Apresentação

Autores/as

  • Revista Convergência Crítica

DOI:

https://doi.org/10.22409/qyggy617

Resumen

O presente número da Revista Convergência Crítica (22) abre espaço para trabalhos que se dedicam a aprofundar o entendimento sobre o Século XIX, também conhecido como Oitocentos.

Começamos com o belo artigo de Raphael Guilherme Santorio Silva que, por meio do artigo de título Uma análise dos anúncios de leilões da Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1821), esmiuça as relações contraditórias entre escravidão e federalismo presentes na Constituição dos Estados Unidos da América. Nele, o autor defende que a irrupção da Guerra Civil se “deu pela crescente impossibilidade de celebração de compromissos em torno da questão da escravidão, visto que, esgotados pelo crescimento das dicotomias regionais e pelo surgimento de antagonismos irremediáveis, esses acordos de resolução paliativa se tornaram cada vez mais conflituosos e instáveis para o funcionamento normativo das instituições norte-americanas”. No artigo seguinte, Nicollas Albano de Carvalho Bernardino analisa as relações entre a raça e suas punições no Período Joanino em seu As punições mais humanas da escravidão no Rio de Janeiro urbano: um olhar para a condição de existência do negro na civilização através do açoite. Discutindo conceitos como modernidade, civilização, escravidão, humanidade, progresso, as conexões atlânticas e as instituições de vigilância, o autor procura perceber “as implicações do formato punitivo como fator de condução e construção dos escravizados e suas implicações mutáveis no período delimitado, bem como suas implicações complexas no passado brasileiro”.

Por sua vez, Helena Helena Maria Ribeiro P. Marques nos oferece o texto intitulado Os paratextos e as unidades narrativas: uma proposta de leitura de Ubirajara, onde apreende a famosa obra de José de Alencar “a partir da relação entre determinados aspectos da narrativa e os paratextos da respectiva obra”.

Alisson Freitas, em A Vice-presidência de província a partir do líder “Graúdo” do Ceará, procura investigar a atuação do Vice-presidente de Província na dinâmica política do período imperial, focando a trajetória de Joaquim da Cunha Freire (Barão de Ibiapaba). O autor se debruça sobre um significativo conjunto de fontes (leis, atas, relatórios, correspondências, jornais etc.), o que permite que ele conclua que “o lugar de Vice-presidente era um lugar de disputas intensas pelo poder, e que ao ocupar essa função por uma década, Joaquim da Cunha Freire realizou favores, pediu proteção, solicitou cargos e trocou informações com outros agentes políticos dentro e fora da província, logo, o vice provincial era um dos operadores da política imperial e faz parte da elite política local”.

Em “Mamo Francisco continua a governar a sua casa: a atuação política do Visconde de Suassuna, Marcos Santos estuda a trajetória política do Visconde de Suassuna, Francisco de Paula Cavalcanti de Albuquerque, “destacando sua influência e estratégias de manutenção de poder entre 1830 e 1880”. Por meio de “periódicos, inventários e bibliografia especializada”, Santos analisa o caso da família Cavalcanti de Albuquerque, observando como o “Visconde de Suassuna e seus irmãos dominaram o cenário político local e nacional, ocupando posições no Senado, na Assembleia Provincial e no governo de Pernambuco”. Através “de uma combinação de prestígio militar, propriedades rurais e estratégias matrimoniais”, a família foi se perpetuando no poder, atravessando diferentes conjunturas.

Em “We have the ground, but we have no money to build”: a construção do templo da Primeira Igreja Batista em face das disputas pelo campo religioso em Campos dos Goytacazes (1893-1898), Murilo Rosa Garcias analisa as disputas no interior do campo religioso do município de Campos dos Goytacazes, partindo da construção do templo da Primeira Igreja Batista, servindo-se dos relatos de um missionário, ele detalha como “o campo religioso local foi perpassado pelas disputas que opuseram a Igreja Católica, de um lado, e batistas e pedreiros-livres, de outro; bem como os jogos de representações que fizeram parte dessa dinâmica”.

Já Patricia Figueiredo Aguiar em A Câmara Municipal e a Organização do espaço urbano Os códigos de postura de Cuiabá na Primeira metade do século XIX, lança seu olhar sobre as “transformações institucionais das Câmaras Municipais na primeira metade do século XIX, com enfoque nos Códigos de Postura Policiais de Cuiabá de 1831, 1832 e 1834”. A autora sustenta que “os mecanismos de organização do espaço urbano e de controle das práticas cotidianas, refletiam tanto as transformações institucionais quanto as preocupações com o ordenamento social e a configuração da cidade”.

Em Uma análise dos anúncios de leilões da Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1821), Gabriela de Melo demonstra como os anúncios de leilões publicados no periódico Gazeta do Rio de Janeiro durante o período Joanino (1808-1821) podem ser usados como uma importante ferramenta para a compreensão de aspectos socioculturais do Rio de Janeiro no contexto “de mudanças e contradições promovidas pela permanência da Corte portuguesa e de suas elites na cidade”. A partir desse pressuposto, a autora revela que “os leilões foram um mecanismo importante de abastecimento e barateamento de produtos desejados por eles, e pelos habitantes que já residiam na cidade, e seus anúncios permitem que tenhamos um panorama do que era vendido e desejado”.

Finalizando a sessão dedicada ao dossiê, André Luiz Gomes da Silva e Amanda Almeida de Araújo elaboram uma interessante análise no artigo intitulado A importância dos escravizados nas expedições naturalísticas de Langsdorff no interior do Brasil (1824 – 1829), argumentando que a expedição “dependeu fundamentalmente do trabalho e saberes de auxiliares livres e escravizados, enquanto  simultaneamente operou seu apagamento epistêmico”. O texto demonstra “como a ciência metropolitana se construiu através de uma linha abissal que legitimou a apropriação violenta de corpos e conhecimentos na zona colonial”.

Na parte dedicada a trabalhos de temática livre, abrimos com o artigo de Daiana Junqueira Moreira, que em Será que ainda há tempo para mudar? Perspectivas sobre tempo e Ensino de História no Novo Ensino Médio, onde ela estuda as “concepções de tempo histórico presentes na produção textual de estudantes da 2ª série do Ensino Médio em uma escola pública estadual de Salvador (BA)”, indicando “a presença de múltiplas percepções de tempo entre os estudantes, variando entre visões fatalistas e outras que indicam possibilidades de transformação e intervenção no presente e construção de futuros possíveis”. A seguir temos o texto intitulado Territorialidades socioambientais e suas bases teórico-metodológicas, de autoria de Francisco Pontes de Miranda Ferreira e Rafael Ângelo Fortunato, que baseado em pesquisas etnográficas, demonstra a importância de “práticas contra-hegemônicas que ressignificam territórios” no trabalho de fortalecimento de “redes  comunitárias  e  subsidiar  políticas  públicas  participativas,  articulando  justiça ambiental e desenvolvimento territorial sustentável”.

Fechando a edição temos a resenha de George Gomes Coutinho sobre a obra Antônio Cândido: intérprete do Brasil, de autoria do professor Márcio Malta (Nico).

A todos, todas e todes que contribuíram com essa edição por meio da preparação de artigo, ensaio e resenha, o nosso profundo agradecimento. Menção também necessária ao inestimável trabalho dos pareceristas, fundamental para a viabilização dessa edição.

Boa Leitura!

Leonardo Santos (editor).

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Publicado

2025-09-11

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