A NARRATIVA DA DEMARCAÇÃO DA TERRA INDÍGENA RAPOSA SERRA DO SOL NO JORNAL FOLHA DE BOA VISTA - RR

Autores

  • Fábio Gonçalves de Almeida AMAZOOM / UFRR
  • Vilso Junior Santi (AMAZOOM / UFRR)

Resumo

A posse privada, desde a Lei de Terras de 1850, resultou em cerceamento de direitos de muitos segmentos sociais, especialmente os Povos Originários. Embora os Povos Indígenas tenham direito aos seus territórios (reconhecidos desde o século XVII, e estabelecidos também na Constituição de 1934), eles enfrentam séculos de luta e resistência para garantir esse direito. Em Roraima, na década de 1990, o jornal Folha de Boa Vista (objeto de análise nesta investigação) impôs narrativas que silenciaram o Movimento Indígena e suas lideranças, durante o processo de demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (TIRSS). Discutir o papel da comunicação e da produção da informação jornalística na construção de narrativas hegemônicas sobre o território é o que propomos neste texto. A análise de discurso / de conteúdo (estratégia metodológica acionada) apontou que as narrativas produzidas fundamentaram o silenciamento das lideranças indígenas e suas organizações representativas no processo de disputa pelo direito ao usufruto do território tradicionalmente ocupado.

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Biografia do Autor

Fábio Gonçalves de Almeida, AMAZOOM / UFRR

Jornalista, Historiador e Especialista em Gestão Ambiental. Pesquisador integrante do Observatório Cultural da Amazônia e do Caribe (AMAZOOM / UFRR).

Vilso Junior Santi, (AMAZOOM / UFRR)

Prof. Dr. Pesquisador do Curso de Comunicação Social – Jornalismo e do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Coordenador do Observatório Cultural da Amazônia e do Caribe (AMAZOOM / UFRR)

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Publicado

2023-12-31

Edição

Seção

Dossiê Mídia & Cultura