Testemunhos desde a ferida

A escrita fragmentária e a criação de uma palavra aberta

Autores

Palavras-chave:

testemunho, cartografia, ferida, fragmentário, violência

Resumo

Este artigo deriva da tese de doutorado Testemunhos desde a ferida, realizada no Núcleo de Estudos da Subjetividade da PUC-SP, e atravessa as questões do testemunho, por meio das fissuras na carne da própria pesquisadora, decorrentes de abusos sexuais vividos durante a infância. O testemunho, assumido enquanto uma pista do método cartográfico, consiste em um modo de dizer e uma arte de contar desde um lugar insólito: a ferida. É da perspectiva da ferida que uma pesquisa é tecida. A partir dela, esta pesquisa busca ir além da dicotomia vítima e agressor. Sem atribuir a violência exclusivamente a um sujeito, trata-se de pensar as práticas abusivas além e aquém dos sujeitos, agenciadas no e pelo campo social. Assim, a escrita fragmentária, parcial e aberta, se torna uma ética e opera enquanto um dispositivo para a criação de uma língua menor, capaz de produzir outros modos sensíveis para além da violência.

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Biografia do Autor

  • Karina Acosta Camargo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo / PUCSP

    Doutora e Mestra em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e graduada em Psicologia pela Universidade Estadual de Maringá. Atua como pesquisadora nos seguintes temas: subjetividade, testemunho, violência, corpo e resistência; especialmente, por meio de Foucault, Nietzsche, Deleuze e Guattari. É autora do livro Fios de ouro no abismo: uma cartografia do abuso sexual infantil, lançado pela Benjamin Editorial.

Referências

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Publicado

2025-07-13

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Secção

Dossiê Cultivando cuidado: experimentações ético-estético-políticas desde perspe