Pedalar como um gesto cartográfico
Palavras-chave:
Bicicleta, Narração de Histórias, Geoarte, CorpoResumo
Quando um corpo em experiência pedala sua bicicleta pela cidade e grafa com suas rodas trajetórias, que são marcadas pelas relações estabelecidas com o espaço-tempo, uma cartografia é desenhada pelo gesto deste percurso. Esse corpo em experiência, devido às necessidades de propulsão para o deslocamento deste objeto, a bicicleta, é exigido em seu equilíbrio, atenção, escuta e abertura sensível. Lhe é demandado também o desejo, do que lhe é afetado em sua potência de ação. As geografias desses mundos vividos a partir do pedalar uma bicicleta demandam um olhar plural e diverso, que encontram na escala do corpo um ponto de partida para poder narrar. Contar as geografias de ciclistas torna-se uma tentativa de configurar a experiência espaço-temporal (Massey, 2008), no que elas mesmas podem contar em alteridade sobre as próprias pessoas. A partir de narrações das experiências de ciclistas, mais precisamente de ciclo-entregadores, são trazidas geografias oriundas dessas histórias contadas, as quais ganham forma em texto e cartografias narrativas e sensíveis, como convite para se pensar as relações possíveis entre geografia e arte, nestes esforços para se pensar uma geografia para/na/com arte.
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