força de trabalho. A educação, em seus diversos níveis e modalidades, é um dos
setores que sofre maiores impactos pela presença cada vez mais intensa das
tecnologias educacionais, mediante a aplicação de softwares e hardwares aos
sistemas de gestão escolar, materiais didáticos, controle dos estudantes e dos
profissionais da educação, formação de professores e educação a distância.
Assumem protagonismo e atuam de forma articulada as grandes corporações
internacionais de informação e comunicação, as chamadas edtechs (startups da
educação) e as fundações e organizações privadas, buscando realizar, via
financeirização e empresariamento, o progressivo controle da concepção e gestão
dos sistemas educacionais e a apropriação dos fundos públicos, em um movimento
de “colonização” e “automação” da educação pública.
Nesse sentido, ganha importância a produção a partir do materialismo
histórico-dialético, em diálogo com outras perspectivas críticas, de análises
teórico-metodológicas, estudos e pesquisas que abordem aspectos relacionados à
temática, dentre os quais: a tecnologia na atualidade e na história e sua concepção,
produção, utilização apropriação e impactos sociais; inter-relações tecnologia,
trabalho, ciência e cultura como base para a formação humana; tecnologias digitais,
inteligência artificial e processo de trabalho; tecnologias educacionais, inteligência
artificial e formação humana; as abordagens críticas às concepções de
determinismo, autonomia e neutralidade da tecnologia; a resistência social e práxis
revolucionária no contexto da inteligência artificial.
A perspectiva de Marx, conforme podemos ver no texto em epígrafe, situa a
tecnologia no campo das relações sociais de produção. Nesse sentido, orientados
pelo materialismo histórico marxiano, consideramos que a produção e apropriação
da tecnologia é processo social que, como tal, somente pode ser plenamente
apreendido se levarmos em consideração a totalidade e historicidade das relações
sociais de produção em que ocorrem. Ou seja, “como processo social, a tecnologia
participa e condiciona as mediações sociais, porém não determina por si só a
realidade, não é autônoma, nem neutra e nem somente experimentos, técnicas,
artefatos ou máquinas: é constituída por conjuntos de saberes, trabalhos e relações
sociais objetivadas” (Lima Filho, 2023, p. 36). Nesse sentido,
a tecnologia, como processo de intervenção do ser social, em sua
ação com os demais e sobre o meio, indissociável das práticas
sociais cotidianas, em seus vários campos/diversidades/tempos e