Enxerto em ilha para tratamento de lesão dermonecrótica em um cão atribuída a aracnidismo por Loxosceles

Résumé

A picada da aranha do gênero Loxosceles, popularmente conhecidas como “aranha marrom”, pode levar a uma extensa lesão dermonecrótica de difícil cicatrização e fechamento, sendo um desafio o seu tratamento. Os enxertos cutâneos são segmentos livres e independentes de pele e epiderme transferidos para um local receptor distante, normalmente utilizados para perda tecidual extensa de membros e grandes falhas dermatológicas no tronco. No presente trabalho relata-se o caso de um canino, sem raça definida, macho, 4 anos de idade, com 13,3 kg, apresentando uma lesão extensa de pele com evolução para necrose dérmica e perda substancial de tecido cutâneo, sendo associada a picada por Loxosceles spp, com base em dados da anamnese, sinais clínicos e evolução da lesão, além de ser descartado outras causas de dermonecrose como aplicação de medicamentos no subcutâneo, lesão térmica ou química. O diagnóstico de loxoscelismo raramente é baseado na identificação da aranha, tendo em vista que os tutores normalmente não observam o momento do acidente uma vez que a picada é indolor. Foi utilizado técnica de cirurgia reconstrutiva por meio de enxertos em ilha devido à extensa lesão tecidual sem possibilidade de fechamento primário com justaposição de bordas. A evolução clínica foi positiva e o animal apresentou recuperação completa após 66 dias de tratamento, sendo necessários dois procedimentos cirúrgicos de desbridamento de tecido necrótico e aproximação de bordas, associado a curativos frequentes utilizando membrana de alginato e hidrocoloide em momentos diferentes das fases de cicatrização, a fim de estimular a granulação do tecido e evitar a infecção do local. Esses cuidados foram tomados para assegurar que a região estivesse apta a receber a enxertia de pele como procedimento cirúrgico final e que a cicatrização ocorresse de forma mais rápida do que por segunda intenção, reconhecidamente lenta quando ocorre de forma espontânea, levando o paciente a maior tempo de desconforto, com alto risco de tração tecidual e contaminação local. No presente relato a cirurgia reconstrutiva se mostrou uma boa alternativa no tratamento de ferida extensa e com isso espera-se contribuir para a divulgação do uso das diversas técnicas reconstrutivas visando acelerar o processo de cicatrização e possibilitar umbom resultado final para os pacientes.