ZIZ - Revista Discente de Ciência Política

Editorial

Daniete Fernandes Rocha — 2024-11-18

O Brasil Delegado: Pandemia, Bolsonarismo, Federalismo e Democracia

Marco Túlio Damas Chaves — 2024-11-18

O presente trabalho objetiva prover uma análise exploratória da erosão democrática presenciada durante a gestão de Jair Bolsonaro à frente do Executivo nacional, entendendo-a como um projeto político ideológico que será enquadrado sob a perspectiva de uma metamorfose em direção à delegação democrática. Para isto, entende-se a calamidade pública causada pela pandemia da COVID-19 como um laboratório de experiências antidemocráticas que visavam o enfraquecimento institucional e, consequentemente, uma revisão do pacto federalista ratificado sob a Constituição Federal de 1988, fruto de mobilizações sociais e resistências a arbitrariedades autoritárias.

A Participação e a Contestação Diante das Reformas Previdenciárias

Eduardo Rezende Pereira — 2024-11-18

Este artigo tem como objetivo analisar de que modo o movimento sindical combinou a participação nos mecanismos de diálogo institucional com as ações de contestação política nas ruas, diante das diferentes reformas nos regimes previdenciários que foram propostas e aprovadas pelos governos de Luiz Inácio da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), no Brasil, e de Cristina Kirchner (PJ) e Maurício Macri (Juntos), na Argentina. Para tal, estabelecemos um diálogo com a produção acadêmica especializada no tema da ação sindical e das reformas previdenciárias que foram aprovadas nas últimas duas décadas nesses dois países. Além da revisão da bibliografia, também nos utilizamos do levantamento de notícias sobre a atuação do sindicalismo frente a esses contextos distintos. Ao final, buscamos evidenciar as particularidades de cada um dos países nesses diferentes governos, marcados por políticas de viés neodesenvolvimentistas e neoliberais, que acabaram por representar contextos mais favoráveis ou desfavoráveis à atuação coletiva e à resistência do sindicalismo.

Governando Para Fome:

Bruno Vale Nobre Batista — 2024-11-18

O presente trabalho analisa a atuação do governo federal 2019-2022 sobre a agudização da fome durante a pandemia. Por meio de uma análise dos programas e políticas alimentares, bem como do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, veremos que a extinção do Conselho e a ausência de recursos para políticas públicas impactam na fome durante a gestão. Contendo uma análise crítica de programas e políticas públicas como o Programa de Aquisição Alimentar e o Auxílio Brasil, buscamos verificar elementos que coadunam para intensificação da fome por meio de escolhas políticas do governo, ou seja, o viés do projeto político governamental para lidar com a fome. Com isso, caminhamos para compreender a particularidade brasileira com o governo atuando para lidar com a fome. As escolhas políticas expostas no artigo demonstram que os 33 milhões em fome crônica tiveram em sua particularidade as ações do governo como forma de intensificação da fome, logo, buscamos investigar a intensificação da fome durante a pandemia e o projeto de governo como um quesito para o agravamento da fome.

Linguagem, Propaganda e Política Educacional:

André Luiz Pereira de Lima — 2024-11-18

Nesse artigo, a partir da Análise de Discurso Crítica (ADC) e da Gramática do Design Visual (GDV), analiso o significado representacional e a metafunção representacional na propaganda do SISU, referenciado por notícias da imprensa, sobre o ensino superior público no governo Bolsonaro. O gênero propaganda encontra no consumo a sua finalidade, pregando ideologias, e contribuindo para o fortalecimento de uma cultura de massa. Ao analisar a propaganda do governo do ex-presidente Bolsonaro sobre o acesso à universidade pública, a ideia é observar a relação entre o que se propaga/vende e o que se faz nesses espaços, em termos de políticas públicas. Assim, procuro responder à seguinte questão: Como o significado representacional e a metafunção representacional estão presentes na propaganda do SISU durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro? Minha hipótese é de que, durante a gestão do ex-presidente, enquanto anúncios do governo vendiam SISU como um caminho de oportunidades, notícias informavam o desmonte nas universidades federais. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com procedimento bibliográfico e documental, de cunho descritivo-analítico, que está dividida em seis seções. Paralelamente, trago notícias de algumas das principais empresas de comunicação brasileira sobre os investimentos (ou a falta deles) nessas instituições.

Agenda Simbólica no Instagram:

Mariele Troiano — 2024-11-18

A proposta deste artigo é analisar, mediante a ótica da agenda de políticas públicas, o conteúdo dos discursos oficiais divulgados durante o ano de 2023 no perfil oficial do Ministério das Mulheres no Instagram. Como objetivo específico, o estudo de caso de caráter exploratório busca examinar os discursos da ministra Aparecida Gonçalves a partir dos códigos disponíveis pelo Brazilian Policy Agendas Project (BPAP), a fim de avaliar a mobilização de uma agenda simbólica de políticas públicas. Compreende-se como “agenda simbólica” a articulação de questões orais, visando impulsionar a atenção para questões específicas. A partir das 548 publicações e dos 86 discursos oficiais transcritos, a análise dos dados sugere que momentos de mudanças institucionais, como o início de um novo governo e a redefinição do Ministério da Mulher, favorecem a produção de agendas simbólicas, estimulando temas polêmicos e sensíveis à sociedade. Assim, o espaço institucional do Ministério da Mulher representa, sobretudo, no primeiro ano do terceiro governo Lula, um termômetro para algumas proposições que, em um passado recente, foram apartadas do debate público e negligenciadas enquanto direitos.