Daseinsphaenomen em Paterson

existência e os estares do ser no cotidiano

Autores

Palavras-chave:

Ontologia, Fenomenologia, Espacialidade, Dasein

Resumo

O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) formulou uma complexa arquitetura teórica e metodológica para sua analítica ontológico-fenomenológica ao longo de sua obra. Algumas das categorias desenvolvidas em textos como "Sein und Zeit", de (1927) e "Einführung in die Metaphysik" (1935) podem ser encontradas em estudos aplicados da ontologia fenomenológica heideggeriana, especialmente o Dasein que é o ser-aí humano, situado no, para e com o mundo. A partir de uma das variações do Dasein de Heidegger, chamado pelo próximo autor de Daseinsphaenomen, o fenômeno existencial, propõe-se no presente artigo uma análise do filme Paterson, lançado em 2016 com direção de Jim Jarmusch e Adam Driver no papel principal. A história de um motorista que visualiza, percebe, pensa e expressa, geo-poeticamente, o seu ser-no-mundo cotidiano como ser-aí é o foco tanto da narrativa como da análise aqui apresentada, por meio das categorias heideggerianas e demais conceituações da ontologia fenomenológica, referenciais do pensamento geográfico e Filosofia e os elementos geo-poéticos, imagéticos, discursivos do longa-metragem.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gilvan Charles Cerqueira de Araújo, Secretaria de Educação do Distrito Federal e Universidade de São Paulo

Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2009), mestrado em Geografia pela Universidade de Brasília (2013) e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2016). Atualmente é professor de geografia - Secretaria de Educação Distrito Federal e professor colaborador - Programa de Pós-Graduação Integração da América Latina - PROLAM/USP.

 

Referências

ALMEIDA, Maria Geralda de. O geógrafo fenomenólogo: sua oralidade e escrita no/do mundo. Geograficidade, v. 10, p. 38-47, 2020.

ALVES, Ida. A Literatura é uma Geografia? Revista Geografia, Literatura e Arte, v. 1, n. 2, p. 20-34, 2018.

ARAÚJO, Gilvan Charles Cerqueira de. A Espacialidade do Ser em sua Escrita e Leitura. Saberes, Natal, v. 1, p. 111-143, 2015.

ARAÚJO, Gilvan Charles Cerqueira de. Cotidiano e facticidade: contribuições para uma geografia da escala mínima. Revista Geografia, Literatura e Arte, São Paulo, v. 2, p. 173-200, 2020.

ASTRADA, Carlos. El juego metafísico: para una filosofía de la finitud. Buenos Aires: Libreria El Ateneo Editorial, 1942.

ASTRADA, Carlos. Ser, Humanismo, “Existencialismo” (una aproximación a Heidegger). Buenos Aires: Ediciones Kairos, 1949.

BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. 2ed. Trad. Antonio de Pádua Danesi. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

BESSE, Jean-Marc. Ver a Terra: seis ensaios sobre paisagem e geografia. Trad. Vladimir Bartalini. São Paulo: Perspectiva, 2006.

BLANCHOT, Maurice. O espaço literário. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

BORNHEIM, Gerd. Metafísica e Finitude. Porto Alegre: Movimento, 1972.

BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

BRANDÃO, Luis Alberto. Teorias do Espaço Literário. São Paulo: Perspectiva, 2013.

BUTTIMER, Anne; SEAMON, David (eds.). The human experience of space and place. London: Croom Helm, 1980.

CANÁRIO, Lilian Pereira. O Lugar do Espaço em Ser e Tempo. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, 2005.

CASEY, Edward. The fate of place: a philosophical history. Los Angeles; London: University of California; Press Berkeley, 1997.

CAUQUELIN, Anne. A invenção da paisagem. Trad. Marcos Marcionilo. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

COLLOT, Michel. Pour une géographie littéraire. Fabula-LhT, n. 8,, n.p., mai. 2011.

COLLOT, Michel. Poética e filosofia da paisagem. Trad. Ida Alves. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2013.

COUTINHO, Evaldo. O lugar de todos os lugares. São Paulo: Perspectiva, 1976.

COUTINHO, Evaldo. A Artisticidade do Ser. São Paulo: Perspectiva, 1987.

DARDEL, Eric. O homem e a terra: natureza da realidade geográfica. Trad. Werther Holzer. São Paulo: Perspectiva, 2011.

FRANCK, Didier. Heidegger e o problema do espaço. 1ed. Lisboa: Instituto Piaget, 1986.

GIANNINI, Humberto. La “reflexión” cotidiana. Hacia una arqueología de la experiencia. Santiago de Chile: Universitaria, 1999.

GMEINER, Conceição Neves. A Morada do Ser: uma abordagem filosófica da linguagem na leitura de Martin Heidegger. Santos: Leopoldianum, 1998.

HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. Trad. Emmanuel Carneiro Leão. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1969.

HEIDEGGER, Martin. Marcas do Caminho. Trad. Enio Paulo Giachini; Ernildo Stein. Petrópolis: Vozes, 2009.

HEIDEGGER, Martin. Ontologia: Hermenêutica da facticidade. Trad. Renato Kichner. Petrópolis: Vozes, 2013.

HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 3ed. Trad. Marcia Sá Cavalvante Schuback. Petrópolis: Vozes, 2008. (Coleção Pensamento Humano).

HEIDEGGER, Martin. Sobre a essência da linguagem: a metafísica da linguagem e a vigência da palavra. Trad. Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2015.

HOLZER, Werther. A construção de uma outra ontologia geográfica: a contribuição de Heidegger. Geografia, Rio Claro, v. 35, p. 241-251, 2010.

HUSSERL, Edmund. Ideias para uma fenomenologia pura e para uma filosofia fenomenológica: introdução geral à fenomenologia pura. Trad. Márcio Suzuki. Aparecida: Ideias & Letras, 2008.

HUSSERL, Edmund. A ideia de fenomenologia: cinco lições. Trad. Marloren Lopes Miranda. Petrópolis: Vozes, 2020.

LAGANÁ, Liliana. Da Geografia à Literatura: um percurso de vida. Revista Geografia, Literatura e Arte, v. 1, n. 1, p. 5-21, 2018.

LEVINAS, Emmanuel. Totalidade e Infinito: Ensaio sobre a Exterioridade. Trad. José Pinto Ribeiro. Lisboa: Edições 70, 2018.

MALPAS, Jeff. Heidegger’s topology: being, place, world. Cambridge; Massachustts; London: MIT Press, 2008.

MALPAS, Jeff. Heidegger and the Thinking of Place Explorations in the Topology of Being. Cambridge; Massachustts; London: MIT Press, 2012.

MALDONATO, Mauro. A subversão do ser: identidade, mundo, tempo, espaço: fenomenologia de uma mutação. Trad. Luciano Loprete; Roberta Berni. São Paulo: Fundação Peirópolis, 2001.

MARANDOLA JR. Eduardo. Heidegger e o pensamento fenomenológico em geografia: sobre os modos geográficos de existência. Geografia, v. 37, n. 1, p. 81-94, jan./abr. 2012.

MARANDOLA JR., Eduardo. Fenomenologia e pós-fenomenologia: alternâncias e projeções do fazer geográfico humanista na geografia contemporânea. Geograficidade, v. 3, n. 2, p. 49-69, 2013.

MARANDOLA JR., Eduardo; GRATÃO, Lúcia H. B. (Org.). Geografia e literatura: ensaios sobre geograficidade, poética e imaginação. 1ed. Londrina: EdUEL, 2013.

MIRANDA, Marielly de Sousa; CHAVEIRO, Eguimar Felício. Caminhos para a abordagem do sujeito cerradeiro: a proposta da cartografia existencial. Building the Way, v. 8, p. 107-114, 2018.

MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo. O mapa e a trama – ensaios sobre o conteúdo geográfico em criações romanescas. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002.

OLIVEIRA, Lívia de. Sentidos de lugar e de topofilia. Geograficidade, v. 3, n. 2, p. 91-93, 2013.

PADGETT, Ron. Poemas Escolhidos. Seleção, tradução e introdução por Rosalina Marshall. Lisboa: Assírio & Alvim, 2018.

PÁDUA, Ligia Teresa Saramago. A “Topologia do ser”: lugar, espaço e linguagem no pensamento de Martin Heidegger. Tese (Doutorado em Filosofia) Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2005.

PATERSON. Direção de Jim Jarmusch. Amazon Studios, 2016. 118 minutos.

RELPH, Edward. Place and placelessness. London: Pilon, 1976.

SERPA, Angelo. Fenomenologia transcendental como fundamento de uma fenomenologia da paisagem: Notas sobre um exercício prático de redução fenomenológica. Geograficidade, v. 6, p. 19-30, 2016.

SILVA, Armando Corrêa da. Fenomenologia e Geografia. Orientação, São Paulo, v. 7, p. 53-56, dez. 1986.

SILVA, Armando Corrêa da. A Aparência, o Ser e a Forma-Geografia e Método. GEOgraphia, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p.7-25, 2000.

SILVA, Valéria Cristina Pereira da. Geografia, Literatura e Imaginário: um saber para sensibilidade. Vida de Ensino, v. 4, p. 18, 2019.

SILVA, Valéria Cristina Pereira da. Espaço e literatura na paisagem cultural: Referências francesas nas cidades de Goiás e Goiânia no início do século XX. Revista da Anpege, v. 16, p. 360-376, 2020.

STEIN, Ernildo. Compreensão e finitude. Ijuí: Unijuí, 2001.

STEIN, Ernildo. Às voltas com a Metafísica e a Fenomenologia. Ijuí: Unijuí, 2014.

SUZUKI, Júlio César. Geografia e Literatura: abordagens e enfoques contemporâneos. Revista do Centro de Pesquisa e Formação, v. 5, p. 129-147, 2017.

SUZUKI, Júlio César; COSTA, Everaldo Batista da; STEFANI, Eduardo Baider (Org.). Espaço, sujeito e existência: diálogos geográficos das artes. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2016.

SUZUKI, Júlio César; LIMA, Angelita Pereira; CHAVEIRO, Eguimar Felício (Org.). Geografia, Literatura e Arte: epistemologia, crítica e interlocuções. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2016.

SUZUKI, Júlio César; SILVA, Adriana Carvalho (Org.). Estética, poética e narrativa: entre fluidez e permanência nas artes. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2016a.

SUZUKI, Júlio César; SILVA, Valéria Cristina Pereira da (Org.). Imaginário, espaço e cultura: geografias poéticas e poéticas geografias. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2016b.

SUZUKI, Júlio César; SILVA, Valéria Cristina Pereira da; FERRAZ, Cláudio Benito O. (Org.). Educação, Arte e Geografias: Linguagens em (in)tens(ç)ões. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2016.

TUAN, Yi-Fu. Topofilia. Trad. Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1980.

TUAN, Yu-Fu. Espaço e lugar. Trad. Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1983.

Downloads

Publicado

2022-07-30

Como Citar

Araújo, G. C. C. de. (2022). Daseinsphaenomen em Paterson: existência e os estares do ser no cotidiano. Geograficidade, 12(2), 4-22. Recuperado de https://periodicos.uff.br/geograficidade/article/view/51691

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)