CONTEXTUALIZAÇÃO
A partir da segunda metade do século XX, tornaram-se evidente os impactos
sociais e ambientais resultantes do modelo convencional de desenvolvimento
tecnológico adotado no país e no mundo. Ao longo da história, surgiram diversos
movimentos que se opuseram a esse modelo e buscaram criar opções tecnológicas,
pautadas pela justiça social e pela sustentabilidade ambiental. No contexto
brasileiro, o final da década de 1990 e o início dos anos 2000 marcaram momentos
significativos para o fortalecimento dessa ideia. Movimentos sociais, sindicatos,
organizações da sociedade civil, universidades e gestores públicos começaram a
participar ativamente desse processo, que se estruturou em um princípio dialógico e
de valorização dos diferentes conhecimentos e saberes, com o intuito de contribuir
para a emancipação das classes populares, por meio da apropriação do processo de
desenvolvimento e uso das tecnologias.
Essa união marcou o início da mobilização em torno do que se denominou
Tecnologia Social, reunindo esforços e recursos em prol de uma transformação
social mais inclusiva e participativa. De forma semelhante, a Tecnologia Assistiva
(TA) surgiu no âmbito da luta das pessoas com deficiência como um direito
fundamental de inclusão e participação social, tendo conseguido seu
reconhecimento mediante a ratificação da Convenção da ONU dos Direitos da
Pessoa com Deficiência, em 2008, e sendo explicitado no Estatuto da Pessoa com
Deficiência ou Lei Brasileira de Inclusão, Lei Nº 13.146, de 6 de julho de 2015.
Desse processo resultou a criação de várias instituições, programas e
políticas públicas, tais como: Prêmio de Tecnologia Social criado pela Fundação
Banco do Brasil-FBB (2001); o Instituto de Tecnologia Social-ITSBRASIL (2001);
Secretaria de Ciência e Tecnologia para a Inclusão Social-SECIS que acolheu as
temáticas de Tecnologia Social e Tecnologia Assistiva, no âmbito do Ministério da
Ciência e Tecnologia/MCT (2003); a Rede de Tecnologia Social (RTS), o Centro de
Referência Brasileiro de Tecnologia Social-CBRTS (2004), o Sistema de Análise das
Tecnologias Sociais (SATECS); No âmbito da Tecnologia Assistiva foram
implementados o Catálogo Nacional de Produtos de Tecnologia Assistiva
(2008-2016), a Pesquisa Nacional de Inovação em Tecnologia Assistiva (2005-2017),
o Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva – CNRTA (2012), a Rede
de Núcleos de Tecnologia Assistiva, dentre outras iniciativas da política pública.
Além disso, foram criados projetos de lei de implementação de políticas públicas
como a Política Pública Nacional de Emprego Apoiado e propostas de projetos de
Lei que se encontram em tramitação - Projetos de Lei, PL 2190/2019 e PL
3445/2021 - ou estão paralisadas no Congresso - Projeto de Lei do Senado nº 111,
de 2011 com o objetivo de instituir a Política Nacional de Tecnologia Social. A TA e a
TS dentro do âmbito da política científica e tecnológica foram temas debatidos
durante a 2 ª, 3ª e 4ª Conferência Nacional de CTI – Ciência, Tecnologia e Inovação.
No entanto, nos últimos anos, com a redução de investimentos públicos em
C&T e reestruturações dentro dos ministérios federais, a política de TS sofreu uma
intensa diminuição de investimentos e desestruturação institucional no executivo