaboradas.
As
mulheres
sempre
estiveram
lá:
a
incoerência
da
“invisibilidade”
na
extensão
rural
O
primeiro
elemento
que
gostaríamos
de
destacar
é
a
incoerência
histórica
dos
projetos
atuais
9
em
se
estruturarem
em
torno
da
pretensa
“invisibilidade”
da
9
Foram
identificados
nas
notícias
pesquisadas
dois
projetos
mais
centrais
nas
duas
agências
de
extensão:
Mulheres
do
Café,
do
IDR-Paraná,
e
do
projeto
Elas
no
Campo
e
na
Pesca,
do
Incaper.
Além
disso,
pode-se
observar
um
número
expressivo
de
notícias
e
matérias
vinculadas
à
agroindústria,
semanas
temáticas
(por
exemplo,
da
Mulher
Rural)
e
ações
focalizadas
em
público
em
situação
de
pobreza
e
vulnerabilidade.
Há,
em
menor
número,
a
ocorrência
de
ações
e
eventos
8
Toma-se
como
suporte
analítico
um
conjunto
de
notícias
vinculadas
pelo
IDR-Paraná
e
pelo
Incaper
em
suas
páginas
oficiais,
tendo
como
disparador
os
descritivos
“mulher”,
“mulher
rural”,
“mulheres”,
“mulheres
rurais”,
“gênero”
e
“feminino”
em
matérias
publicadas
nos
últimos
cinco
anos
(período
2019-2024).
Esse
conjunto
de
notícias
serviu
metodologicamente
como
um
norteador
para
a
construção
da
análise
bibliográfico-documental,
contrapondo-se
à
leitura
histórica
desenvolvida
sobre
o
trabalho
com
mulheres
na
extensão
rural
brasileira.
Por
isso
as
notícias
não
foram
sistematizadas
e
classificadas
como
em
uma
análise
de
discurso
e/ou
conteúdo
clássica,
por
entender
que
seu
uso
é
na
mediação
do
debate.
5
mulher
do
campo.
Esse
elemento,
importante
destacar,
não
é
necessariamente
novo
no
debate
intelectual
e
nos
movimentos
sociais,
tendo
sido
levantado
principalmente
após
a
2ª
onda
do
feminismo
em
que
o
trabalho
“reprodutivo”
feminino
era
problematizado
à
luz
da
sociedade
capitalista,
reivindicando
leituras
que
considerassem
o
imenso
volume
de
trabalho
feminino
envolvido
no
cuidado
com
a
prole,
a
casa,
os
idosos
e
os
enfermos,
quase
sempre
considerado
como
não-trabalho.
Esse
debate
está
muito
bem
fundamentado,
por
exemplo,
em
obras
como
“A
dona-de-casa:
crítica
política
da
economia
doméstica”
de
Duran
(1983)
e
artigos
como
o
de
Hirata
e
Kergoat
(2007),
tendo
sido
intenso
e
robusto
nos
anos
1970-1980.
Em
síntese,
a
maior
parte
desse
debate
está
centrado
na
importância
do
trabalho
feminino
para
a
produção
social,
destacando
que
na
sociedade
capitalista
o
trabalho
da
mulher
é
estratégico
e
imprescindível,
embora
ideologicamente
subjugado
a
um
lugar
de
menor
valor
e
desprezo,
o
que
justificaria
as
teses
da
“invisibilidade”.
Elementos
dessa
discussão
podem
ser
vistos
também
em
literatura
clássica
do
século
XIX,
como
em
“A
origem
da
família,
da
propriedade
privada
e
do
Estado”
de
Engels
(2019),
que
atrela
o
“lugar
social
da
mulher”
com
o
modo
de
produção
capitalista
e
a
forma
de
divisão
sexual
do
trabalho
que
promove.
Esse
debate
tem
sido
atualmente
sintetizado
pela
extensão
rural
em
torno
da
abordagem
da
“mulher
invisível
no
campo”,
como
uma
espécie
de
reafirmação
das
discussões
das
décadas
passadas.
Não
há
discordância
sobre
como
essa
discussão,
sobretudo
pelas
intensas
formulações
do
movimento
feminista,
foi
importante
contribuição
para
que
o
trabalho
doméstico
fosse
valorizado
e
entendido
na
totalidade
das
relações
sociais,
assumindo
publicamente
uma
forma
mais
complexa
que
correspondesse
ao
seu
real
peso
e
importância
na
divisão
social
do
trabalho.
O
que
parece
contraditório
ao
acionar
esse
elemento
é
a
evidência
histórica
de
que
a
extensão
rural
sempre
percebeu
e
reconheceu
o
trabalho
doméstico
feminino
como
importante
para
a
produção
capitalista,
reforçando,
no
entanto,
a
perspectiva
funcionalista
que
naturaliza
o
doméstico
como
sinônimo
de
mulher,
e
reiterava
as
funções
femininas
como
acessórias,
complementares
e
anexas
ao
mundo
produtivo.
Nunca
esteve
em
jogo
para
a
extensão
rural
a
invisibilidade
do
trabalho
feminino,
mas
sim
o
reforço
pouco
definidos,
muitas
vezes
na
linha
de
empoderamento,
autoestima
e/ou
parceria
com
outras
instituições
e
secretarias.
6
ideológico
de
sua
naturalização
e
desvalorização.
Amaral
Junior
(2020)
descreve
os
elementos
desse
fenômeno:
desde
seu
modelo
de
implementação,
a
prática
extensionista
reproduzia
os
fundamentos
funcionalistas
da
divisão
sexual
do
trabalho,
em
que
os
homens
eram
naturalizados
no
espaço
da
produção
–
lavouras,
currais
etc.
–
e
as
mulheres
no
espaço
doméstico
e
seus
anexos
–
casa,
hortas
e
pomares.
Não
é
ocasional
que
o
modelo
clássico
da
equipe
extensionista
estivesse
baseado
em
uma
equipe
paritária,
em
que
o
homem,
técnico
agrícola
ou
agrônomo
lidava
com
outros
homens
na
esfera
produtiva,
e
a
mulher,
técnica
em
economia
doméstica
ou
economista
doméstica,
lidava
com
outras
mulheres
na
esfera
doméstica
(Fonseca,
1985;
Pinheiro,
2016).
Ao
utilizar
o
discurso
de
que
as
ações
atuais
com
mulheres
são
para
“superar
a
invisibilidade
do
seu
trabalho
no
campo”,
se
abrem
dois
paradoxos
em
torno
da
questão
da
invisibilidade:
primeiro,
ao
se
referir
ao
trabalho
doméstico
invisível,
a
extensão
rural
não
só
sempre
o
reconheceu,
como
historicamente
estabeleceu
projetos
específicos
de
educação
rural
doméstica
para
fortalecer
e
normatizar
esse
trabalho
como
espaço
vocacional
feminino,
o
que
está
bem
descrito
em
Amaral
Júnior
(2020),
Pinheiro
(2016)
e
Rodrigues
(1997).
Educar
para
o
doméstico
era
premissa
basilar
da
extensão
rural
humanista
assistencialista
dos
anos
1950-1960,
fundamento
também
da
própria
prática
da
Economia
Doméstica,
em
larga
escala
incentivada
e
popularizada
pela
extensão
rural
brasileira
(Amaral
Junior,
2020a).
Está
demonstrado
também
neste
trabalho
como
a
extensão
rural
e
seu
projeto
de
educação
rural
doméstica
deram
fôlego
e
espaço
para
a
premissa
higienista-eugenista
da
Home
Economics
estadunidense,
que
encontrou
cenário
perfeito
na
leitura
desenvolvimentista
do
atraso
do
campo
brasileiro
para
prosperar
–
contexto
geral
em
que
a
política
pública
de
ATER
foi
implementada
no
país.
Em
sua
base
histórica
e
premissa
de
educação
rural
doméstica,
a
extensão
rural
aborda
a
mulher
como
sinônimo
de
doméstico,
substituindo
o
viés
da
visibilidade
pelo
discurso
ideológico
da
aceitação:
o
trabalho
doméstico
feminino
é
visto
e
aceito
como
ocorrência
natural.
O
que
esteve
historicamente
em
jogo
sempre
foi
o
seu
subjugo
à
produção,
seu
desvalor
–
embora
ainda
assim
a
extensão
rural
tenha
historicamente
promovido
um
discurso
do
doméstico
como
importante
para
alcançar
o
desenvolvimento,
visto
que
os
hábitos
e
costumes
vistos
como
atrasados
foram
7
por
muito
tempo
considerados
entraves,
como
explicita
Fonseca
(1985),
Lopes
(1995)
e
Amaral
Junior
(2020a).
Em
segundo
lugar,
quando
a
invisibilidade
está
dissociada
do
doméstico,
embora
a
intencionalidade
esteja
dotada
de
sentido
crítico,
a
finalidade
da
análise
se
perde
no
produtivismo.
Aqui
está
em
questão
o
trabalho
feminino
“não
computado”
na
esfera
produtiva,
ou
quando
muito
considerado
“ajuda”
ou
“apêndice”
do
trabalho
masculino.
Algumas
das
notícias
veiculadas
pelas
agências
de
extensão
pesquisadas
destacam
esse
caráter,
validando
a
importância
do
trabalho
feminino,
por
exemplo,
na
seleção
de
grãos
especiais
(como
cafés),
em
cadeias
produtivas
específicas
(como
o
leite)
e
na
produção
agroindustrial.
Se
de
um
lado,
“dar
visibilidade”
ao
trabalho
das
mulheres
nesse
contexto
é
importante
para
reforçar
também
seu
lugar
de
agricultora
detentora
de
direitos
e
reconhecimento
social
10
,
por
outro
lado
as
análises
deixam
escapar
a
produção
agrícola
transmutada
em
prolongamentos
do
doméstico
–
o
que
justifica
as
mulheres
sendo
associadas
sempre
às
atividades
de
higienização,
organização,
processamento
de
alimentos
etc.
Em
resumo,
aquela
antiga
leitura
dos
anexos
domésticos
como
responsabilidade
da
mulher
(como
hortas,
galinheiros
e
pequenos
pomares)
11
,
foi
ampliada
sem
romper
com
paradigmas
de
gênero,
incluindo
as
mulheres
em
uma
variedade
de
processos
produtivos,
todos
ligados
ao
senso
comum
de
que
a
elas
cabe
a
função
de
limpar,
cozinhar,
organizar,
preparar,
selecionar
12
.
Além
disso,
cooptada
pelo
produtivismo
e
leitura
acrítica,
essa
análise
contribui
para
ampliar
os
cenários
de
dupla
e
tripla
jornada
feminina
–
que
será
abordado
mais
adiante.
O
fio
condutor
da
invisibilidade,
portanto,
ao
abordar
as
mulheres
do
campo,
não
parece
fazer
mais
do
que
tornar
a
sua
situação
visível
sem
resultar
em
ações
para
superar
a
sobrecarga
doméstica
e
a
opressão
feminina,
muitas
vezes
não
ultrapassando
o
binômio
empoderamento-reconhecimento.
O
tom
festivo
dos
eventos
promovidos,
as
ações
demasiadamente
focadas
em
aspectos
12
Premissa
basilar
também
da
Economia
Doméstica,
que
se
estruturou
historicamente
em
torno
da
cientificação
da
vida
cotidiana
e
das
atribuições
domésticas
femininas,
como
cuidar
e
educar
(desenvolvimento
humano),
morar
(habitação
e
planejamento
de
interiores),
comer
(alimentação
e
nutrição),
vestir
(vestuário
e
têxteis)
e
economizar
(economia
familiar)
(AMARAL
JUNIOR
2020a).
11
Sobre
isso
ver
Rodrigues
(1997)
e
a
descrição
da
educação
rural
doméstica
na
extensão
humanista
assistencialista.
Também
Pinheiro
(2016)
e
seu
detalhamento
sobre
o
projeto
doméstico
da
extensão
rural.
10
Como,
por
exemplo,
para
reforçar
seu
direito
de
aposentadoria
como
segurada
especial,
na
condição
de
agricultora
familiar.
8
afetivos-emocionais
13
e
a
pouca
versatilidade
dos
projetos
e
ações
–
que,
quando
muito,
acrescentam
exclusivamente
objetivos
de
geração
de
renda
–
reverbera
essa
intencionalidade:
a
de
não
dizer
e
fazer
mais
do
que
está
dito
e
posto.
Em
Amaral
Junior
(2020b)
está
bem
descrito
que
o
projeto
humanista
crítico
da
extensão
rural
pós-1980
14
não
logrou
êxito,
perpassando
a
diversificação
de
públicos
sem
alterar
substancialmente
com
as
suas
heranças
históricas.
Aqui,
ao
que
tudo
indica,
a
invisibilidade
da
mulher
não
parece
mais
do
que
um
subterfúgio
discursivo.
Se
por
um
lado
a
invisibilidade
do
trabalho
feminino
na
extensão
rural
se
move
ora
pelo
campo
nebuloso
de
sua
prática
conservadora
do
passado,
ora
pelo
terreno
de
sua
abordagem
pouco
crítica,
o
trabalho
com
mulheres
na
ATER
atual
parece
ainda
mais
pasteurizado
ao
considerarmos
a
completa
ausência
da
categoria
gênero
em
seu
planejamento.
Sobre
isso,
dedicamos
a
seção
seguinte.
Sem
gênero,
sem
raça,
sem
classe
O
segundo
elemento
que
as
nossas
análises
apontam
sobre
a
abordagem
atual
das
mulheres
pela
extensão
rural
é
a
ausência
da
categoria
gênero.
Aqui,
entendendo
o
gênero
como
uma
categoria
analítica
histórica,
conforme
proposto
por
Scott
(2011),
fundamental
para
entendermos
o
processo
de
divisão
sexual
do
trabalho,
a
opressão
feminina,
a
consolidação
do
patriarcado
e
a
objetividade
das
diversas
formas
de
opressão
da
mulher.
O
gênero,
como
argumenta
a
autora,
auxilia
na
construção
de
uma
abordagem
historiográfica
que
consiga
superar
o
viés
de
uma
sociedade
pautada
na
história
escrita
pelos
e
para
os
homens.
Nesse
sentido,
falar
de
mulheres
sem
falar
de
gênero
é
considerar
que
a
extensão
tem
tratado
as
mulheres
como
uma
categoria
abstrata,
idealizada,
fora
da
história
real.
A
trajetória
da
segmentação
de
públicos
na
extensão
rural
é
o
reflexo
do
funcionalismo
enraizado
em
seus
métodos,
em
que
mulheres,
homens
e
jovens
14
Esse
projeto
buscava
romper
com
os
elementos
do
produtivismo,
até
então
vigente
sob
forte
influência
da
Revolução
Verde.
Com
base
nas
críticas
e
na
concepção
pedagógica
de
Paulo
Freire,
buscava
reformular
a
prática
extensionista
para
uma
abordagem
mais
horizontalizada
e
dialógica,
focada
em
romper
com
o
aumento
do
superávit
e
respeitar
os
modos
de
vida
e
produção
locais
e
regionais.
13
Como,
por
exemplo,
a
prevalência
de
cursos
do
Programa
Mulher
Atual,
promovidos
pelo
Serviço
Nacional
de
Aprendizagem
Rural
(SENAR)
em
parceria
com
as
agências
de
ATER
pública,
cujo
escopo
é
massivamente
centrado
na
estratégia
de
empoderamento
e
modelagem
de
um
comportamento
“assertivo”
das
mulheres,
com
temas
como
autoconhecimento,
autoestima
e
empreendedorismo.
9
eram
separados
por
intencionalidades
imanentemente
práticas
(Amaral
Junior,
2020a).
Essa
segregação
de
públicos
pela
ATER
foi
mantida
e
reproduzida
historicamente
por
décadas,
até
ser
alinhada
com
pautas
e
agendas
mais
progressistas,
embora
delas
tenha
pouco
se
nutrido
15
.
É
o
que
está
demonstrado,
por
exemplo,
em
Amaral
Júnior
(2020b):
mulheres
e
jovens
reaparecem
na
extensão
pós-1980,
ora
como
apelo
de
uma
necessidade
de
diversificação
da
prática
extensionista,
ora
como
oportunismo
de
alinhamento
com
as
políticas
e
agendas
em
voga.
Mas
o
que
se
percebe,
no
geral,
é
que
não
se
trata
de
uma
abordagem
por
uma
perspectiva
analítica
da
categoria
gênero.
Os
projetos
específicos
para
mulheres
que
são
carros-chefes
das
agências
de
extensão
rural
16
são
claramente
formatados
longe
dessa
“polêmica
analítica”,
embora
paradoxalmente
manifestem
o
objetivo
de
incluir
e
visibilizar,
não
discorrem
sobre
os
motivos
que
levaram
à
exclusão
e
à
invisibilidade.
A
extensão
rural,
principalmente
aquela
parte
mais
voltada
a
“área
social”
17
,
se
estruturou
em
torno
de
um
método
deficitário
em
que
os
fins
estão
justificados
em
si
mesmos,
perdendo
de
vista
os
fenômenos
sociais
que
lhes
dão
origem
(Amaral
Junior,
2020c).
Essa
anomalia
metodológica
pode
explicar
em
partes
o
abandono
das
categorias
analíticas,
estruturando
as
ações
como
um
conjunto
de
medidas
técnico-operativas
neutras,
cuja
finalidade
última
seria
“resolver
e
mitigar”
problemas
decorrentes
do
próprio
metabolismo
social
18
.
Aqui,
o
abandono
da
categoria
gênero
resulta
no
mascaramento
de
que,
embora
se
apresente
hoje
como
parte
da
solução,
a
prática
extensionista
é
parte
do
problema.
Podemos
ir
além
e
afirmar
que
a
abordagem
das
mulheres
pela
extensão
rural
desfaz
por
completo
a
noção
de
“nó”
proposta
por
Saffioti
(2013),
em
que
a
categoria
gênero
não
pode
ser
compreendia
fora
de
sua
necessária
inter-relações
com
classe
e
raça/etnia.
Elas
também
não
possuem
classe
e
raça/etnia,
e
a
18
O
cenário
de
fundo
dessa
interpretação
é
uma
naturalização
da
questão
social,
como
se
a
opressão
de
gênero,
a
pobreza,
a
miséria,
as
vulnerabilidades
sociais,
dentre
outros
fenômenos
sociais
fossem
resultados
indesejados
da
vida
em
sociedade,
subprodutos
da
vida
social.
Essa
naturalização,
como
demonstra
Pastorini
(2010),
é
uma
leitura
comum
às
correntes
liberais
e
pós-modernas.
17
Essa
é
uma
abstração
genérica
utilizada
para
designar
a
parte
da
extensão
rural
não
voltada
diretamente
à
produção
agrícola,
embora
esteja
com
ela
intimamente
relacionada.
Abrange
hoje,
principalmente,
a
área
do
Serviço
Social
(assistentes
sociais
e
economistas
domésticos)
e
suas
práticas
de
intervenção.
16
Cite-se
como
exemplo,
novamente,
o
Mulheres
do
Café
(IDR-Paraná)
e
o
Elas
no
Campo
e
na
Pesca
(Incaper),
anteriormente
mencionados.
15
Sobre
isso,
ver
Dias
(2007a).
10
idealização
da
tratativa
das
mulheres
se
desfaz
de
qualquer
leitura
possível
que
interseccione
gênero
e
raça/etnia
com
o
recorte
de
classe.
A
mulher
agricultora
familiar,
ou
mulher
rural
como
genericamente
optam,
é
um
todo
pretensamente
homogêneo,
territorialmente
irrelevante,
esvaziada
enquanto
trabalhadora
e
mulher
do
campo
das
suas
particularidades
19
.
Se
a
ausência
da
categoria
gênero
faz
sombrear
os
problemas
da
sociedade
patriarcal
e
as
possibilidades
concretas
de
superá-los,
seu
esvaziamento
também
impossibilita
uma
intersecção
adequada
com
gênero
e
raça,
reforçando
projetos
e
ações
que
não
podem
mesmo
superar
os
limites
do
individualismo
liberal.
Por
isso,
reafirma-se,
a
maior
parte
das
ações
hoje
terminam
voltadas
ao
empoderamento
e
à
geração
de
renda,
porque
ali
se
mantém
o
microcosmo
apolítico
e
individualista
de
uma
leitura
das
mulheres
na
sociedade
atual
apartadas
do
gênero,
da
raça/etnia
e
da
classe
à
qual
pertencem.
O
empoderamento,
ressalta-se,
embora
não
seja
estratégia
exclusiva
da
extensão
rural
no
trabalho
voltado
às
mulheres,
reforça
e
facilita
uma
perspectiva
acrítica.
Conforme
demonstra
Siqueira
(2013),
o
discurso
do
empoderamento,
altamente
funcional
ao
neoliberalismo,
é
adotado
pelas
agências
multilaterais
e
por
diversos
segmentos
intelectuais,
sobretudo
para
individualizar
e
isolar
as
tratativas
com
as
expressões
da
questão
social.
No
trabalho
com
mulheres
da
extensão
rural
atual,
ele
é
instrumento
mais
do
que
adequado
e
eficiente
para
falar
das
mazelas
que
assolam
as
mulheres
–
como
a
sobrecarga
de
trabalho,
a
pobreza,
a
baixa
renda
e
o
adoecimento
psíquico
–
sem
reflexões
e
soluções
macrossocietárias.
O
gênero
sem
classe
e
raça/etnia,
como
aborda
Saffioti
(2013),
é
abstração
que
encontra
dificuldades
em
se
reverberar
na
concreticidade
da
sociedade
de
classes
atual.
Já
o
extremo
de
abordar
mulheres
sem
a
categoria
gênero,
não
é
muito
mais
que
mera
segmentação
de
público.
Por
último,
acompanhando
o
vazio
de
gênero
nas
abordagens
sobre
mulheres,
há
um
pretenso
familismo
20
,
que
tanto
ajuda
a
naturalizar
as
“funções
femininas”,
remetendo
à
educação
doméstica
do
passado,
quanto
reforça
uma
leitura
produtivista
da
mulher,
enquanto
inserida
em
uma
“unidade
produtiva”.
A
analogia
simplista
das
mulheres
enquanto
“uma
das
engrenagens”
de
uma
unidade
20
Sobre
isso,
ver
Castilho
e
Carloto
(2010).
19
Aqui
utilizamos
Pontes
(2016)
e
sua
valiosa
contribuição
de
mediação
enquanto
categoria
imprescindível
para
o
trabalho
social
e
a
leitura
da
concreticidade
das
relações
sociais.
Esvaziada
de
suas
particularidades,
segundo
o
autor,
o
trânsito
da
singularidade
para
a
totalidade
fica
comprometido,
fazendo
as
análises
sucumbir
ora
ao
situacionismo,
ora
à
totalização
genérica.
11
de
produção,
leva
ao
extremo
essa
leitura,
supostamente
deixada
no
passado
da
extensão
rural.
Sobre
isso,
tratamos
a
seguir.
No
centro,
ainda,
o
produtivismo
O
terceiro
elemento
que
a
análise
nos
permitiu
identificar
foi
que,
contrariando
os
discursos
oficializados,
a
atual
abordagem
de
mulheres
na
extensão
rural
tem
como
central
o
produtivismo.
Nesse
ponto,
é
importante
uma
breve
digressão.
Utilizando
a
classificação
proposta
por
Rodrigues
(1997),
a
extensão
rural
brasileira
passou
por
pelo
menos
três
modelos
históricos:
o
humanismo
assistencialista
(de
1948
até
o
fim
dos
anos
1960),
o
difusionismo
produtivista
(de
meados
de
1960
até
meados
dos
anos
1970)
e
o
humanismo
crítico
(dos
anos
1980
em
diante).
Nesses
momentos
históricos,
conforme
argumenta
o
autor,
as
mulheres
tiveram
lugar
bastante
demarcado
no
humanismo
assistencialista,
mas
ficaram
secundarizadas
e
negligenciadas
no
modelo
produtivista.
O
motivo,
explica
o
autor,
é
o
deslocamento
do
objeto
da
prática
extensionista,
que
passou
a
ser
o
aumento
da
produção,
abandonando
a
perspectiva
moralista-educativa
do
primeiro
modelo,
para
o
qual
fazia
sentido
um
projeto
de
educação
rural
doméstica
destinado
ao
público
feminino,
como
já
retratado.
Por
sua
vez,
com
o
esgotamento
do
produtivismo
nos
anos
1970,
e
recebendo
críticas
ao
modelo
vigente
–
como
aquelas
feitas
por
Paulo
Freire
(2018)
–
a
extensão
rural
tentou
consolidar
uma
nova
proposta,
identificada
por
Rodrigues
(1997)
como
humanismo
crítico,
que
até
os
anos
1990,
tinha
conseguido
poucos
avanços.
As
análises
apontam
que,
pela
necessidade
de
obtenção
de
legitimação
social
e
financiamento,
o
modelo
humanista
crítico
rapidamente
cedeu
a
um
desenho
assistencialista-tecnicista
que
mesclou
elementos
dos
desenhos
pretéritos
da
extensão
rural
brasileira
(Amaral
Junior,
2020b).
Na
prática
isso
parece
ter
significado
um
abandono
daquilo
que
Callou
(2006;
2008)
havia
identificado
como
extensão
pós-freireana
21
,
marcando
um
retorno
aos
elementos
de
uma
ATER
pautada
na
mudança
de
hábitos
e
costumes
e
no
aumento
21
Esse
movimento,
forte
nos
anos
2000,
marcou
uma
inclinação
da
extensão
à
agricultura
familiar
com
ênfase
na
agroecologia,
nos
métodos
participativos
e
na
tentativa
de
abandonar
o
difusionismo
produtivista.
Como
demonstra
Callou
(2006),
embora
tenha
sido
influente
na
consolidação
da
PNATER,
não
se
viu
refletido
nas
agências
de
extensão
–
muito
embora
seja
prática
comum
nos
programas
de
pós-graduação
em
extensão
rural
admitir
que
essa
mudança
de
paradigma
ocorreu,
o
que
trabalhos
como
o
de
Dias
(2007a;
2007b),
Filho
(2010)
e
Landini
(2015),
demonstram
ser
mais
refletido
no
campo
acadêmico
do
que
na
prática
extensionista.
12
da
produção.
É
nesse
contexto
geral
que
as
mulheres
reaparecem
na
agenda
da
extensão
rural,
pautadas
pelo
redesenho
de
um
projeto
de
educação
rural
doméstica
maquiado
em
torno
das
agendas
progressistas
(Amaral
Junior,
2020a).
Nesse
sentido,
resgatando
dos
tempos
pretéritos
as
práticas
mais
usuais,
a
extensão
parece
mesmo
ter
desenhado
suas
ações
com
mulheres
para
lidar
ora
com
o
empoderamento
individualista,
ora
com
o
produtivismo
focalizado.
Para
esse
último,
é
importante
entender
as
implicações
diretas
e
indiretas
nos
trabalhos
com
mulheres.
Em
primeiro
lugar,
é
preciso
compreender
que
a
própria
categoria
família
sofreu
alterações
dentro
da
extensão
rural,
sendo
que
o
modelo
atual
promove
uma
abordagem
híbrida
que
considera
a
família
como
parte
integrante
de
um
processo
produtivo
(mão
de
obra
familiar)
e
que
considera
a
família
em
si
como
unidade
produtiva,
em
analogia
quase
perfeita
com
as
pequenas
unidades
produtivas
capitalistas
(Amaral
Junior,
2020a).
Essa
leitura
da
família
condiciona
as
leituras
sobre
as
mulheres
e
jovens:
abordados
quase
sempre
como
parte
da
mão
de
obra
disponível,
ou
seja,
força
de
trabalho
que
vai
entrar
na
equação
produtiva.
Isso
explica,
por
exemplo,
porque
mulheres
e
jovens
em
muitos
projetos
e
ações
não
são
mais
do
que
estratificação
de
público,
como
se
a
classificação
fosse
mero
artifício
de
nomenclatura
para
força
de
trabalho
com
características
diferentes.
Esse
é
um
momento
interessante
do
produtivismo
prevalente
na
extensão
rural:
a
reificação
dos
sujeitos.
Em
segundo
lugar,
como
já
abordamos
nas
seções
anteriores,
o
vazio
crítico-analítico
que
se
forma
ao
trabalhar
mulheres
sem
ponderar
o
percurso
histórico
da
extensão
rural
e
as
categorias
analíticas
necessárias,
reverbera
em
soluções
monolíticas.
O
excesso
de
esforços
empreendidos
em
gerar
renda,
por
exemplo,
demonstra
a
prevalência
do
produtivismo
como
solução,
sobretudo
desprendido
das
causas
concretas
das
desigualdades
de
gênero.
O
projeto
Mulheres
do
Café,
desenvolvido
pelo
IDR-Paraná
no
norte
paranaense,
por
exemplo,
é
categórico
ao
afirmar
seu
papel
como
gerador
de
renda
para
as
mulheres
que
trabalham
na
seleção
e
comercialização
de
cafés
especiais,
grãos
com
alto
valor
de
mercado.
Se
entende
e
ressalta
que,
considerando
os
processos
produtivos
e
de
beneficiamento
envolvidos
no
projeto,
há
um
impacto
considerável
na
vida
das
participantes,
porque
renda
na
sociedade
capitalista
significa,
até
certo
ponto,
autonomia
e
poder
de
decisão.
Mas
a
renda
pela
autonomia
financeira
e
por
13
seu
decorrente
empoderamento
não
resolvem,
ou
chegam
a
tangenciar,
os
problemas
das
desigualdades
de
gênero
nessa
sociedade,
ou
iríamos
incorrer
no
erro
de
certo
grupo
de
feministas
que
lutaram
no
passado
por
condições
iguais
de
exploração
no
capitalismo
–
nada
muito
além
do
que
igualdade
entre
os
explorados.
Essa
análise
leva
também
à
reflexão
de
que
somente
renda
não
promove
muito
mais
que
autonomia
e
empoderamento
nos
limites
do
individualismo
burguês,
abordagem
parecida
com
o
que
Siqueira
(2013)
discute
acerca
da
falseabilidade
do
empoderamento
dos
pobres.
O
que
se
perde
de
vista
é
que,
com
uma
solução
simplista,
a
extensão
não
está
lidando
com
um
problema
diferente
daquele
que
assola
a
maior
parte
dos
trabalhadores
do
campo
e
agricultores
–
a
baixa
renda
–
e,
portanto,
o
recorte
de
público
não
é
mais
que
artifício
arbitrário.
Em
terceiro
lugar,
já
abordado
ao
tratarmos
do
discurso
da
invisibilidade
feminina,
destaca-se
o
paradoxo
da
dupla
e
tripla
jornada
de
trabalho
que
se
abre,
sobretudo
ao
considerarmos
a
insistência
da
extensão
rural
no
empoderamento
e
na
geração
de
renda.
Aquele
grupo
de
autores,
feministas
e
intelectuais
do
qual
Duran
(1985)
faz
parte,
ao
reivindicar
a
visibilidade
do
trabalho
doméstico
e
uma
perspectiva
ético-política
da
economia
doméstica,
intentava
trazer
ao
debate
público
as
causas
das
desigualdades
de
gênero
que
se
refletiam,
por
exemplo,
na
inserção
feminina
no
mercado
de
trabalho,
na
dependência
financeira
das
mulheres,
nas
impossibilidades
de
realização
fora
do
matrimônio
etc.
Esse
debate
estava
centrado
nos
fenômenos
sociais
que
davam
forma
objetiva
às
expressões
das
desigualdades
de
gênero.
Acreditar
que
o
incremento
de
renda
e
o
empoderamento
individual
são
capazes
de
sozinhos,
alterar
essa
estrutura
de
divisão
social
e
sexual
do
trabalho
e
fomentar
caminhos
libertadores
para
as
mulheres
é
alternativa
simplista.
Por
um
lado,
como
anteriormente
abordado,
dar
visibilidade
não
resolve
muito,
quando
as
causas
da
invisibilidade
permanecem
inalteradas.
Em
sentido
similar,
gerar
renda,
ou
criar
novas
possibilidades
de
renda
sem
alterar
as
desigualdades
de
gênero
socialmente
e
historicamente
postas,
pode
ocasionar
um
incremento
da
dupla
e
tripla
jornada
de
trabalho
–
e
longe
de
resolver
o
problema
anterior,
pode
lançar
as
mulheres
em
problemas
de
nova
ordem
e
complexidade.
O
que
se
tem
percebido
é
uma
ampliação
do
doméstico
pseudo-remunerado,
cujo
processo
de
pedagogização
das
atividades
do
lar
aumenta
conforme
os
anexos
da
pequena
produção
doméstica
e
as
atividades
domésticas
passam
a
ser
fontes
de
14
renda
extra
(Amaral
Junior,
2020a).
Por
isso,
uma
extensão
rural
que
pensa
as
ações
com
mulheres
exclusivamente
pelo
viés
de
geração
de
renda
pode
não
estar
fazendo
muito
mais
do
que
ampliando
as
atividades
cotidianas
da
mulher.
Responsabilizando-a
também,
para
além
das
atividades
domésticas
“vocacionadas”
a
seu
cuidado
que
não
foram
historicamente
superadas,
por
uma
geração
de
renda
e
um
volume
de
responsabilidades
cada
vez
maior
e
mais
complexo,
cuja
liberdade
como
fim
passa
a
ser
meramente
discursiva.
Considerações
finais
As
análises
apontam
para
um
cenário
pessimista,
indicando
que,
embora
o
número
de
ações
destinadas
às
mulheres
tenha
aumentado
consideravelmente
nos
últimos
anos
na
extensão
rural,
elas
não
indicam
necessariamente
avanços
na
desconstrução
das
desigualdades
de
gênero
no
campo.
Pelo
contrário,
elas
reverberam
em
um
cenário
de
reaquecimento
do
“primeira-damismo
22
”
em
um
resgate
ideológico
conservador
sobre
os
“lugares,
coisas
e
afazeres”
de
mulheres.
A
extensão
rural,
que
sempre
carregou
em
sua
proposta
uma
determinada
percepção
funcionalista
do
“ser
mulher”
e
do
“feminino”
como
sinônimo
de
doméstico,
pouco
se
aprofundou
em
sua
própria
história
e
quase
não
modificou
as
suas
práticas
pretéritas.
Salvo
as
oscilações
históricas
que
responderam
mais
aos
modelos
metodológicos
vigentes
do
que
aos
avanços
analíticos,
o
que
se
tem
hoje
é
um
redesenho
de
um
projeto
de
educação
rural
doméstica
individualista,
liberal
e
extremamente
limitado
em
promover
transformações
expressivas.
Três
elementos
principais,
no
decorrer
do
percurso
analítico
deste
trabalho,
chamaram
a
atenção
em
relação
à
prática
da
extensão
rural
com
as
mulheres:
o
primeiro
deles
é
a
incoerência
do
discurso
da
invisibilidade,
ao
se
considerar
que
a
ATER
sempre
contribuiu
e
reforçou
para
que
a
mulher
fosse
vinculada
ao
doméstico,
vocacionado
o
espaço
da
domesticidade
ao
ser
e
se
construir
mulher.
A
importância
histórica
da
extensão
rural
na
reprodução
de
uma
divisão
sexual
do
trabalho
no
campo
é
salutar,
não
pode
ser
ignorada
e,
dado
o
contexto
atual,
integra
22
Fenômeno
que
acompanha
a
refilantropização
das
políticas
sociais,
a
associação
do
“social”
à
caridade
e
as
políticas
dessa
natureza
as
ações
das
primeiras-damas,
símbolo
da
mulher
como
caridosa,
bondosa,
religiosa
e
vivendo
da
entrega
aos
pobres
e
necessitados.
Sobre
isso,
ver
Sposati
(2011),
Behring
(2021)
e
Yazbek
(2009).
15
dialeticamente
o
discurso
do
trabalho
doméstico
rural
invisível.
Não
foi
objetivo
deste
trabalho
descrever
de
forma
exaustiva
sobre
esse
ponto
mas,
a
relação
simbiótica
da
prática
extensionista
com
a
Economia
Doméstica
já
é
elemento
forte
o
suficiente
para
entendermos
o
peso
histórico
dessa
relação.
O
segundo
deles,
diz
respeito
ao
vazio
ideológico
com
que
as
mulheres
são
entendidas
e
abordadas
pela
extensão
rural,
sem
perpassar
o
gênero
enquanto
categoria
analítica
e,
consequentemente,
sem
nenhuma
intersecção
com
raça/etnia
e
classe.
A
mulher
aparece
enquanto
abstração
genérica,
o
que
acaba
dotando
de
sentido
as
ações
e
projetos
igualmente
pasteurizados,
baseados
em
uma
concepção
ideal
do
que
é
“ser
mulher”.
Com
a
ausência
da
categoria
analítica,
não
sobra
muito
espaço
para
ações
que
escapem
do
binômio
empoderamento-geração
de
renda.
Isso
porque,
sem
entender
os
problemas
que
assolam
as
mulheres
na
sociedade
de
classes
em
sua
raiz
constitutiva,
a
ATER
se
atém
às
soluções
de
cunho
individualista
e
micro.
Por
último,
identificou-se
ainda
que
o
produtivismo
mantido
no
centro
dessas
ações,
longe
de
promover
possibilidades
de
libertação
e
superação
das
desigualdades
de
gênero,
faz
reforçar,
quando
não
piorar,
a
situação
das
mulheres.
Isso
porque
as
formas
técnico-operativas
de
abordar
as
mulheres
podem
promover
a
dupla
e
tripla
jornada
de
trabalho,
aumentar
a
sobrecarga
psicológica,
culpabilizar
individualmente
as
trabalhadoras,
agricultoras
e
sujeitas
do
campo.
Está
claro
também
no
decorrer
do
texto
como
o
trabalho
com
mulheres
na
extensão
rural
ganhou
fôlego
a
partir
de
uma
realidade
de
possibilidade
de
legitimidade
social
atrelada
à
captação
de
recursos.
Isso
significa
que
as
agências
de
extensão
acabaram
implementando
trabalhos
específicos
com
essa
segmentação
de
público
para
promover
uma
espécie
de
marketing
positivo
e
uma
falsa
proximidade
com
as
pautas
progressistas,
sobretudo
as
de
desconstrução
das
desigualdades
de
gênero.
Lembre-se
que
a
extensão
rural
pública
(Dias,
2007a;
2007b)
cresceu
e
se
consolidou
na
maior
parte
dos
estados
durante
a
Ditadura
Militar,
e
que
a
marca
institucional
tem
sido,
após
a
redemocratização,
a
rigidez
e
a
lentidão
nas
adaptações.
Isso
indica
que,
conforme
apontam
as
análises,
o
trabalho
com
mulheres
na
extensão
rural
atual
não
tem
sido
mais
do
que
propaganda
do
Estado,
instrumento,
portanto,
fortemente
atrelado
à
máquina
político-partidária,
ao
primeira-damismo
e
à
refilantropização
da
pauta
–
horizonte
distante
da
transformação
possível
e
necessária
para
a
realidade
das
mulheres
do
campo.
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