Ecologia do cuidado
O “lixo” e as possibilidades do “jogar fora” em uma Comuna rural
Palavras-chave:
ecologia, cuidado, interdependência, lixoResumo
A partir de uma etnografia em uma comuna anarquista na zona rural do Rio Grande do Sul, este artigo objetiva discutir o “lixo” enquanto um agente de cuidado. Levando em consideração que não existe “fora” do planeta, a comunidade cria estratégias de descarte, de reaproveitamento, de invenção e de criatividade com aquilo que se costuma considerar lixo. A partir de uma perspectiva ecológica, em diálogo com Bruno Latour e Isabelle Stengers, discute-se os conceitos de ecologia política e cosmopolítica, para compreender que o “lixo” atua em uma ecologia do cuidado, onde os humanos são apenas parte de uma rede de engajamentos possíveis. O “lixo” requer negociações específicas, sazonalidades, temporalidades, relações com microrganismos, provocando o que é considerado “inutilizável” ou “morto”. Conclui-se que o “lixo” integra a política de cuidado dessa comunidade de modo interdependente e que se ressignifica à medida que está em constante relação com agentes humanos e não-humanos.
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