V.23, nº 51 - 2025 (maio-agosto) ISSN: 1808-799 X
REVOLUÇÃO CULTURAL, EDUCAÇÃO E ARTE1
Zoia Prestes2 Vitor Diego Rodrigues3 Anna Cecília Prestes Costa4
O artigo analisa ideias de Lenin sobre a Revolução Cultural na Rússia após a Revolução Socialista de 1917. Destaca as três tarefas principais voltadas para elevar o nível cultural da população do país que era, em sua maioria, analfabeta. Com base em reflexões de autores como Marx, Lunatcharski, Zak, Frid, Gramsci entre outros, discute-se a importância da cultura para a educação e a consolidação da nova ordem social. Apresenta a experiência dos aguit-trens [trens de agitação] como ferramenta fundamental na difusão de ideias socialistas e de produção artística e cultural, tendo em vista o combate ao analfabetismo.
El artículo analiza las ideas de Lenin sobre la Revolución Cultural en Rusia tras la Revolución Socialista de 1917. Destaca las tres tareas principales encaminadas a elevar el nivel cultural de la población del país, en su mayoría analfabeta. Basándose en las reflexiones de autores como Marx, Lunatcharski, Zak, Frid, Gramsci y otros, analiza la importancia de la cultura para la educación y la consolidación del nuevo orden social. Presenta la experiencia de los aguit-trens [trenes de agitación] como herramienta fundamental para la difusión de las ideas socialistas y de la producción artística y cultural, con vistas a combatir el analfabetismo.
The article analyses Lenin's ideas on the Cultural Revolution in Russia after the Socialist Revolution of 1917. It highlights the three main tasks aimed at raising the cultural level of the country's population, most of whom were illiterate. Based on the reflections of authors such as Marx, Lunatcharski, Zak, Frid, Gramsci and others, it discusses the importance of culture for education and the consolidation of the new social order. It presents the experience of the aguit-trains [agitation trains] as a fundamental tool for spreading socialist ideas and artistic and cultural production, with a view to combating illiteracy.
1Artigo recebido em 30/03/2025. Primeira Avaliação em 27/05/2025. Segunda Avaliação em 30/05/2025. Aprovado em 19/07/2025. Publicado em 06/08/2025. DOI: https://doi.org/10.22409/tn.v23i51.67193
2 Doutora em Educação pela Universidade de Brasília (UnB) - Brasil. Professora Associada da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro - Brasil. E-mail: zoiaprestes@id.uff.br. Lattes: https://lattes.cnpq.br/1927800358488148.
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1347-3195.
3 Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - Brasil. E-mail: vitordrodrigues2@gmail.com Lattes: http://lattes.cnpq.br/1924180108073934. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4303-8442.
4 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense. E- mail: annaprestes@id.uff.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6716050901947658.
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8000-018X.
A Revolução Socialista Russa de Outubro de 1917 deu início à transformação da realidade do país, pondo na ordem do dia a resolução de problemas sociais enfrentados pela população que era, basicamente, camponesa. No campo da educação, as transformações deveriam ser grandiosas, pois havia quase 80% da população analfabeta e um número expressivo de crianças e adolescentes que nunca haviam frequentado escola. Além disso, apenas a nobreza aristocrática tinha acesso a bens culturais, enquanto o povo miserável, faminto, explorado e iletrado lutava por sua sobrevivência.
Nas palavras de Lenin de janeiro de 1923, era necessária uma Revolução Cultural que dependia de determinadas condições e apresentava enormes dificuldades a serem enfrentadas.
Colocam-se perante nós duas tarefas principais, que representam toda uma época. É a tarefa de refazer o nosso aparelho, que não presta absolutamente para nada e que recebemos inteiramente da época anterior; em 5 anos de luta não pudemos nem podíamos refazê- lo seriamente. A nossa segunda tarefa é o trabalho cultural para o campesinato. E esse trabalho cultural junto ao campesinato tem precisamente como objetivo econômico a cooperativização. Se tivéssemos uma cooperativização completa, já estaríamos com ambos os pés em terreno socialista. Mas essa condição da cooperativização completa implica um tal grau de cultura do campesinato (precisamente do campesinato, como uma massa enorme) que essa cooperativização completa é impossível sem toda uma revolução cultural.
Os nossos adversários disseram-nos mais de uma vez que empreendemos uma obra insensata ao implantar o socialismo num país de insuficiente cultura. Mas enganaram-se: não começamos por onde supunha a teoria (dos pedantes de toda espécie) -, em nosso país, a revolução política e social precedeu a revolução cultural, essa revolução cultural perante a qual nos encontramos.
Para nós é suficiente agora essa revolução cultural para nos tornarmos um país completamente socialista. Mas esta revolução cultural apresenta incríveis dificuldades para nós, tanto no aspecto puramente cultural (pois somos analfabetos) como no aspecto material (pois para sermos cultos é necessário um certo desenvolvimento dos meios materiais de produção, é necessária uma certa base material) (Lenin, 2017, p. 561-562, grifos nossos).
No texto O cooperatsii [Sobre a cooperação] (Lenin, 2017), citado acima, Lenin diz que, para ele, a Revolução Cultural abrangia o aniquilamento do monopólio cultural
da burguesia, transformando a cultura em bem de todos, possibilitando à população o acesso ao que a humanidade acumulou ao longo dos séculos. Mas para que a Revolução Cultural se concretizasse, inclusive, garantisse o avanço do nível cultural da população, era necessário envidar esforços voltados para instrução e educação, possibilitando não só o acesso à herança cultural da humanidade, mas a uma formação política. Ou seja, para fazer a Revolução Cultural era preciso alfabetizar a população para que pudesse ter amplo acesso aos bens culturais, estudar e se formar para uma participação ativa e conscientemente da construção da nova sociedade baseada na justiça social.
Lenin destacava que sem a Revolução Cultural seria difícil a construção da nova sociedade comunista, pois a organização política e econômica dependia do trabalho de elevar o nível cultural da população.
Será que é possível estudar amplamente, por exemplo, a história da construção industrial socialista sem mostrar o crescimento do nível político e técnico-cultural da classe trabalhadora e a formação da intelectualidade popular; seria possível desvendar a implementação do plano de Lenin de cooperação sem atentar para a luta pela alfabetização e pela cultura, pela preparação de “cooperadores civilizados”; seria possível uma análise séria da construção nacional sem mencionar o trabalho em prol do desenvolvimento das culturas nacionais etc. (Zak, 1964, p.7, tradução nossa).
Em Stranitchki iz dnevnika [Pequenas páginas do diário] (1970b), texto escrito entre 2 e 3 de janeiro de 1923 e publicado no jornal Pravda, ou seja, um pouco antes do texto Sobre a cooperação, Lenin apresenta tarefas fundamentais para a Revolução Cultural.
A primeira era o combate ao analfabetismo, aumentando os investimentos no campo da educação, pois o Censo de 1920 mostrava que os avanços, em comparação com os números do levantamento de 1897, ainda no regime tsarista, eram muito inexpressivos: se, em 1897, a proporção era de 223 pessoas alfabetizadas em 1.000, em 1920, o número aumentou apenas para 319 em 1.000 (Lenin, 1970b).
Por isso, uma das primeiras medidas adotadas pelo novo governo revolucionário foi organizar um movimento nacional de alfabetização da população, além de dar início à estruturação do sistema de educação com base nos princípios comunistas.
O processo de educação, apesar da revolução, é ainda difícil. E não podemos garantir que a geração mais próxima de nós possa furtar-se à influência do antigo clima, visto que neste nosso período de transição ela é como um mar em fúria, ainda bastante sujo, banhando ilhas ou ilhotas nas quais se consolida já a ordem socialista. As dificuldades do trabalho de reeducação são enormes (Lunatcharski, 1988, p. 224).
A segunda tarefa, ainda de acordo com Lenin (1970b), era alçar a figura do professor a um patamar sem o qual não seria possível sequer falar de Revolução Cultural. “O professor popular deve ser posto em um patamar no qual nunca esteve e ainda não está e não poderia estar na sociedade burguesa. Isso é uma verdade que não exige comprovações” (Lenin, 1970b, p. 367, tradução nossa).
Coube a Anatoli Vassilievitch Lunatcharski5 a tarefa de liderar a organização do sistema de educação ao longo da primeira década de implementação do estado soviético. Em relatório para a Conferência dos professores de Ciências Sociais de 27 de junho de 1928, portanto, 11 aos após a Revolução de Outubro, ele enfatizava a importância de se fazer uma análise das tarefas da escola soviética no período da ditadura do proletariado – fase necessária, de acordo com Karl Marx, na transição política do regime capitalista para o comunismo (Marx, 2012). Lunatcharski (1988) faz uma veemente crítica à sociedade do regime tsarista, em que a escola era basicamente para a elite, portanto, repleta de “preconceitos, monstruosidades, insuficiências” (Idem, p. 225) que contaminava as novas gerações. Por isso, para ele, a tarefa da escola soviética era dupla:
(...) por um lado, proporcionar todas as conquistas do passado, pondo a tónica, como é bom ver, na nova cultura, na ciência nova, antes de mais proletária, no marxismo, nas organizações proletárias, nas ideias comunistas e, por outro lado, impedir à criança o acesso às ideias do passado, não a contaminar com aquilo contra o qual lutamos e que existe na velha sociedade... (Lunatcharski, 1988, p. 225).
Pelas palavras apresentadas acima, percebe-se que o Comissário do Povo para Educação defendia que a escola soviética deveria possibilitar às novas gerações uma formação no espírito dos princípios comunistas, libertando-a dos preconceitos e ideias do antigo regime deposto, construindo “de alto a baixo esse edifício com as próprias mãos” (Lunatcharski, 1988, p. 225).
5 Para maiores detalhes, ver PRESTES, Zoia; TUNES, Elizabeth. Anatoli Vassilievitch Lunatcharski e os princípios da escola soviética. Em: Movimento - Revista de Educação, Niterói, ano 4, n. 6, p.254- 271, jan./jun. 2017. Disponível em: https://periodicos.uff.br/revistamovimento/article/view/32599/18734. Acesso em 20 de março de 2025.
Sem dúvida, a estruturação do sistema de educação e a organização da escola na União Soviética era parte integrante da Revolução Cultural apontada por Lenin. Não se tratava apenas da educação e da escola, era uma tarefa de revolucionar culturalmente a sociedade, possibilitando o acesso ao que fora acumulado pela humanidade à população.
Não foi fácil a instalação do Comissariado do Povo para Educação e Lunatcharski enfrentou sabotagem não apenas por parte dos funcionários do Ministério do Ensino Público, encontrando as “salas completamente vazias” (Lunatcharski, 1988, p. 250), mas também de docentes, mesmo tendo prometido que nenhuma medida relacionada à escola seria tomada sem uma consulta prévia a eles. “Era a decisão própria de quem espera a queda iminente desta ‘execrável revolução’ que eles não consideravam popular, e o regresso à velha ordem, à de antes de Outubro, para construir a escola segundo suas necessidades, quando a burguesia retomasse o poder” (Idem, p. 12). A saída foi deixar de contar com esses professores considerados progressistas que se recusaram fazer a transmissão do expediente, organizar a estrutura do Comissariado, estabelecendo as relações com as regiões do país, e integrar os professores favoráveis à nova ordem ao trabalho de reforma da escola.
Um fato interessante é que, em 1918, Lunatcharski defendeu que o professor deveria ser eleito e controlado pela população local, organizada em comitês ou em sovietes, assumindo a direção da escola. Entretanto, havia “toda uma massa da pequena burguesia, uma massa de camponeses incultos a quem escapava o sentido da nova reforma” (Ibidem, p. 14), por isso, muitas decisões deveriam ficar a cargo de instâncias do governo.
Um povo que vegetou na ignorância não pode acender à autogestão completa e as condições de um poder popular só podem ser reunidas se as massas às quais esse poder é entregue forem instruídas. Enquanto não for preenchida esta condição, forçoso é optar por um “absolutismo iluminado”. O poder da intelectualidade não existe. Deve, si, haver um poder da vanguarda desse povo, da parte do povo que representa os interesses bem assimilados da maioria, da parte do povo que dele é a força criadora. O proletariado é essa força criativa, e a actual forma de governo não poderia ser outra senão a ditadura do proletariado (Lunatcharski, 1988, p. 14).
Aumentar os investimentos para a escola primária era parte integrante dessa segunda tarefa indicada por Lenin para que a Revolução Cultural se concretizasse. O importante não seria apenas aumentar o número de editoras e publicações – fato
imprescindível deste período – mas aumentar o número de pessoas leitoras. Vale ressaltar, que, entre as primeiras iniciativas do poder soviético para a democratização da cultura foi a publicação de livros considerados clássicos da literatura russa para disponibilizá-los a preços acessíveis à população. Além disso, foi impulsionado um trabalho intensivo de organização de bibliotecas públicas, destacando a importância de troca de livros entre elas, entre bibliotecas de sindicatos e estrangeiras.
Por fim, Lenin destacou que a terceira tarefa compreendia uma questão política de suma importância que é a relação entre o campo e a cidade. Ele chama a atenção para a necessidade de criar uma série de organizações (partidárias, sindicais e particulares) com a colaboração de operários, tendo como objetivo colaborar sistematicamente com as pessoas do campo para possibilitar seu desenvolvimento cultural.
Não fazemos quase nada para o campo, além de destinar um orçamento oficial ou além de estabelecer relações por vias oficiais. É verdade que as relações culturais com o campo assumem, em nosso país, um caráter diferente. A cidade entregava ao campo, no capitalismo, aquilo que o corrompia político, econômica, moral, fisicamente etc. Agora, a cidade começa a inverter essa situação. Mas tudo isso é feito espontaneamente e tudo isso pode ser reforçado (e posteriormente multiplicado por cem) conscientemente, com um trabalho planejado e sistemático (Lenin, 1970b, p. 367, tradução nossa).
Ao dizer que “a cidade começava a inverter essa situação”, Lenin, provavelmente, estava se referindo à enorme massa de pessoas analfabetas e ao trabalho que estava sendo realizado pelo Departamento de instrução não-escolar do Comissariado do Povo para Educação, dirigido por Nadejda Konstantinovna Krupskaia, e que tinha como tarefa coordenar a criação e a organização de locais para formação de quadros para a jovem república socialista.
Uma das premissas do socialismo é o alto nível cultural da população. Precisamos ser trabalhadores habilidosos, sábios, firmes. A monarquia nos deixou uma herança triste: as massas semianalfabetas que não dominam os conhecimentos escolares mais elementares, não conhecem, não sabem empregar suas forças com menor dispêndio, de forma planejada e organizada (Krupskaia, 1918, p. 271-272).
Apesar da difícil situação política e econômica, o país vivencia um crescimento espantoso de números de instituições de formação cultural que tinham as mais variadas denominações. Eram bibliotecas, clubes para trabalhadores, clubes para
adolescentes, universidades populares, casas populares, escolas para analfabetos etc. Muitas surgiam espontaneamente, sob pressão da população, cresciam em número e diversificavam suas atividades (Frid, 1941).
Vale apresentar alguns dados que constam no livro de Frid (1941), que mostram o intenso movimento direcionado para o cumprimento de tarefas apontadas. Em 1920, de acordo com o autor, em 137 regiões da Rússia, haviam sido registradas
8.063 escolas de alfabetização com 197.423 estudantes: eram 6.697 escolas com
164.466 estudantes no campo e 1.166 escolas com 32.957 estudantes em áreas urbanas (excluindo a capital Moscou). Neste mesmo ano, contava-se 3.114 escolas de formação geral e cursos para adolescentes e adultos com 92.696 estudantes, dos quais, 45.663 estavam em áreas rurais e 47.033 em áreas urbanas (Frid, 1941).
A idealização, execução e instauração da União Soviética por meio de uma revolução bolchevique6 colocaram em xeque a teoria de que era necessário um país com capitalismo desenvolvido para que um processo revolucionário concretizasse a Revolução Socialista. A Rússia tsarista era tida como um país semifeudal, com uma maioria analfabeta e rural – uma diferença importante das análises que idealizavam uma necessidade de um desenvolvimento capitalista evidente. Noutro mais, é sabido que a experiência capitalista, em tempos tsaristas, não dispunha de uma vontade de ampliar o acesso à cultura e desenvolver o senso crítico da população. À revolução coube o papel de se estender ao povo e junto do povo o trabalho de transformação da sociedade como um todo, dispondo ou não das ferramentas para que tal feito se concretizasse.
Os ideólogos mencheviques afirmavam que, enquanto os trabalhadores não dominassem a cultura burguesa, não deveriam sequer pensar em como tomar o poder. Lenin desmascarou essa ideia dogmática reacionária no artigo Sobre a nossa revolução (Lenin, 1970a):
6 Bolcheviques e mencheviques foram dois grupos do Partido Operário Social-Democrata Russo e que participaram ativamente das revoluções de Fevereiro e de Outubro de 1917. Em 1903, ocorreu a divisão do partido entre os bolcheviques, que defendiam uma revolução operária, e os mencheviques, que eram defensores da social-democracia.
Vocês dizem que para construir o socialismo é necessária a civilidade. Muito bem. Então, porque não podíamos, inicialmente, criar tais premissas da civilidade aqui, como a expulsão dos donos de terra e dos capitalistas russos e, depois, começar o movimento rumo ao socialismo? Em quais livros leram que tais mudanças na ordem histórica comum são inadmissíveis ou impossíveis? (Lenin, 1970a, p. 381, tradução nossa).
A expulsão dos donos de terras e capitalistas era uma premissa importantíssima da civilidade, segundo Riurikov (1976). Porém, se a revolução é uma premissa poderosa para o desenvolvimento da cultura, o crescimento do nível cultural, por sua vez, torna-se um acelerador fortíssimo do desenvolvimento da nova sociedade socialista. Lenin não compreendia o nível cultural como uma conservação passiva de uma soma de saberes acumulados, o importante era o emprego ativo, consciente e criador destes saberes, de toda herança cultural originada nas massas para o desenvolvimento da sociedade, para que o país fosse dirigido com êxito (Riurikov, 1976).
Ainda que Marx não tenha produzido textos específicos sobre cultura, há em seus textos elementos que perpassam uma análise da cultura. Portanto, é no autor que buscamos uma análise da práxis que envolveu um período importante de implementação da União Soviética. Neste sentido, as análises marxianas da sociedade, da expropriação e do próprio Capital mostram esforços para entender as dinâmicas sociais que envolviam o proletariado, o campo e a burguesia.
A expropriação e expulsão de uma parte da população rural não só libera trabalhadores para o capital industrial, e com eles seus meios de subsistência e seu material de trabalho, mas cria também o mercado interno. De fato, os acontecimentos que transformam os pequenos camponeses em assalariados, e seus meios de subsistência e de trabalho em elementos materiais do capital, criam para este último, ao mesmo tempo, seu mercado interno. Anteriormente, a família camponesa produzia e processava os meios de subsistência e matérias-primas que ela mesma, em sua maior parte, consumia. Essas matérias-primas e meios de subsistência converteram-se agora em mercadorias [...] (Marx, 2013, p. 818).
Na análise de Marx sobre a produção da vida material, na qual os meios de produção determinam o valor da força de trabalho, os elementos da questão cultural se fazem presentes,
Observa-se, novamente, a centralidade conferida por Marx à produção da vida material, em que os meios de subsistência determinam o valor da força de trabalho – a mercadoria mais importante do modo de produção capitalista. Pode-se perceber a seguinte articulação: a força de trabalho se torna mercadoria, pois o trabalhador é expropriado dos meios de produção de sua subsistência; forma-se um mercado de trabalho no qual a força de trabalho é vendida e alienada em benefício do capitalista; o valor da mercadoria força de trabalho é determinado pelo valor dos meios de subsistência necessários à sua produção e reprodução; esses meios de subsistência, por sua vez, também são transformados em mercadoria e constituem o mercado interno (Borja, 2020, p. 92-93).
As atribulações do contexto de extrema necessidade do povo russo foram verificadas ao longo da história, com isso, durante o processo revolucionário, as tarefas dispostas por Lenin e os bolcheviques precisavam de forma e corpo. Desde o imbróglio com os reformistas, que culminou com a deposição de Kautsky, Lenin, em sua famosa síntese diz que “reconhece-se no marxismo tudo menos os meios revolucionários de luta, a sua propaganda e a preparação, a educação das massas precisamente nesse sentido” (Lenin, 1977, p. 2), apontando para a necessidade de se ater ao que consideramos então cultura.
O período que consiste na revolução costurou-se aos importantes conflitos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), e, junto ao processo revolucionário, da Guerra Civil (1918-1920), que acompanhou a invasão militar das forças intervencionistas da Europa, dos Estados Unidos e do Japão. A grave situação se aprofundou ainda mais com o boicote por parte dos países que conformavam o capitalismo do século passado, em que um bloqueio econômico e político havia sido instaurado contra a União Soviética. Ainda nesse contexto, as baixas na produção, no pessoal e no que compreende um Estado são incalculáveis. E é quando os bolcheviques implementam um regime de estado de guerra que, entre outras determinações, acaba por ser vital para a própria sobrevivência da revolução.
O “Comunismo de Guerra”, regime imposto pelos bolcheviques para sobrevivência dentro do sistema pensado pelos revolucionários, foi decisivo para as frentes de batalhas, porém, deixou saldos desastrosos perante a população. Tal sistema regido pela cúpula russa tinha por característica um controle rigoroso sobre a produção e distribuição de quase a totalidade dos cereais cultivados nos campos da Rússia e países sob seu domínio (Prado, 2019, p. 25-26).
É nesse contexto, liderado pelos bolcheviques, que os Sovietes e Lenin percebem a existência de uma cratera estrutural necessária e importante a ser
preenchida: a cultura. Assim, a União Soviética mergulhou na Revolução Cultural, e parte disso, deve-se a uma necessidade dos Sovietes de desenvolver a comunicação, a agitação e a propaganda para e junto dos trabalhadores rurais e do proletariado.
Gramsci, no início de seus escritos, definiu a cultura a partir das necessidades do movimento proletário e de suas expectativas, em uma contraposição à perspectiva burguesa. Ao criticar o intelectualismo burguês, o autor italiano determina a cultura como vital para a compreensão das classes trabalhadoras. Nesse ínterim, “é necessário perder o hábito e deixar de conceber a cultura como saber enciclopédico” (Gramsci, 1996, p. 97-98), ou seja, entender a capacidade humana não como uma produção estática e parte da realidade, mas como um movimento histórico e material da vida. No que pese a ideia gramsciana, há de se entender que o projeto tsarista semifeudal da Rússia, como uma evidente destruição da organização da classe trabalhadora. Há de se recorrer aos números apresentados: o país com a maior extensão territorial do mundo tinha uma população de aproximadamente 150 milhões de pessoas, das quais 120 milhões eram de analfabetos.
Uma das características marcantes de todo grupo social que se desenvolve no sentido do domínio é sua luta pela assimilação e pela conquista “ideológica” dos intelectuais tradicionais, assimilação e conquista que são tão mais rápidas e eficazes quanto mais o grupo em questão for capaz de elaborar seus próprios intelectuais orgânicos (Gramsci, 2006, cad. 12, p. 19).
E em meio ao processo revolucionário, os Sovietes chegam a uma possibilidade de preenchimento da cratera: a utilização dos recursos disponíveis para que os intelectuais tradicionais fossem superados pela própria classe trabalhadora. O processo revolucionário visava combater a alienação produzida pela lógica capitalista, permitir o acesso pelos trabalhadores a uma cultura antihegemônica presente em livros, cinema e teatro. O contato com uma lógica cultural diferente fez com que os trabalhadores do campo e da cidade colocassem em xeque o capitalismo semifeudal da Rússia tsarista. Começa aqui, a dialética do processo revolucionário e os recursos disponíveis eram os trens que antes serviam ao Tsar que, a partir daquele momento, partiram rumo ao interior do país para possibilitar a difusão do conhecimento, o acesso à cultura e a criação de uma cultura socialista.
Em 1918, o Congresso dos Sovietes de Toda a Rússia aprovou o uso dos trens para o trabalho de propaganda e agitação. Era dado início ao movimento que foi denominado aguitprop7 soviético.
A materialização do trabalho do aguitprop exigia quadros qualificados. Para isso, foram organizadas aguitchkoli (escolas de agitação) com cursos de curta duração, que formaram mais de 3 mil pessoas e 2/3 delas participou ativamente da campanha de agitação (Frid, p. 69).
Um trabalho abrangente voltado para a agitação e formação política da população foi desenvolvido, em condições de Guerra Civil, pelos aguitpunkt (pontos de agitação), coordenados por um Colegiado Central. Esses pontos de agitação tinham suas representações em diferentes locais e eram organizados nas estações ferroviárias, nos destacamentos do exército vermelho e em locais em que havia uma grande concentração populacional. Os métodos empregados pelos aguitpunkt eram diversos: desde a organização de manifestações, até rodas de conversa, palestras, distribuição de literatura, organização de buró de informações, entre outros. De acordo com Frid (1941), para o trabalho de agitação e propaganda usava-se a arte visual em cartazes, desenhos com caricaturas, peças de teatro e jornais. Muitos aguitpunkt tinham a sua disposição teatros e vagões de trens equipados com palcos para encenação de peças. Vale dizer que, se em 1919 havia 211 aguitpunkt, em 1921 já eram 315.
No pátio da estação de trens - em todos os átrios das estações, mesmo nas menores aldeias - a porta de um barracão de madeira está aberta e, por cima desse barracão, pode-se ler a palavra aguitpunkt. Neste barracão, um homem vende e distribui brochuras de agitação, folhetos e jornais oficiais. O pavilhão está, como as paredes de todas as cidades, coberto de cartazes e jornais (Holitscher, 2012, p. 55, tradução e grifos nossos).
Na prática, no início do trabalho, havia apenas um vagão destinado ao trabalho de agitação e propaganda. Posteriormente, o Comitê Central Executivo da Rússia decidiu destinar para essa grandiosa tarefa um trem inteiro com cartazes de papel colados e lemas revolucionários escritos na parte exterior. Porém, a chuva e o vento durante as viagens destruíram tudo pelo caminho. Foi quando, em agosto de 1918,
7 Abreviação de duas palavras – aguitatsia [agitação] e propaganda [propaganda].
decidiu-se organizar o primeiro trem de agitação, composto de 15 vagões que carregavam depósitos de livros, telégrafo, cinema, teatro. O primeiro trem com o nome
V. I. Lenin realizou mais de 25 viagens, distribuiu mais de 150 mil panfletos e 15 mil cartazes com propaganda do governo.
Na sequência, foram organizados mais 4 trens com os seguintes nomes Krasni vostok [Oriente vermelho], Sovetski kavkaz [Caucaso soviético], Krasni kazak [Causasiano vermelho] e Oktiabrskaia revoliutsia [Revolução de Outubro]. Além destes trens, havia outros que foram decorados com desenhos de I. Maliutin e poemas de V. Maiakovski, mas, infelizmente, não há registros fotográficos deles.
Figura 1: Aguit-trem Oktiabrskaia revoliutsia [Revolução de Outubro]. 1919-1920.
Fonte: Bibikova, 1965.
Figura 2: O interior de um dos vagões do aguit-trem Oktiabskaia revoliutsia [Revolução de Outubro], 1919.
Fonte: https://vk.com/@kurgan_kraev_museum-agitpoezda.
O primeiro aguit-trem V. I. LENIN entrou em funcionamento em agosto de 1918. Na sua primeira viagem, foi de Moscou a Kazan. Numa segunda viagem, entre dezembro de 1918 e março de 1919, seguiu para Bielorrússia, Lituânia e Ucrânia. De acordo com outras fontes, esta viagem teve lugar entre setembro de 1918 e março de 1919 (apud Kenez 1985, p. 60). Entretanto, numa reunião realizada em 11 de janeiro de 1919, o presidiu do Comité Central discutiu “a situação dos trens literário-instrucionais do VTSIK [Comitê Central Executivo da Rússia]”. Mais tarde, estes trens seriam designados por “trens de agitação-instrução” e, no início de 1920, foi criada uma comissão especial, representada pelo departamento de trens e navios de agitação no presidiu do VTSIK. O Departamento Político, que era a principal autoridade imediata dos trens de agitação, foi dividida numa seção de instrução e numa seção de agitação. Enquanto a primeira se dedicava mais às inspeções locais e ao trabalho de propaganda (junto de grupos e instituições específicas), a segunda centrava-se em manifestações, palestras públicas, cinema, ou seja, nos esforços para mobilizar a população em geral (Heftberger, 2015, p. 4-5, tradução nossa).
É notório entender que o sucesso da tática dos trens despertou o interesse de diversos intelectuais que estavam envolvidos com a causa socialista. Clara Zetkin (1934) denota que a “arte deve surgir, com as suas raízes mais profundas, no alicerce da grande massa dos trabalhadores, deve ser compreendida por essas massas e amada por elas. Deve unir os sentimentos, pensamentos, e vontade dessas massas,
elevando-as” (Ibidem, p. 62), e é de carona nesse trem e síntese que apresentamos uma breve análise da atuação dos trens do aguitprop soviético.
Os trens percorriam toda a União Soviética, não só para mobilizar tropas ao front soviético na luta contra os opositores durante a Guerra Civil ou os invasores ocidentais, mas desempenhavam um papel importante ao levar Cinema, Teatro e bibliotecas dentro de seus vagões.
As bibliotecas, dispostas nos vagões, eram o elemento literário dos aguit-trens, que continham um importante dispositivo que revolucionou a cultura no século passado: o cinema. Dziga Vertov, importante cineasta soviético que revolucionou essa arte, se destaca como figura importante na produção e disposição do trem. Vertov pessoalmente viajou nos trens por dezoito vezes e constatou:
O passo seguinte foi o meu trabalho nos trens de agitação do Comité Central Executivo da Rússia. O camarada Lenin atribuía grande importância à utilização de filmes no trabalho dos trens e navios de agitação. E assim, a 6 de janeiro de 1920, parti com o camarada Kalinin para a frente sudeste. Levo comigo filmes, incluindo O Aniversário da Revolução. Estudamos o novo espectador. Exibimos esse filme em todas as paragens de trem e levamo-lo para as salas de cinema urbanas. Ao mesmo tempo, filmamos. O resultado é um filme sobre a viagem do líder sénior de toda a Rússia, Kalinin. O período do meu trabalho termina com o grande filme A História da Guerra Civil (Vertov, 1984a, p. 151, tradução nossa).
Figura 3: Palestra em um vagão-cinema. Aguit-trem Oktiabrskaia revolutsia, 1919.
Fonte: https://vk.com/@kurgan_kraev_museum-agitpoezda.
Para além do cinema, teatro e bibliotecas, o próprio Comissário do Povo para a Educação viajava nos aguit-trens, lembrando que Lunatcharski entendia a tarefa da educação para o proletariado soviético como de extrema importância e apontava que os primeiros passos para uma revolução era a de se ter uma população crítica e alfabetizada. Para tanto, Lunatcharski idealizou um sistema educacional proletário e explicitou:
Isso é uma tarefa gigante. A isso precisamos ainda acrescentar: como sistema educacional proletário, devemos também designar a propagação das ideias puramente proletárias. Primeiramente, para a parte menos escolarizada do próprio proletadoriado; depois, para a massa de camponeses e para a totalidade do corpo trabalhador da população e, por fim, entre os intelectuais. [...] Os fundamentos de nossa prática e programa político constituem uma maravilhosa herança que deve ser divulgada para todos na nossa propaganda política, por isso, é preciso que se realize com a ajuda de todos os órgãos do poder estatal (Lunatcharski, 2018, p. 53).
A figura de Lunatcharski, na organização da escola soviética, ultrapassa sua atuação no campo da Educação, estendendo-se a escolhas de peças de teatro e de filmes que introduziriam os trabalhadores do campo e da cidade num ambiente cultural nunca antes imaginado. Ele é um dos intelectuais orgânicos que moldou a práxis revolucionária e tinha consciência de que sua execução dependia também da formação de professores e mais intelectuais que atuassem nas esferas do Estado. A dialética da revolução é, na prática, um processo contínuo de transformação de sociedade e os professores são os “personagens principais da tarefa que se apresentava”, como afirmam Prestes e Tunes:
Para formar professores era necessário pensar na ampliação do acesso da juventude proletária às instituições de ensino superior. Lenin fez a defesa da revolução cultural e, para ele, a tarefa de construção da nova escola e da formação do novo homem estava no âmbito da revolução cultural e os professores deveriam ser aqueles que levariam a cultura para o povo. Lenin afirmou que Lunatcharski deveria convocar os intelectuais e conversar sobre a participação deles nessa luta. E esse processo seria muito importante, uma vez que seriam os professores formados com a ajuda deles, que iriam fazer a revolução cultural. A palavra era convocar, pois era preciso contar com especialistas em diversas áreas, já que Lenin tinha consciência de que apenas com os comunistas, membros do partido, eles não iriam muito longe (Prestes e Tunes, 2017, p. 263).
Não obstante a isso, é notório perceber que a arte, influenciada pelo construtivismo soviético, cumpria um papel político na luta por uma educação crítica,
“a produção artística serviu para informar, educar e lutar para que os trabalhadores das fábricas e do campo, por todo o território soviético, pudessem, enfim, se alfabetizar e determinar uma cultura socialista” (Savasir e Guleç, 2019, p. 306-307). Nesse aspecto, livros voltados à alfabetização, cartazes e pequenas peças teatrais também compunham os vagões da cultura do aguitprop soviético. Em meio às dificuldades da Guerra Civil, “um número de brigadas de choque do aguitprop organizavam festivais de rua, ações de teatro público e eventos de artes” (ibidem, p. 312-313). E é em meio às atividades realizadas dentro dos vagões que se formou um primeiro paradigma que vai ao encontro das tarefas propostas por Lenin: a revolução cultural.
Figura 4: Grupo de artistas pintando as fachadas dos vagões do aguit-trem Krasni kazak [Caucasiano vermelho], liderados por Ignati Nevinski, 1920.
Fonte: https://artguide.com/posts/1387.
A luta antihegemônica – no que compreende a hegemonia do capital – é também uma luta por uma hegemonia do proletariado, “a realização de um aparato hegemônico, enquanto cria um terreno ideológico, determina uma reforma das consciências e dos métodos de conhecimento, é um fato de conhecimento, um fato filosófico” (Gramsci, 1978a, p. 52). Sendo assim, as viagens dos aguit-trens da cultura tinham como determinação não só a formação da consciência, mas também um aprofundamento do paradigma da igualdade socialista. Os aguit-trens tinham como
objetivo “uma filosofia da práxis [...] que só pode apresentar-se, inicialmente, em atitude polêmica e crítica, como superação da maneira de pensar precedente e do pensamento concreto existente (ou mundo cultural existente)” (Gramsci, Caderno 11, p. 1383, 2024).
A experiência dos trens de agitação e propaganda, sem dúvida, é um exemplo de como a jovem república soviética enfrentava e realizava as tarefas da Revolução Cultural indicadas por Lenin se valendo da produção literária, teatral e cinematográfica, além de material de formação política como cartazes, folhetos e jornais. A arte estava estampada nas fachadas dos vagões e trazia os lemas da revolução socialista. Os trens percorreram o país em mais de 20 viagens, parando em locais mais ermos. Pelos cálculos da época (Frid, 1941), foram 1.891 manifestações das quais participaram 2 milhões e 752 mil pessoas, além de 2 milhões e 240 mil pessoas presentes em mais de 1.008 palestras, 1.962 sessões de cinema e 106 concertos. A arte estava presente como elemento fundamental da Revolução Cultural que possibilitou à União Soviética atingir, em 1936 a marca de 40 milhões de pessoas alfabetizadas e, de acordo com o censo de 1939, a população entre 16 e 50 anos alfabetizada se aproximou dos 90%.
No Brasil, segundo os dados do último Censo de 2022, ainda há, na população com 15 anos ou mais, 11,4 milhões que não sabem ler e escrever. Quem sabe, a experiencia soviética dos trens de agitação e propaganda poderia inspirar políticas públicas para mudar esse triste quadro.
Наш паравоз вперед летит В Коммуне остановка Другого нет у нас пути
Voe em frente nosso trem A Comuna é a parada Outro caminho não tem Temos nas mãos a arma
BIBIKOVA, Irina. Aguit-poiezda. Rospissi aguitpoiezdov i aguitpararrodov [Aguit-trens. Pintura dos aguit-trens e aguit-navios]. In: Jurnal Dekorativnoie iskusstvo [Revista Arte decorativa], n° 3, 1965.
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8 Canção escrita por representantes da juventude comunista em oficinas ferroviárias de Kiev e executada pela primeira vez em 7 de novembro de 1922. Disponível em: https://dvagrada.ru/wiki/Наш_паровоз. Acesso em 30 de março de de 2025 (tradução nossa).
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