Políticas públicas, vulnerabilidade social e seus efeitos na saúde mental da população negra em um município do recôncavo da Bahia

Autores

  • Mariana Silva dos Santos Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
  • Rafael Coelho Rodrigues Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
  • Jeane Saskya Campos Tavares Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Palavras-chave:

saúde mental, assistência social, políticas públicas, racismo

Resumo

Este artigo apresenta uma pesquisa que realizou análise de Relatórios de Execução de atividades, prontuários e encaminhamentos produzidos em um CRAS de uma cidade do Recôncavo da Bahia. O objetivo foi perceber se há relação entre o empobrecimento e sofrimento psíquico da população feminina e negra, maioria da população atendida, bem como se estes determinantes sociais associados ao racismo e ao machismo produzem efeitos ainda mais deletérios neste mesmo grupo populacional. A partir da análise dos documentos pesquisados, concluímos que a maior parte das demandantes do CRAS são mulheres negras que se tornaram mais pobres nos últimos três anos e que foram mais encaminhadas para o CAPS da cidade, o que demonstra maior sofrimento psíquico vivenciado neste período.

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Biografia do Autor

Mariana Silva dos Santos, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Graduada em Psicologia pelo Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) Graduanda da Especialização Psicologia, avaliação e atenção à saúde. Pelo Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)

Rafael Coelho Rodrigues , Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Psicólogo. Professor Adjunto do Centro de Ciências da Saúde - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia - UFRB. Pós-doutorado em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense/UFF. Doutor em Psicologia/UFF. Mestrado em Psicologia - Universidade Federal Fluminense. Autor dos livros: O Estado Penal e a Sociedade de Controle: O Programa Delegacia Legal como Dispositivo de Análise (ed. Revan, 2009) e Juventude como capital (Ed. Juruá, 2014). Pesquisador do Grupo de Pesquisa Produção de Subjetividade e Estratégia de Poder no campo da infância e da juventude (UERJ/UFF) e do Grupo de Pesquisa Saúde, Organizações e Trabalho (SORT/UFRB) e integrante do Centro de Referência Regional em Educação Permanente em Crack, Álcool e outras drogas (CRR/UFRB). Foi representante do Conselho Regional de Psicologia (CRP/05) no Comitê Estadual de Prevenção e Combate a Tortura da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Jeane Saskya Campos Tavares , Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mestre em Saúde Comunitária e doutora em Saúde Pública pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA (ISC/UFBA). Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) lotada no Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRB).Líder do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa e Extensão em Saúde Coletiva da UFRB (GIPESC). Pesquisadora associada do Grupo de Pesquisa e Cooperação Técnica FA-SA: Comunidade, Família e Saúde (FASA- ISC/UFBA). Coordenadora do Ambulatório de Atenção Psicológica a Pessoas que Vivem com Condições Crônicas (APC/UFRB). Membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia CDH-CFP). Membro do GT de saúde da pop negra da Sociedade Brasileira de Medicina de família e Comunidade (SBMFC) Tem experiência em ensino, supervisão de estágio e pesquisa em Saúde Coletiva, Psicologia da Saúde, Metodologia da Pesquisa e Científica

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Publicado

2023-03-29 — Atualizado em 2023-03-29

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