O singular enfrentamento à ideologia colonial da colecção “autores ultramarinos ” da Casa dos Estudantes do Império

Autores

  • Inocência Mata Universidade de Lisboa Universidade de Macau (Professora Visitante)

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v10i20.29946

Palavras-chave:

Colecção “Autores Ultramarinos”, Casa dos Estudantes do Império, colonialismo, ideologia colonial, violência.

Resumo

Tendo a CEI nascido sob os auspícios do então ministro das Colónias de Portugal, Vieira de Machado, como consagração da política de enaltecimento e defesa do império colonial, pode parecer paradoxal que uma instituição que era suposto funcionar como “triunfo do espírito português” pudesse gerar tantos cartuchos fracturantes da consciência histórica do regime. Um desses cartuchos, para além do Centro de Estudos Africanos (criado pelos estudantes da CEI, mas que não funcionava no espaço da CEI), foi a Colecção “Autores Ultramarinos”, em que, não obstante a designação, foram publicadas as obras mais emblemáticas da literatura anticolonial africana. O objectivo deste artigo é revelar os meandros dessa orientação editorial e a sua relação com a “questão colonial” e como ela funcionou como uma estratégia para enfrentar a violência da ideologia colonial cujo objectivo era a subalternização das identidades africanas.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22409/abriluff.2018n20a495

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Biografia do Autor

Inocência Mata, Universidade de Lisboa Universidade de Macau (Professora Visitante)

Profissão, formação académica e áreas de interesse:

Professora da Universidade de Lisboa na área de Literaturas, Artes e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; presentemente  com licença especial para o exercício de funções transitórias (professora visitante) na Universidade de Macau; professora convidada de muitas universidades estrangeiras.

Doutora em Letras e com pós-doutoramento em Estudos Pós-coloniais (Postcolonial Studies, Identity, Ethnicity, and Globalization,  Universidade de Califórnia, Berkeley/London School of Economics);  investigadora do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa e Membro Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa – Classe de Letras.

Tem vários livros publicados e dezenas de ensaios publicados em revistas de especialidade nacionais e estrangeiras, centrando-se a sua actual área de pesquisa no estudos comparado das literaturas em português, nos estudos pós-coloniais e metodologias críticas no estudo das literaturas, e em questões de identidade, etnicidade e género, e estudos de cultura e processos de encontro cultural em contextos multiculturais. Porém, o estudo das literaturas africanas e o seu ensino continuam a ser o campo de pesquisa privilegiado.

 

Publicações:

1. Pelos Trilhos das Literaturas Africanas de Língua Portuguesa (Braga, 1992), Emergência e Existência de uma Literatura – o Caso Santomense (Lisboa, 1993), Diálogo com as Ilhas:  sobre Cultura e Literatura de São Tomé e Príncipe, (Lisboa, 1998, 2011), Literatura Angolana: Silêncios e Falas de uma Voz Inquieta (LisboaLuanda, 2001), A Suave Pátria – Reflexões Político-culturais sobre a Sociedade São-tomense (Lisboa, 2004), Laços de Memória & Outros Ensaios sobre Literatura Angola (Luanda, 2006); A Literatura Africana e a Crítica Pós-colonial: Reconversões (Luanda: 2007/ Manaus, 2013); Polifonias Insulares: Cultura e Literatura de  São Tomé e Príncipe (Lisboa: 2010); Francisco José Tenreiro: as Múltiplas Faces de um Intelectual (Lisboa: 2010); Ficção e História na Literatura Angola: o caso de Pepetela (Luanda, 2010/Lisboa, 2011) e A Rainha Nzinga Mbandi: História, Memória e Mito (Lisboa, 2012).

2. Em co-autoria: O Coro dos Poetas e Prosadores de São Tomé e Príncipe (Braga/Pontevedra, 1991); manual de Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa (Universidade Aberta, 1995: com Pires Laranjeira e Elsa Rodrigues dos Santos);  com Laura Padilha: Mário Pinto de Andrade: Um Intelectual na Política (Lisboa, 2000), A Poesia e a Vida: Homenagem a  Alda Espírito Santo (Lisboa: 2006), A Mulher em África: Vozes de uma Margem sempre Presente (Lisboa: 2007); Boaventura Cardoso: a Escrita em Processo (SP, 2005: com Rita Chaves e Tania Macêdo); Pelas Oito Partidas da Língua Portuguesa: Uma Homenagem a João Malaca Casteleiro (Macau/Lisboa: 2007: com Maria José Grosso); When Things Came Together: Studies on Chinua AChebe (Lisboa, 2009: com Don Burness e Vicky Hartnack); Colonial/Post-Colonial: Writing as Memory in Literature (Lisboa, 2012: com Fernanda Gil Costa).

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Publicado

2018-06-04

Como Citar

Mata, I. (2018). O singular enfrentamento à ideologia colonial da colecção “autores ultramarinos ” da Casa dos Estudantes do Império. Abril – NEPA / UFF, 10(20), 15-23. https://doi.org/10.22409/abriluff.v10i20.29946