Ser Cacique na cidade segregada: como reverter processos de apagamentos?
DOI:
https://doi.org/10.22409/rcc.v0i14.41119Palabras clave:
Carnaval de rua, tradição, subúrbioResumen
O presente artigo tem como objetivo analisar o silenciamento e isolamento cultural e geográfico pelo qual passa uma parte da cidade. Neste texto, iremos analisar o caso do bloco “Cacique de Ramos”, que neste ano de 2020 foi novamente “cancelado” por outra parte da cidade que vê em seu discurso politicamente correto motivo suficiente para atacar um bloco que resgata a cultura indígena e comemora a renovação de nossas mesclas e convivências.
Por detrás desse ataque, podemos perceber uma tentativa sempre renovada de silenciamento e apropriação de um discurso que não é compreendido, pois não é validado por parte da sociedade carioca. A tentativa é, portanto, a de tirar das ruas aqueles que sempre percorreram e transitaram pela cidade de maneira mais fluída — pensando nos atravessamentos Zona Oeste-Zona Norte – Centro-Zona Sul, os suburbanos.
Para desenharmos esse trabalho, primeiro faremos um trajeto pela história do Cacique de Ramos, através de sua criação, sua conjuntura sócio-política e sua mobilização cultural. Traremos também aspectos de Ramos e Olaria, bairros pelos quais o grupo transitou até que sua sede atual fosse estabelecida. Num segundo momento, analisaremos os processos de segregação estabelecidos na cidade do Rio de Janeiro, através de políticas de revitalização iniciadas pelo governo Pereira Passos, e observaremos como novas territorialidades foram estabelecidas por esses grupos removidos para os então subúrbios, movimento que vai ao encontro também com o da criação do bloco. E por fim, pensaremos nas diversas produções de sentido trazidas por movimentos populares de cultura, e em como existem diversas especificidades a serem detalhadas antes de abordamos de maneira taxativa um possível cancelamento.