A estética de absorção no cinema contemporâneo

Autores

  • Luiz Carlos Oliveira Junior Universidade Federal de Juiz de Fora

Palavras-chave:

estilo absortivo, lentidão, Wang Bing, Chantal Akerman, cinema brasileiro contemporâneo

Resumo

O artigo aborda uma das vertentes estilísticas mais determinantes do cinema contemporâneo, a que chamaremos cinema de absorção. Tal tendência, cujo momento mais prolífico se deu entre meados dos anos 1990 e primeira metade dos anos 2010, compreende filmes de duração lenta, sem curva dramática expressiva, que representam personagens absortas em pequenas ações do cotidiano ou em situação de autoabandono, entregues à pura passagem do tempo. O conceito estético de absorção mobilizado pelo artigo tem origem no célebre estudo de Michael Fried sobre as relações entre pintura e observador no século XVIII. Levaremos em conta, portanto, as problematizações conceituais e históricas implicadas pela transposição desse modelo teórico de um campo disciplinar para outro. A análise do filme Pai e filhos (Fu yu zi, 2014), de Wang Bing, conduzirá uma primeira parte da investigação. Ao final, faremos considerações sobre a estética de absorção no contexto do cinema brasileiro contemporâneo e veremos como, nos últimos anos, o registro absortivo tem dado lugar a uma demanda por maior frontalidade e eloquência na representação.

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Biografia do Autor

Luiz Carlos Oliveira Junior, Universidade Federal de Juiz de Fora

Professor adjunto do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Juiz de Fora e professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da ECA-USP. Autor do livro A mise en scène no cinema: do clássico ao cinema de fluxo (Papirus, 2013).

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Publicado

2021-05-21