Chamada para v.17, nº 35 - literatura, relatos de si e direitos humanos

2025-01-20

Chamada para v. 17, n. 35 - Prazo de submissão: 01/12/2024 a 30/04/2025
Publicação: outubro de 2025

TEMA - Literatura, relatos de si e direitos humanos
Organização: Anna Klobucka (U. MASS – DARTMOUTH) e Tatiana Pequeno (UFF)

Quais são os limites e as relações entre a literatura e os direitos humanos no contexto da produção literária portuguesa, angolana, guineense, caboverdiana, moçambicana ou santomense? Como a literatura engendra os conflitos, as diferenças entre o eu e o outro? Em Relatar a si mesmo – Crítica da violência ética, a filósofa americana Judith Butler pondera, a partir de Nietzsche, que o relato de si costuma ser elaborado em função da interpelação de um outro. Uma vez implicados pelo chamamento – positivo, negativo ou simplesmente questionador – do outro, somos instados a responder de modo narrativo (ou lírico), fazendo uso da voz ou da escrita como forma de defesa. No âmbito dos impasses experimentados pelas subjetivações de raça, classe, gênero e sexualidade, a questão relacionada às interpelações do outro muitas vezes responde a um desejo ou a uma necessidade de afirmação e/ ou manutenção da sobrevivência daquele eu que passa a criar, fabular ou dar testemunho de si para inclusive buscar alguma alternativa fora da condição perene de outridade. Butler diz: “Relatamos a nós mesmos simplesmente porque somos interpelados como seres que foram obrigados a fazer um relato de si mesmo por um sistema de justiça e castigo” (Butler, 2015, p. 22), o que nos leva a refletir sobre quando e como a produção literária pode atestar ou mimetizar essa necessidade de afirmação de uma forma de vida, em geral atravessada por marcadores raciais, sexuais, de classe ou gênero, conforme indicamos anteriormente. Com efeito, este número da Revista Abril pretende reunir artigos que sejam capazes de discutir, debater e amplificar as discussões em torno da literatura que opera pelo relato de si e/ ou seus congêneres, bem como pretende acolher textos que problematizem as elaborações do eu na relação com o O/ outro, ou ainda sobre as práticas de mediação – muitas vezes de força e violência - entre o eu e o O/ outro, em geral ainda distantes de uma ética da alteridade.

Palavras-chaves: O/ outro; outridade, violência política; literatura e direitos humanos; interpelação; narrativas.