
a mãe frequentava, José Luiz foi indicado para Goméia, uma casa de candomblé de
matriz africana. Hoje é Sacerdote do Candomblé, após 21 anos de feitura e estudos.
Sua importante inserção nas lutas antirracistas e em defesa da liberdade religiosa,
até mesmo porque esse trabalho militante constitui a essência do texto O homem, o
irmão e o guerreiro carinhosamente escrito por Tania Tgart4 (2025) e ilustrado com
imagens também por ela selecionadas.
Desejamos, aqui, evidenciar um José Luiz Antunes por inteiro, que se coloca
na contramão do sistema do capital, que se insere nas lutas antirracistas,
anticapitalistas e em defesa da liberdade religiosa. Tais características podem ser
compreendidas como dimensões da omnilateralidade que caracterizam,
fundamentam e atravessam os processos de formação humana integral, omnilateral.
Em outras palavras, no seu particular processo histórico-ontológico de fazer-se
humano e, ao mesmo tempo, classe trabalhadora, José Luiz se permite viver o que,
genericamente, Marx defendia acerca da necessidade de se exercitar a
multidimensionalidade humana, sendo-se, por exemplo, cantor, pescador, filosófico,
crítico literário etc., sem, contudo, deixar de ser trabalhador!
Da mesma maneira que não é possível separar o homus faber do homus
sapiens, tampouco é possível dividir o ser humano em várias partes, subdividindo-as
em mais e mais em pedacinhos, até chegar às menores partículas. Isso foi (e ainda
é) aquilo que o liberalismo, a ilustração e o pensamento cartesiano querem nos fazer
acreditar. Como todo e qualquer ser humano, José Luiz é uno. Podemos dizer que,
ainda que contraditoriamente, ele é inteiro no seu modo de fazer, pensar e sentir o
conjunto das relações sociais, dentro e fora da Universidade Federal Fluminense
(UFF). Afinal, não podemos subdividi-lo em partes, procedendo como “Jack, o
estripador”5, como costuma dizer o próprio José Luiz, em seus momentos de
ludicidade.
Além do reconhecimento de sua militância contra o antirracismo estrutural e
pela defesa da liberdade religiosa, em particular as de matriz africana, queremos
destacar “seu lado professor e educador”, o qual caminha no mesmo horizonte
ético-político que dá sentido ao modo de fazer o mundo.
5 Sobre “Jack, o Estripador”, pseudônimo de um famoso assassino em série, não identificado, que
atuou na periferia de Whitechapel, distrito de Londres e arredores em 1888, ver
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jack,_o_Estripador.
4 Tânia Tgart é professora, escritora e revisora. É dirigente do terreiro Ilê Axé Omó Efon Olobé Omi
(tradução: Casa da Força Sagrada aos Filhos da Nação Efon do Dono da Faca e da Água), localizado
em Maricá, Rio de Janeiro.