O duplo nó no futebol brasileiro. Democracia racial e ideologia do branqueamento

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Resumen

O artigo analisa as complexas interações entre as ideologias de democracia racial e do branqueamento no Brasil, com foco na história do futebol. Argumentamos que a democracia racial teve uma trajetória em arco na sociedade brasileira e, no futebol, emergindo nos anos 1930 e decaindo após 1970. Partindo da obra de Lélia Gonzalez, o texto propõe que neste intervalo de tempo essas ideologias coexistiram e se retroalimentaram, criando um “duplo nó” que mantiveram o racismo estrutural. O futebol, visto como símbolo da mestiçagem e da democracia racial por intelectuais como Gilberto Freyre, foi explorado como exemplo das contribuições negras na identidade cultural brasileira. No entanto, a ideologia do branqueamento continuava a marginalizar o papel de negros/as, mantendo-os associados ao irracional, ao corporal e ao inferior. O evento histórico exemplo deste paradigma foi o racismo enfrentado por Moacir Barbosa na Copa de 1950. A trajetória em arco da democracia racial se completa na transição do futebol-arte para o futebol-força, alinhado aos padrões europeus e evidenciando a queda do paradigma da miscigenação no futebol. Como conclusão, o texto aponta que este processo de modernização do futebol brasileiro, marcada pela arenização e exclusão das classes populares, reforça desigualdades raciais e afasta o futebol de suas raízes culturais mestiças.

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Biografía del autor/a

  • João Victor Mazzucatto, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

    Mestrando em Educação Física na Universidade Estadual de Campinas. Integrante do grupo de estudos Transgressão e participante do laboratório Margem.

  • Wagner Xavier de Camargo, (19)983624977

    É cientista social e pesquisa expressões dissidentes de gênero/sexualidade nas práticas esportivas de coletivos socialmente marginalizados, particularmente de pessoas LGBTQIA+ e com deficiência. Tem formação em Antropologia, Estudos de Gênero e Educação Física. Atualmente está vinculado como pesquisador ao Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH) da UFSCar e é colaborador permanente do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD).

Publicado

2025-07-21

Número

Sección

Artigos