PERMANÊNCIA ESTUDANTIL NA EDUCAÇÃO SUPERIOR:
UM PANORAMA DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Resumo
Este resumo expandido é fruto de uma investigação desenvolvida para um trabalho de conclusão de curso de graduação que, através de uma revisão bibliográfica, pretendeu trabalhar na interface entre educação e sociologia, para tratar da temática da Permanência estudantil na Educação Superior, mais especificamente nas universidades públicas brasileiras. O objetivo foi oferecer um panorama geral da produção científica recente sobre o tema, analisando o tratamento dado e mapeando os trabalhos que tratam especificamente de ações institucionais de permanência no Ensino Superior apresentando sua síntese. Dessa forma, o questionamento central da pesquisa se desdobra em dois: “Como se caracteriza a produção científica sobre a permanência estudantil nos últimos cinco anos? Como – e quais – as ações institucionais de permanência têm sido investigadas?” A metodologia adotada consiste em uma pesquisa bibliográfica realizada em maio de 2020 nas plataformas SciElo e Periódicos Capes, com o recorte temporal de cinco anos (2016-2020). Foram selecionadas nove palavras-chave provenientes dos eixos “Ensino Superior”, “Permanência”/ “Afiliação” e “Apoio Pedagógico”, que compuseram o total de dezoito combinações de busca em cada plataforma, ou seja, trinta e seis combinações ao todo. Após uma seleção criteriosa dos resultados, trinta e nove artigos compuseram o material de análise final desta pesquisa. As análises dos artigos pautam-se nos seguintes critérios: região estudada, ano de publicação, tema central, metodologia de pesquisa e perspectiva de permanência. Quanto às ações institucionais de permanência estudantil, foram consideradas a profundidade da abordagem e a ordem de permanência (simbólica ou material). A fundamentação teórica deste trabalho apoia-se em conceitos e contribuições de autores como Pierre Bourdieu, Dyane Santos e Alain Coulon. Os estudos de Bourdieu (1998) mostram como as desigualdades socioeconômicas se reproduzem e se traduzem em desigualdades educacionais. Os alunos chegam na escola com diferentes repertórios culturais e, portanto, desiguais na posse de conhecimentos rentáveis diante da cultura pressuposta pela escola. Assim, muitas vezes de maneira inconsciente, a escola seleciona e anuncia implícita ou explicitamente os que deveriam ou não seguir nos estudos. Quando estudantes de origem popular chegam à universidade, precisam enfrentar os mesmos mecanismos de exclusão. Nesse sentido, Alain Coulon (2008) também mostra como existe um comportamento esperado pela universidade que não é ensinado explicitamente, o que prejudica a afiliação universitária, isto é, a transformação do ingressante em um membro da cultura acadêmica. Dessa forma, ele propõe uma pedagogia da afiliação, que consiste no ensino sistemático dessas regras intelectuais e sociais da nova cultura aos novos estudantes da Educação Superior. De maneira condizente, Dyane Santos (2009) explica os conceitos de Permanência Material e Permanência Simbólica como, respectivamente, as condições para arcar com os custos financeiros da vida universitária e as condições simbólicas de inserção sadia do estudante para usufruto da universidade. Os resultados da pesquisa indicam que o tema da permanência na Educação Superior tem ganhado relevância nas pesquisas ao longo do tempo à medida que novas conquistas foram sendo alcançadas no âmbito das políticas de Assistência Estudantil, contemplando grupos específicos e novas demandas no processo de democratização do Ensino Superior. Em relação às ações institucionais de permanência, os resultados indicam que as pesquisas sobre as ações institucionais de permanência na figura dos apoios pedagógicos ainda são incipientes, mas apontam as possibilidades de um campo a ser explorado.