Corrida do fogo simbólico da pátria. Esporte, política e sociedade nas comemorações do sesquicentenário da independência do Brasil (1972)
Résumé
O presente artigo analisa as relações estabelecidas entre ditadura militar e sociedade brasileira a partir da abordagem de um evento que ganhou destaque no âmbito da programação oficial das comemorações do Sesquicentenário da Independência do Brasil: a 35ª edição da Corrida do Fogo Simbólico da Pátria – evento cívico/esportivo realizado anualmente desde 1938 pela Liga de Defesa Nacional, que, entre os dias 1º de maio e 1º de setembro de 1972, contou com uma edição comemorativa do Sesquicentenário de abrangência nacional. A partir da apreciação de correspondências, materiais de divulgação e recortes de jornais e revistas disponíveis no Fundo da Comissão Executiva Central do Sesquicentenário (Arquivo Nacional/ Rio de Janeiro), este artigo busca compreender os pontos de contato existentes entre a ocorrência da Corrida e o consenso social instituído em um país que vivia em tempos incomuns. Seja pelo simples fato de estar, concernido ou não, sob a égide de um brutal regime autoritário e/ou, ainda, pela própria experiência de comemorar, em momento marcado pela forte euforia cívica e desenvolvimentista ocasionada pelo “milagre econômico”, o Sesquicentenário: efeméride amplamente mobilizada pela ditadura para se apresentar como legítima ao povo brasileiro, sendo inclusive, como o artigo procura demonstrar, capaz de convencer parcelas expressivas de seus distintos segmentos sociais.