MOVIMENTO NEGRO NAS SALAS DE AULA: A ATUAÇÃO DO MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO NA ESCOLA CONSTANTINO FERNANDES EM CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ.

Autores

  • Anna Caroline dos Santos Tomaz Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Palavras-chave:

Movimento Negro, Educação Não Formal, Educação, Movimento Social.

Resumo

O presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intencionou apresentar uma análise sobre o papel educacional do movimento negro, entendendo este como sujeito político de transformações sociais, a partir da experiência do Movimento Negro Unificado em Campos dos Goytacazes - Rio de Janeiro, na Escola Estadual Constantino Fernandes. Para tanto, foi necessário discutir uma Campos de outrora, compreendendo a formação da cidade a partir da percepção dos diferentes atores sociais envolvidos neste processo. Esse exercício levou-nos a reflexões sobre a formação da Cidade, de como a elite política que comanda o arranjo social constituiu Campos como metrópole regional nas terras fluminenses enquanto teve de enfrentar uma grande massa rural de negros e indígenas escravizados que se tornou mão-de-obra pouco qualificada para a indústria que se desenvolvia por meio de um projeto que desejou a modernidade mas excluiu qualquer possibilidade de redução das desigualdades. A herança histórica colonial mostra-se presente no cotidiano da cidade que é a única dentro do estado do Rio de Janeiro a ocupar o ranking das cidades mais violentas do mundo. O questionamento sobre qual a importância e relevância de ações sociais do movimento negro nas escolas públicas de Campos norteou esta pesquisa e para essa compreensão a construção de uma pedagogia antirracista - que acredita na necessidade da pedagogia dialogar com alternativas possíveis de aprendizagem e tenha ações que sejam de fato democráticas - orienta que é necessário o envolvimento de todas as partes no processo de aprendizagem, dentro ou fora da escola pública. A experiência do movimento negro, a partir das ações do MNU na sala de aula nos indica que existe um campo de possibilidades a serem exploradas e desenvolvidas. Através das experiências de seus educadores e educadoras sociais, do histórico do movimento negro e do cotidiano escolar dos estudantes foi possível provocar e ajudar na formação da consciência crítica para que estes se entendam como sujeitos de direito compreendendo a importância da organização para a transformação de suas realidades e de seus pares. Ao buscar a parceria com escolas públicas, o MNU Campos contribui como agente educador e politizador de pessoas, trabalhando as potencialidades e as capacidades de cada estudante presente no espaço escolar, compreendendo a importância e a necessidade da contribuição de todas e todos no processo de ensino aprendizagem com o objetivo de promover uma educação antirracista. Observando as estratégias e os impasses na construção e aplicação dessa atividade, procuramos entender a mobilização e organização de um movimento social a nível local tendo a aprendizagem coletiva como eixo condutor. Para tal finalidade, foi realizada pesquisa de natureza qualitativa, com aplicações de questionários junto aos estudantes da escola, entrevistas semiestruturadas com os educadores sociais, bem como participação observante durante os Workshops promovidos pela equipe do MNU Campos na escola. A iniciativa de um movimento social a nível local mostra como pode ser potência emancipatória de sujeitos, ao atravessar as barreiras do modelo de educação formal ( da escola pública, que tem de seguir um currículo obrigatório) e proporcionar uma experiência coletiva, onde todas e todos que participem dela saiam atravessados pela troca de saberes e pelos laços ali desenvolvidos, de educadores e educadoras sociais, passando por toda comunidade escolar ( corpo docente , diretoria , turmas de alunos , funcionários etc.). No Brasil, a escola pública é resultado de lutas históricas pelo direito a educação, entretanto, essa escola é marcada pela tensão regulatória do conhecimento científico tomado pela razão indolente, que se pensa única e exclusiva (SANTOS, 2007). O projeto educacional do Movimento Negro pautado historicamente da educação básica até o Ensino Superior articula os modelos formais e não formais de aprendizagem, usando do caráter emancipatório gerado no interior de suas lutas. Sendo assim, o Movimento Negro é um importante educador que articula e transmite seus saberes emancipatórios não só pelas vias formais de educação.Com suas estratégias políticas emancipatórias o movimento social negro, promove um processo que reeduca negras e negros sobre seu lugar no mundo e sobre si mesmos diante da sociedade, os saberes produzidos por esse movimento têm a capacidade de repensar a escola, descolonizar os currículos seja no ensino básico ou no ensino superior (GOMES,2017). Produz sobretudo uma pedagogia antirracista e emancipatória através de experiências sociais, de suas trajetórias, estratégias e produção teórica.

 

Palavras- Chaves: Movimento Negro, Educação Não Formal, Educação, Movimento Social.

 

 

 

 

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Biografia do Autor

Anna Caroline dos Santos Tomaz, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro

Bacharelado em Ciências Sociais , pesquisadora na área das relações étnico raciais , movimentos sociais , pensamento decolonial , feminismo negro e pensamento social brasileiro

Referências

Bibliografia

GOMES, Nilma Lino. O Movimento Negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Editora Vozes, 2017.

SANTOS, Boaventura de Sousa. "Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social." São Paulo: Boitempo (2007): 25-28. Cap. I “A sociologia das ausências e a sociologia das emergências: para uma ecologia dos saberes”.

RIBEIRO, Rafaela Machado. O negro e seu mundo: Vida e trabalho no pós-Abolição em Campos dos Goytacazes (1883-1893). Dissertação de mestrado - Programa de Pós- Graduação Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF, Campos, 2012

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Publicado

2019-12-06

Edição

Seção

Resumos de Monografia