A linguagem fantástica em “Coisas” – a rebelião necessária
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v10i20.29953Palavras-chave:
Fantástico, Saramago, Ressignificação da realidade.Resumo
A partir da concepção de que o recurso ao fantástico constitui uma estratégia de questionamento dialético da realidade com vistas à reflexão, o trabalho discute a arquitetura da linguagem fantástica e seus efeitos significativos na construção do conto “Coisas”, de José Saramago. A análise de artifícios estéticos presentes no conto, como o insólito e o absurdo, objetiva evidenciar a presença de métodos de violência e perseguição característicos da ditadura salazarista materializados na opressão mesquinha e embrutecedora da sociedade capitalista que tudo transforma em objetos comerciáveis. Em suma, o recurso fantástico empreendido por Saramago oferece uma interessante possibilidade de leitura da relação entre a tensão significativa do signo, aflorada pelo recurso fantástico, e o entre-lugar ocupado por objetos e pessoas na sociedade portuguesa pós-Estado Novo, funcionando como uma ruptura crítica de ressignificação da realidade com vistas a criar outra mais lírica e humana.
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