‘Nós, Os do Makulusu” e a perspectiva utópica de José Luandino Vieira
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v5i11.29676Palavras-chave:
tradição, modernidade, perspectiva utópicaResumo
As definições da tradição enquanto continuidade, de um lado, e da modernidade enquanto ruptura, de outro, constituem-se hoje em verdadeiras ilusões de ótica social (BALANDIER, 1976). Do confronto permanente entre os fatores de manutenção de uma cultura e saber popular e as perturbações em cadeia trazidas pelo progresso surge, no seio das sociedades pós-coloniais, um terceiro tipo de sistema sociocultural, de caráter eminentemente instável. Como espaço determinante da constituição de identidades, esse novo mundo acaba por gerar indivíduos assinalados pelo signo da transitoriedade. Para o escritor angolano José Luandino Vieira, o sonho utópico de uma nação angolana livre das amarras do poder colonial surge justamente como resultado da soma entre o saber tradicional e o saber adquirido com a experiência da modernidade. Tomando como base as noções de tradição e modernidade presentes em As Dinâmicas Sociais, de Georges Balandier (1976), e em O discurso filosófico da modernidade, de Jürgen Habermas (2000), este trabalho busca compreender como se revela a perspectiva utópica de Luandino Vieira (1974) no romance Nós, Os do Makulusu. Para tanto, analisa-se a figura do narrador (Mais-Velho), que vaga pelas ruas de Luanda guiado pelo tempo da guerra e interceptado pelos filtros de sua memória. Nela, passado, presente e futuro se diluem para abarcar nessa tessitura narrativa, simultaneamente, a tradição e a modernidade.Downloads
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