
estruturais, deslocando a autoridade científica das universidades e centros
pedagógicos para os aparelhos privados de hegemonia (APHs). Essa nova
configuração altera as relações de poder no campo educacional, favorecendo a
centralidade de grupos empresariais e enfraquecendo atores tradicionais, como
professores e sindicatos. Não por acaso, a EBE se apresenta como uma “vitória da
ciência sobre as posições ideológicas, subjetivas, achismos e similares” (Minto,
2023, p. 35).
Minto ressalta a utilização de instrumentos avaliativos quantificáveis como o
PISA ou o TALIS por organismos de alcance internacional, como a OCDE e o Banco
Mundial. Com suas avaliações padronizadas, estabelece-se uma narrativa de
qualidade educacional baseada na competitividade e na accountability (Minto, 2023,
p. 43), reforçando uma lógica de gestão educacional que se alinha ao ideário
neoliberal. Essas práticas consolidam uma visão tecnocrática da educação, onde
dados e evidências são utilizados não para compreender as dinâmicas
educacionais, mas para legitimar reformas alinhadas aos interesses do capital.
Na segunda parte, Minto enfoca a absorção da EBE no Brasil. Começando
com o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) de 2007, que introduziu a
lógica de mensuração de resultados por meio do IDEB, o processo ganhou força
com o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, que reforçou o uso de
indicadores quantitativos para avaliar a qualidade educacional. Esse percurso
conformou uma “lógica tirânica de auditoria” (Minto, 2023, p. 79). A avaliação
externa, que ocupa um papel central nessa cultura da auditoria, não apenas
mensura o desempenho, mas induz mudanças na cultura escolar e nos processos
pedagógicos.
Tais ações normativas, em conjunto à atuação dos APHs, configuraram um
“simulacro de consenso” (Minto, 2023, p 54). Nesse processo, os dados
tradicionalmente produzidos pelo INEP e pelo IBGE foram desfavorecidos pelos
dados coletados pela “rede de evidências” - normatizada, inclusive, pela Portaria
Mec nº 950/2021 (Minto, 2023, p. 57) -, cujo compromisso, em última instância, está
assentado em interesses empresariais homogêneos, associados a grandes grupos
econômicos. Esse simulacro reorientou, inclusive, a atuação de agências de fomento
à pesquisa, como a Fapesp e o CNPq, que promoveram em 2022 seminário em que
se discutia a “pesquisa orientada à missão” (Minto, 2023, p. 66). O seminário contou