“Nós vamos invadir sua praia”: um estudo sobre os arrastões e as abordagens policiais na praia de Ipanema

Resumo

Essa pesquisa tem por objetivo discutir a suposta “democracia” praiana, demonstrando como ela é sentida na prática pelos seus agentes e sob a perspectiva da Segurança Pública. Demonstra como as fronteiras nativas do espaço praiano se organizam de forma a separar os diferentes grupos a partir de suas diferenças sociais, culturais, físicas e comportamentais, deixando sob a polícia a tarefa de organizar e gerir esses grupos. Além disso, essa etnografia revela como o trabalho policial acontece na prática, sobretudo no verão, quando a praia costuma ficar mais cheia, as taxas de crimes começam a aumentar e os conflitos entre grupos começam a ser evidenciados. Os crimes que acontecem na praia também são tema deste trabalho, sobretudo o arrastão, que é uma categoria nativa entendida de forma distinta dependendo do local que o indivíduo ocupa na sociedade e no ambiente praiano. Os diferentes agentes da Segurança Pública presentes na praia (Guarda Municipal e Polícia) usam de estratégias e métodos frequentemente      considerados ilegais para inibir a prática do arrastão, estando pautados sobre uma ótica muitas vezes racista, elitista e incriminatória, sobre os grupos de jovens suburbanos que vão em direção à praia em busca de lazer e , em alguns caso,  em busca de oportunidades para a prática de crimes, como demonstrarei no trabalho através de minha observação participante, entrevistas semiestruturadas, análise de documentos da mídia e estudos bibliográficos.

Palavras-chave: Polícia; Jovens; Arrastão; Praia.