A NARRATIVA DA DEMARCAÇÃO DA TERRA INDÍGENA RAPOSA SERRA DO SOL NO JORNAL FOLHA DE BOA VISTA - RR
Resumo
A posse privada, desde a Lei de Terras de 1850, resultou em cerceamento de direitos de muitos segmentos sociais, especialmente os Povos Originários. Embora os Povos Indígenas tenham direito aos seus territórios (reconhecidos desde o século XVII, e estabelecidos também na Constituição de 1934), eles enfrentam séculos de luta e resistência para garantir esse direito. Em Roraima, na década de 1990, o jornal Folha de Boa Vista (objeto de análise nesta investigação) impôs narrativas que silenciaram o Movimento Indígena e suas lideranças, durante o processo de demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (TIRSS). Discutir o papel da comunicação e da produção da informação jornalística na construção de narrativas hegemônicas sobre o território é o que propomos neste texto. A análise de discurso / de conteúdo (estratégia metodológica acionada) apontou que as narrativas produzidas fundamentaram o silenciamento das lideranças indígenas e suas organizações representativas no processo de disputa pelo direito ao usufruto do território tradicionalmente ocupado.
Downloads
Referências
ALEXANDRE, José Carlos. Uma genealogia da espiral do silêncio: A expressão da opinião sobre as praxes académicas. Corvilhã: labcom, 2018. p. 177-228.
BABO, Maria Augusta. Considerações sobre a máquina narrativa. In: PEIXINHO, Ana Teresa; ARAÚJO, Bruno (Orgs.). Narrativas e media: Gêneros, Figuras e contextos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017. p. 71-102.
BENETTI, Marcia. Análise de discurso em jornalismo. In: LAGO, Claúdia; BENETTI Márcia. Metodologia de Pesquisa em Jornalismo. Petropólis: vozes, 2007, p. 107-122.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 1988.
CALADO, Karolina Almeida; ROCHA, Heitor Costa Lima. Narrativas sob a luz da pragmática. In: SOSTER, Demetrio de Azeredo e PICCIRIN, Fabiana Quatrim (Orgs). Narrativas Midiáticas Contemporâneas: Perspectiva Epistemológica. Santa Cruz do Sul: Catarse, 2017. p. 12-21.
CENTRO DE INFORMAÇÃO DIOCESE DE RORAIMA (CIDR). Índios de Roraima: Makuxi, Taurepang, Ingaricó e Wapixana. Editora Coronário, 1989.
DAMATTA, Roberto. Relativizando: uma introdução à antropologia Social. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. 246p.
DEFLEUR, Melvin L. Teorias da comunicação de massa. Tradução da 5 ed. Norte-americana, Octavio Alves Velho. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
FONSECA, Valéria Castro; MOTA, Celia Maria Ladeira. Fios narrativos da notícia: uma perspectiva metodológica. In: MAIA, Marta e MARTINEZ Mônica (Orgs.) Narrativas midiáticas contemporâneas: Perspectivas Metodológicas. Santa Cruz do Sul: editora Catarse, 2018. Disponível em: www.editoracartase.com.br/wp-cotent/uploads/2018/10/Narrativas_midiaticas_contemporaneas_perspectiva_metodologica.pdf. Acessado em 17/06/2021. p. . 42-53.
HERSCOVITZ, Heloiza Golbspan. Análise de Conteúdo em jornalismo. In: LAGO, Claúdia; BENETTI Márcia. Metodologia de Pesquisa em Jornalismo. Petropólis: Vozes, 2007, p. 123-142.
MAIA, Marta Regina; TAVARES, Michele da Silva. As temporalidades no jornalismo: do acontecimento às narrativas. In: PICCININ, Fabiana e SOSTER Demétrio. Narrativas Midiáticas Contemporâneas: perspectivas epistemológicas. Santa Cruz do Sul: Cartase, 2017. p. 73-85
MALDONAD, Efendy. Constitución del autoinvestigador: bases, rupturas, desplazanientes, critica y definiciones. In: MALDONAD, Efendy. Epistemología de la comunicación: Analísis de la viertente Mattelart em América Latina. Quito: CIESPA, 2015. p. 17-50.
MARTINO, Luiz C. De qual comunicação estamos falando? In: HOHLFELDT, Antonio e et al. Teorias da Comunicação: conceitos, escolas, tendências. 13 ed. Petropólis: Vozes, 2013. p. 11-25.
MOTTA, Luiz G. Análise pragmática da narrativa: teoria da narrativa como teoria da ação comunicativa. In: PICCININ, Fabiana e SOSTER, Demétrio (Orgs.). Narrativas Midiáticas Contemporâneas: perspectivas epistemológicas. Santa Cruz do Sul: Cartase, 2017. p. 47-63
PEIXINHO, Ana Teresa; ARAÚJO, Bruno. Narratividade e Media: géneros, figuras e contextos. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017.
POLISTCHUK, Ilana; TRINTA, Aluizio Ramos. Teorias da Comunicação: O pensamento e a prática da Comunicação Social. São Paulo: Campos, 2003.
QUADROS, Mirian Redin; MOTTA, Juliana; NASI, Lara. Jornalismo e narrativa: aspecto do estado da arte das pesquisas no Brasil. In: SOSTER, Demetrio de Azeredo e PICCIRIN, Fabiana Quatrim (Orgs.). Narrativas Midiáticas Contemporâneas: Perspectiva Epistemológica. Santa Cruz do Sul: Catarse, 2017. p. 36-46.
RESENDE, Fernando. Imprensa e Conflito: Narrativas de uma geografia violentada. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2017.
RIBEIRO. Darcy. O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
RICOEUR, Paul. Tempo e Narrativa. Tomo I. Tradução: Constança Marcones César. Campinas: Papirus, 1994. 163 p.
SANTOS, Milton. Espaço e Método. 5 ed. São Paulo: Editora USP, 2012.
SOUZA, Jorge Pedro. Elementos de Teoria e Pesquisa da Comunicação de Media. 2 ed. Porto: 2006. 761 p.
VIEIRA, Jaci Guilherme. Missionários, Fazendeiros e Índios de Roraima: A disputa pela Terra 1977 a 1980. 2003. 266 páginas. História – UFPE, Recife, 2003.
WATZLAWICK, Paul; BEAVIN, Janet Helmick; JACKSON, Don. A organização da interação humana. In: WATZLAWICK, Paul; BEAVIN, Janet Helmick; JACKSON, Don. Pragmática da Comunicação Humana – um estudo dos padrões, patologias e paradoxos da interação. Tradução de Álvaro Cabral. ed. São Paulo: Cultrix, 1967. p. 107-133
WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 8 ed. Lisboa: Presença, 2006.