
produtivas anteriores e a formação de uma massa marginal
caracterizam essa problemática. (Gonzalez, 1979. p. 45).
Pelas referências usadas ao longo dos três textos citados, Gonzalez denúncia
forte influência da produção de José Nun, especificamente em seu artigo
“Superpopulação Relativa, Exército Industrial de Reserva e Massa Marginal”, onde o
autor cria uma sistematização para a compreensão das categorias de trabalho
derivadas do modelo de desenvolvimento econômico brasileiro sob o
neocolonialismo, e sua sazonalidade conforme as oscilações de aquecimento ou
enrijecimento da estrutura produtiva brasileira.
Nun afirma que há, nas estruturas produtivas dependentes, faixas de
trabalhadores e trabalhadoras que extrapolam a função do exército industrial de
reserva como formulado por Karl Marx em O Capital, volume I, durante o período da
Inglaterra industrial – espaço-tempo das observações de Marx e Friedrich Engels.
Se esta faixa da classe trabalhadora tem por função pressionar para baixo o nível de
assalariamento do proletariado, na América Latina existe uma camada da população
que sequer exerce esta função. Ou seja, Nun denomina “massa marginal” uma
terceira categoria de trabalhadores e trabalhadoras cuja absorção pelo mercado de
trabalho é esporádica e supérflua.
Lélia Gonzalez em seu artigo faz menção direta a esta categoria, atrelada à
ideologia racial:
Se colocamos a questão da funcionalidade da superpopulação
relativa, constatamos que, no caso brasileiro, grande parte dela se
torna supérflua e se constitui em uma massa marginalizada em face
do processo hegemônico. Claro está que todas as questões relativas
ao desemprego e ao subemprego incidem justamente sobre essas
populações. E, “coincidentemente”, os mais baixos níveis de
participação na força de trabalho pertencem à população negra
brasileira. (Gonzalez, 1979, p. 45).
É importante ressaltar que o conceito de superpopulação relativa, também
marxista, denomina de forma pedagógica um “excesso” de população que apenas
existe “em relação a” um modelo produtivo, o modelo capitalista. Por ser um sistema
que tende a maximizar lucros por sua essência concorrencial, a composição
orgânica do capital tendencialmente aumenta seu componente morto – máquinas e
suas inovações tecnológicas -, e diminui o componente vivo, a força de trabalho
humana. Quando não a reduz em quantidade, reduz em remuneração. E o exército