Praias interiores e a ausência do mar / Inner beaches and the absence of the sea
DOI:
https://doi.org/10.22409/geograficidade2020.101.a28653Palavras-chave:
Praia. Mar. Belo Horizonte – MG. Urbano. Fenomenologia. Paisagem.Resumo
Uma leitura sensível da paisagem urbana em Belo Horizonte – MG evidencia a força dos limites e a necessidade de transgressões. Os limites do urbano determinam, distanciam e separam. Não apenas seus componentes visíveis e tangíveis, que são rua, praça, casas e prédios, avenidas impróprias ao andar, mas o que está nisso e, além disso: na abstração do olhar, nos sentidos urbanos. Sentir o urbano a partir do corpo consciente é experienciar com os pés, mãos, estômago atentos. Já transgredir é tanto a ação humana de exceder ou atravessar os limites, quanto a ação do mar de superar as suas próprias linhas litorâneas e molhar mais a costa. São dois movimentos nos quais se principia o caos, o início de algo imprevisível, justamente por enunciar novas (des)ordens. Quando o mar inunda a ordem urbana distante do litoral sem a previsibilidade do afogamento, sentimos o inusitado libertador como se fosse uma brisa, refrescante e prazerosa de carícias. A brisa do mar se espraia como um convite, um chamado ou mesmo uma invocação. As praias interiores se revelam na ausência do mar, que invade.
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Referências
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