Ensaios de Geografia
Essays of Geography | POSGEO-UFF
AO CITAR ESTE TRABALHO, UTILIZAR A SEGUINTE REFERÊNCIA:
SOUSA JÚNIOR, Arnóbio Rodrigues; MACIEL, Ana Beatriz Câmara. Os Impactos da Poluição Ambiental no Rio Acaraú, Tamboril - CE.
Ensaios de Geografia. Niterói, vol. 11, nº 24, e112421, 2024.
Submissão em: 23/02/2024. Aceito em: 26/09/2024.
ISSN: 2316-8544
Este trabalho está licenciado com uma licença Creative Commons
1
SEÇÃO ARTIGOS
Os Impactos da Poluição Ambiental no Rio Acaraú, Tamboril - CE
1
The Impacts of Environmental Pollution on the Acaraú River, Tamboril - CE
Los Impactos de la Contaminación Ambiental en el Río Acaraú, Tamboril - CE
DOI: https://doi.org/10.22409/eg.v11i24.62085
Arnóbio Rodrigues de Sousa Júnior
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Norte (IFRN),
Rio Grande do Norte, Brasil
e-mail: arnobiojr07@gmail.com
Ana Beatriz Câmara Maciel
3
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio Grande do Norte (IFRN),
Rio Grande do Norte, Brasil
e-mail: anaufrn@yahoo.com.br
Resumo
A poluição ambiental tornou-se um problema de ordem pública, pois afeta substancialmente as nossas vidas e
incide na relação do ser humano na natureza. Diante das urgências do mundo contemporâneo, uma grande
necessidade de implementar, de fato, ações governamentais e da sociedade civil em prol da preservação dos
recursos naturais que são imprescindíveis para manter o equilíbrio ecossistêmico no planeta Terra. Nesse sentido,
este artigo teve como objetivo investigar os impactos da poluição ambiental e suas consequências no rio Acaraú,
em Tamboril - CE. Para tanto, a abordagem desta pesquisa foi de natureza qualitativa e pesquisa de campo, na
qual foi possível observar os principais impactos ambientais. Em Tamboril - CE nota-se a conivência do poder
público sobre a poluição do rio Acaraú, a ineficiência de fiscalização ambiental e até mesmo o (des)conhecimento
dos órgãos responsáveis sobre a necessidade de proteção aos recursos naturais.
Palavras-chave
Poluição Ambiental; Impacto hídrico; Diagnóstico ambiental; Educação Ambiental.
1
Trabalho apresentado ao programa de pós-graduação lato sensu do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do grau de especialista em Educação
Ambiental e Geografia do Semiárido.
2
Professor da Educação Básica da Secretaria da Educação do Estado do Ceará (SEDUC). Graduado em
Licenciatura em Geografia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e
especialista em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido pelo IFRN.
3
Doutora em Geografia pela UFRN, atualmente Assessoria Pedagógica da Rede Municipal de Ensino de Natal/RN
e professora formadora do Curso de Especialização em Educação Ambiental e Geografia do Semiárido do IFRN
Campus Zona Leste.
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Abstract
Environmental pollution has become a public order problem, as it substantially affects our lives and affects the
relationship between humans and nature. Given the urgent needs of the contemporary world, there is a great need
to implement effective government and civil society actions to preserve natural resources, which are essential to
maintaining the ecosystem balance on planet Earth. In this sense, this article aimed to investigate the impacts of
environmental pollution and its consequences on the Acaraú River in Tamboril - CE. To this end, the approach of
ths research was qualitative and field research, in which it was possible to observe the main environmental impacts.
In Tamboril - CE, we can see the connivance of the government regarding the pollution of the Acaraú River, the
inefficiency of environmental monitoring, and even the (lack of) knowledge of the responsible agencies regarding
the need to protect natural resources.
Keywords
Environmental Pollution; Water impact; Environmental diagnosis; Environmental Education.
Resumen
La contaminación ambiental se ha convertido en un problema de orden público, ya que afecta sustancialmente
nuestras vidas y afecta la relación entre los seres humanos y la naturaleza. Ante las necesidades urgentes del mundo
contemporáneo, existe una gran necesidad de implementar acciones gubernamentales y de la sociedad civil a favor
de la preservación de los recursos naturales que son esenciales para mantener el equilibrio de los ecosistemas en
el planeta Tierra. En este sentido, este artículo tuvo como objetivo investigar los impactos de la contaminación
ambiental y sus consecuencias en el río Acaraú, en Tamboril - CE. Para ello, el enfoque de esta investigación fue
de carácter cualitativo y de campo, en el que se pudo observar los principales impactos ambientales. En Tamboril
- CE, existe la connivencia de las autoridades públicas respecto a la contaminación del río Acaraú, la ineficiencia
de la inspección ambiental e incluso el (des) conocimiento de los órganos responsables sobre la necesidad de
proteger los recursos naturales.
Palabras clave
Contaminación Ambiental; Impacto del agua; Diagnóstico ambiental; Educación Ambiental.
Introdução
Diante da complexidade e urgência do mundo contemporâneo, a partir da década de
1970, particularmente da conferência de Estocolmo, em 1972, a temática ambiental tem se
enquadrado no rol de assuntos de extrema importância para o bem-estar e sobrevivência
humana. No Brasil, a poluição ambiental é um problema de grave natureza e de saúde pública,
agravado nos últimos anos, em virtude do descaso das políticas públicas, da flexibilização das
leis ambientais e do avanço contundente das políticas de caráter neoliberal. As políticas
neoliberais disseminam a cultura do consumo em massa a qualquer custo, relegando os
elementos naturais a um conjunto de recursos infinitos.
Entende-se por poluição ambiental qualquer alteração indesejável nas características
físicas, químicas ou biológicas da atmosfera, litosfera ou hidrosfera que cause ou possa causar
prejuízo à saúde, à sobrevivência ou às atividades dos seres humanos e outras espécies ou ainda
deteriorar materiais” (Braga et al. 2005, p. 6). Embora haja uma incompatibilidade de conceitos,
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pode-se afirmar que a poluição prejudica em demasia a biodiversidade, a geodiversidade e a
humanidade de maneira difusa e/ou pontual, de modo a alterar o bem-estar humano, o estado
químico das coisas e os ecossistemas.
Desse modo, a sensibilização da sociedade civil, das instituições e do poder público em
relação ao meio ambiente é uma das estratégias de atenuação das práticas de poluição
ambiental. Contudo, existem muitos improvisos por partes de diversos atores sociais, inclusive
de instituições educacionais e midiáticas, quanto à abordagem ambiental. A naturalização da
exploração dos recursos naturais é uma atividade constante, sobretudo, quando se refere ao
marketing ambiental em uma perspectiva pró-capital que de modo algum prevê a projeção de
impactos ambientais oriundos da intervenção humana na natureza. Dessa forma, pode-se
afirmar que:
O marketing do consumismo busca a todo momento contribuir com o consumo
desenfreado que repercute em novas lógicas de exploração da natureza. [...] Não
bastam apenas campanhas publicitárias que protestam contra o consumismo. A escola
deve ser um dos meios de formação que ensine a sociedade a aprender a consumir de
forma ecológica, em parceria com outras instituições, de modo que dissemine atitudes,
conhecimentos e práticas que fortaleçam o consumo consciente e a sustentabilidade
(Sousa Júnior, 2021, p. 27).
A visão pragmática da ideologia neoliberal está alicerçada na ótica do modo de produção
capitalista, que não entende a importância da preservação dos recursos naturais como forma de
manter equilibrada a nossa única casa em comum: a Terra. Por isso, é um gesto cívico, ético e
político se preocupar e buscar entender a forma como o ser humano tem se relacionado com a
natureza, pois em virtude da pressão das populações e das indústrias sobre os recursos naturais,
a capacidade ecológica do planeta está comprometida e pode levar a humanidade ao colapso.
Nessa perspectiva, um acelerado e constante processo de degradação dos recursos
naturais, especialmente a degradação da água e dos solos em espaços urbanos. Atualmente,
após os entraves e tensionamentos realizados nas primeiras conferências mundiais sobre o meio
ambiente, é comum perceber as contradições existentes por parte de governos e instituições
públicas, estando em contramão ao ideal da proteção ambiental e da sustentabilidade
preconizado durante a conferência de Estocolmo, na Suécia, em 1972, na qual temas como
poluição ambiental, degradação, desenvolvimento sustentável, dentre outros, tiveram uma
enorme visibilidade.
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Assim, a relação do ser humano com a natureza tem reverberado em ações de poluição
dos corpos hídricos em virtude da ausência de políticas de proteção ambiental e atividades
educativas vinculadas aos territórios, sobretudo, a partir de interesses privados e individuais
para satisfazer as necessidades do capital. A degradação de rios e seus afluentes prejudica o
acúmulo de água no subsolo, podendo tornar a água inacessível para consumo humano,
deixando a longo prazo de ser um recurso para o bem da humanidade.
Nesse contexto, é importante ressaltar que o uso e ocupação desordenado dos solos às
margens dos rios tem provocado diversos impactos socioambientais, dentre os quais podemos
citar: a destruição da mata ciliar, o assoreamento dos corpos de água, a poluição dos recursos
hídricos em decorrência do descarte de resíduos sólidos e efluentes domésticos, além da
diminuição da disponibilidade hídrica. Estas consequências afetam diretamente o
abastecimento humano, a dessedentação animal, a irrigação de áreas produtivas e a recreação e
o lazer da população.
Dessa forma, este trabalho teve como objetivo investigar os impactos da poluição
ambiental e suas consequências no rio Acaraú, em Tamboril, Ceará. A pesquisa é referente ao
trecho urbano do rio Acaraú que perpassa os bairros Vila São Pedro e Vila Olga, conforme
descrito nos procedimentos metodológicos. O problema de pesquisa oportuniza desenvolver
estudos científicos que possam reverberar reflexões e contribuições acerca da realidade do
semiárido, marcada pelas secas, pelos baixos índices pluviométricos, pelo déficit de
evapotranspiração e outras questões ambientais relacionadas.
Conforme Mesquita (2016, p. 444), “o rio Acaraú nasce na Serra das Matas, no
município de Monsenhor Tabosa-CE, e deságua no Oceano Atlântico, na cidade de Acaraú/CE,
com uma área de 14.500 km² e com 320 km até a foz”. De acordo com a Companhia de Gestão
dos Recursos Hídricos (COGERH, 2023), o rio Acaraú corresponde a uma capacidade de
acúmulo de água de aproximadamente 1.443.763.000 de m³, perpassando 14 açudes públicos.
Tamboril é um município de pequeno porte localizado no Estado do Ceará (CE), com
uma população de 26.225 habitantes (IBGE, 2022). Situado no Bioma Caatinga, esse município
é banhado pelo alto curso do rio Acaraú, inserido na bacia hidrográfica do rio Acaraú. Apresenta
anualmente variação de temperatura entre 20° a 35°, raramente inferior a 19°. O interesse em
investigar os impactos da poluição ambiental em relação ao rio Acaraú nessa localidade se
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justamente pela necessidade de construirmos estudos científicos em prol da articulação de ações
futuras de caráter mitigador.
Assim, é imprescindível desenvolver estudos e, posteriormente, ações que busquem ao
menos sensibilizar a população sobre a importância da preservação do rio. Considerando-se o
clima (Semiárido) e o Bioma (Caatinga), caracterizou-se o rio Acaraú como intermitente. Logo,
sua preservação é de suma importância, haja vista a infiltração da água no subsolo no decorrer
do ano que serve, inclusive, para o consumo humano a partir da perfuração de poços profundos.
Referencial Teórico: Breves Notas
De acordo com Diodato (2004, p. 7), entende-se por impacto ambiental, qualquer
alteração significativa no meio ambiente, em um ou mais de seus componentes provocada pela
ação antrópica”. Portanto, os impactos ambientais são resultados da constante atividade humana
sobre o meio ambiente.
Com a consolidação do capitalismo enquanto sistema político, econômico e social em
virtude da revolução industrial o planeta passou a ser pressionado de forma predatória em uma
escala de grande intensidade. A lógica de circulação de capital e crescimento econômico de
países desenvolvidos e em desenvolvimento reverbera em ações de correlações de forças entre
natureza e sociedade, o que pode nos levar ao colapso, tendo em vista a grave crise climática
que estamos vivendo em um espaço-tempo marcado pela massiva pegada ecológica.
Não é estratégico que, com o avanço das políticas públicas, continuem a existir
atividades humanas predatórias que não preservam os recursos naturais. Nessa perspectiva, é
importante destacar que a interferência antrópica vem acelerando as mudanças climáticas, que,
por sua vez, vem provocando o aumento das ondas de calor, das tempestades e secas, além da
expansão do processo de desertificação que afeta o semiárido brasileiro.
Nesse sentido, os impactos ambientais tendem a provocar mudanças sociais profundas
na vida do sertanejo, pois retiram aos poucos a possibilidade de acesso a solos férteis para o
desenvolvimento da agricultura extensiva, bem como o acesso à água de qualidade. Logo, as
atividades humanas predatórias se contrapõem às exigências da Política Nacional de Meio
Ambiente (PNMA), de forma que é urgente a implementação de ações socioeducativas que
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estimulem a sensibilização e conscientização sobre as propriedades físicas, químicas e
biológicas da natureza.
Considerando a abrangência dos impactos ambientais no Brasil e, neste caso, na região
Nordeste, o ser humano está fadado constantemente a contribuir para a alteração de inúmeros
ecossistemas e habitats. De acordo com Vercillo et al. (2022), existem nesta região animais em
risco de extinção e espécies endêmicas que são postas em risco por esses impactos, que tendem
a reduzir a biodiversidade e a geodiversidade local.
Além de afetar a biodiversidade no semiárido nordestino, a poluição dos recursos
hídricos incide diretamente sobre o bem-estar das comunidades tradicionais, que veem a água
e a floresta como um ente familiar. Inúmeras famílias no Nordeste dependem dos recursos
hídricos como forma de sobrevivência, logo, estima-se que diante desse cenário a poluição dos
corpos hídricos, lençóis freáticos, açudes, poços e grandes rios tenda a prejudicar a economia
baseada na agricultura familiar e desestruturar as tecnologias de convivência com o semiárido.
Em pleno século XXI, enfrentamos uma grave crise climática fruto da ausência de
valores e ética da sociedade em relação ao meio ambiente (Porto-Gonçalves, 2012). Mesmo
com as altas taxas de poluição e degradação ambiental, o ser humano pouco conseguiu perceber
o valor simbólico, cultural e econômico da natureza para a construção humanitária da sociedade
e de um espaço de vida saudável, haja vista a necessidade de preservar os recursos naturais para
as gerações futuras. Dito isto, as disputas em torno do campo entre agronegócio e agricultura
familiar exemplificam o real valor econômico do solo para a produção, crescimento e
desenvolvimento econômico.
Contudo, com a intensificação da globalização, novas técnicas agrícolas advindas da
modernização da agricultura brasileira ampliam a degradação ambiental. Evidentemente, a
agricultura tradicional foi uma das primeiras responsáveis pelos impactos ambientais. Sabe-se,
no entanto, que as atividades agropecuárias com o uso intensivo de técnicas modernas
intensificaram a degradação ambiental a partir da contaminação de solos, e consequentemente,
de alimentos, considerando-se a indústria capitalista neoliberal dos agrotóxicos e da lógica de
produtividade em larga escala, a qual não gera desenvolvimento econômico, ou seja, qualidade
de vida, para a população do campo (Porto-Gonçalves, 2012).
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Conforme Diadoto (2004), os impactos ambientais possuem dois atributos principais: a
magnitude e a importância. Logo, infere-se, segundo o autor, que:
A magnitude refere-se à grandeza do impacto em termos absolutos, podendo ser
definido como a medida da alteração no valor de um fator ou um parâmetro ambiental,
em termos quantitativos ou qualitativos. Para o cálculo da magnitude devem ser
considerados: o grau da intensidade, a periodicidade e a amplitude temporal do
impacto, conforme o caso. A importância é a ponderação do grau de significância de
um impacto em relação ao fator ambiental afetado comparado com outros impactos.
Pode ocorrer que um determinado impacto, apesar da sua magnitude que pode ser
alta, não seja importante se comparado com outros impactos, dentro do contexto de
avaliação de impactos ambientais (Diadoto, 2004, p. 8).
Em relação à magnitude e importância, são dois os fatores que incidem sobre a saúde
da população, o bem-estar e a segurança, sobretudo em relação às comunidades e população da
região Nordeste, pois, em virtude do clima e do solo, parte delas convive com a escassez dos
recursos hídricos, enfrentando diversos desafios por terem acesso limitado a mananciais.
Logo, o desafio ambiental está posto. Contudo, é preciso recusar o debate sobre as
implicações ambientais de um modo instrumental e tático, de tal forma que tenhamos a
capacidade de analisar a natureza e seus fenômenos em relação às sociedades, conforme
exemplifica Porto-Gonçalves (2012). Por vivermos em uma região caracterizada por clima
quente, baixos índices pluviométricos e alternância entre períodos secos e chuvosos, entende-
se que o desafio a ser superado necessariamente perpassa a dimensão política e a sensibilização
da sociedade e dos agentes da política institucional a fim de criar ações mitigadoras.
Assim, a dinâmica da sociedade capitalista, quando considerada na sua inscrição
territorial enfim, na sua materialidade , mostra, além de sua insustentabilidade ambiental,
sua insustentabilidade política” (Porto-Gonçalves, 2012, p. 20). Os atuais impactos ambientais
e a emergência climática são produtos da construção de um imaginário moderno sustentado
pelo discurso imperialista e, portanto, gestados à luz da colonialidade. As relações geopolíticas
demonstram como os países em desenvolvimento estão situados no cenário econômico, sempre
com a função máxima de exportar produtos agrícolas e em uma situação de dependência.
Desse modo, é perceptível nas entrelinhas o quanto os países desenvolvidos, sobretudo
europeus, têm a capacidade de explorar nações que historicamente foram colônias. No entanto,
tais países rotulados estrategicamente como periféricos demandam desenvolvimento, qualidade
de vida e crescimento econômico, o que reverbera sobre a natureza a partir de processos de
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exploração de recursos naturais para consumo, importação e exportação. A lógica da relação de
países em desenvolvimento com a natureza está alicerçada na tentativa de expressar progresso
no cenário internacional e igualdade econômica.
Em contraponto, a natureza passa por processos constantes de degradação ambiental, o
que impede os diversos tipos de sociedade de viverem harmoniosamente. Por isso, é
fundamental partilhar a filosofia de vida dos povos da floresta, indígenas e demais comunidades
tradicionais, que entendem a natureza como uma farmácia viva. Nesse limiar, o
desaparecimento de paisagens naturais é uma constante no Brasil, de crises crônicas e
intermináveis, em virtude dos impactos ambientais proporcionados pela ação antrópica.
De acordo com Santos (2014, p. 66), paisagem é “tudo aquilo que nós vemos, o que a
nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo
que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos,
odores, sons etc.”. Do ponto de vista da percepção, nota-se uma profunda transformação estética
do meio ambiente, principalmente em unidades biológicas como a Amazônia, Cerrado e
Caatinga. São biomas que nos últimos anos passaram por intensos processos de degradação
para suprir necessidades básicas da população, de empresas privadas e de grandes latifundiários.
Portanto, são imprescindíveis ações educativas e reivindicativas de transformação de
mentalidades sobre a relação entre a sociedade e natureza. A educação ambiental contribui para
o fortalecimento de propostas educativas sobre o meio ambiente e a insatisfação da sociedade
para com os desmandos do capital. A escola jamais será sozinha o único agente da
transformação social, mas é um dos pilares para desenvolver a sensibilização e conscientização.
Segundo Pereira e Curi (2012, p. 52), “diante do exposto, pode-se dizer que se a
consciência ambiental cresceu consideravelmente a partir da segunda metade do século XX, a
percepção dos problemas ambientais ocorreu de modo diferenciado ao longo do tempo”. Não
obstante, a continuidade dos impactos ambientais é uma ação constante, pois ações de educação
ambiental ainda não chegaram para todos.
Desta forma, pode-se ressaltar que a poluição dos recursos hídricos é uma questão grave
e crescente no Brasil, especialmente no Nordeste, onde os desafios são intensificados pelas
condições climáticas e socioeconômicas da região. A poluição das águas, causada por
lançamentos inadequados de esgoto doméstico, industrial e agrícola, afeta diretamente a
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qualidade da água, um recurso vital para a sobrevivência e o bem-estar da população. No
Nordeste, a seca e a escassez de água agravam o impacto dessa poluição, tornando os recursos
hídricos ainda mais preciosos e, ao mesmo tempo, mais vulneráveis à contaminação.
No contexto nordestino, muitos rios e reservatórios enfrentam níveis críticos de poluição
devido à falta de infraestrutura para o tratamento adequado do esgoto e à ausência de políticas
efetivas de controle de resíduos industriais e agrícolas. As áreas menos desenvolvidas muitas
vezes não possuem sistemas eficientes para o manejo e tratamento de águas residuais. Isso
resulta na contaminação dos rios e lagos com substâncias tóxicas que não comprometem a
qualidade da água, mas afetam a saúde da população local e o meio ambiente.
Além dos impactos diretos na saúde humana, como doenças transmitidas pela água
contaminada, a poluição das águas também prejudica os ecossistemas aquáticos. A morte de
peixes e outros organismos aquáticos devido à poluição reduz a biodiversidade e desestabiliza
os ciclos naturais. Em regiões como o Nordeste, onde muitas comunidades dependem da pesca
e da agricultura de subsistência, esses impactos podem ter consequências econômicas severas,
afetando a segurança alimentar e gerando um ciclo de pobreza e vulnerabilidade.
Os impactos socioeconômicos são amplificados pela falta de acesso a fontes de água
potável e segura. A escassez de água limpa força muitos nordestinos a recorrer a fontes de água
contaminada, aumentando a incidência de doenças e encarecendo os custos com a saúde. Além
disso, a poluição compromete a capacidade de desenvolvimento econômico sustentável,
dificultando a atração de investimentos e o crescimento de atividades produtivas que poderiam
melhorar a qualidade de vida na região.
Para enfrentar a poluição dos recursos hídricos no Nordeste, é essencial implementar e
fortalecer políticas públicas de saneamento básico, promover a educação ambiental e garantir
o cumprimento da legislação ambiental vigente. Investimentos em infraestrutura para
tratamento de esgoto e a fiscalização rigorosa das atividades industriais e agrícolas são cruciais
para mitigar a poluição e proteger a saúde das comunidades. Somente com um esforço conjunto
entre governo, sociedade civil e setor privado será possível garantir a preservação dos recursos
hídricos e o bem-estar das futuras gerações.
Em função disso, a Educação Ambiental (EA) é uma ação consolidada como alternativa
capaz de reduzir danos na medida em que sensibiliza e conscientiza a sociedade sobre a
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conservação do meio ambiente, de modo a formar protagonistas capazes de preservar o meio
ambiente para gerações futuras. Segundo Lima, Rocha e Silva (2015), consciência
compartilhada, diversidade, economia e política são elementos cruciais no debate sobre
educação ambiental.
Em tese, são muitos os desafios para a proteção e preservação ambiental, uma vez que
a conservação dos recursos naturais se contrapõe a lógica imperialista e capitalista, mas, diante
das crises e contradições do capitalismo é possível amenizar a crise climática, os impactos
ambientais e a degradação da natureza.
Metodologia
A presente pesquisa teve como recorte espacial o baixo curso do rio Acaraú, que corta
alguns bairros do município de Tamboril - CE, conforme exemplifica a Figura 1.
Figura 1 Mapa de localização do percurso do rio Acaraú na malha urbana do município de
Tamboril - CE.
Fonte: Organização do autor (2023).
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O recorte espacial da pesquisa é delimitado pela passagem do rio nos bairros Vila São
Pedro e Vila Olga, respectivamente. Ambos apresentam ocupações inadequadas no entorno do
rio, a exemplo da construção de lava jatos, da poluição através do descarte incorreto de resíduos
sólidos, dentre outros elementos a serem citados.
Conforme os trâmites da pesquisa científica, utilizou-se o método hipotético-dedutivo,
por ser o mais adequado aos objetivos do trabalho. Prodanov e Freitas (2013) explicitam que,
de acordo com o método hipotético-dedutivo, a pesquisa se inicia com um problema ou lacuna
do conhecimento científico.
Foram duas as cnicas utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa: pesquisa
bibliográfica e pesquisa in loco (campo). Fonseca (2002) nos alerta para o fato de que todo
trabalho acadêmico requer uma pesquisa bibliográfica. Nesse sentido, é extremamente
necessário consultar contribuições prévias sobre recursos hídricos, em especial, pesquisas em
torno do rio Acaraú. Logo. O diálogo propositivo foi construído à luz da bibliografia mobilizada
por Souza (2015), Conti (2008), Nascimento (2013), Neto (2009) e Oliveira (2023).
Além disso, recorreu-se à pesquisa de campo, na qual foi possível observar os principais
impactos ambientais e análises sobre as consequências da poluição do ponto de vista social,
político e econômico. A pesquisa de campo foi realizada nos meses de abril e maio de 2023,
período posterior ao término da quadra chuvosa, a partir de observações, cadernos de campo e
registros fotográficos. Logo, segundo Apolinário (2012), quanto à temporalidade da pesquisa,
caracteriza-se como transversal, haja visto o curto período de tempo.
Optou-se por não realizar entrevistas com os proprietários de empreendimentos, donos
do rebanho de gado e moradores de bairros próximos às margens do rio para evitar
constrangimentos com a população local, mesmo à luz dos trâmites éticos da pesquisa
científica. A despeito disso, a pesquisa em campo por meio de análises in loco foi fundamental
para a consolidação dos resultados e discussões.
Resultados e discussões
É fundamental compartilhar o entendimento de que a poluição ambiental é um problema
de ordem social, uma vez que a ação antrópica é um dos grandes agentes responsáveis pela
crescente degradação ambiental. As margens do rio Acaraú (trecho urbano que corta os bairros
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SOUSA JÚNIOR, Arnóbio Rodrigues; MACIEL, Ana Beatriz Câmara. Os Impactos da Poluição Ambiental no Rio Acaraú, Tamboril - CE.
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Vila São Pedro e Vila Olga), é notória a presença de atividades humanas que degradam a
qualidade da água e do curso do rio. Logo, sensibilizar a população sobre a manutenção do rio
é um dos primeiros passos a serem efetivados.
Assim, observou-se que há a poluição do/no rio Acaraú se dá de forma constante. Com
a poluição sistêmica do rio, a degradação desse patrimônio natural e, sem dúvidas, a
transformação da paisagem. Ao lado do percurso do rio, há habitações, de forma que se notou
a presença de resíduo sólido domiciliar nas margens do rio e efetivamente dentro do rio,
contaminando o solo e contribuindo para o processo de eutrofização (Figura 2).
Figura 2 Processo de eutrofização às margens do rio Acaraú, Tamboril - CE, em
decorrência do descarte irregular de resíduos sólidos
Fonte: Organização dos autores (2023).
Este processo consiste na poluição da água, levando-se em conta o descarte de resíduos
sólidos no rio, que ocasiona a redução do oxigênio disponível para animais aquáticos. Embora
a eutrofização seja um processo natural, a ação humana intensifica este processo cíclico.
Constata-se, assim, a degradação do recurso hídrico, fruto da poluição antrópica, dos próprios
moradores próximos ao rio. Sem uma gestão integrada e sustentável de resíduos sólidos, a
contínua prática de descarte incorreto de resíduos nas margens do rio poderá agravar o
comprometimento do principal reservatório de abastecimento de água na área, o açude Carão.
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Conforme a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), o
açude Carão apresenta uma capacidade de 15.767 hm³ de água e conforme os dados atualizados
em setembro de 2023, o açude apresenta um volume de 12,70 hm³ de água, correspondendo a
80,53% de seu volume. É válido destacar que, no ano de 2023, no período de quadra chuvosa,
conforme os dados da Secretaria de Agricultura e Recursos Hídricos de Tamboril, restava
apenas 4 metros para a sangria do açude.
Em virtude do processo de evapotranspiração e do consumo humano, houve a perda
de uma parte significativa deste recurso natural. Nesse sentido, o descarte desenfreado e
incorreto de resíduos sólidos de várias naturezas nas margens do rio Acaraú pode ser
transportado para o açude por meio de precipitações anuais no período de quadra chuvosa
(fevereiro a maio) no município. Certamente, este é um problema que acarretará degradação da
saúde humana, pois coloca em vulnerabilidade a população que necessita deste recurso hídrico,
além de apresentar problemas de saneamento e infraestrutura ao entupir as galerias pluviais.
Assim, a presença massiva de resíduos sólidos nos leitos e no interior do rio prejudica a
sobrevivência da fauna e da flora, prejudicando a capacidade de plantas e demais espécies
aquáticas de realizar a fotossíntese. No Brasil, e em Tamboril - CE, houve períodos
endêmicos, com casos constantes de Dengue, Zica e Chikungunya
4
. É nessa perspectiva que o
descarte de resíduos sólidos aumenta a proliferação de vetores, sobretudo em períodos
chuvosos. Desse modo, há, nas entrelinhas, o desequilíbrio dos ecossistemas.
Com a poluição do rio Acaraú e, consequentemente, do açude Carão, a segurança
alimentar de muitos tamborilenses está em risco, principalmente a comunidade de pescadores,
que dependem da pesca como fonte de subsistência. Além disso, os resíduos sólidos são um dos
fatores responsáveis pela poluição do solo, que é um substrato material para o armazenamento
de água e origem das nascentes, bem como é fundamental para que as plantas fixem suas raízes,
obtendo nutrientes, ar e água para realizar a fotossíntese. Sem a conservação do solo, não será
possível um gerenciamento saudável da água.
Outro agravante para a poluição do rio (Figura 3), são as fezes e urina de animais, que
comprometem a biodiversidade do rio, uma vez que estes problemas resultam na morte de
4
As respectivas doenças o comuns em países tropicais e subtropicais causadas pela proliferação e
desenvolvimento dos mosquitos Aedes aegypti e do Aedes albopictus.
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organismos aquáticos e de plantas, que não conseguem realizar a fotossíntese de forma
adequada.
Figura 3 Percurso do rio Acaraú, Tamboril - CE, passando por curral de criação de gado e
pastejo
Fonte: Organização dos autores (2023).
Conforme a Figura 3, com a remoção da vegetação para o pastejo, há nesse percurso do
rio o processo de empobrecimento do solo, sobretudo nas áreas queimadas para o
desenvolvimento da agricultura. Na figura, é possível notar que os resquícios da queimada
deixada pelo homem para plantio pós quadra chuvosa já prejudicam o solo, o que é notável pela
redução da vegetação ano após ano, elemento fundamental para a fertilidade do solo, qualidade
da água, retirada de poluentes químicos e manutenção térmica no espaço urbano.
Logo, não é estratégico fazer uso do rio para despejo de lixo e, tampouco, a retirada da
mata ciliar, seguido do processo de queima para abertura de novas áreas para a produção
agrícola. O manejo incorreto do solo por meio de práticas agrícolas compromete a
sustentabilidade em seu tripé: ambiental, social e econômico.
A queima não é uma técnica adequada para o plantio, já que, quando feita em excesso,
retira os nutrientes solo, tornando-o ácido. Neste contexto, não justificativas para
desenvolver a agricultura à margem do rio, pois a perda de matéria orgânica expõe o solo à
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erosão e à destruição por parte de microrganismos responsáveis pela decomposição da matéria
orgânica e aeração do solo. Assim, a reciclagem do solo é comprometida nesta parte do rio.
Outra atividade identificada nas margens do rio está vinculada à presença de
empreendimentos que lançam seus efluentes diretamente no corpo drico. Destaca-se a
proximidade de um lava-jato em relação ao rio, a partir do qual diversas substâncias químicas
são descartadas diretamente nas águas fluviais, sem nenhum tipo de tratamento prévio.
Figura 4 Lava-jato nas margens do rio Acaraú, em Tamboril - CE.
Fonte: Organização dos autores (2023).
Nota-se, conforme a Figura 4, que o veículo faz parte da frota da secretaria de transporte
do município de Tamboril. Desse modo, nas entrelinhas uma conivência do poder público
com a atividade realizada constantemente por esse empreendimento localizado às margens do
rio. A presença massiva de efluentes líquidos (graxas e óleos) prejudica a qualidade da água ao
escorrer para o açude Carão, poluindo o solo e reduzindo o seu nível de fertilidade. Nesse
contexto, essa ação acaba contaminando os recursos hídricos superficiais e subterrâneos, além
de comprometer a flora e a fauna locais, bem como a qualidade de vida da população.
Assim, a lavagem de carros próxima ao rio intensifica seu processo de degradação pois
tende a despejar produtos químicos biodegradáveis ou não, disseminar pelo rio nitratos e/ou
chumbo, elementos causadores de intoxicação. Evidentemente, existe a possibilidade de
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tratamento da água. Contudo, com ações educativas, buscando reduzir danos, o impacto
financeiro seria menor para a gestão municipal no que tange ao cuidado e tratamento da água.
São empreendimentos que não portam sistemas para o tratamento dos efluentes
advindos da lavagem de automóveis. Portanto, a falta de cuidado com o meio ambiente é patente
e tampouco se adequa a um processo adequado e sustentável.
Portanto, a remoção de currais das margens e percurso do rio é uma das formas de
medida paliativa para preservação do rio. Outra medida mitigadora seria a apresentação, por
parte do governo municipal, de campanhas de sensibilização da população sobre o descarte de
resíduos sólidos, alertando a sociedade tamborilense para a proliferação de mosquitos e
doenças, além de cobrar dos empreendimentos o descarte correto dos efluentes gerados pela
lavagem. Além disso, faz-se necessário que a Secretaria Municipal da Agricultura, Recursos
Hídricos e Meio Ambiente, em diálogo com a Secretária Municipal da Educação de Tamboril,
encare a situação do rio Acaraú como um problema a ser atenuado, de forma a adotar medidas
socioeducativas de transformação social. No Quadro 1 seguem os principais impactos
associados a diferentes tipos de intervenção no rio Acaraú:
Quadro 1 Quadro dos tipos de intervenção e impactos ambientais do rio Acaraú, em
Tamboril - CE.
TIPOS DE INTERVENÇÃO
IMPACTOS AMBIENTAIS
Desmatamento e Agricultura Intensiva nas
Margens
Erosão do Solo
Poluição por Agrotóxicos
Perda de Biodiversidade:
Construção de Barragens e Represas
Alteração do Fluxo do Rio
Deslocamento de Comunidades
Modificação de Habitats Aquáticos:
Lançamento de Esgoto e Resíduos Industriais
Contaminação da Água
Eutrofização
Problemas de Saúde
Desenvolvimento Urbano e Expansão
Imobiliária
Impermeabilização do Solo
Poluição e Descarte de Resíduos
Alteração da Qualidade da Água
Extração de Areia e Outras Atividades
Mineradoras
Assoreamento e Alteração do Leito do Rio
Poluição por Produtos Químicos
Destruição de Hábitats
Elaboração: Organização dos autores (2023).
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Este quadro resume os principais impactos das intervenções no rio Acaraú, destacando
como cada atividade pode afetar tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais.
Diante da pesquisa empírica pode-se observar alguns impactos sociais, tais como:
- Saúde Comunitária: Possíveis riscos à saúde devido à poluição.
- Problemas de Saúde: Aumento de doenças transmitidas pela água, como hepatite e
diarreia.
- Aumento de Custos de Saúde: Elevação de despesas com tratamento de doenças
relacionadas à água.
- Alteração na Qualidade da Água: Aumento nos custos de tratamento de água e
impacto na saúde pública.
- Destruição de Habitat: Impacto nas comunidades que dependem dos recursos
naturais do rio.
A gestão sustentável e a regulamentação eficaz são essenciais para minimizar esses
impactos e promover o equilíbrio entre desenvolvimento e conservação. Cada uma dessas
intervenções no rio Acaraú tem impactos significativos tanto para o ecossistema aquático
quanto para as comunidades que dependem dele. É crucial que políticas de gestão integrada dos
recursos hídricos sejam implementadas para equilibrar o desenvolvimento com a conservação
e a proteção da saúde ambiental e humana.
Nesse sentido, o governo municipal, em consonância com as instituições escolares e
demais atores sociais, pode estimular o uso de ferramentas de marketing de modo a propagar
hábitos de uso e consumo dos recursos naturais de forma saudável, minimizando os danos ao
meio ambiente. Além disso, é louvável o incentivo por parte destas instituições à disseminação
do consumo de produtos ecológicos, visando o desenvolvimento sustentável e a
sustentabilidade.
Essas propostas socioeducativas, cuja intenção é conscientizar sobre a poluição e
impacto ambiental, além de promover o consumo ecológico e sustentável, devem ser
direcionadas aos jovens, adultos, adolescentes e escolas. Ressalta-se que as instituições
privadas têm uma importante função social em prol do consumo responsável e ecológico a partir
da promoção de campanhas publicitárias que visem soluções sustentáveis e de baixo impacto
ambiental.
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Ademais, é possível, por exemplo, a realização de palestras sobre os recursos hídricos
do município, com foco no rio Acaraú, em momentos da semana do meio ambiente, bem como
a realização de aulas de campo para que seja possível analisar de perto os rebatimentos da
poluição ambiental para a sociedade tamborilense, apontando as causas e consequências. A
educação ambiental em escolas e comunidades deve ser incentivada pelo governo municipal a
fim de convidar a sociedade a entender o quanto é necessário desenvolver a economia circular,
descartar de forma sustentável os resíduos sólidos, a exemplo de outras atividades similares,
como a reciclagem e o combate ao desperdício de alimentos.
Por fim, é estratégico pedagogicamente que as escolas municipais busquem tratar da
hidrografia da localidade e não se limitar ao livro didático como currículo escolar. Assim, será
possível promover discussões sobre a realidade local e construir tensionamentos e mentalidades
críticas.
Considerações Finais
Este trabalho, de caráter investigativo, aponta resultados sobre os impactos e atividades
ambientais no trecho urbano do rio Acaraú, em Tamboril - CE. A partir dos resultados e
discussões, fica evidente a necessidade de desenvolver ações concretas de preservação do rio
que incide diretamente na saúde humana.
São muitas as consequências da poluição ambiental ao longo do rio Acaraú, a exemplo
do agravamento da saúde pública por meio da contaminação da água para consumo humano.
Assim, esta pesquisa nos convida a nos sensibilizar sobre a importância da conservação e
preservação do solo e da água, portanto, do rio, de modo que a comunidade e o poder público
se apresentem como agentes mobilizadores.
Ressalta-se que este trabalho possibilita aos leitores e pesquisadores da área aprofundar
questões de/para pesquisa sobre o percurso do rio, além de intensificar a construção de
bibliografias que sinalizem meios possíveis de alerta ao poder público sobre a necessidade de
preservação do rio. Ademais, essa pesquisa contribui de forma acadêmica ao poder público por
meio da socialização de informações e resultados e discussões presentes no decorrer do texto,
revelando a necessidade de ações mitigadoras e de conservação e preservação do rio.
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