V.22, 48 - 2024 (maio-agosto) ISSN: 1808-799 X
OPÇÃO TRABALHO E EDUCAÇÃO:
A TRAJETÓRIA DE CELSO JOÃO FERRETTI1
Ronaldo Marcos de Lima Araujo2
Dante Henrique Moura3
É muito honroso escrever sobre a trajetória profissional do grande
pesquisador e ser humano que é Celso Ferretti. É um privilégio e um desafio realizar
3Doutor em Educação pela Universidade Complutense de Madri, Espanha. Professor do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), Brasil.
E-mail: dante.moura@ifrn.edu.br. Lattes: https://lattes.cnpq.br/1720357515433453.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8457-7461.
2Doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil. Professor da
Universidade Federal do Pará (UFPA), Brasil. E-mail: rlima@ufpa.br.
Lattes http://lattes.cnpq.br/7901626430586502. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5982-793X.
1Artigo recebido em 08/05/2024. Aprovado pelos editores em 07/06/2024. Publicado em 07/08/2024.
DOI: https://doi.org/10.22409/tn.v22i48.63971.
Os autores agradecem a colaboração de Cláudia Vianna, Gaudêncio Frigotto, Maria Ciavatta e
Domingos Leite Lima Filho, que forneceram informações e fizeram correções necessárias.
1
essa incumbência. Ele é um simpático senhor de cabelos brancos, cultivados
algumas décadas. Simpático mesmo! Uma pessoa de convívio agradável e fácil, e
isso é um consenso entre seus muitos amigos e alunos.
É também conhecido como um exímio pesquisador profissional, conhecedor e
experimentado investigador, meticuloso no uso adequado dos diferentes
procedimentos de coleta, análise e de comunicação das pesquisas que fizeram dele
uma referência na educação brasileira, em particular para o campo Trabalho e
Educação, tendo ajudado decisivamente na sua consolidação.
Celso nasceu em 11 de novembro de 1935, no município paulista de Espírito
Santo do Pinhal, na divisa com Minas Gerais. cursou o primário, o ginásio e o
colegial em escolas públicas. É de família de origem italiana, filho de pai bancário e
de mãe dona de casa. Professor primário, pedagogo de formação com habilitação
em orientação educacional, curso concluído em 1963. Celso atuou como técnico
educacional durante muitos anos, o que foi decisivo para a sua identificação com o
campo Trabalho e Educação, pois foi a partir desse contexto profissional que
desenvolveu estudos sobre a orientação profissional e focou na relação entre a
escola e o trabalho. Tem mestrado em Educação, concluído em 1974, e
doutoramento também em Educação, cuja conclusão ocorreu em 1987. Celso
produz regularmente na área de educação, focando em temas tais como política
educacional, ensino médio, as relações entre educação e trabalho e educação
profissional.
No curso colegial teve como professor o filósofo e pedagogo Joel Martins, que
mais tarde veio a ser importante pesquisador e professor da Universidade de São
Paulo, um dos fundadores dos Centros Regionais de Pesquisas Educacionais
CRPE , vinculados ao Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos INEP4. Essa
relação ajudou Celso a tomar gosto pela atividade de pesquisa.
Celso queria fazer o antigo curso científico, mas foi o pai quem o obrigou a
fazer o curso normal, a contragosto. Acabou seguindo a carreira docente, tendo
trabalhado como professor primário substituto no município de Espírito Santo do
4Criado pela Lei n. 378/1937 como Instituto Nacional de Pedagogia passou a denominar-se Instituto
Nacional de Estudos Pedagógicos por meio do Decreto-Lei 580/1938. Em 1972, passou a se
chamar Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Atualmente denomina-se Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, denominação atribuída em 2001 pelo
Senado Federal, em homenagem a um de seus principais ex-diretores. Disponível em:
<https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/institucional/historia>. Acesso em 06 de maio de
2024.
2
Pinhal-SP e depois na Escola Estadual Alberto Torres, no bairro do Butantã, em São
Paulo. Mas, neste início de carreira, estava insatisfeito com a falta de perspectivas
para a carreira de professor.
Foi em um reencontro com o Professor Joel Martins, em São Paulo, no
CRPE de São Paulo, que novas possibilidades para a carreira docente foram
colocadas. Teve a oportunidade de participar de um processo seletivo para uma
bolsa de formação nos Estados Unidos da América (EUA), na linha da Escola Nova.
Depois de fazer um curso rápido de inglês, foi selecionado, junto com outras três
professoras, e passou o ano de 1958 nos EUA, em um curso de formação financiado
pelo Programa de Assistência Brasileiro-Americano ao Ensino Elementar PABAEE
, patrocinado pelo acordo MEC-USAID5, que tinha como objetivo formar
professores das escolas primárias com novas estratégias escolares orientadas pelo
progressivismo pedagógico, então dominante no pensamento educacional brasileiro.
Voltou em 1959 e, sob a perspectiva colocada acima, participou do processo
de criação da Escola de Demonstração de Professores e do curso de especialização
de professores para América Latina, coordenado por Joel Martins no CRPE de São
Paulo, com apoio de Fernando Azevedo, no Centro de Pesquisas Educacionais, e
de Anísio Teixeira, na presidência do INEP, pessoas com quem Celso conviveu e
que tiveram importância em seu processo de formação.
Aos 28 anos, em 1963, passou no vestibular de Pedagogia na Universidade
de São Paulo (USP), onde conviveu com José Mário Pires Azanha, Moisés Brejon,
Heládio Antunha, Maria Amélia Goldberg, Celso Beisiegel, Sylvia Leser de Mello,
Guiomar Namo de Melo e Maria José Garcia Werebe. Nesse período, teve maior
contato com o pensamento político de esquerda, se contrapondo, junto com seus
colegas, ao pensamento liberal defendido, entre outros, pelo Professor Roque
Maciel de Barros, então diretor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (que
aglutinava o curso de pedagogia) e articulista do Jornal Estado de São Paulo.
5“Série de acordos produzidos, nos anos 1960, entre o Ministério da Educação brasileiro (MEC) e
a United States Agency for International Development (USAID). Visavam estabelecer convênios de
assistência técnica e cooperação financeira à educação brasileira. Entre junho de 1964 e janeiro de
1968, período de maior intensidade nos acordos, foram firmados 12, abrangendo desde a educação
primária (atual ensino fundamental) ao ensino superior. O último dos acordos firmados foi no ano de
1976.” Tais acordos foram duramente criticados pelo movimento estudantil da época que via neles o
projeto de privatização da educação brasileira. Disponível em:
<https://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/mec-usaid#:~:text=Visavam%20estabelecer
%20convênios%20de%20assistência,ensino%20fundamental)%20ao%20ensino%20superior>.
Acesso em 06 de maio de 2024.
3
Sob influência do chamado tecnicismo educacional, o curso de pedagogia, na
década de 1960, era regulamentado pela primeira LDB, Lei 4.024/1961, e, a partir
de 1962, passou a ser regulamentado também pela Resolução do Conselho Federal
de Educação (CFE) 62, que incorporou o Parecer CFE 251/1962, que tomava o
pedagogo como um especialista em educação.
Celso, então, motivado por Maria José Werebe, professora do Setor de
Orientação Educacional da USP, foi para a área da Orientação Educacional, que era
forte naquela instituição em função da atuação deste setor no Colégio de Aplicação.
Essa acabou sendo a sua porta de entrada para o campo Trabalho e Educação, pois
a orientação vocacional/profissional seria parte integrante daquela área.
Nesse período, aumentou a sua proximidade com o pensamento político de
esquerda e sua ação política na área de educação. Por isso, ele e seus colegas de
graduação eram chamados de “os comunistas”. Não participou ativamente de
nenhuma organização ou partido político, mas chegou a ser preso na Operação
CRUSP6, em 1968, sendo logo liberado. Em 1978 participou do início da fundação
do PT, no Núcleo de Perdizes, sem dar continuidade à militância partidária, apesar
de manter-se como ativo sujeito político de esquerda.
Ainda em 1968 foi contratado como professor do Setor de Orientação da
Feusp, junto com Maria Werebe e Sylvia Leser. Mas esse vínculo foi interrompido
por um pedido coletivo de demissão em apoio à colega Guiomar Namo de Melo, que
fora demitida por Roque Maciel de Barros.
Em 1970, passou em concurso para Orientador Educacional da Rede
Estadual de Educação de São Paulo, sendo vinculado à Escola Estadual Virgília
Rodrigues Alves de Carvalho Pinto, onde consolidou a sua atuação como técnico
educacional, exercendo também essa função na Escola Santa Maria.
Seu interesse pela orientação educacional o direcionou para o mestrado na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), iniciado em 1970, na área
da Educação, mas na subárea da Psicologia da Educação, disciplina que, ainda sob
a influência do tecnicismo educacional, inspirava decisivamente as teorias e práticas
de orientação educacional. Foi orientando da Maria Amélia Azevedo Goldberg e
6A Operação CRUSP ocorreu no Conjunto Residencial da USP, na Cidade Universitária de São
Paulo, onde, “Na madrugada de 17 de dezembro de 1968, as tropas do exército cercaram o CRUSP,
prenderam 1400 estudantes, fecharam o Conjunto Residencial e instauraram um IPM Inquérito
Policial Militar, que resultou em processo e ordem de prisão para 32 residentes.” Disponível em:
https://crusp68.org.br/node/1#:~:text=Na%20madrugada%20de%2017%20de,de%20pris%C3%A3o%
20para%2032%20residentes. Acesso em 24 de abril de 2024.
4
defendeu a dissertação intitulada “A avaliação de um programa em formação escolar
profissional”, em 1974.
Depois do mestrado começou a sua trajetória como profissional da pesquisa.
Em 1975, foi assistente de pesquisa de Maria Amélia Azevedo, no Departamento de
Pesquisas Educacionais da Fundação Carlos Chagas.
É esse exercício da pesquisa que o direciona para o doutorado na PUC-SP,
em 1982, no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Educação (hoje
Educação: História, Política e Sociedade), fortemente influenciado pelas ideias de
Dermeval Saviani, um dos fundadores daquele Programa. Durante o doutorado, teve
maior contato com uma literatura crítica, de base marxista, e teve como professores
Dermeval Saviani, Miriam Warde, Maria Helena Patto,Carlos Jamil Cury e seu
orientador Evaldo Amaro Vieira, que foram importantes para que Celso passasse a
tomar seus objetos de estudo numa perspectiva “sócio-econômico-cultural”, como
define seu estudo sobre a trajetória ocupacional de trabalhadores, em contraponto
às abordagens mais “psicologizantes”, características dos estudos de orientação
profissional da época7. Esse curso foi importante para a formação de uma geração
de pesquisadores brasileiros que, nele, teve contato com obras de Marx, Engels,
Gramsci e autores marxistas brasileiros como Francisco de Oliveira e Florestan
Fernandes. Celso estudou sistematicamente a economia política (estudou O Capital
sob a supervisão de Antonio Joaquim Severino), o método do materialismo histórico
e suas categorias e assumiu ali uma perspectiva unitária da ciência.
Assim como Celso, alguns de seus contemporâneos de doutorado se
constituiriam em grandes pesquisadores de áreas importantes da educação
brasileira, entre eles lembramos Gaudêncio Frigotto (a relação entre educação
escolar e estrutura econômico-social capitalista), Vitor Paro (administração escolar),
Manoel de Jesus Soares (filosofia) José Luiz Sanfelice (movimento estudantil),
Celestino Alves da Silva Junior (supervisão escolar), Selma Garrido Pimenta
(orientação educacional), Lucília Machado (unificação escolar e hegemonia), Acácia
Kuenzer (a formação do trabalhador) e Naura Carapeto Ferreira (indivíduo e
sociedade). Celso, portanto, compôs e é expressão de uma geração que ajudou na
7Opção: Trabalho trajetórias ocupacionais de trabalhadores das classes subalternas. (FERRETTI,
1988a).
5
constituição do campo crítico da pesquisa educacional brasileira e, mais
decisivamente, do campo Trabalho e Educação.8
Esse aprofundamento de sua formação teórica marxista foi determinante não
apenas para a condução de seus estudos doutorais, mas para toda a sua vida
profissional seguinte, marcada pelo rigoroso uso do referencial eleito e pelos
estudos sobre a relação entre as transformações do mundo do trabalho e a
educação básica e profissional. Nesse período, portanto, se a sua opção pelo
campo Trabalho e Educação e pelo marxismo.
Em 1987, defendeu a tese intitulada “Trabalho e Orientação Profissional um
estudo sobre a inserção de trabalhadores da grande São Paulo”, a qual foi publicada
como livro, em 1988, (citado na nota 7 e incluído nas referências). Nele Celso tece
uma crítica às bases pedagógicas, psicológicas e às práticas da orientação
profissional (e concretiza o seu detour teórico), que pressupunha a escolha e a
vocação para o exercício profissional, que a suposta “escolha profissional”, na
sociedade de classes, é restrita a quem tem condições materiais e informações para
fazê-la e, quanto à vocação, é o prefaciador do livro quem explica:
Ninguém tem vocação para operar ou vigiar uma máquina, ou
carregar, limpar, arrumar o dia inteiro um local, um fluxo de materiais,
documentos etc. tarefas rotineiras, monótonas, repetitivas que
compõem em geral toda atividade subprofissional não podem ser
objeto de vocação e, portanto, estão fora do âmbito da Orientação
Profissional (SINGER, 1988, X).
Concluída a sua formação acadêmica e aposentado da rede estadual de
ensino em 1990, Celso passa a exercer exclusivamente as atividades de docência
na educação superior e de pesquisa na Fundação Carlos Chagas, onde foi aprovado
em concurso para a função de pesquisador, permanecendo até a sua
aposentadoria em 2008. Em 1988, entrou como professor da PUC-SP e permaneceu
ali até 2002. Depois assumiu a docência na Universidade de Sorocaba (Uniso), onde
permaneceu até 2010.
De 2012 até 2016, foi professor Pesquisador Visitante Nacional Senior
(PVNS) na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) na qualidade de
8Para Maria Ciavatta Franco, “Dermeval Saviani, formou um primeiro grupo de pesquisadores que
delinearam o percurso do campo TE [Trabalho e Educação]: Acácia Kuenzer, Gaudêncio Frigotto,
Lucília Machado, Paolo Nosella, Celso Ferretti. Também se tornaram referência na área Miguel
Arroyo e Iracy Picanço” (CIAVATTA, 2015, p. 28).
6
bolsista da CAPES. Neste período, integrou-se ao Grupo de Estudos e Pesquisas
em Trabalho, Educação e Tecnologia (GETET) e, mesmo após a conclusão de sua
estada como bolsista, segue até o presente atuando neste grupo de pesquisa.
Para Domingos Leite Lima Filho (2024, s/p), coordenador do GTET/UTFPR:
No período de sua permanência em Curitiba, a contribuição de Celso
para o GETET e para o PPGTE foi fundamental para a consolidação
teórico-metodológica do programa e do grupo de pesquisa e avanço
na formação de novos pesquisadores e pesquisadoras. Participou
ativamente em inúmeras atividades, dentre as quais destaco:
integrante da equipe da pesquisa “Políticas públicas para o Ensino
médio e o PNFEM: potencialidades e obstáculos para a construção
formação humana integral” (GETET-CNPq, 2014-2016); integrante da
equipe de organização e coordenação do III INTERCRÍTICA (GETET
GT09 ANPEd, 2016); ministrou a disciplina Qualificação
Profissional para alunos de mestrado e doutorado do PPGTE, 2013;
orientou dissertação de mestrado (2012-2014); realizou pesquisa
sobre o implantação do ensino médio integrado no IF Paraná (2012
2016); ministrou diversas palestras em eventos da UTFPR e
outros.
Como se vê, Celso manteve regular, intensa e qualificada atividade
intelectual. Nelas assumiu a docência, na graduação e na pós-graduação, a gestão
de programa e orientou 38 mestres e doutores. Dessa forma, sua produção
bibliográfica é vasta e rigorosa, constituída de livros, capítulos e artigos publicados
em periódicos que ajudaram (e continua ajudando) a formar gerações de
profissionais e pesquisadores da área de educação, em particular daqueles
vinculados ao campo de estudo da relação entre o trabalho e a educação.
Alguns de seus livros abordam aquilo que Umberto Eco chama de “temas
quentes”, ou seja, temas atuais, que ainda desafiam uma determinada área em
função de seu pouco conhecimento. Em 1988, quando ainda iniciava o debate
acerca da escola de tempo integral, publica junto com Vitor Paro, Claudia Vianna e
Denise Souza o livro “Escola de tempo integral: desafio para o ensino público” (Paro;
Ferretti; Vianna; Souza, 1988), com edição da Cortez/Autores Associados.
Em 1988, quando fez uma colaboração com o SENAC, publicou pela Editora
Cortez o livro “Uma Nova Proposta de Orientação Profissional” (Ferretti, 1988b), que
deu um giro na área de orientação profissional, com uma crítica de sua própria
experiência de orientação educacional e orientação profissional. Nele defende a
informação profissional como ferramenta chave para a orientação profissional.
7
Em 1994, junto com Dagmar Zibas, Felícia Madeira e Maria Laura Franco
publica pela Editora Vozes a coletânea “Novas Tecnologias, Trabalho e Educação”
(Ferretti; Zibas; Madeira; Franco, 1994) que se torna referência para quem estuda o
impacto das novas tecnologias em uso no trabalho moderno, da empresa flexível,
sobre a educação, a qualificação profissional e a escola.
Na mesma direção, publica em 1998, junto com João dos Reis Silva Junior e
Maria Rita Oliveira, a coletânea “Trabalho, formação e currículo: para onde vai a
escola?” (Ferretti; Silva Júnior; Oliveira, 1998), fruto de um seminário realizado na
PUC-SP. O conjunto de autores reunidos analisam a relação entre os novos padrões
produtivos da empresa integrada e flexível e seus impactos sobre a educação
escolar. Nele enfrentam o debate do currículo e das práticas pedagógicas e os
desafios colocados aos profissionais da escola diante das transformações societais
do final do século passado.
Publicou dezenas de artigos que revelam a sua trajetória. Os primeiros, ainda
da década de 1970, focados na orientação educacional e na orientação profissional.
Na década de 1990, seus artigos privilegiam o debate da qualificação profissional e
da formação de trabalhadores e, a partir dos 2000, o foco principal é nas políticas
educacionais, em particular naquelas destinadas à organização do ensino médio e
da educação profissional brasileira. Sempre numa perspectiva crítica e sob a
inspiração clara e madura das leituras de Marx e Gramsci, suas principais
referências.
Suas publicações mais recentes estão concentradas em periódicos
especializados na área de educação e versam, majoritariamente, sobre a relação
entre o ensino médio e a educação profissional técnica de nível médio. Nesse
contexto tem sido intelectual combativo à atual reforma do ensino médio
determinada pela Lei n013.415/2017 e seus dispositivos complementares (Ferretti, ,
2022; 2019, 2018a, 2018b, 2016a, 2016b)
Celso é um pesquisador respeitado e querido pelos pares e por seus alunos.
É reconhecido por sua importância em particular para o campo Trabalho e Educação
tendo recebido diferentes homenagens nos principais eventos que tratam dessa
relação.
É pesquisador militante, membro da diretoria do Centro de Estudos Educação
e Sociedade (CEDES) e da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em
8
Educação (ANPED) desde a sua fundação, onde milita de forma orgânica no Grupo
de Trabalho Trabalho e Educação (GT-09). É frequentador do INTERCRÍTICA
Intercâmbio Nacional dos Núcleos de Pesquisa em Trabalho e Educação e exerce
ainda hoje a função de Editor Associado da importante Revista Educação &
Sociedade.
Domingos Leite Lima Filho (2024, s/p), amigo de Celso, cuja amizade
intensificou-se durante sua estada na UTFPR, sintetiza assim esse convívio:
[..] durante quatro anos tive a imensa alegria e privilégio de conviver
com o Celso, anos formidáveis de grande amizade intelectual e
afetiva. Celso, amante da boa conversa, cinéfilo (não recusa convite
para qualquer sessão de cinema, sempre atualizado), de um bom
vinho e tudo o mais. Além do intelectual, o festeiro, junto com Cláudia
(sua querida esposa) não recusa um forró, ou mesmo desfile de
bloco carnavalesco, aqui em Curitiba, fomos a mais de um desfile do
Bloco Garibaldis e Sacis, do qual sou fundador. Também é um
militante, acompanhou conosco diversas lutas dos professores
federais e também da APP sindicato dos professores da rede
estadual do Paraná. E tudo isso sempre com o humor em alto astral.
Celso é casado com a também pesquisadora Cláudia Viana desde 1984, teve
três filhos com sua primeira companheira. Duas meninas e um menino: Sandra
(falecida), Mônica e Eduardo que lhe deu dois netos: Gabriela e Leonardo.
Atualmente mora em Vargem Grande Paulista, cidade da região metropolitana
da cidade de São Paulo. Quando não está trabalhando, curte Jazz, cinema e
fotografia. Respeitando a sua origem, não abre mão de um bom vinho e de uma boa
comida, principalmente na companhia dos amigos e da sua Cláudia.
Trajetória acadêmico-profissional de um educador
comprometido com a Classe Trabalhadora
9
Foto 1: Celso, nos EUA
Foto 2: Celso, na escola de demonstração do CREPE
10
Foto 3: Celso Ferretti, homenageado no III Intercrítica, realizado na UTFPR, Curitiba, setembro/2016
Foto 4: Fernando Fidalgo, João dos Reis Jr, Acácia Kuenzer, Celso Ferretti e Maria Ciavatta
11
Foto 5: Celso Ferretti, Eduardo (filho), Sandrinha (nora), Claudia (esposa) e Gabriela (neta)
Foto 6: Celso Ferretti e Mônica (filha)
12
Foto 7: Leo (genro), Leo (neto), Sandrinha (nora), Cláudia (esposa), Celso Ferreti, Mônica (filha),
Eduardo (filho), Gabriela (neta)
Foto 8: Cláudia Viana (esposa) e Celso
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Referências
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interpretação. Trabalho Necessário, v. 13, p. 22-50, 2015.
FERRETTI, C. J. Opção: Trabalho trajetórias ocupacionais de trabalhadores das
classes subalternas. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1988a.
FERRETTI, C. J. Uma Nova Proposta de Orientação Profissional. São Paulo:
Cortez, 1988b.
PARO, V. H; FERRETTI, C. J.; VIANNA, Claudia P.; SOUZA, Denise T. R. Escola de
tempo integral: desafio para o ensino público. São Paulo: Cortez/Autores
Associados, 1988. v. 1. Disponível em <
https://www.vitorparo.com.br/wp-content/uploads/2019/10/2-escoladetempointegral-c
ompleto.pdf> Acesso: 24. abr. 2024.
FERRETTI, C. J.; ZIBAS, Dagmar M. L.; MADEIRA, Felícia R.; FRANCO, Maria
Laura P. B. (Orgs.). Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate
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FERRETTI, Celso J.; SILVA JUNIOR, João R.; OLIVEIRA, Maria R. N. S (Orgs.).
Trabalho, formação e currículo: para onde vai a escola? São Paulo: Xamã, 1998.
FERRETTI, C. J. Reformulações do ensino médio. Holos (Natal. Online), v. 6, p.
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FERRETTI, C. J. A implementação dos cursos técnico integrados no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná. Educere et Educare
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FERRETTI, C. J. A reforma do ensino médio: desafios à educação profissional.
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FERRETTI, C. J. A reforma do Ensino Médio e sua questionável concepção de
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LIMA FILHO, D. L. [Conversa sobre Celso Ferretti]. WhatsApp: 26 abr. 2024.
19:15. 1 mensagem de WhatsApp.
SINGER, P. Prefácio. In: FERRETTI, Celso. Opção: Trabalho trajetórias
ocupacionais de trabalhadores das classes subalternas. São Paulo: Cortez/Autores
Associados, 1988a.
14