
O racismo estrutural no Brasil continua fortemente presente. Isso se
manifesta em diversos aspectos da vida cotidiana. De acordo com dados do
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP),
o Brasil contava, no ano de 2023, com 69,5 milhões de pessoas que não
concluíram a Educação Básica (EB) (Brasil, 2023). Se analisarmos por critérios
de cor/raça, pretos e pardos constituem maioria da população que não
conseguiu acesso e/ou permanência na escola formal. A falta de acesso e
permanência na EB são reflexos dessas desigualdades históricas e estruturais
que a sociedade ainda enfrenta, sendo alvo de um processo de desmonte do
Estado, capitaneado pelas políticas neoliberais que vêm se tornando cada vez
mais agressivas na retirada de direitos e afetando profundamente as frações
mais subalternizadas da classe trabalhadora.
Além das dificuldades relacionadas ao acesso e permanência nos
espaços escolares, o racismo estrutural provoca inúmeras formas de violências
físicas e simbólicas. Como expressão brutal da violência que representa o
racismo, neste ano, no município de Maricá, cidade localizada no Rio de
Janeiro. Guilherme Lima, estudante da rede estadual do município supracitado,
suicidou-se após desenvolver um quadro de depressão em decorrência da
discriminação racial.
Negros(as) e indígenas enfrentam barreiras estruturais complexas,
sendo o racismo um dos fatores que dificultam suas trajetórias escolares,
impondo experiências devastadoras que afetam profundamente as
subjetividades e a saúde mental e emocional de negras e negros. Além disso, a
história e a cultura desses grupos, frequentemente silenciadas, apagadas ou
distorcidas no currículo oficial, reforçam uma narrativa dominante que favorece
a visão eurocêntrica. Racismo e capitalismo se alimentam mutuamente.
Ao estudarmos as relações de classe e a estrutura de poder que
configuram o racismo, recuperando o conhecimento sobre culturas africanas,
indígenas e afro-brasileiras no currículo escolar, podemos caminhar na
desconstrução das desigualdades étnico-raciais, cuja superação depende da
luta organizada dos movimentos sociais, com destaque para os diversos
coletivos negros comprometidos com a luta antirracista e anticapitalista. Nesse
sentido, no espaço escolar, os(as) alunos(as) podem desenvolver uma
compreensão mais profunda de como a opressão racial está conectada à