
(...) elite culta, orientada, saudável e disciplinada em nosso país,
quando encontrado (homens de elites!) eram nos “cacos” de uma
sociedade individualista e tresmalhada, alguns homens dignos,
porém baldados e de iniciativa, de combatividade, mas em
compensação, triste compensação, cheios de indulgência e de –
paciência (Kehl, 1933, p. 223).
Por essa razão, acreditava que a educação teria um papel fundamental para a
realização do projeto eugênico, pois, somente com ela é que seria efetivada a
eugenia no Brasil, por meio de homens cultos e límpidos. A eugenia seria uma
maneira de aperfeiçoar os homens, daí a sua conclusão em relação ao projeto de
educação eugenista, ao frisar de maneira otimista: “Formemos, pois, a nossa ‘elite’,
que tudo o mais temos a sobrar!”. E continua: “É por assim pensar que preferimos, a
1.000 escolas para alfabetizar, 1 boa escola para educar” (Kehl, 1933, p. 223).
É sabido que as propostas eugenistas de educação iniciam-se de maneira
mais incisiva a partir da década de 1920 e tomam maior vulto com o Governo
Vargas, em especial a partir da consolidação do Ministério da Educação e Saúde em
1930. Figura emblemática deste movimento, Gustavo Capanema mantinha íntima
relação com pensadores eugenistas como Oliveira Vianna, entre outros, subsidiando
a efetivação de um projeto de educação no Brasil, cujo pano de fundo era consolidar
o “homem eugênico” brasileiro almejando atender às necessidades do
desenvolvimento industrial. Neste caso, constatamos que Francisco Campos,
quando ministro da Educação, por decreto de 1931, institui a educação física como
obrigatória, especialmente no ensino secundário.
Assim, os professores deveriam se preparar para a realização de uma
educação “cívica (hábitos e valores ligados à nação), a higiênica (eugenia,
purificação racial, corpo saudável, saúde superior) e a estratégica (relacionada à
segurança nacional, ao combate e à defesa da pátria) (Murad, 2012, p. 174).
Vargas consolidou uma educação de cariz eugênica concatenado com as
proposituras pedagógicas de Kehl, desde a difusão dos valores morais e patrióticos
aos estudantes à transmissão do amor à pátria e o respeito às tradições, investindo
na valorização da pátria e da família. Isto é, após a Revolução de 1930,
efetivaram-se políticas administrativas para a reforma educacional, a fim de
assegurar a universalização do ensino no Brasil, pois: “A expansão levou as escolas
públicas, com sua mensagem eugênica, branqueadora e nacionalista, aos bairros
pobres e racialmente mistos” (Dávila, 2006, p. 33).