NOTAS SOBRE A APATIA POLÍTICA DO POVO ATENIENSE DURANTE O GOLPE OLIGÁRQUICO QUE DERRUBOU A DEMOCRACIA ATENIENSE EM 411 / 410 A.C.

Autores

  • Fêlix Jacome Neto Doutorando em Estudos Clássicos - Mundo Antigo - na Universidade de Coimbra.

DOI:

https://doi.org/10.22409/rh.v3i1.10952

Palavras-chave:

Democracia ateniense, Tucídides, Oligarquia.

Resumo

Este artigo discute a falta de ação coletiva do povo ateniense (δῆμος) para defender a sua democracia durante os eventos que levaram ao golpe oligárquico de 411 / 410 a.C. No livro oitavo da sua História da Guerra do Peloponeso, Tucídides afirma que o povo ateniense não protestou coletivamente contra os oligarcas quando a Assembleia decretou a sua própria dissolução depois de ter mudado a constituição política da democracia para um governo de Quatrocentos membros. A violência política que Tucídides atribui aos oligarcas é vista pela historiografia hegemônica sobre o tema como a razão principal que explica a apatia do povo ateniense quando ocorreu o golpe. Uma outra interpretação desses acontecimentos, contudo, acusa o δῆμος de ter sido cúmplice dos oligarcas em relação à mudança da constituição. O povo ateniense, neste caso, seria pouco fiel à democracia e colocaria o dinheiro persa por cima da democracia. Este artigo debate estas interpretações e reforça a necessidade de uma abordagem sociológica para este problema da ação coletiva do δῆμος. O artigo salienta, ainda, a necessidade de estudar uma ferramenta de propaganda da oligarquia: a ideia de que a única maneira de salvar Atenas seria mudar o regime político. Na verdade, o léxico da salvação da cidade aparece repetidamente nos discursos das personagens oligárquicas, sendo que esta propaganda sistemática também contribuiu para a desmobilização coletiva do povo ateniense durante os primeiros eventos do golpe oligárquico que derrubou, pela primeira vez, a democracia ateniense.

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Biografia do Autor

Fêlix Jacome Neto, Doutorando em Estudos Clássicos - Mundo Antigo - na Universidade de Coimbra.

Pesquisador-Colaborador vinculado ao Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra. Mestre em Estudos Clássicos, ramo Mundo Antigo, na Universidade de Coimbra, sob orientação dos doutores Delfim Ferreira Leão e Maria do Céu Fialho. Graduado em História pela Universidade Federal da Paraíba.

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Publicado

2017-08-09