Outras ruínas e seus assombros / Other ruins and its astonishment

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/geograficidade2020.101.a28128

Palavras-chave:

Geografia. Patrimônio. Interdisciplinaridade.

Resumo

No decorrer da constituição das políticas e do discurso acerca do patrimônio histórico, as ruínas estiveram presentes em uma situação marginal, como um processo (arruinamento) ou estado (em ruínas) pelo qual casas, prédios, objetos se encontram quando não são preservados e conservados, atestando a destruição e a perda tanto da materialidade como dos sentidos de política, história e de tempo que estão imbricados nos patrimônios. Nosso movimento de pensamento, no entanto, é caminhar com as ruínas para um outro sentido: para além de problemas do patrimônio elas são, também, problemas do pensamento. Queremos defender que as ruínas são potências do pensamento à medida que estão envolvidas na ideia de assombro proposta por Tim Ingold, relacionada à ontologia anímica e a abertura para o mundo. Arruinar-se, portanto, é um movimento de destruição que reverbera numa abertura para outras ruínas que assombram nossas vidas e nossos pensamentos.

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Biografia do Autor

Heitor Matos da Silveira, Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp (FCA/Unicamp)

Geógrafo. Mestre em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas pela FCA/Unicamp

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Publicado

2020-07-23

Como Citar

Silveira, H. M. da. (2020). Outras ruínas e seus assombros / Other ruins and its astonishment. Geograficidade, 10(1), 45-57. https://doi.org/10.22409/geograficidade2020.101.a28128

Edição

Seção

Artigos