A cor vermelha nas embalagens e o consumo de alimentos ultraprocessados doces
DOI:
https://doi.org/10.22409/nes.v1i1.64278Palavras-chave:
Saúde Pública, Psicofisiologia, Alimentos UltraprocessadosResumo
O consumo de alimentos ultraprocessados tem crescido vertiginosamente nas últimas décadas, trazendo consequências para a saúde humana e ambiental. Dentre as estratégias de defesa estão os modelos de rotulagem frontal como forma de reduzir o apelo positivo evocado por esses alimentos. Dentre eles, o modelo em forma de semáforo utiliza um sistema de cores para informar o consumidor sobre nutrientes críticos (como açúcares, sal, gordura) presentes em excesso no alimento. Em um estudo realizado pelo nosso grupo de pesquisa, investigamos um possível efeito contraditório do semáforo: A cor vermelha poderia realçar a percepção do sabor em alimentos doces e gerar uma maior motivação implícita a favor do seu consumo a despeito da sua associação explícita com nutrientes em excesso? Foram realizados 2 experimentos, o primeiro utilizando escalas psicométricas e o segundo utilizando a eletroencefalografia. Em ambos, códigos de cores foram associadas de forma prévia com possíveis riscos à saúde (verde: baixo risco; âmbar: médio risco e vermelho: alto risco). Um dos códigos de cores era apresentado previamente a uma imagem de alimento ultraprocessado. Os dois experimentos mostraram que a cor vermelha promoveu um aumento da reatividade emocional positiva evocada por alimentos doces (versus alimentos salgados) apesar da compreensão dos malefícios à saúde pelos participantes. Portanto, os resultados apontaram para um efeito contrário ao desejado para a cor vermelha, podendo influenciar a eficácia deste sistema de rotulagem. Pesquisas interdisciplinares podem contribuir para a promoção de ambientes alimentares mais saudáveis e sustentáveis, auxiliando na discussão de políticas de saúde baseadas em evidências.
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