Spurensicherung - Reter traços. O chão urbano como arquivo de ecologias reparadoras

Autores

  • Laura Kemmer Universidade de São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22409/arte.lugar.cidade.v1i2.65124

Palavras-chave:

chão urbano, rios urbanos, zonas críticas, curar, reparar

Resumo

Este artigo se baseia na tradição artística alemã de Spurensicherung/“reter traços” para explorar como novas formas de cura, de reparo e de reparação emergem do espaço urbano e, em particular, dos seus chãos, ao mesmo tempo orgânicos e construídos, elementares e poluídos. A primeira parte do artigo expõe como como os “solos de entulho” (rubble soils) da Berlim pós-guerra, a partir dos anos 1970, geraram novas alianças entre artistas e cientistas de solo que contradiziam imaginários de “pureza elementar” e de “renaturalização”, apresentando assim os solos urbanos como arquivos perturbadores. Passa-se então para a atual São Paulo para argumentar que novos movimentos ecopolíticos, que traçam os chãos urbanos em busca dos seus rios escondidos e comunidades ribeirinhas urbanas, não estão simplesmente “evidenciando”, mas produzindo coletividades humano-materiais de testemunhas que decretam múltiplos passados, presentes e futuros para reivindicar justiça ambiental e novas formas de reparação.

Biografia do Autor

Laura Kemmer, Universidade de São Paulo, Brasil

Laura Kemmer é Professora Titular da Cátedra Martius Alemanha-Brasil de Humanidades e Sustentabilidade, mantida pelo DAAD na Universidade de São Paulo. É cientista urbana, atua de forma interdisciplinar conectando teorias e métodos da Antropologia, da Geografia e da Teoria Feminista. Concluiu seu doutorado, intitulado Bonding. Infraestrutura, Afeto e Emergência de Coletividade Urbana, na HafenCity University Hamburg. Mais recentemente, trabalhou como pós-doutoranda e professora convidada na Humboldt-Universität zu Berlin e no Center for Metropolitan Studies da Technische Universität Berlin.

Referências

Beier, B. (2018). The Earth Print Archive. In A. Toland, J. Stratton Noller, & G. Wessolek (Eds.), Field to Palette – Dialogues on Soil and Art in the Anthropocene (pp. 591-603). CRC Press, Taylor & Francis Group.

Benjamin, W. (1983). Das Passagen-Werk. Erster Band. Suhrkamp.

Brantley, S. L., Goldhaber M. B., & Vala Ragnarsdottir, K. (2007). Crossing Disciplines and Scales to Understand the Critical Zones, Elements (3), 307-314.

Bruno, T. (2023). Ecological memory in the biophysical afterlife of slavery. Annals of the American Association of Geographers, 113(7), 1543-1553.

Carvalho, P. M., & Bastos, R. L. (2024). Sítio arqueológico do Quilombo Saracura: A insurgência do movimento negro pelo direito à memória na cidade de São Paulo. Revista de Arqueologia, 37(2), 81-101. https://doi.org/10.24885/sab.v37i2.1159 .

Castro, M. S. (2006). Bexiga: Um bairro Afro-Italiano: comunicação, cultura e construção de identidade étnica. [Dissertação de Mestrado]. Universidade de São Paulo. Escola de Comunicação e Artes.

Cotrim, L. (2015). Saracura, Yorubá, Bixiga: vai, vai para a Memória. https://spcity.com.br/saracura-yoruba-bixiga-vai-vai-memoria/

Derrida, J. (1996). Résistances. In J. Derrida. Résistances de la psychanalyse (pp. 44 et seq.). Galilée.

Ezcurra, M. P. (2020). The flight of seeds. In M. Gandy & S. Jasper (Eds.), The Botanical City (pp. 122-130). Jovis.

Farías, I. & Bruun Jensen, C. (forthcoming). Urban Critical Zones. The MIT Press.

Gandy, M. (2022). Urban political ecology: A critical reconfiguration. Progress in Human Geography, 46(1), 21-43.

Garmany, J. & Richmond, M. A. (2019). Hygenisation, Gentrification, and Urban Displacement in Brazil. Antipode 52(1), 124-144.

Hamilton, J. M. & Neimanis, A. (2018). Composting feminisms and environmental humanities. Environmental Humanities, 10(2), 501-527.

Husserl, E. (2009 [1918]). Analysen zur passiven Synthesis. Aus Vorlesungs- und Forschungsmanuskripten 1918-1926; Sedimentierung (pp. 263-264). In H.-H. Gander. Husserl-Lexikon. Wissenschaftliche Buchgesellschaft.

Kemmer, L. & Jasper, S. (2024).Urbanizing soil: Berlin Teufelsberg as leaky archive. Berliner Blätter, 87, 95-104. https://doi.org/10.18452/28588

Krämer, S. (2007). Spur. Spurenlesen als Orientierungstechnik und Wissenskunst. Suhrkamp.

Lang, N. (1996).Farben, Zeichen, Steine. In Metken, G. Spurensicherung. Verlag der Kunst.

Latour, B. (2018). Down to Earth: Politics in the New Climate Regime. Wiley.

Lévinas, E. (1983). Die Spur des Anderen. Alber.

Lyons, K. (2018). Chemical warfare in Colombia, evidentiary ecologies and senti-actuando practices of justice. Social Studies of Science, 48(3), 414-437.

Metken, G. (1996). Spurensicherung. Eine Revision; Texte 1977-1995. Verlag der Kunst.

Miehlich, G. (2009). Böden als Archive der Natur- und Kulturgeschichte. In NNA-Berichte. Institut für Bodenkunde.

Poirier, A.& Poirier, P. (1996). Zerstörung oder Rekonstruktion? Die künstlichen Ruinen von Anne und Patrick Poirier. In G. Metken, Spurensicherung. Verlag der Kunst.

Rolnik, R. (2022). Movimento Quilombo Saracura se mobiliza nas obras de escavação da Linha 6 do Metrô em São Paulo. Jornal da USP, July 21, 2022. https://jornal.usp.br/radio-usp/movimento-quilombo-saracura-se-mobiliza-na-obras-de-escavacao-da-linha-6-do-metro-em-sao-paulo/ .

Romeo, F. (2024). Forensic Architecture and the Aesthetics of Post-Human Testimony. Digital Journalism, 1-18. https://doi.org/10.1080/21670811.2024.2306216 .

Serra, A. M. (2011). O traço da origem e o traço do traço: Benjamin e a arqueologia da Spur. Cadernos Benjaminianos, 4, 1-11.

Toland, A. & Wessolek, G. (2017) Devil in the Sand - The Case of Teufelsberg Berlin and Cultural Ecosystem Services (pp. 1-10). In K.-H. J. Kim and M. J. Levin (Eds.), Urban Soils and Culture. Schweizerbart Verlag.

Weizman, E. (2017). Forensic architecture: Violence at the threshold of detectability. Princeton University Press.

Wiehl, A. (2022). Silent Landcsapes. Kunstverein Walkmühle Wiesbaden und Kunstverein Bayreuth.

Downloads

Publicado

2024-11-01

Como Citar

KEMMER, L. . Spurensicherung - Reter traços. O chão urbano como arquivo de ecologias reparadoras . arte :lugar :cidade, v. 1, n. 2, p. 72-100, 1 nov. 2024.